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1.4.2 Acervos consultados em Lages

1.4.2.5 Museu Thiago de Castro

O Museu Histórico Thiago de Castro destaca-se como o mantenedor de um dos maiores acervos documentais do Planalto Serrano, um dos principais do Estado de Santa Catarina. O museu foi fundado por Danilo Thiago de Castro (1919-2006), neto do jornalista e político lageano Manoel Thiago de Castro (1872-1941).6 Danilo Castro começou muito cedo a reunir objetos e documentos relacionados à história da região serrana, o que resultou na fundação do museu em 1943.7

Apesar dos esforços de muitas pessoas, cientes da sua importância e interessadas em vê-lo em pleno funcionamento — pesquisadores, professores, estudantes, seus próprios funcionários, e mesmo servidores municipais da área de cultura competentes e bem-intencionados —, o Museu Thiago de Castro tem sofrido dificuldades que vão e vêm, de tempos em tempos. O museu, que é de propriedade particular, tem sido tratado com desapreço pelas autoridades municipais: por não receber um apoio constante e comprometido por parte da administração pública, acaba ficando largado ao sabor dos imprevisíveis ventos políticos que sopram na serra. O apoio, quando acontece, é efêmero e pouco eficiente, e raramente vai além do mero ato pavonesco político-partidário. Em face de motivos como estes, o Museu Thiago de Castro, desde sua fundação até hoje, não bastando passar por problemas para manter o dispendioso trabalho de restauração, preservação e acondicionamento do acervo, ainda tem oscilado penosamente entre períodos de abertura e fechamento aos pesquisadores e ao público em geral.

A primeira fase da pesquisa felizmente coincidiu com um destes períodos de abertura: no momento, o arquivo vinha conseguindo conservar-se aberto há cerca de uma década. Diferentemente do que acontece na maioria dos acervos desta natureza, o museu mantinha uma infra-estrutura básica para pesquisa (modesta, mas bastante eficaz), possuindo atendimento exclusivo para pesquisadores, permitindo a consulta e a reprodução dos documentos por meio fotográfico. Porém,

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Manoel Thiago de Castro foi um personagem importante na imprensa lageana do início do século XX (comentado no item 2.2.1).

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Para mais informações sobre a história do Museu Thiago de Castro e de seu fundador, indico a leitura do artigo de Ariane Alves (2007).

alguns meses depois, numa segunda fase, quando houve a necessidade de nova consulta a certa parcela da documentação, o museu estava com as suas portas fechadas, por tempo indeterminado.

Obviamente, outras pesquisas e atividades ligadas ao museu foram prejudicadas da mesma forma. A equipe do museu, além de manter um cadastro dos pesquisadores que acessam o acervo, vinha organizando eventos anuais — a Semana do Museu Thiago de Castro — nos quais eram promovidas, entre outras atividades, palestras, mesas-redondas, debates, mostras de filmes documentários, apresentações artísticas, cursos, oficinas. Com a intenção de proporcionar um espaço de integração entre os pesquisadores de diferentes áreas, e de favorecer entre eles a divulgação e o intercâmbio da produção decorrente das pesquisas (especialmente aquelas realizadas no próprio acervo), o evento vinha sendo uma maneira de aproximar o museu do público estudantil, desde o ensino fundamental até o superior, e da população em geral — o que, de alguma forma, contribuía para a conscientização sobre a importância da preservação dos acervos e da memória da cidade.

Em Lages, a inexistência de projetos consistentes e de políticas públicas sérias e efetivas, somada a uma endêmica inabilidade com assuntos de cultura e à tradicional negligência com a memória local, transmitida de uma administração para outra — numa cidade, diga-se de passagem, com um legado histórico inegavelmente importante —, tem sido nociva não apenas para o Museu Thiago de Castro, mas também para outros acervos presentes na cidade, para prédios históricos, enfim, para o patrimônio e para a vida artística e cultural da cidade como um todo.

No acervo, além de antiguidades, objetos, obras de arte e material fotográfico, o museu mantém uma variedade muito grande de livros, documentos e manuscritos, o que inclui partituras. Para a maioria dos documentos arquivados há uma catalogação sistemática, indexada por assunto; alguns temas, entretanto, nunca passaram por catalogação, como é o caso do material de música.

Segundo colaboradores do museu, esta porção do acervo ainda não foi utilizada em nenhuma pesquisa. Ali estão agrupadas centenas de partituras, tanto

impressas quanto manuscritas, sendo que estas últimas encontram-se guardadas nas pastas de número 52 a 57 do arquivo de documentos. Não foi encontrada documentação relacionada ao frei Bernardino ou à música sacra em geral.8 Todavia, o material pode ser uma rica fonte para pesquisas sobre a história da música da cidade: grande parte da documentação parece ter pertencido tanto a sociedades musicais da Lages do início de século (como o Club Symphonico e o Grupo Dramático Amadores da Arte) quanto a acervos pessoais de compositores como Lourenço Dias Baptista e João Gualberto da Silva. O acervo musical do Museu Thiago de Castro é uma amostra das possibilidades para o trabalho que ainda está por ser feito por musicólogos e pesquisadores em geral, e merece ser incluído nos planos da musicologia histórica em Santa Catarina para futuros estudos.

O museu ainda conta com uma importante coleção de jornais publicados pela imprensa lageana, que abrange periódicos desde o século XIX. As fontes consultadas foram:

a) o jornal católico Guia Serrano, que consiste na principal fonte primária de imprensa, fundamental para este trabalho;

b) o Correio Lageano, outro periódico local com dados contextuais igualmente relevantes, relativos ao recorte em questão.

Os materiais pesquisados no acervo do Museu Thiago de Castro, em especial as coleções de periódicos, tiveram extrema importância para esta pesquisa.

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