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ANÁLISE DO ACERVO INFORMACIONAL DO MUSEU HISTÓRICO DE ACARI - RN

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CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE BIBLIOTECONOMIA CURSO DE GRADUAÇÃO EM BIBLIOTECONOMIA

NÉLIA SANTOS

ANÁLISE DO ACERVO INFORMACIONAL DO MUSEU HISTÓRICO DE ACARI - RN

NATAL-RN 2011

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ANÁLISE DO ACERVO INFORMACIONAL DO MUSEU HISTÓRICO DE ACARI - RN

Monografia apresentada à disciplina Monografia, ministrada pela professora Maria do Socorro de Azevedo Borba, do curso de Biblioteconomia da UFRN, como pré-requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Biblioteconomia.

Orientadora: Profª MSc Renata Passos Filgueira de Carvalho

NATAL-RN 2011

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S237d

Santos, Nélia.

Análise do acervo informacional do Museu Histórico de Acari- RN. / Nélia Santos. – Natal, 2011.

73 f.: Il.

Orientador: Profª. MSc. Renata Passos Filgueira de Carvalho.

Monografia (Bacharelado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Departamento de Biblioteconomia. Curso de Gtaduação em Biblioteconomia.

1. Museu – Tratamento – Monografia. 2. Museu Histórico de Acari – Monografia. 3. Sociedade da Informação – Monografia. 4. Profissional da Informação – Monografia. I. Carvalho, Renata Passos Filgueira de. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

CDU – 069.42:02

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ANÁLISE DO ACERVO INFORMACIONAL DO MUSEU HISTÓRICO DE ACARI - RN

Monografia apresentada à disciplina Monografia, ministrada pela professora Maria do Socorro de Azevedo Borba, do curso de Biblioteconomia da UFRN, como pré-requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Biblioteconomia.

Orientadora: Profª MSc Renata Passos Filgueira de Carvalho

MONOGRAFIA APROVADA EM ___/___/2011

BANCA EXAMINADORA

Profª. M.Sc. Renata Passos Filgueira de Carvalho (Orientadora)

Profª. MSc Maria do Socorro de Azevedo Borba (Profª da Disciplina)

Profª. Drª. Eliane Ferreira da Silva (Membro)

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Aos meus pais, irmãos, cunhadas, sobrinhos, amigos e colegas que direta ou indiretamente contribuíram para a realização desse trabalho.

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Agradeço em primeiro lugar a Deus, meu pai e criador.

Aos meus pais, Manoel e Chaguinha por todo o carinho, dedicação e apoio incondicional.

Aos meus irmãos (Nemésio e Nilson), às minhas cunhadas (Neuza e Maria) e aos sobrinhos (Nilmar, Talita e Kamily). Eu amo vocês.

Aos meus tios, primos e familiares, em especial, minha tia Maria de Fátima, que sempre foi para mim, além de uma grande amiga, minha segunda mãe.

À Professora Renata Passos Filgueira de Carvalho, meu agradecimento especial, por suas observações, empenho e dedicação com que me orientou, tornando possível a realização dessa monografia.

À Professora Socorro Borba, pelo apoio na elaboração da metodologia de pesquisa e principalmente por compartilhar experiência e amizade.

À Professora Eliane Ferreira da Silva, por ter aceitado participar da banca, meu muito obrigado!!!

Aos mestres da minha graduação na academia.

Aos meus professores de toda a minha vida escolar, em especial aos professores Iranildo, Josias Ivo e Maria do Carmo pelo apoio e amizade.

A minha grande amiga Nancy, pela amizade e por me aturar durante o todo o curso.

A Roberto Millions e Silvestre por me ajudarem nas pesquisas.

A Daguia Medeiros e Girlene Edson, pois sem eles a realização desse trabalho não seria possível.

À minha turma 2007, com os quais compartilhei bons momentos, em particular a Ana Maria, Thaizza, Gabriela, Caio, Jucilene e Meire.

Ao meu grupo no estágio supervisionado, Sandra, Eudilene e Roberto pelo companheirismo e compartilhamento de experiências.

Aos meus colegas do curso, mas de outras turmas e períodos, em particular Vanúsia Hipólito e Wagner.

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Enfim, considerando esta monografia como resultado de uma longa caminhada, agradecer parece não ser tarefa fácil, nem justa. E para que não ocorra o risco de injustiça, agradeço assim, a todos que de alguma forma passaram pela minha vida e contribuíram para a construção de quem sou hoje.

A todos vocês o meu muito OBRIGADA!!!

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“O museu guarda sonhos fantasias e quimeras. Signos sinais e símbolos. Conhece o que é pelo que foi. O museu aguarda pelo que virá.” (Rui Chamone Jorge)

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Aborda o processamento técnico do acervo do Museu Histórico de Acari – RN. Objetiva analisar como é realizado o processo técnico do objeto no museu. Faz um resgate da história dos museus no mundo e no Brasil. Apresenta os diversos tipos de museus, ao mesmo tempo, demonstra que museu não é sinônimo de coisas velhas, e sim coleções expostas de obras de arte, objetos e documentos de interesse artístico, histórico, técnico e científico. Menciona a importância do profissional da informação – museólogo para a instituição Museu. Explana como se dá o registro dos objetos museológicos e destaca a importância que os artefatos do acervo têm para a memória da região do Seridó. Realiza um levantamento do histórico do museu e da cidade de Acari, destacando a importância do Museu Histórico, enquanto unidade de informação para a região do RN. Utiliza como procedimentos metodológicos, pesquisas bibliográficas e eletrônicas, assim como, entrevista qualitativa com a diretora do Museu. Por fim, conclui reforçando a importância de que todo museu faz parte do patrimônio de uma sociedade, pois preserva a memória e a identidade de um povo e de uma Nação.

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Figura 1 - Localização geográfica do Seridó Oriental do RN. 45

Figura 2 - Museu Histórico de Acari 48

Figura 3 - Indumentária de vaqueiro 53

Figura 4 - Selas de montaria 53

Figura 5 - Réplica de uma casa em taipa 54

Figura 6 - Utensílios usados na fabricação do queijo 55 Figura 7 -

Figura 8 -

Utensílios usados na pesca Quarto de casal

55 57

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BCZM Biblioteca Central Zila Mamede

CBO Classificação Brasileira de Ocupações CDD Classificação Decimal de Dewey CDU Classificação Decimal Universal CFB Conselho Federal de Biblioteconomia CI Ciência da Informação

COFEM Conselho Federal de Museologia CONARQ Conselho Nacional de Arquivos

CRB Conselho Regional de Biblioteconomia D.U. Diário da União

FJA Fundação José Augusto IBRAM Instituto Brasileiro de Museus ICOM Conselho Internacional de Museus

IPHAN Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional PI

RN

Profissional da Informação Rio Grande do Norte

TICs Tecnologias da Informação e Comunicação UFBA Universidade Federal da Bahia

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1 INTRODUÇÃO ... 12

2 SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO... 15

3 PROFISSIONAL DA INFORMAÇÃO... 23

4 MUSEOLOGIA... 30

4.1 MUSEU... 31

5 MUSEU HISTÓRICO DA CIDADE DE ACARI... 45

5.1 A CIDADE DE ACARI... 45

5.2 MUSEU HISTÓRICO DE ACARI... 48

5.2.1 Formação do acervo... 51

5.2.2 Tratamento técnico dos objetos... 58

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 60

REFERÊNCIAS... 62

APÊNDICE – ENTREVISTA COM A GESTORA DO MUSEU HISTÓRICO DE ACARI... 67

ANEXO A – MODELO DE PLANILHAS DE INVENTÁRIO... 69

ANEXO B – MODELO DE ESQUEMA CLASSIFICATÓRIO... 70 ANEXO C – TERMO DE DOAÇÃO DO MUSEU HISTÓRICO DE

ACARI... ANEXO D – FICHA CATALOGRÁFICA DO MUSEU HISTÓRICO DE ACARI...

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1 INTRODUÇÃO

A sociedade está em constante transformação. E uma de suas maiores transformações é o valor adquirido pela informação, de forma geral, para toda a sociedade. Em todos os âmbitos – acadêmico, social ou no cotidiano – a informação está sempre presente.

