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O hábito de colecionar, guardar e reproduzir cenas do dia-a-dia existe desde a era pré-histórica, quando o homem desenhava nas paredes das cavernas o seu cotidiano. Reforçando essa temática, a Enciclopédia Mirador (1989) aborda que: o hábito de organizar e colecionar objetos raros ou exóticos já existia na Grécia e Roma antiga sendo comprovadas desde Homero3 (séc. IX a.C.) até Plutarco4 (c.50 d.C. - c. 125 d.C.). Na Antiguidade essas coleções tornaram-se organizadas, mas o acesso às obras de arte ainda era restrito a poucos.

No século II, em Pérgamo5, é realizada uma reunião com uma coleção de esculturas e “em Roma, surge pela primeira vez, a idéia de que a obra de arte é um bem público”. Enciclopédia Mirador (1989, p. 7943).

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Poeta épico da Grécia antiga, ao qual tradicionalmente se atribui a autoria dos poemas épicos Ilíada e a Odisséia.

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Historiador e moralista grego que viveu entre os anos 50 a 120, volta ser editado no Brasil. Foi o maior biografo da Antiguidade Clássica, autor das "Vidas Paralelas". Obra famosa na cultura ocidental por conter relatos sobre as vidas de Alexandre, Julio César, o orador Demóstenes e o grande advogado e filósofo Cícero.

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Antiga cidade grega que se situava na Mísia, a noroeste da Anatólia, a mais de 20Km do Mar Egeu. Possuía uma biblioteca de prestígio que perdia em importância apenas para a de Alexandria. A tradição de Pérgamo foi tamanha que o seu nome batizou o pergaminho.

No século XIV, o hábito de colecionar obras de artes era visto como questão de prestigio dos grandes senhores. A Igreja Católica utilizava obras de artes para cativar fiéis, transformando-se em verdadeiros museus.

De acordo com Barbalho (2001), foi a partir do século XV, na Idade Média, que o costume de reunir esses objetos adquiridos pela elite começou a integrar o contexto cerimonial de exibição de poder. Os materiais adquiridos em viagens ultramarinas eram acumulados pelos europeus nos chamados gabinetes de curiosidades6 e exibidos aos amigos visitantes. Quanto mais objetos possuíssem, mais poderoso seria. Foi também, na metade deste mesmo século que a palavra museu começou a ser usada “para designar uma coleção de objetos considerados belos e valorizados comercialmente”. Caldeira (1998, p. 398)

Sobre a origem da palavra Museu, Falcão (2009) discorre que etmologicamente a palavra “museu” vem do termo latim Museum, derivado do grego Museion que significa templo das musas, um lugar consagrado às nove Musas, filhas de Zeus7 com Mnemosine, a Deusa da Memória. Também era onde as pessoas se exercitavam na poesia e na música.

Sobre essa temática, Falcão (2009) afirma que foi após a Revolução Francesa na segunda metade do século XVIII que o museu tornou-se uma instituição de acesso ao público.

O avanço do conhecimento, a influência dos enciclopedistas franceses e o aumento da democratização da sociedade provocada pela Revolução Francesa fazem surgir o conceito de coleção como instituição pública, chamada “museu”. Assim o primeiro verdadeiro museu público foi criado, em 1793, na França, pelo governo Revolucionário de Robespierre: o Museu do Louvre, com suas coleções acessíveis a todos, com finalidade recreativa e cultural. (FALCÃO 2009, p.11, grifo do autor).

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Lugar em que durante a época das grandes explorações e descobrimentos dos séculos XVI e XVII, colecionavam uma multiplicidade de objetos raros ou estranhos dos três ramos da biologia considerados na época: animalia, vegetalia e mineralia; além das realizações humanas. Podem ser considerados como os precursores dos atuais museus de arte.

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Percebe-se então que, com o surgimento da criação oficial da instituição “museu”, as coleções que antes eram particulares, passa a ser abertas ao público. Assim, esta foi à primeira vez na história que se permitiu acesso livre às antigas coleções da realeza para pessoas de todos os estratos sociais. O museu era então visto como instrumento de educação e esclarecimento do “povo”.

Sobre isso, reforçando a temática, Barbalho (2001, p.8) leva a concordar quando afirma que, a partir desse fato: “a cultura deixou de ser privilégio de algumas classes sociais, para se democratizar”. A partir de então, os museus no mundo, assim como outras instituições abertas ao público, foram capazes de ordenar, civilizar e disciplinar grandes setores da população.

