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5 OS PROCESSOS DE GESTÃO DA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL EM

5.2 MUNICÍPIO DE CARLOS BARBOSA (RS)

Em relação aos municípios de pequeno porte II59, será demonstrada a análise do

Plano Municipal de Assistência Social 2014 – 2017 do Município de Carlos Barbosa, tendo sido o município que, dentre os cinco desse porte, indicados para a pesquisa, respondeu à solicitação de documentos da área da Assistência Social, enviada ao seu Serviço de Informação ao Cidadão (SIC) (BRASIL 2011), em menor tempo. Em relação aos quatro municípios desse porte remanescentes, um segundo município encaminhou os documentos no prazo legal, e, em relação aos outros três, as solicitações de documentos não foram enviadas, e tampouco justificado o não envio. Não houve, também, solicitação de prorrogação do prazo de envio da documentação por parte desses três municípios. O não cumprimento das requisições de informações, contraria as recomendações da legislação em vigor em relação ao acesso à informação pública. Os cinco municípios envolvidos nesta etapa da pesquisa foram: Canela com 39.229 habitantes (BRASIL/IBGE, 2010); Carlos Barbosa com 25.192 habitantes (BRASIL/IBGE, 2010); Garibaldi com 30.689 habitantes (BRASIL/IBGE, 2010); Guaporé com 22.814 habitantes (BRASIL/IBGE, 2010); e Três Coroas com 23.848 habitantes (BRASIL/IBGE, 2010).

Figura 4 – Localização do Município de Carlos Barbosa no mapa do Rio Grande do Sul

Fonte: <www.google.com.br/mapas>. Acesso em dezembro de 2015.

59 População de 20.001 até 50.000 habitantes, conforme classificação da PNAS 2004 (BRASIL/MDS

O Município de Carlos Barbosa possui uma população de 25.192 habitantes (BRASIL/IBGE 2010), classificando-se como de pequeno porte II, conforme PNAS 2004 (BRASIL, 2004), o que representa58 dos 496 municípios gaúchos (11,69%). O Município de Carlos Barbosa aderiu ao Nível de Gestão do SUAS60 em 07 de

dezembro de 2005, por meio de pactuação da Comissão Intergestora Tripartite (CIT), registrada na Resolução n° CIT 105/2005 (BRASIL/CIT, 2005).

O município foi classificado no Nível de Gestão Básica, que significa a capacidade de gestão da proteção social básica em âmbito municipal. O nome do órgão gestor da Política de Assistência Social do município é Secretaria da Assistência Social e Habitação (SASH), demonstrando o compartilhamento de atribuições do órgão gestor da assistência social, com a política social da habitação, contrariando as recomendações quanto aos indicativos de comando único na Política de Assistência Social preconizados pela LOAS (BRASIL, 1993) e pela NOB/SUAS (BRASIL, 2012).

No que se refere à publicização das informações da Política de Assistência Social, a SASH de Carlos Barbosa possui uma área específica na página da Prefeitura, onde constam as informações como dados de identificação da secretária, notícias, endereço, horários de atendimento, principais atividades, e, atribuições de seus setores: SINE, CRAS, CREAS, Centro de Convivência, Seção da Política Municipal da Habitação e Departamento de Políticas Municipais do Idoso.

O Município de Carlos Barbosa possui Conselho Municipal de Assistência Social (CMAS), e também área específica para a publicidade de suas ações na página da Prefeitura, em que constam informações sobre: a lei de criação do CMAS; atribuições do conselho; nominata de conselheiros(as) integrantes do CMAS; regimento interno do órgão; atas de 2013, 2014 e 2015; algumas resoluções de 2014 e 2015. O município de Carlos Barbosa publica o seu Plano Municipal de Assistência Social 2014 – 2017 na página oficial da Prefeitura.

Em relação ao acesso à informação e a transparência das informações públicas, o município possui mecanismo de acesso à informação Serviço de Informação ao Cidadão (SIC) na página da Prefeitura, sendo que o serviço, em nível municipal, foi

60“O Sistema Único de Assistência Social (Suas) comporta quatro tipos de gestão: da União, do Distrito

Federal, dos estados e dos municípios. As responsabilidades da União passam principalmente pela formulação, apoio, articulação e coordenação de ações. No caso da gestão municipal e do Distrito Federal, são possíveis três níveis de habilitação ao Suas: inicial, básica e plena. A adesão aos Níveis de Gestão do SUAS são deliberados pelas Comissão Intergestores Tripartite (CIT) por meio da articulação com as Comissões Intergestores Bipartite (CIBs) dos estados e do DF. Todas as suas pactuações são encaminhadas ao Conselho Estadual para conhecimento, apreciação e/ou deliberações e aos conselhos municipais, CIT e CNAS para conhecimento”. (BRASIL/MDS, 2015).

regulamentado pela Lei Municipal n° 2.769, de 16 de maio de 2012 (CARLOS BARBOSA, 2012). O município cumpriu com o envio dos documentos solicitados ao seu SIC no prazo legal, demonstrando estar cumprindo as regulamentações do inciso VIIdo artigo 6° da NOB/SUAS (BRASIL 2012), bem como da LAI (BRASIL, 2011). Cumpre destacar que, o município de Carlos Barbosa foi agraciado em 2014 e 2015, com o “Prêmio Boas Práticas de Transparência na Internet”, concedido pelo Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul (TCE RS).