Esse valor fez com que eclodissem diversas áreas que trabalham diretamente com a informação. Dentre elas, a museologia, que tem como objeto de estudo a instituição museu. Mas, apesar de vivermos na Era das novas tecnologias, na Sociedade da Informação, os museus ainda são associados, no imaginário coletivo, como lugar onde se guardam objetos antigos ou depósitos de velharias. Entretanto a realidade é bem diferente para aqueles que conhecem ou visitam. Estes fascinam e encantam a sociedade com sua forma diferente de contar a história da humanidade, de uma época.

Os museus surgiram apenas como um lugar para se guardar objetos raros e preciosos adquiridos em viagens marítimas e tornaram-se públicos, passando a ser, além de local para se guardar objetos raros, um local de estudos e pesquisas de sociedades passadas.

Uma motivação que vai além das funções básicas, porém essenciais, dos museus, é que estes não são somente espaços em que se guarda, conserva, expõe e comunica memórias, mas também instigam, despertam interesse e relativizam lembranças de forma a gerar novos questionamentos, proposições, representações a seus visitantes, tornando o indivíduo parte integrante daquele espaço, fazendo com que o intangível seja visto e sustentado por meio de suas representações.

No Brasil, as primeiras instituições a receber o título de Museu foram o Museu da Escola Real das Ciências, Artes e Ofícios do Rio de Janeiro, em 1816, e o Museu Real, em 1918.

Na Era Contemporânea surgiram vários tipos de museus, entre eles, o museu histórico. Esses museus têm por finalidade retratar através de objetos tridimensionais a história de um povo e sua cultura.

Em Acari, cidade do estado do Rio Grande do Norte, encontra-se o Museu Histórico que retrata a história do povo sertanejo. Com um acervo

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doado pela população acariense, este museu reflete o cotidiano, a economia, a religiosidade, enfim, a cultura da sociedade da região seridoense.

Na tentativa de discutir esse tema pretende-se, como objetivo geral, analisar como é realizada a classificação do objeto no Museu Histórico de Acari. Como objetivos específicos observar quais os tipos de artefatos existentes e verificar a adequação dos mesmos ao objetivo temático do museu na preservação da memória.

Portanto, para a elaboração do mencionado trabalho, objetivando obter fundamentação teórica que pudesse subsidiar o estudo sobre o referido tema, recorreu-se a pesquisa bibliográfica em: livros, artigos científicos, dissertações, a internet e entrevista com a gestora da instituição, ou seja, uma pesquisa denominada qualitativa.

Várias foram as motivações pelo qual o pesquisador escolheu essa temática. Presume-se que manter-se bem informado é o primeiro passo para se alcançar o conhecimento e a cidadania, e que o museu, enquanto uma instituição à serviço de uma sociedade, coleta, guarda e torna acessíveis objetos, artefatos, espécimes e a memória de um povo.

Dessa forma, a estrutura dessa monografia constitui-se em seis capítulos. Por isso, no Segundo capítulo discute-se a Sociedade da Informação, uma vez que, é uma nova fase da evolução social sobre a importância da informação inserida no universo agregando valor. Conceitua Globalização e explica a diferença entre dado, informação e conhecimento.

Adiante, no Terceiro capítulo, apresenta-se o Profissional da Informação, por ser peça fundamental no contexto de uma sociedade que se encontra em constante transformação.

No Quarto capítulo, intitulado ”Museologia”, é realizada uma síntese do que sejam museus, com breve contextualização sobre a documentação museológica e dos acervos dessas instituições. Pretende-se ainda, enfatizar o museu como verdadeira Unidade de Informação, ou seja, preservando o passado, e disseminando valores que integram a cultura de um país ou de um povo.

No Quinto capítulo, é realizada uma síntese do histórico da cidade Acari, lugar onde se encontra o Museu Histórico do mesmo nome. Aborda-se ainda, sobre o histórico do mesmo, como também, sua importância como fonte

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de informação e disseminação de conhecimentos a todos que o visitam na região do Seridó Potiguar. Elucida o processo técnico do objeto museológico, desde sua chegada, através de doações, até a sua exposição.

Por fim, no Sexto e último capítulo enfatiza-se nas considerações finais, a importância do Museu de Acari, enquanto Unidade de Informação, inserido no processo da construção do conhecimento na Sociedade da Informação.

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2 SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO

É notório que a sociedade, nas duas últimas décadas do século XX, viveu-se um processo que mudou o cenário mundial com significativas transformações, que envolvem aspectos e dimensões socioculturais, econômicas, políticas e tecnológicas. Essa sociedade transformada em um ambiente global que tem por base a comunicação, a informação e o conhecimento define esse processo de Globalização. Diante de tais transformações, torna-se necessário a compreensão desse cenário mundial.

Prado (2000, p. 1) define globalização como sendo “o processo de integração de mercados domésticos, no processo de formação de um mercado mundial integrado”. Para ele a “globalização significa coisas distintas para diferentes pessoas”.

Ainda de acordo com o autor supracitado:

Somente ao fim da década de 1980 e, particularmente, na década de 1990 é que o termo globalização veio a ser empregado principalmente em dois sentidos: um positivo, descrevendo o processo de integração da economia mundial; e um normativo prescrevendo uma estratégia de desenvolvimento baseado na rápida integração com a economia mundial. (PRADO, 2000, p. 2)

Observa-se, dessa forma, que a denominação Globalização não é uma denominação recém-criada, mas é somente na década de 1990 que o mesmo é utilizado com dois sentidos, a integração da economia mundial e a estratégia do seu desenvolvimento com a rapidez dessa integração. O processo de Globalização fez surgir expressões como Sociedade do Conhecimento, Nova Economia e/ou Sociedade da Informação.

No contexto atual da sociedade, a informação, é sem dúvida fator determinante para o desenvolvimento intelectual do indivíduo e conseqüentemente da sociedade, como declara Wurman (1991, p. 42) ao colocar a informação como “a palavra mais importante da nossa década” e apontando-a como sustento da vida e do trabalho humano. O que leva a inferir

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que está se vivendo na época da chamada Sociedade da Informação/Conhecimento.

O conceito de Sociedade da Informação passa pela análise de diversos estudiosos e por transformações ocorridas no mundo todo, gerando mudanças em todos os setores. E várias são as denominações empregadas para descrever a realidade contemporânea: Toffler (1995) a define como “Terceira Onda”, Drucker (c1999) como “Sociedade do Conhecimento” e “Sociedade Pós-Capitalista”, já para Gouveia e Gaio (2004 apud NAZARENO, 2006, p. 13) ela é tida como “Sociedade da Informação”, enquanto que, Castells (1999) a classifica de “Sociedade em Rede”.

Mas, apesar do termo “Sociedade da Informação” ter atingido seu apogeu no século XXI, o seu surgimento data do final do século anterior, no ano de 1973 quando foi citado no livro “O advento da sociedade pós-industrial” do sociólogo estadunidense Daniel Bell, como bem afirma Burch (2006). Segundo a autora, Daniel Bell relata que o conhecimento teórico será o eixo principal dessa sociedade e que as ideologias serão supérfluas, pois o que sustentará essa sociedade será a informação.

Enfatizando o conceito da Sociedade da Informação, Matos (2002, p.12) afirma que “a Sociedade da informação é uma expressão comumente usada para designar uma forma de organização social, econômica e cultural que tem como base, tanto material, como simbólica, a informação”.

Com o advento da escrita, cerca de 6000 anos, na Mesopotâmia, o surgimento do livro escrito em 1300 a.C. e posteriormente com a criação da imprensa por Gutemberg em 1453, (OLIVEIRA, 2009) todas essas invenções trouxeram novas relações com o conhecimento, ampliando a capacidade humana. Em época mais recente, na Sociedade da Informação, essa relação com o conhecimento foi dinamizado através da utilização das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs). Essas tecnologias são utilizadas para reunir e compartilhar informações.

Assim, a informação é a base de toda e qualquer forma de organização, seja ela social, cultural ou econômica. Como é demonstrada por Oliveira (2009) ao expor que na Sociedade Primitiva a economia era baseada na troca e a informação era localizada e rudimentar, na Sociedade Feudal a economia era agrícola e monetária e a informação era localizada e centralizada em espaços

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determinados, já na Sociedade Industrial a economia era capitalista e a informação, sigilosa e localizada. Nas últimas décadas, na Sociedade da Informação, dois desenvolvimentos independentes foram essenciais na sua fundamentação: o econômico e o tecnológico, pois a economia é neoliberal e a informação, desterritorializada.