Tomando como referência a definição da palavra “museu” dada pelo ICOM8 museu é:

Uma instituição sem fins lucrativos, permanente, a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento, e aberta ao público, que adquire, conserva, pesquisa, divulga e expõe, para fins de estudo, educação e divertimento, testemunhos materiais do povo e seu meio ambiente.

Nessa mesma linha de pensamento é publicada no Diário da União a Lei nº 11.904, de 14 de janeiro de 2009, que institui o Estatuto de Museus, em seu artigo 1o diz que:

Consideram-se museus, para os efeitos desta Lei, as instituições sem fins lucrativos que conservam, investigam, comunicam, interpretam e expõem, para fins de preservação, estudo, pesquisa, educação, contemplação e turismo, conjuntos e coleções de valor histórico, artístico, científico, técnico ou de qualquer outra natureza cultural, abertas ao público, a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento.

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ICOM: Conselho Internacional de Museus é uma organização internacional ligada à UNESCO, fundada em 1946, que congrega museus e profissionais de museus.

Para ambos, o ICOM e o Diário da União, os museus são instituições que não visam lucros, e sim, a preservação e a exposição do objeto para estudos e pesquisas utilizados para o desenvolvimento de uma sociedade.

E mais, Falcão (2009) inclui na categoria Museu os sítios e monumentos naturais, arqueológicos e etnográficos; os sítios e monumentos históricos de caráter museológicos que adquirem, conservam e difundem provas do modo de vida ou existência de um povo; os jardins botânicos, zoológicos, aquários por conservarem e exibirem exemplares vivos de vegetais e animais, os parques naturais, entre outros.

No Brasil, os museus tiveram sua formação com influência de origem européia. Sobre esta temática, Machado (2005, p. 138) descreve que: “Como os gabinetes de curiosidades, as coleções reuniam espécimes e objetos que permitiam aos cientistas naturalistas [...] mobilizar, classificar e ordenar”. A primeira instituição origem de museu era chamada ‘Casa dos Pássaros’, que recebeu status de Museu Real do Rio de Janeiro e, posteriormente, Museu Nacional. O objetivo dessa instituição era enviar aos gabinetes de curiosidades da Metrópole, exemplares da fauna, da flora e até objetos indígenas do Brasil Colônia, atendendo aos interesses de Portugal (MACHADO, 2005).

Mas adiante, com a chegada da Família Imperial, o Brasil foi elevado para Reino Unido a Portugal e Algarves. Esse acontecimento provocou mudanças na sociedade da época ao tentar reproduzir a monarquia portuguesa nos reino dos trópicos. Assim, surgem os primeiros museus: o Museu da Escola Real das Ciências, Artes e Ofícios do Rio de Janeiro, em 1816, e o Museu Real, em 1918, conforme Caldeira (1998, p. 399)

[...] Dom João VI foi o responsável pela criação de dois importantes museus. O primeiro, através de doação à Escola Real das Ciências, Artes e Ofícios do Rio de Janeiro, em 1816. [...] O segundo, em 1818, foi o Museu Real, instalado no prédio do atual Arquivo Nacional até 1892, quando foi transferido para o Palácio de São Cristóvão, na Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro.

Essas instituições seguiam os mesmos critérios dos museus europeus: de gabinetes restritos a poucos. O autor supracitado ressalta que o Museu Real “foi considerado a primeira instituição científica brasileira ligada à antropologia,

etnografia, botânica, mineralogia, zoologia e geologia” e data de 1921 a abertura de suas portas ao público.

De acordo com Machado (2005) e Caldeira (1998), foi no século XIX que os museus brasileiros tiveram seu apogeu e é nesse período que surgem o Museu Nacional (1818), Museu do Exército (1864), Museu Paraense Emilio Goeldi (1866), Museu da Marinha (1868), Museu Paranaense (1876), Museu Paulista (1892), e o Museu do Instituto Histórico e Geográfico da Bahia (1894).

Especificamente em termos de Brasil, os museus são protegidos pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN9, criado em 13 de janeiro de 1937 e, segundo o este:

No Brasil, há o registro da existência de mais de 2500 instituições museológicas, que apresentam uma grande diversidade: são museus de caráter nacional, regional e comunitário, públicos e particulares, históricos, artísticos, antropológicos e etnográficos, científicos, tecnológicos.