O Plano Municipal de Assistência Social (PMAS) 2014 – 2017 de Carlos Barbosa, é um documento composto por 28 páginas, estruturado pelos seguintes itens: 1 - Dados de identificação (prefeitura, do órgão gestor da assistência social, do Fundo Municipal de Assistência Social (FMAS), do Conselho Municipal de Assistência Social (CMAS)), Equipe Técnica responsável pela elaboração do plano ; 2 – Diagnóstico socioterritorial; 3 – Objetivos geral e específicos; 4 - Diretrizes e prioridades deliberadas; 5 – Ações e estratégias correspondentes para a sua implementação; 6 – Níveis de Proteção; 7 – Metas estabelecidas; 8 – Resultados e impactos esperados; 9 – Recursos materiais, humanos e financeiros, disponíveis e necessários; 10 – Cobertura da Rede Prestadora de Serviços; 11 – Indicadores de Monitoramento e Avaliação; 12 - Espaço temporal da execução; e 13 – Aprovação pelo CMAS.

Em relação à incidência de indicativos da observância da participação social, advinda das Conferências de Assistência Social, o município contempla a previsão de ações em seu Plano Municipal de Assistência Social 2014 – 2017, relacionadas aos eixos das deliberações das Conferências Nacionais de Assistência Social de 2005, 2007, 2009 e 2011, constantes no “Caderno de Avaliações e Recomendações” (BRASIL, 2013).

O quadro 22 demonstra que o Município de Carlos Barbosa, registra em seu PMAS 2014-2017, previsões que contemplam 05 eixos de blocos de assuntos conforme consta no Caderno de Avaliações e Recomendações (BRASIL/CNAS/SNAS 2013). Não consta nenhuma previsão no plano do município de ações relacionadas ao eixo 6, que trata da Regionalização.

Quadro 22– Indicativos dos 06 eixos do Caderno de Avaliações e Recomendações

(BRASIL, 2013) PMAS 2014 – 2017 de Carlos Barbosa

Eixo 1 Cofinanciamento Obrigatório da Assistência Social Eixo 2 - Gestão do SUAS: Vigilância Socioassistencial , Processos de Planejamento, Monitoramento e Avaliação Eixo 3 – Gestão

do Trabalho Eixo 4 dos – Gestão Serviços,

Programas e Projetos Eixo 5 – Gestão dos Benefícios e Transferência de Renda Eixo 6 - Regionalização

SIM SIM NÃO SIM SIM NÃO

Fonte: Construído pela autora com base em informações contidas no Caderno de Avaliações e Recomendações (BRASIL, 2013).

Em relação à incidência de indicativos dos 06 eixos do Caderno de Avaliação e Recomendações (BRASIL, 2013), o Município de Carlos Barbosa, contempla, ainda, que superficialmente, a observância de 04 eixos do caderno, ao definir suas diretrizes e prioridades deliberadas, bem como as ações as estratégias correspondentes para a sua implementação, e, consequentemente, as suas metas estabelecidas para o espaço temporal da execução do plano em análise. Registra-se que o plano não contempla ações relacionadas aos eixos 3 e 6, Gestão do Trabalho e Regionalização, respectivamente, o que, principalmente em relação ao Eixo 3 – que trata da Gestão do Trabalho precisa ser revisto pelo município, pelo fato de que o SUAS não se efetivará de ações que contemplem e qualifiquem seus recursos humanos, devendo essas ações estarem pautadas mediante planejamento.

Ainda, analisando os indicativos da observância da participação social no PMAS 2014 – 2017 de Carlos Barbosa, é possível constatar na página 28 do documento, no item 9 – Indicadores de Monitoramento e Avaliação, que o município registra expressamente que o Monitoramento e Avaliação do plano serão realizados de forma participativa e compartilhada entre todos os atores sociais envolvidos.

Nesse contexto, também, é possível afirmar que, inexiste a previsão formal no plano desse município, de ações que se referem à discussão prévia do PMAS, em outros espaços participativos e de mobilização social, que não o Conselho Municipal de Assistência Social. Esses outros espaços participativos, se definem como: fóruns de discussão; debates e audiências públicas sobre problemas afetos à política de assistência social; plenárias e outras modalidades de encontro coletivo; eventos diversificados e sistemáticos; coletivos de usuários junto aos serviços programas e projetos socioassistenciais; comissões de bairros; etc, Esses espaços estão previstos

no inciso III do artigo 11561 e 12662 da NOB/SUAS (BRASIL, 2012).Não consta no

plano, também, a aprovação expressa do Conselho Municipal de Assistência Social. Em relação aos municípios de pequeno porte II63, que representam 18,74% dos

municípios brasileiros, (1.043 municípios dos 5.565 municípios do Brasil (BRASIL/IBGE 2010)), e 11,69% dos municípios gaúchos (58 dos 496 municípios do RS (BRASIL/IBGE 2010)), como no caso do Município de Carlos Barbosa, é possível afirmar que, as perspectivas de estruturação financeira, materiais e de recursos humanos podem favorecer a efetivação do SUAS. Mas, no caso do PMAS 2014-2017 do Município de Carlos Barbosa, é possível observar um registro de dados ainda muito incipientes, em relação ao planejamento expresso no seu PMAS 2014 – 2017. Nessa realidade, o município deixa de contemplar em seu plano, temas de extrema relevância como os assuntos referentes aos Eixos 3 e 6, da Gestão do Trabalho e Regionalização.Sendo assim, o Município de Carlos Barbosa há que aprimorar os temas alcançados pelo planejamento de seu plano, visto que esses dois assuntos são de extrema relevância para o aprimoramento do SUAS (BRASIL, 2011) em municípios de pequeno porte II, bem como para o fortalecimento do controle e da participação social local.