Como se pode ver, a informação sempre esteve presente, de forma essencial, no desenvolvimento de uma sociedade, o que se leva a crer que não existiria sociedade sem informação. Como esboça Takahashi (2000, p. 03):

[...] Rapidamente nos adaptamos a essas novidades e passamos [...] a viver na Sociedade da Informação, uma nova Era em que a informação flui a velocidades e em quantidades há apenas poucos anos inimagináveis, assumindo valores sociais e econômicos fundamentais.

Conforme pode se constatar a humanidade é bombardeada a todo instante com notícias de todo o mundo que chega através das TICs, numa velocidade e quantidades imagináveis adquirindo valores sociais e econômicos que até então, no início do século XX, nenhuma sociedade havia imaginado. As TICs revolucionaram as atividades nos setores sociais e econômicos, conforme aponta Castells (1999, p. 268),

[...] o que é mais distintivo em termos históricos entre as estruturas econômicas da primeira e da segunda metade do século XX é a revolução nas tecnologias da informação e sua difusão em todas as esferas de atividade social e econômica, incluindo sua contribuição no fornecimento da infra-estrutura para a formação de uma economia global.

Com base nas citações acima, entende-se que a Sociedade da Informação está em constante transformação, na qual as novas tecnologias (a TV por assinatura, telefonia móvel, câmara digital, webcan, internet, iPod, tablet, entre outras), são as principais responsáveis.

Assim, o conhecimento e a informação assumem valores tanto sociais como econômicos tão importantes no desenvolvimento de uma sociedade. Esse progresso, junto às novas tecnologias, contribui na formação dessa

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economia globalizada transformando, assim o mundo numa imensa aldeia global.

De fato, tudo está mudando, e é voraz a busca por novos conhecimentos a partir das necessidades individuais. E de acordo com a história da humanidade, o homem sempre elegeu algo para dá valor, ou seja, desde épocas mais remotas o ser humano tratou alguma coisa como algo valioso, como exemplo, pode-se citar o ouro, as pedras preciosas, o petróleo. No Século XXI, em escala global, esse algo valioso é inegavelmente a informação. Dessa forma, a informação vem acrescentar valores de conhecimentos, assim como esta sociedade, que possui o objetivo de desenvolvimento informacional.

Mas, afinal, o que é informação? Para se ter um melhor entendimento acerca do que seja informação é necessário enfocar a origem etimológica da palavra. Esta palavra é derivada do latim – informare, e nesse sentido, Araújo (2001) enfatiza o seu significado como sendo algo que dar forma, que cria, ou seja, representa uma idéia. Wurman (1991) relata que a definição da palavra Informação passou a ser utilizada como termo tecnológico para definir qualquer coisa que fosse transmitida por um canal elétrico ou mecânico após a Segunda Guerra Mundial. Essa palavra teve seu uso extrapolado passando a ser utilizada até mesmo quando necessariamente não era um informativo, ou seja, fizesse ou não sentido para quem a recebia. A informação tornou-se a palavra mais importante dessa década, sustento de vida e trabalho.

Contudo, ainda não se chegou a um consenso do significado da palavra informação. Várias são as interpretações da palavra em áreas distintas citadas por diversos autores conforme relata Capurro e Hjorland (2007, p. 160) ao fazer uma sinopse dos diversos conceitos. Ele alega que “quase toda disciplina científica usa o conceito de informação dentro de seu próprio contexto e com relação a fenômenos específicos”. Por não possuir uma só definição o conceito da palavra informação torna-se interdisciplinar, possuindo assim, cada interpretação de acordo com a área da teoria que a está utilizando. Mahler (1996 apud CAPURRO; HJORLAND, 2007, p. 164) declara que “a informação somente pode ser definida dentro do cenário e não fora dela”. Nesse caso, cada estudioso interpreta a informação de acordo com a sua área de atuação. Na área da Ciência da Informação, Le Coadic (2004, p.4) define informação como sendo:

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Um conhecimento inscrito (registrado) em forma escrita (impressa ou digital), oral ou audiovisual, em um suporte. A informação comporta um elemento de sentido. É um significado transmitido a um ser consciente por meio de uma mensagem inscrita em um suporte espacial-temporal: impresso, sinal elétrico, onda sonora, etc. Inscrição feita graças a um sistema de signos (a linguagem), signo este que é um elemento da linguagem que associa um significante a um significado: signo alfabético, palavra, sinal de pontuação.

Nessa perspectiva, Setzer [200-]1 relata ainda que:

A informação pode ser propriedade interior de uma pessoa ou ser recebida por ela. No primeiro caso, está em sua esfera mental, podendo originar-se eventualmente em uma percepção interior, como sentir dor. No segundo, pode ou não ser recebida por meio de sua representação simbólica como dados, isto é, sob forma de texto, figuras, som gravado, animação, etc.

Com base nas citações acima, compreende-se que a informação utiliza-se de variadas formas de linguagem, utiliza-seja ela oral, impressa, visual, audível, entre outros para alcançar o seu objetivo, ou seja, a informação pode ser considerada como todo e qualquer dado assimilado por um receptor, atribuindo sentido e, por conseqüência, agregando valor. Também pode ser percebida de forma interior, sem precisar de um emissor, apenas do receptor, como é o caso das sensações. Outra forma de defini-la é tratando-a como resultado do processamento, manipulação e organização de dados, que represente uma modificação no conhecimento de quem a recebe.

Observa-se então, que para se constituir informação é necessário organizar os dados. Portanto, o que muitas vezes é chamado de informação, na verdade, são apenas dados. Em outras palavras, dados são símbolos que isoladamente não possui sentido algum.

Sob tal perspectiva e reforçando essa temática, Kobashi e Tálamo (2003, p.10) enfatizam que: “a informação é processo de troca de mensagens que supõe a construção de sentidos”. Se a mensagem transmitida pelo emissor

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não for entendida pelo receptor, não haverá informação, e sim, dados. Para Wurman (1991, p. 43), “as diferenças entre dados e informação torna-se mais crítica à medida que a economia mundial caminha para um sistema de economistas dependentes de informação”.

Percebe-se então, que quando o receptor receber a informação e der sentido a ela é gerado o “conhecimento”. Nesse sentido, o conhecimento é definido como um conjunto de Informações que produz significado a uma única pessoa. Drucker (1997) relata que:

Conhecimento não reside em livros, em um banco de dados, em um programa de software: estes contêm informações. O conhecimento está sempre incorporado por uma pessoa, é transportado por uma pessoa, é criado, ampliado ou aperfeiçoado por uma pessoa, é aplicado, ensinado e transmitido por uma pessoa e é usado, bem ou mal, por uma pessoa. (DRUCKER, 1997 apud OLIVEIRA, 2009, p. 20)

É válido ressaltar, que o conhecimento trata-se de algo subjetivo, inerente a cada indivíduo e é construído ao longo dos tempos, impossível de se encontrar em algum suporte. Ainda a respeito do conhecimento, Setzer (1999, p.2) discorre que: “É uma abstração interior, pessoal, de alguma coisa que foi experimentada por alguém”. Observa-se assim, que o conhecimento é particular e por ter essa característica só o possui quem vivenciou. Teixeira Filho (2000) aponta dois tipos de conhecimento, o tácito e o explícito.

O conhecimento tácito é aquele que as pessoas possuem, mas não está descrito em lugar nenhum, residindo apenas em suas cabeças. O conhecimento explícito é aquele que está registrado de alguma forma, e assim disponível para as demais pessoas. Nonaka e Takeuchi (1997 apud TEIXEIRA FILHO, 2000, p. 23)

Fica assim demonstrado que o conhecimento tácito não pode ser guardado em lugar algum ou suporte, é simplesmente pessoal, subjetivo, inerente àquele indivíduo, ao contrário do explícito, que pode ser registrado, guardado e transferido para outras pessoas. Encontra-se em textos, desenhos, diagramas, dentre outros. Conforme se pode constatar, os autores

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supracitados concordam com Teixeira Filho (2000), pois para ele o conhecimento é pessoal, ou seja, não se aprende o conhecimento, ele é adquirido por experiências vividas, dessa forma, o conhecimento não pode ser repassado de uma pessoa para outra, o que se repassa é informação.