De acordo com o IPHAN, é grande a quantidade de museus existentes no Brasil, com uma variada tipologia que abrange desde o museu nacional ao particular. No entanto, é preciso salientar que o museu é um local destinado a contemplação, ao ensino e pesquisa; é o elo entre o passado e o presente. Neles existem objetos e coleções que falam e por meio dos quais se podem interpretar fatos e versões de uma mesma história, por isso eles são considerados bens culturais que precisam ser mantidos, organizados e preservados.

A esse respeito, Barbuy (2002, p. 71) afirma que:

Ao reunir e pesquisar documentos, o museu é um centro de informação tanto quanto um arquivo e uma biblioteca, destes diferindo, porém parcialmente, na natureza de seus acervos (notando-se haver, nesse aspecto, muitas intercessões) e no tipo de acesso que mais tradicionalmente propõe (as exposições).

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IPHAN: Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. É uma autarquia do Governo do Brasil vinculado ao Ministério da Cultura, responsável pela preservação do acervo patrimonial, tangível e intangível, do país. A sua criação foi o fruto de debates e pesquisas envolvendo o então ministro Gustavo Capanema e sua equipe, que incluiu também o poeta Mário de Andrade, ícone da Semana de Arte Moderna de São Paulo, em 1922.

Desse modo, a informação trabalhada no museu é a memória coletiva de uma sociedade representada, na maioria das vezes, em suporte tridimensional, ou seja, artefatos. O museu é um verdadeiro espelho onde a comunidade se olha para se reconhecer e tem como principal dificuldade para o entendimento do objeto como documento, a sua exposição porque é a única parte visível da informação.

Reforçando essa idéia, Mello (2010) relata que os museus dinamizam a produção do conhecimento, a administração da memória e a democratização do saber.

Desde o surgimento dos primeiros museus, o estudo e a pesquisa de artefatos tridimensionais10 já se fazia presente. Através destes objetos é possível descobrir e entender sociedades existentes há séculos passados, traçar um perfil do homem através dos tempos, sua vivência, seus costumes, suas invenções e o desenvolvimento da sua cultura.

É verdade, que o hábito de colecionar objetos, remete à Pré-história, como se pode observar nos sítios arqueológicos espalhados pelo mundo. Registros mostram que na Antiguidade também se encontravam coleções de objetos de arte ou materiais preciosos.

Nesse raciocínio, Falcão (2009, p. 10) reforça que:

Reunir obras de arte, durante a Idade Média, era visto como uma demonstração de prestígio. A partir do advento das grandes navegações e da descoberta de novos continentes, a formação de coleções de objetos artísticos ou curiosidades naturais foi bastante estimulada, servindo, inclusive, de base para os famosos gabinetes de curiosidades.

Como se vê, a relação entre individuo e objeto é extremamente intensa pelo fato de o objeto perdurar ao longo dos tempos e manter informações referentes ao seu portador, essas informações servirá de embasamento de estudos para as sociedades futuras.

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São objetos fabricados ou modificados a mão ou industrialmente pelo homem, tais como: esculturas e outras obras de arte, objetos para exposições, máquinas, vestuários, moedas, armas e medalhas.

Para Castro (2000) essa relação se dar através do elo entre o passado e o presente existente no objeto museal.

A temporalidade museológica adicionada ao objeto o atinge como um raio provoca a perda de sentido atual de tempo. Na dinâmica de seu deslocamento temporal, o espaço museal reveste-se de uma dimensão vazia de tempo, mas não oca. O objeto ao ser introduzido na aura museal submete-se a uma dimensão regressiva, extraído de sua cotidianidade. Condição do tempo histórico e recriação do tempo museal. (CASTRO, 2000, p. 85).

Assim, o espaço museológico se abstrai da temporalidade, pois o objeto inserido no museu é resgatado do passado, mas não pertence ao presente, tendo como função a representação da informação através dos tempos, servindo de base para estudos futuros.

O museu possui diversas fontes de informação que retratam a realidade de um tempo decorrido. Sendo a informação fundamental para o desenvolvimento de uma sociedade, o museu torna-se parte integrante nesse contexto para o resgate informacional cultural.