Reforçando essa temática, Teixeira Filho (2000) relata que ao longo da história da humanidade, a superioridade dos conflitos foi sempre daqueles que detinham maior conhecimento, e vem sendo na Sociedade do Conhecimento. O mesmo autor, afirma que: “O trabalho tende a ser cada vez mais intelectual e menos braçal”. Teixeira Filho (2000, p. 17). Pode-se dizer que, em épocas passadas teria melhores oportunidades de emprego aquele que possuísse melhores condições físicas, já no Século XXI, é a qualificação intelectual que prevalece.

Para Barreto (2002, p. 68) “o conhecimento surge pela conquista, pelo trabalho e é inserido nas práticas de uma ação de inteligência com a realidade”. É através de experiências realizadas no trabalho que o homem, utilizando a inteligência, vai adquirindo conhecimento na tomada de decisões sobre determinado assunto. Por ter um valor de troca, a informação sustenta a economia no atual contexto da sociedade, cabendo ao emissor e ao receptor o interesse mútuo.

É importante ressaltar que a informação está intrinsecamente relacionada ao homem, e nesse raciocínio,o mesmo autor enfatiza que:

[...] Como elemento organizador, a informação referencia o homem a seu destino; desde antes de seu nascimento, com sua identidade genética, e durante sua existência pela capacidade em relacionar suas memórias do passado com uma perspectiva de futuro e assim estabelecer diretrizes para realizar sua aventura individual no espaço e no tempo. (BARRETO, 2002, p.70)

Pode-se assim dizer que, todo ser humano necessita de um ponto de referência. Está sempre em busca de suas origens, de descobrir de onde veio e para onde vai. A informação adapta o homem ao mundo resgatando o seu passado, ligando-o ao presente e ao futuro, ou seja, é o elo desde a descendência do homem até sua geração futura.

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Com o advento da Sociedade da Informação, surgem novas tecnologias de informação e de comunicação. Tudo isso, proporciona maior competitividade no mercado e na economia dos países como um todo. Partindo do princípio que a informação figura como matéria prima nesse processo, faz-se necessário a qualificação humana, emergindo assim, o profissional da informação. Profissional esse, intimamente inserido no processo globalizado. Devido a sua importância na Sociedade Contemporânea, esse profissional será foco do capítulo a seguir.

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3 PROFISSIONAL DA INFORMAÇÃO

Desde as últimas décadas do século XX, vivem-se várias mudanças na sociedade, que vão desde a globalização ao advento das novas tecnologias, sendo a informação a que mais causou impacto neste século, pois ultrapassa as fronteiras geográficas, políticas, lingüísticas, educacionais, culturais, etc. Estas transformações têm afetado principalmente o universo da informação, o que aumentam as exigências no mercado de trabalho e a preocupação por um perfil de um profissional da informação que atenda a essas exigências.

Sob tal perspectiva, em decorrências das mudanças tecnológicas, surge a expressão – profissional da informação, disseminada em nível mundial por teóricos como Ponjuán Dante (2000, apud MARQUETIS, 2005, p. 87) considerando que:

[...] os profissionais da informação são aqueles que estão vinculados profissional e intensivamente em qualquer etapa do ciclo de vida da informação e portanto devem ser capazes de operar eficiente e eficazmente tudo o que se relaciona com o manejo da informação em organizações de qualquer tipo ou em unidades especializadas de informação.

Em outras palavras, todo profissional da informação deve ser capaz de adquirir informação, registrar, organizar, descrever, indexar, armazenar, recuperar e distribuir essa informação, de forma eficiente e eficaz, não importando em que tipo de suporte e em que organização ou Unidades de Informação.

A esse respeito, Almeida Junior (2000, p. 42)elucida que:

[...] a idéia de profissional da informação não é específica nem prerrogativa do bibliotecário, ao contrário, identifica ela uma gana de profissionais que lidam com a informação em seus vários aspectos, abordagens, suportes e momentos.

Seguindo esse mesmo raciocínio, Santos (1996, apud CASTRO, 2000, p. 8) compreende por profissionais da informação:

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Aqueles que, de uma forma ou de outra, fazem da informação o seu objeto de trabalho, entre os quais, arquivistas, museólogos, administradores, analistas de sistemas, comunicadores, documentalistas, bibliotecários, além dos profissionais ligados à informática e às tecnologias da informação e às telecomunicações.

Fica assim demonstrado que os autores citados consideram profissionais da informação não só os bibliotecários, mas também os arquivistas, museólogos, historiadores, estudiosos ou pesquisadores que trabalham diretamente com a informação. Tradicionalmente são considerados profissionais da informação o bibliotecário, o arquivista e o museólogo. Esses profissionais, embora em instituições diferentes, possuem a mesma responsabilidade: a de disseminar a informação.

Na verdade, a atual Sociedade da Informação é caracterizada pela ênfase dada à informação, nesse sentido, Targino (2006, 161) enfatiza que “o acesso à informação ocasiona profundas transformações nos sistemas de produção e consolida o setor quaternário da economia”. Isso indica que o setor quaternário – determinado pelas novas tecnologias, interage com os setores primário, secundário e terciário, a fim de proporcionar melhor qualidade de vida, lazer, educação, e tudo isso depende, crucialmente, da informação.

Em relação às competências do Profissional da Informação, Jambeiro e Silva (2004)2 enumeram da seguinte forma:

01. monitorar informações sobre o ambiente social, cultural, político, econômico e de mercado; exercitar visão crítica sobre os vários tipos de informação e respectivas fontes, para que possa produzir;

02. selecionar, organizar e disseminar as informações requeridas para o desempenho de distintos usuários;

03. analisar o conteúdo e dialogar com o produtor e o consumidor sobre a qualidade da informação e seu adequado tratamento;

04. dominar dois níveis de linguagem: a terminologia da fonte ou produtor, e a linguagem para comunicação com o usuário; 05. combinar competência de gerenciamento e tratamento de informações com o domínio do uso das Tecnologias de Informação e Comunicação;

06. reconhecer o valor de uma informação, do ponto de vista cultural, social, econômico e político, seja para uma

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organização determinada, seja para a sociedade como um todo.

Sendo assim, tudo se confirma que o profissional da informação refere-se àquele que refere-se dedica à informação, o que implica atualização, capacidade de pesquisa e de manuseio de suportes variados, tendo em vista, sempre, as demandas informacionais do público. Portanto, é possível dizer que não existe um só profissional da informação, mas vários profissionais procedentes de várias formações.

Sobre esse tópico, Targino (2006, p. 170) enfatiza que:

Todo profissional da informação deve privilegiar a busca e o acesso a fontes de informação onde quer que estejam, com a finalidade precípua de suprir as demandas informacionais de indivíduos e coletividades.

Desse modo, não é diferente na Instituição Museu, porque nessas instituições devem existir profissionais capacitados, entre eles o Museólogo, que é o profissional qualificado para administrar e manter as peças em museus e exposições, bem como, organizar intercâmbios de peças e acervos com outras instituições, visando sempre atrair visitantes cada vez mais. Caldeira (1998, p. 405) relata que “os museólogos são responsáveis pela elaboração de projetos, diretrizes, programas e linhas de atuação do museu, envolvendo posicionamento teórico e político”. Dessa forma, para auxiliar nas atividades do dia-a-dia, esses profissionais utilizam a informática e as novas tecnologias em quase todas as suas funções.

É importante destacar que esse profissional tem sua profissão regulamentada pela Lei n° 7.728/1984 e pelo decreto n° 91.775/1985. E que também tem como órgão regulamentador e fiscalizador do exercício o Conselho Federal de Museologia – COFEM. O museólogo muitas vezes, é substituído por outros profissionais como bibliotecários, historiadores, sociólogos, etc. devido parte da sociedade não ter conhecimento das atividades pertinentes a esse profissional.

Convêm observar ainda que para a formação desse profissional seja necessário curso superior – bacharelado em Museologia – curso esse com

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duração de quatro anos e que no Brasil, é considerado relativamente novo, pois seu surgimento data da década de 1932.

De acordo com Araujo et al. (2010, p. 298)

O universo do trabalho técnico do museólogo corresponde às funções básicas do museu: aquisição, documentação, pesquisa, interlocução com o conservador-restaurador, comunicação e exposição de bens culturais.

Sobre essa mesma temática, Bruno (1995 apud GRAIPEL JUNIOR, 2007, p. 30) elucida que:

[...] os museus, estabelecidos tradicionalmente a partir de coleções, devem contar com profissionais aptos ao desempenho dessas tarefas, ou seja: compreender que o objeto é um suporte de informação e por isso ele deve ser preservado ao lado de outros meios de informação.

Na verdade, na formação do profissional da informação, no caso específico, do museólogo, exige algumas atribuições dentre elas: analisar objetos de arte e de valor histórico; avaliar as condições das peças; acondicionar e garantir sua conservação; organizar os objetos segundo o tema do museu ou exposição, ou segundo algum critério pré-estabelecido; administrar um museu ou centro cultural; garantir a manutenção das peças e a adequação do ambiente às necessidades dos diferentes tipos de peças; organizar o intercâmbio de peças e acervos culturais com outras instituições ou organizações e organizar as exposições de modo a atrair a maior quantidade de visitantes. (JORNAL VIVA BRASIL, 2011).

A este respeito, nos museus, para auxiliar o museólogo, deve existir uma equipe interdisciplinar, ou seja, diferentes profissionais da área. A eles, somam-se historiador, arquivista, documentalista, bibliotecário, além de profissionais qualificados como, pesquisadores, técnicos de montagem e iluminação, entre outros. A atuação do profissional no museu, segundo Graipel Junior (2007) está na compreensão da relação homem/objeto. Relação entre o homem, sujeito que conhece e o objeto, testemunho da realidade.

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Além de sua atuação em museus, esse profissional pode atuar também em instituições e centros culturais, galerias de arte, centros de pesquisa, etc.

Nesse processo, assim como o museólogo, o arquivista atua integrando a CI. Sua função é planejar, organizar e gerenciar arquivos e sistemas de arquivos, podendo atuar em empresas públicas e privadas, centros de documentação e informação, etc.

De acordo com a professora da Universidade Federal da Bahia – UFBA, Freixo (20--, apud CALIMAN, 2010):

Muitas dessas funções acabavam sendo exercidas pelos bibliotecários, porém nos últimos anos o que se tem percebido é um crescimento da área no que diz respeito à procura de profissionais especializados em lidar com arquivos.

De fato, a literatura mostra que a procura por profissionais especializados na área arquivista realmente tem aumentado. Esse crescimento é notório no meio empresarial, onde são crescentes os documentos de arquivos devido ao seu valor de prova e informação.

Este profissional está regulamentado sob a Lei nº 6.546, de 04 de julho de 1978, publicada no Diário da União. No entanto, o exercício dessa profissão é fiscalizado pelo Conselho Nacional de Arquivos – CONARQ é o órgão fiscalizador desse exercício.

Já o bibliotecário, apesar da visão distorcida que o leigo tem sobre ele que se encontra ligado ao estereótipo de alguém que organiza e cataloga livros e documentos escritos, esse profissional teve de se adaptar as mudanças ocorridas nas últimas décadas. Em um passado não muito distante este profissional reduzia-se a vigiar livros, manuscritos e outros impressos. Na Sociedade da Informação, o seu universo de pesquisa já não se limita ao acervo de uma biblioteca, mas a informação onde quer que ela esteja. De acordo com a Classificação Brasileira de Ocupações – CBO, os bibliotecários:

Disponibilizam informação em qualquer suporte; gerenciam unidades como bibliotecas, centros de documentação, centros de informação e correlatos, além de redes e sistemas de informação. Tratam tecnicamente e desenvolvem recursos informacionais; disseminam a informação com o objetivo de

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facilitar o acesso e geração do conhecimento; desenvolvem estudos e pesquisas; realizam difusão cultural; desenvolvem ações educativas. Podem prestar serviços de assessoria e consultoria. (BRASIL, 2011)

De acordo com a CBO, os bibliotecários devem possuir habilidades e competências no tratamento com a informação, serem capazes de buscar, gerenciar, organizar e disseminar a informação certa, na hora certa, para a pessoa certa, em qualquer tipo de suporte e em qualquer Unidade de Informação.

Também esse profissional tem sua profissão regulamentada pela Lei nº 4.084, de 30 de junho de 1962 que foi alterada pela Lei nº 7.504/1986 e publicada no Diário da União. O Conselho Federal de Biblioteconomia/Conselho Regional de Biblioteconomia – CFB/CRB são os órgãos responsáveis por fiscalizar o exercício da profissão e defender esses direitos.

De forma bem direta, Almeida Junior (2000, p. 36) pontifica:

É recorrente e hegemônica na literatura da área de biblioteconomia a idéia de que nossa atuação e as ferramentas que utilizamos são neutras e imparciais. Essa neutralidade permite o emprego de instrumentos de análise técnica, de instrumentos de disseminação e de recuperação da informação. Qualquer que seja o espaço de atuação do bibliotecário, as ferramentas e instrumentos de que dispõe para lidar com a informação podem ser empregados sem uma adequada adaptação, posto que são eles, ferramentas e instrumentos neutros e imparciais.

Portanto, em relação a todos esses profissionais, Valentim (2000, p. 136) é enfático, ao assegurar que:

O profissional da informação precisa, antes de tudo, perceber qual realidade está vivenciando, primeiramente entender o ambiente em que atua, num segundo momento criar mecanismos eficientes de atuação na sociedade e, finalizando, enfrentar as mudanças cada vez maiores, antecipando-se às necessidades futuras da sociedade.

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Com as exigências do mercado de trabalho cada vez maiores é fundamental que, independente da sua formação, o profissional da informação se torne um especialista na área de sua atuação, seja conhecedor das técnicas de recuperação, tratamento e disseminação da informação e, acima de tudo, aprenda a utilizar as novas tecnologias como auxiliadoras do seu exercício.

Diante da discutida relevância do profissional da informação na Sociedade Contemporânea, e seguindo com o objeto dessa pesquisa, será abordada no próximo capítulo a museologia.

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4 MUSEOLOGIA

A Museologia é uma ciência considerada recente. Antes o seu objeto de estudo, o museu, era vinculado a depósito de coisas antigas. Com a criação dessa ciência, esse paradigma, apesar de ainda existir para muitos leigos, vem se modificando. Ela, juntamente com a Biblioteconomia e a Arquivologia fazem parte das áreas que integram o âmbito da Ciência da Informação (CI).

Na verdade, as bibliotecas, os arquivos e os museus são centros de informação e estão interligados entre si por possuírem a informação como principal objeto de estudo. Essa característica levou Smit (2000a) a associá-las, em 1993, a denominação “3 Marias”.

A esse respeito, a mesma autora enfatiza que:

Nem toda informação registrada é guardada, mas as 3 Marias se empenham, de maneiras diferentes, a garantir a memória daquilo que se considera informacionalmente útil. [...] Tradicionalmente as bibliotecas guardam livros e periódicos (e alguns outros documentos, desde que considerados pertinentes aos objetivos da instituição), os arquivos, por sua vez, as informações geradas pelas instituições no cumprimento de suas atividades (os “documentos administrativos”) e os museus guardam objetos. (SMIT, 2000b, p. 122).

Assim, observando a citação acima, se percebe que a diferença entre as “3 Marias” é basicamente o tipo e o suporte do documento em que esta armazenada a informação, ou seja, o seu acervo e a instituição a que pertence. Smit (2000a) afirma que essas três áreas nasceram juntas, visto que era nas bibliotecas que se guardavam todo material considerado importante, desde livros, passando pelos documentos até os artefatos e, no contexto brasileiro, trilharam caminhos diferentes, ignorando-se em boa parte. No entanto, para Araújo (2011), elas nasceram separadas e devido terem o objeto de estudo em comum passaram a se relacionar com a CI.

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É o conjunto organizado de conhecimentos ou ciência, que se aplica a tudo o que diz respeito aos museus, sua história, finalidade, organização. [...] Abrange o que diz respeito à constituição e enriquecimento do acervo; seu inventário, descrição e classificação; conservação dos objetos; pesquisa; exposição ao público; informação e difusão cultural.