Vale ressaltar que todas essas informações devem estar registradas de alguma forma, a qual é denominada documento. E nesse sentido, Le Coadic (2004, p. 5) conceitua “documento” como sendo:

Um termo genérico que designa os objetos portadores de informação. Um documento é todo artefato que representa ou expressa um objeto, uma idéia ou uma informação por meio de signos gráficos e icônicos (palavras, imagens, diagramas, mapas, figuras, símbolos), sonoros, visuais (gravados em suporte de papel ou eletrônicos). O documento, segundo o tipo de suporte, é denominado documento em papel ou documento eletrônico.

Fica evidente que Le Coadic considera documento todo e qualquer forma de objeto que contenha informação sobre um determinado assunto ou peça. Isso faz crer que o documento tem seu valor ao ser empregado como prova, estudo ou consulta. Pode-se, também, por meio deste, se ter acesso a memórias de coisas decorridas no passado. Existe uma grande variedade de

documentos (oficial, administrativo, comercial, fiscal, histórico, empresarial), entre esses, encontra-se o documento museológico, o qual é definido na afirmação a seguir:

Documentação museológica é toda informação referente ao acervo do museu. Um museu que não mantém atualizado e em bom estado as informações relativas a seu acervo, deixa de cumprir uma das principais funções, ou talvez a mais importante, que é a preservação de sua memória. (BRASIL, 2006, p. 32).

Já Barbuy (2002, p. 71) afirma que a documentação de acervos em museologia corresponde ao “registro sistemático de informações pertinentes a cada unidade de acervo (ou “peça”) e constitui em atividade institucional interna, rotineira”.

Nas citações acima, observa-se que a documentação museológica representa o conjunto de toda informação referente a cada objeto que compõem o acervo, desde sua entrada até sua exposição. E para a atualização do museu é necessário que todas essas informações estejam em dia, constituindo assim, uma atividade interna e rotineira.

Refletindo ainda sobre esse assunto, Loureiro (1998 apud YASSUDA, 2009, p. 22) ressalta que:

A documentação em museu serve não apenas como ferramenta de grande utilidade para a localização de itens da coleção e o controle de seus deslocamentos internos e externos, como também fonte de pesquisa e auxiliar indispensável ao desenvolvimento de exposições e outras atividades do museu.

Conforme se pode constatar a documentação museológica não é apenas um instrumento que localiza e controla os itens no interior e exterior dos museus, mas é essencial para toda e qualquer atividade ligada ao museu. Esse conjunto de informações é tão importante quanto o acervo do museu, pois além de registrar todo material existente é o registro da memória de uma cultura, de um povo ou de uma Era.

Desse modo, Yassuda (2009) elucida que a documentação museológica é destinada ao tratamento da informação em todos os campos, desde a entrada da peça no museu até a exposição e que durante esse procedimento são envolvidas atividades relacionadas com a coleta, o armazenamento, o tratamento, a organização, a disseminação e a recuperação da informação.

Neste cenário, a mesma autora afirma que, essa trajetória percorrida pela documentação deve ser acompanhada por profissionais de diferentes áreas, como o historiador, o museólogo, o conservador, o documentalista, entre outros. (YASSUDA, 2009).

Nesse processo, para um bom tratamento do documento museal é necessário o conhecimento de seu público-alvo e o conhecimento prévio da linguagem natural para a transformação em linguagem documental. As linguagens documentárias podem ser representadas pela classificação bibliográfica e pelos tesauros. Os códigos de classificação mais conhecidos são a Classificação Decimal Universal – CDU e a Classificação Decimal de Dewey – CDD.

Desse modo, os produtos documentários resultantes dessa documentação museal são enumerados por Yassuda (2009) como “livro de tombo, inventário, catálogo, ficha classificatória, índice, etiqueta”.