Em síntese, a Museologia é a área da ciência que tem por finalidade o estudo do objeto no museu, abrangendo desde a administração, organização, conservação e manutenção desses objetos. Trabalha o museu como centro de informação que realiza pesquisas, exposições e divulga a cultura para qual foi criado.

E, de fato, tão importante é a museologia na sociedade globalizada, como também, a instituição na qual está inserida, o museu.

4.1 MUSEU

O hábito de colecionar, guardar e reproduzir cenas do dia-a-dia existe desde a era pré-histórica, quando o homem desenhava nas paredes das cavernas o seu cotidiano. Reforçando essa temática, a Enciclopédia Mirador (1989) aborda que: o hábito de organizar e colecionar objetos raros ou exóticos já existia na Grécia e Roma antiga sendo comprovadas desde Homero3 (séc. IX a.C.) até Plutarco4 (c.50 d.C. - c. 125 d.C.). Na Antiguidade essas coleções tornaram-se organizadas, mas o acesso às obras de arte ainda era restrito a poucos.

No século II, em Pérgamo5, é realizada uma reunião com uma coleção de esculturas e “em Roma, surge pela primeira vez, a idéia de que a obra de arte é um bem público”. Enciclopédia Mirador (1989, p. 7943).

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Poeta épico da Grécia antiga, ao qual tradicionalmente se atribui a autoria dos poemas épicos Ilíada e a Odisséia.

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Historiador e moralista grego que viveu entre os anos 50 a 120, volta ser editado no Brasil. Foi o maior biografo da Antiguidade Clássica, autor das "Vidas Paralelas". Obra famosa na cultura ocidental por conter relatos sobre as vidas de Alexandre, Julio César, o orador Demóstenes e o grande advogado e filósofo Cícero.

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Antiga cidade grega que se situava na Mísia, a noroeste da Anatólia, a mais de 20Km do Mar Egeu. Possuía uma biblioteca de prestígio que perdia em importância apenas para a de Alexandria. A tradição de Pérgamo foi tamanha que o seu nome batizou o pergaminho.

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No século XIV, o hábito de colecionar obras de artes era visto como questão de prestigio dos grandes senhores. A Igreja Católica utilizava obras de artes para cativar fiéis, transformando-se em verdadeiros museus.

De acordo com Barbalho (2001), foi a partir do século XV, na Idade Média, que o costume de reunir esses objetos adquiridos pela elite começou a integrar o contexto cerimonial de exibição de poder. Os materiais adquiridos em viagens ultramarinas eram acumulados pelos europeus nos chamados gabinetes de curiosidades6 e exibidos aos amigos visitantes. Quanto mais objetos possuíssem, mais poderoso seria. Foi também, na metade deste mesmo século que a palavra museu começou a ser usada “para designar uma coleção de objetos considerados belos e valorizados comercialmente”. Caldeira (1998, p. 398)

Sobre a origem da palavra Museu, Falcão (2009) discorre que etmologicamente a palavra “museu” vem do termo latim Museum, derivado do grego Museion que significa templo das musas, um lugar consagrado às nove Musas, filhas de Zeus7 com Mnemosine, a Deusa da Memória. Também era onde as pessoas se exercitavam na poesia e na música.

Sobre essa temática, Falcão (2009) afirma que foi após a Revolução Francesa na segunda metade do século XVIII que o museu tornou-se uma instituição de acesso ao público.

O avanço do conhecimento, a influência dos enciclopedistas franceses e o aumento da democratização da sociedade provocada pela Revolução Francesa fazem surgir o conceito de coleção como instituição pública, chamada “museu”. Assim o primeiro verdadeiro museu público foi criado, em 1793, na França, pelo governo Revolucionário de Robespierre: o Museu do Louvre, com suas coleções acessíveis a todos, com finalidade recreativa e cultural. (FALCÃO 2009, p.11, grifo do autor).

6

Lugar em que durante a época das grandes explorações e descobrimentos dos séculos XVI e XVII, colecionavam uma multiplicidade de objetos raros ou estranhos dos três ramos da biologia considerados na época: animalia, vegetalia e mineralia; além das realizações humanas. Podem ser considerados como os precursores dos atuais museus de arte.

7

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Percebe-se então que, com o surgimento da criação oficial da instituição “museu”, as coleções que antes eram particulares, passa a ser abertas ao público. Assim, esta foi à primeira vez na história que se permitiu acesso livre às antigas coleções da realeza para pessoas de todos os estratos sociais. O museu era então visto como instrumento de educação e esclarecimento do “povo”.

Sobre isso, reforçando a temática, Barbalho (2001, p.8) leva a concordar quando afirma que, a partir desse fato: “a cultura deixou de ser privilégio de algumas classes sociais, para se democratizar”. A partir de então, os museus no mundo, assim como outras instituições abertas ao público, foram capazes de ordenar, civilizar e disciplinar grandes setores da população.

Tomando como referência a definição da palavra “museu” dada pelo ICOM8 museu é:

Uma instituição sem fins lucrativos, permanente, a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento, e aberta ao público, que adquire, conserva, pesquisa, divulga e expõe, para fins de estudo, educação e divertimento, testemunhos materiais do povo e seu meio ambiente.

Nessa mesma linha de pensamento é publicada no Diário da União a Lei nº 11.904, de 14 de janeiro de 2009, que institui o Estatuto de Museus, em seu artigo 1o diz que:

Consideram-se museus, para os efeitos desta Lei, as instituições sem fins lucrativos que conservam, investigam, comunicam, interpretam e expõem, para fins de preservação, estudo, pesquisa, educação, contemplação e turismo, conjuntos e coleções de valor histórico, artístico, científico, técnico ou de qualquer outra natureza cultural, abertas ao público, a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento.

8

ICOM: Conselho Internacional de Museus é uma organização internacional ligada à UNESCO, fundada em 1946, que congrega museus e profissionais de museus.

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Para ambos, o ICOM e o Diário da União, os museus são instituições que não visam lucros, e sim, a preservação e a exposição do objeto para estudos e pesquisas utilizados para o desenvolvimento de uma sociedade.

E mais, Falcão (2009) inclui na categoria Museu os sítios e monumentos naturais, arqueológicos e etnográficos; os sítios e monumentos históricos de caráter museológicos que adquirem, conservam e difundem provas do modo de vida ou existência de um povo; os jardins botânicos, zoológicos, aquários por conservarem e exibirem exemplares vivos de vegetais e animais, os parques naturais, entre outros.

No Brasil, os museus tiveram sua formação com influência de origem européia. Sobre esta temática, Machado (2005, p. 138) descreve que: “Como os gabinetes de curiosidades, as coleções reuniam espécimes e objetos que permitiam aos cientistas naturalistas [...] mobilizar, classificar e ordenar”. A primeira instituição origem de museu era chamada ‘Casa dos Pássaros’, que recebeu status de Museu Real do Rio de Janeiro e, posteriormente, Museu Nacional. O objetivo dessa instituição era enviar aos gabinetes de curiosidades da Metrópole, exemplares da fauna, da flora e até objetos indígenas do Brasil Colônia, atendendo aos interesses de Portugal (MACHADO, 2005).

Mas adiante, com a chegada da Família Imperial, o Brasil foi elevado para Reino Unido a Portugal e Algarves. Esse acontecimento provocou mudanças na sociedade da época ao tentar reproduzir a monarquia portuguesa nos reino dos trópicos. Assim, surgem os primeiros museus: o Museu da Escola Real das Ciências, Artes e Ofícios do Rio de Janeiro, em 1816, e o Museu Real, em 1918, conforme Caldeira (1998, p. 399)

[...] Dom João VI foi o responsável pela criação de dois importantes museus. O primeiro, através de doação à Escola Real das Ciências, Artes e Ofícios do Rio de Janeiro, em 1816. [...] O segundo, em 1818, foi o Museu Real, instalado no prédio do atual Arquivo Nacional até 1892, quando foi transferido para o Palácio de São Cristóvão, na Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro.

Essas instituições seguiam os mesmos critérios dos museus europeus: de gabinetes restritos a poucos. O autor supracitado ressalta que o Museu Real “foi considerado a primeira instituição científica brasileira ligada à antropologia,

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etnografia, botânica, mineralogia, zoologia e geologia” e data de 1921 a abertura de suas portas ao público.

De acordo com Machado (2005) e Caldeira (1998), foi no século XIX que os museus brasileiros tiveram seu apogeu e é nesse período que surgem o Museu Nacional (1818), Museu do Exército (1864), Museu Paraense Emilio Goeldi (1866), Museu da Marinha (1868), Museu Paranaense (1876), Museu Paulista (1892), e o Museu do Instituto Histórico e Geográfico da Bahia (1894).

Especificamente em termos de Brasil, os museus são protegidos pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN9, criado em 13 de janeiro de 1937 e, segundo o este:

No Brasil, há o registro da existência de mais de 2500 instituições museológicas, que apresentam uma grande diversidade: são museus de caráter nacional, regional e comunitário, públicos e particulares, históricos, artísticos, antropológicos e etnográficos, científicos, tecnológicos.

De acordo com o IPHAN, é grande a quantidade de museus existentes no Brasil, com uma variada tipologia que abrange desde o museu nacional ao particular. No entanto, é preciso salientar que o museu é um local destinado a contemplação, ao ensino e pesquisa; é o elo entre o passado e o presente. Neles existem objetos e coleções que falam e por meio dos quais se podem interpretar fatos e versões de uma mesma história, por isso eles são considerados bens culturais que precisam ser mantidos, organizados e preservados.

A esse respeito, Barbuy (2002, p. 71) afirma que:

Ao reunir e pesquisar documentos, o museu é um centro de informação tanto quanto um arquivo e uma biblioteca, destes diferindo, porém parcialmente, na natureza de seus acervos (notando-se haver, nesse aspecto, muitas intercessões) e no tipo de acesso que mais tradicionalmente propõe (as exposições).

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IPHAN: Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. É uma autarquia do Governo do Brasil vinculado ao Ministério da Cultura, responsável pela preservação do acervo patrimonial, tangível e intangível, do país. A sua criação foi o fruto de debates e pesquisas envolvendo o então ministro Gustavo Capanema e sua equipe, que incluiu também o poeta Mário de Andrade, ícone da Semana de Arte Moderna de São Paulo, em 1922.

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Desse modo, a informação trabalhada no museu é a memória coletiva de uma sociedade representada, na maioria das vezes, em suporte tridimensional, ou seja, artefatos. O museu é um verdadeiro espelho onde a comunidade se olha para se reconhecer e tem como principal dificuldade para o entendimento do objeto como documento, a sua exposição porque é a única parte visível da informação.

Reforçando essa idéia, Mello (2010) relata que os museus dinamizam a produção do conhecimento, a administração da memória e a democratização do saber.

Desde o surgimento dos primeiros museus, o estudo e a pesquisa de artefatos tridimensionais10 já se fazia presente. Através destes objetos é possível descobrir e entender sociedades existentes há séculos passados, traçar um perfil do homem através dos tempos, sua vivência, seus costumes, suas invenções e o desenvolvimento da sua cultura.

É verdade, que o hábito de colecionar objetos, remete à Pré-história, como se pode observar nos sítios arqueológicos espalhados pelo mundo. Registros mostram que na Antiguidade também se encontravam coleções de objetos de arte ou materiais preciosos.

Nesse raciocínio, Falcão (2009, p. 10) reforça que:

Reunir obras de arte, durante a Idade Média, era visto como uma demonstração de prestígio. A partir do advento das grandes navegações e da descoberta de novos continentes, a formação de coleções de objetos artísticos ou curiosidades naturais foi bastante estimulada, servindo, inclusive, de base para os famosos gabinetes de curiosidades.

Como se vê, a relação entre individuo e objeto é extremamente intensa pelo fato de o objeto perdurar ao longo dos tempos e manter informações referentes ao seu portador, essas informações servirá de embasamento de estudos para as sociedades futuras.

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São objetos fabricados ou modificados a mão ou industrialmente pelo homem, tais como: esculturas e outras obras de arte, objetos para exposições, máquinas, vestuários, moedas, armas e medalhas.

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Para Castro (2000) essa relação se dar através do elo entre o passado e o presente existente no objeto museal.

A temporalidade museológica adicionada ao objeto o atinge como um raio provoca a perda de sentido atual de tempo. Na dinâmica de seu deslocamento temporal, o espaço museal reveste-se de uma dimensão vazia de tempo, mas não oca. O objeto ao ser introduzido na aura museal submete-se a uma dimensão regressiva, extraído de sua cotidianidade. Condição do tempo histórico e recriação do tempo museal. (CASTRO, 2000, p. 85).

Assim, o espaço museológico se abstrai da temporalidade, pois o objeto inserido no museu é resgatado do passado, mas não pertence ao presente, tendo como função a representação da informação através dos tempos, servindo de base para estudos futuros.

O museu possui diversas fontes de informação que retratam a realidade de um tempo decorrido. Sendo a informação fundamental para o desenvolvimento de uma sociedade, o museu torna-se parte integrante nesse contexto para o resgate informacional cultural.

Vale ressaltar que todas essas informações devem estar registradas de alguma forma, a qual é denominada documento. E nesse sentido, Le Coadic (2004, p. 5) conceitua “documento” como sendo:

Um termo genérico que designa os objetos portadores de informação. Um documento é todo artefato que representa ou expressa um objeto, uma idéia ou uma informação por meio de signos gráficos e icônicos (palavras, imagens, diagramas, mapas, figuras, símbolos), sonoros, visuais (gravados em suporte de papel ou eletrônicos). O documento, segundo o tipo de suporte, é denominado documento em papel ou documento eletrônico.

Fica evidente que Le Coadic considera documento todo e qualquer forma de objeto que contenha informação sobre um determinado assunto ou peça. Isso faz crer que o documento tem seu valor ao ser empregado como prova, estudo ou consulta. Pode-se, também, por meio deste, se ter acesso a memórias de coisas decorridas no passado. Existe uma grande variedade de

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documentos (oficial, administrativo, comercial, fiscal, histórico, empresarial), entre esses, encontra-se o documento museológico, o qual é definido na afirmação a seguir:

Documentação museológica é toda informação referente ao acervo do museu. Um museu que não mantém atualizado e em bom estado as informações relativas a seu acervo, deixa de cumprir uma das principais funções, ou talvez a mais importante, que é a preservação de sua memória. (BRASIL, 2006, p. 32).

Já Barbuy (2002, p. 71) afirma que a documentação de acervos em museologia corresponde ao “registro sistemático de informações pertinentes a cada unidade de acervo (ou “peça”) e constitui em atividade institucional interna, rotineira”.

Nas citações acima, observa-se que a documentação museológica representa o conjunto de toda informação referente a cada objeto que compõem o acervo, desde sua entrada até sua exposição. E para a atualização do museu é necessário que todas essas informações estejam em dia, constituindo assim, uma atividade interna e rotineira.

Refletindo ainda sobre esse assunto, Loureiro (1998 apud YASSUDA, 2009, p. 22) ressalta que:

A documentação em museu serve não apenas como ferramenta de grande utilidade para a localização de itens da coleção e o controle de seus deslocamentos internos e externos, como também fonte de pesquisa e auxiliar indispensável ao desenvolvimento de exposições e outras atividades do museu.

Conforme se pode constatar a documentação museológica não é apenas um instrumento que localiza e controla os itens no interior e exterior dos museus, mas é essencial para toda e qualquer atividade ligada ao museu. Esse conjunto de informações é tão importante quanto o acervo do museu, pois além de registrar todo material existente é o registro da memória de uma cultura, de um povo ou de uma Era.

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Desse modo, Yassuda (2009) elucida que a documentação museológica é destinada ao tratamento da informação em todos os campos, desde a entrada da peça no museu até a exposição e que durante esse procedimento são envolvidas atividades relacionadas com a coleta, o armazenamento, o tratamento, a organização, a disseminação e a recuperação da informação.

Neste cenário, a mesma autora afirma que, essa trajetória percorrida pela documentação deve ser acompanhada por profissionais de diferentes áreas, como o historiador, o museólogo, o conservador, o documentalista, entre outros. (YASSUDA, 2009).