Segundo Camargo-Moro (1986apud YASSUDA, 2009, p. 24)

No livro de tombo são registrados os objetos assim que chegam ao museu, assim como a sua baixa. Utilizam uma numeração corrida, onde não pode haver repetições ou reutilizações. A descrição deve ser sucinta, objetiva e completa, mantendo uma uniformidade. O inventário seria o levantamento individualizado e completo dos bens de uma instituição ou pessoa. Nele consta o registro, identificação e classificação. Denomina-se catálogo o conjunto de fichas de diversos tipos e diferentes conteúdos, ordenadas sistematicamente. O ato de classificar também pode ser chamado de catalogação aprofundada, baseado nas fichas

classificatórias. A classificação ou catalogação é uma etapa

de análise profunda da peça, exigindo uma pesquisa apurada. Os índices seriam ramificações da ficha classificatória, competindo a ele possibilitar a recuperação por diferentes entradas (autor, tema, localização no acervo, etc.). As

etiquetas são utilizadas como decodificadores das peças,

Fica evidente que, o livro de tombo ou de registro é o primeiro documento, que de fato, registra o objeto que vai ser incorporado ao acervo. Nele devem estar contidos as informações do objeto museal, tais como: número de registro, data de entrada, classificação, descrição do objeto, autor, origem, procedência, forma de aquisição, estado de conservação e observações (BRASIL, 2006).

Já o inventário (ANEXO A) constitui a atividade de conhecimento, de salvaguarda e de valorização do acervo. (BRASIL, 2006). Nele deve conter todas as informações extensivas sobre cada objeto da coleção do museu, tais como: nome da instituição, número do registro, categoria, nome do objeto, titulo, autor, época/data/período, estilo, procedência, origem, material/técnica, fabricação, dimensões, inscrições, marcas, assinatura, forma de aquisição, valor, estado de conservação, restauração, descrição do objeto, dados biográficos, referências bibliográficas, exposições, observações e fotografias. (BRASIL, 2006).

Enquanto que, no catálogo são registrados todos os objetos expostos no acervo e a coleção a que pertence, para auxiliar o usuário na busca do objeto.

Já a classificação tem a finalidade de “possibilitar a identificação correta do objeto e analisar os níveis de informação sobre o objeto”. (BRASIL, 2006, p. 40). Dessa forma, a classificação é o conjunto de operações desempenhadas no museu visando à distribuição dos objetos/documentos em diferentes categorias. De acordo com o Ministério da Cultura (2006, p. 40) é nessa etapa que “formaliza-se um importante instrumento de pesquisa, no qual cada objeto vem nomeado e classificado de forma geral e de forma específica”. O sistema de classificação adota no registro dos objetos conceitos tais como: termos/título, classes e subclasses, além do número recebido no inventário. O documento que registra os dados do objeto é chamado ficha de catalogação ou classificatória (ANEXO B).

Seguindo esse processo, através das etiquetas, o responsável pela exposição sabe exatamente quantas e quais são as peças que compõem determinada coleção e onde se encontram.

Porém, antes deve ser colocado o número de registro da peça, o que permitirá o controle do mesmo permanente ou temporariamente no museu.

Esse registro pode também ser feito de três formas conforme Brasil (2006, p. 36):

• Sistema de um único número – Numera-se o primeiro objeto com o número 1, o segundo com o 2 e assim, sucessivamente em ordem seqüencial.

• Sistema de 2 números – Se utiliza de um número de controle seguido de um número correlativo. Normalmente o primeiro se refere ao ano de entrada do objeto no museu e o segundo registra a entrada dos objetos no referido ano. Ex.: 80.5 (80 representa o número de entrada da peça no museu e o nº 5 o quinto objeto a ser registrado no mesmo ano).

• Sistema de três números – Permite identificação da procedência do objeto. Ex.: 85.13.10 se tivermos 10 objetos de uma coleção e 13 entradas no ano de 1985, o ultimo objeto dessa coleção terá o número 85.13.10. Podemos ainda dizer que é o objeto nº 10 da coleção 13, adquirida no ano de 1985. Esse número nos diz que todos os 85.13 provem da mesma fonte, do mesmo doador.

Essa numeração também é conhecida como bipartida ou tripartida. A partir disso, Santos (2000, p. 57) afirma que a numeração bipartida é:

Constituída primeiramente pelos dois últimos algarismos do ano em que o objeto foi classificado, seguido do número do objeto, numerado de 1 (um) a infinito. [...] A numeração tripartida é utilizada no caso de o objeto ser composto por partes. [...] Caso o objeto seja composto por mais de uma parte, estas serão marcadas com o mesmo número de processamento técnico, acrescido das letras ‘a’,’b’,‘c’ etc., de acordo com o número de partes de cada peça.

Desse modo, na visão de Brasil (2006) o registro dos objetos museais se divide em três tipos de sistemas, já na visão de Santos (2000), esse registro se divide em dois. Mas, apesar de classificarem o registro de forma diferente

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