Nesse processo, para um bom tratamento do documento museal é necessário o conhecimento de seu público-alvo e o conhecimento prévio da linguagem natural para a transformação em linguagem documental. As linguagens documentárias podem ser representadas pela classificação bibliográfica e pelos tesauros. Os códigos de classificação mais conhecidos são a Classificação Decimal Universal – CDU e a Classificação Decimal de Dewey – CDD.

Desse modo, os produtos documentários resultantes dessa documentação museal são enumerados por Yassuda (2009) como “livro de tombo, inventário, catálogo, ficha classificatória, índice, etiqueta”.

Segundo Camargo-Moro (1986apud YASSUDA, 2009, p. 24)

No livro de tombo são registrados os objetos assim que chegam ao museu, assim como a sua baixa. Utilizam uma numeração corrida, onde não pode haver repetições ou reutilizações. A descrição deve ser sucinta, objetiva e completa, mantendo uma uniformidade. O inventário seria o levantamento individualizado e completo dos bens de uma instituição ou pessoa. Nele consta o registro, identificação e classificação. Denomina-se catálogo o conjunto de fichas de diversos tipos e diferentes conteúdos, ordenadas sistematicamente. O ato de classificar também pode ser chamado de catalogação aprofundada, baseado nas fichas

classificatórias. A classificação ou catalogação é uma etapa

de análise profunda da peça, exigindo uma pesquisa apurada. Os índices seriam ramificações da ficha classificatória, competindo a ele possibilitar a recuperação por diferentes entradas (autor, tema, localização no acervo, etc.). As

etiquetas são utilizadas como decodificadores das peças,

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Fica evidente que, o livro de tombo ou de registro é o primeiro documento, que de fato, registra o objeto que vai ser incorporado ao acervo. Nele devem estar contidos as informações do objeto museal, tais como: número de registro, data de entrada, classificação, descrição do objeto, autor, origem, procedência, forma de aquisição, estado de conservação e observações (BRASIL, 2006).

Já o inventário (ANEXO A) constitui a atividade de conhecimento, de salvaguarda e de valorização do acervo. (BRASIL, 2006). Nele deve conter todas as informações extensivas sobre cada objeto da coleção do museu, tais como: nome da instituição, número do registro, categoria, nome do objeto, titulo, autor, época/data/período, estilo, procedência, origem, material/técnica, fabricação, dimensões, inscrições, marcas, assinatura, forma de aquisição, valor, estado de conservação, restauração, descrição do objeto, dados biográficos, referências bibliográficas, exposições, observações e fotografias. (BRASIL, 2006).

Enquanto que, no catálogo são registrados todos os objetos expostos no acervo e a coleção a que pertence, para auxiliar o usuário na busca do objeto.

Já a classificação tem a finalidade de “possibilitar a identificação correta do objeto e analisar os níveis de informação sobre o objeto”. (BRASIL, 2006, p. 40). Dessa forma, a classificação é o conjunto de operações desempenhadas no museu visando à distribuição dos objetos/documentos em diferentes categorias. De acordo com o Ministério da Cultura (2006, p. 40) é nessa etapa que “formaliza-se um importante instrumento de pesquisa, no qual cada objeto vem nomeado e classificado de forma geral e de forma específica”. O sistema de classificação adota no registro dos objetos conceitos tais como: termos/título, classes e subclasses, além do número recebido no inventário. O documento que registra os dados do objeto é chamado ficha de catalogação ou classificatória (ANEXO B).

Seguindo esse processo, através das etiquetas, o responsável pela exposição sabe exatamente quantas e quais são as peças que compõem determinada coleção e onde se encontram.

Porém, antes deve ser colocado o número de registro da peça, o que permitirá o controle do mesmo permanente ou temporariamente no museu.

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Esse registro pode também ser feito de três formas conforme Brasil (2006, p. 36):

• Sistema de um único número – Numera-se o primeiro objeto com o número 1, o segundo com o 2 e assim, sucessivamente em ordem seqüencial.

• Sistema de 2 números – Se utiliza de um número de controle seguido de um número correlativo. Normalmente o primeiro se refere ao ano de entrada do objeto no museu e o segundo registra a entrada dos objetos no referido ano. Ex.: 80.5 (80 representa o número de entrada da peça no museu e o nº 5 o quinto objeto a ser registrado no mesmo ano).

• Sistema de três números – Permite identificação da procedência do objeto. Ex.: 85.13.10 se tivermos 10 objetos de uma coleção e 13 entradas no ano de 1985, o ultimo objeto dessa coleção terá o número 85.13.10. Podemos ainda dizer que é o objeto nº 10 da coleção 13, adquirida no ano de 1985. Esse número nos diz que todos os 85.13 provem da mesma fonte, do mesmo doador.

Essa numeração também é conhecida como bipartida ou tripartida. A partir disso, Santos (2000, p. 57) afirma que a numeração bipartida é:

Constituída primeiramente pelos dois últimos algarismos do ano em que o objeto foi classificado, seguido do número do objeto, numerado de 1 (um) a infinito. [...] A numeração tripartida é utilizada no caso de o objeto ser composto por partes. [...] Caso o objeto seja composto por mais de uma parte, estas serão marcadas com o mesmo número de processamento técnico, acrescido das letras ‘a’,’b’,‘c’ etc., de acordo com o número de partes de cada peça.

Desse modo, na visão de Brasil (2006) o registro dos objetos museais se divide em três tipos de sistemas, já na visão de Santos (2000), esse registro se divide em dois. Mas, apesar de classificarem o registro de forma diferente ambos concordam na seqüência (ano, objeto e parte).

A numeração bipartida é formada apenas pelo ano e pela ordem de entrada do objeto no museu, como por exemplo: 07.1. Significa que foi o primeiro objeto que entrou no museu no ano de 2007. A numeração tripartida é composta por três números, assim, sendo o terceiro objeto que chegou ao museu no ano de 2007, um conjunto de indumentárias utilizadas por um vaqueiro receberá a seguinte numeração: 07.3 (ano, ordem de entrada) Æ

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indumentária do vaqueiro com cinco peças; 07.3.1 Æ chapéu de couro; 07.3.2 Æ guarda-peito; 07.3.3 Æ gibão; 07.3.4 Æ perneira; 07.3.5 Æ bolaina.

Caso a coleção seja formada por mais partes será acrescentada uma letra de acordo o número de peças, ou seja, um aparelho de jantar com cinco peças (bandeja, açucareiro, bule para chá, bule para leite e cafeteira) que possui numeração 07.8, na seqüência a bandeja será 07.8.1; o açucareiro 07.8.2; a colher do açucareiro (parte que o acompanha) será 07.8.2a; o bule de chá 07.8.3, o bule de leite 07.8.4, a cafeteira 07.8.5 e a base da cafeteira 07.8.5a.

Todas estas formas podem ser utilizadas em qualquer tipo de museu. Cabe aos responsáveis pela documentação do museu a escolha do sistema que mais se adéqua para o registro da coleção.

Com relação aos tipos de museus, as novas exigências científicas e ideológicas do séc. XIX dão origem a vários, entre eles, museu histórico, de folclore, de artes decorativas, etnológicos e antropológicos, história natural, de artes tradicionais, arqueológicos e bibliográficos.

Muitos estudiosos afirmam que os tipos de museus estão ligados às características do seu acervo, entretanto, a este respeito, Caldeira (l998, p.400), afirma não haver um consenso quanto à classificação dos museus, mas percebe uma íntima correlação entre o acervo e a sua denominação. Para Meneses (2010, p. 21) “rigorosamente, todos os museus são históricos”.

A classificação dos museus, segundo Caldeira (l998, p. 400) pode ser assim entendida:

Museus de arte - São instituições cujas coleções estão

concebidas e dispostas pelo seu valor estético, independentemente de serem os objetos criados ou não como obra de arte. Incluem-se nesta categoria os museus de arte sacra, de pintura, de escultura, artes decorativas, primitivas, aplicadas, industriais e folclore.

Museus históricos - São instituições com coleções concebidas e apresentadas em uma perspectiva histórica; seus objetivos são essencialmente os de documentar uma seqüência cronológica ou um conjunto representativo de um monumento histórico, em uma área do conhecimento humano.

Museus de Ciência - São instituições que se preocupam com

o meio ambiente, o desenvolvimento cultural dos povos, a educação da comunidade e os avanços tecnológicos.

Referências

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