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Capítulo 2 Os museus e a Universidade Federal de Pernambuco:

2.2 Museus Universitários

O enfoque do nosso trabalho se detém aos museus universitários. Até aqui, não se percebeu, nem nas definições do ICOM, nem na nossa legislação, algo que diferencie ou caracterize uma instituição museal universitária, ou museu universitário. Quando buscadas na categorização ou nas tipologias de museus, encontramos nas definições de Scheiner (1999), três categorias: Museu Clássico, Museus de Território e Museus Virtuais.

O Museu Clássico subdivide-se em três tipos – ortodoxo ou acadêmico, que tem como característica a ênfase no objeto como produto cultural, espaços bem delimitados de núcleos de exposições integrados e roteiro ou circuito de exposição definidos; o interativo ou exploratório, onde a ênfase é dada ao espaço e tempo do visitante, e é através da participação deste que se dá a compreensão da exposição; e de coleções vivas, cujo acervo é constituído por espécimes vivas.

Os Museus de Território são subdivididos em Museus Comunitários e Ecomuseus, baseados na musealização de um território, com ênfase nas relações sociais e culturais entre homem e o meio; Parques Naturais, onde a ênfase é dada às relações entre os componentes de um ecossistema, independentemente da

presença humana; e Cidades monumentos, que tem como característica a ênfase na relação entre os componentes de um ecossistema, priorizando a presença humana.

Os Museus Virtuais têm como característica principal a não materialidade, e podem conter todas as características dos demais tipos de museus, sendo sua visitação realizada através de computador.

Pôde-se concluir até este momento que não havia uma classificação específica para os museus universitários, estando estes apenas diferenciados por pertencer e estar sob a administração de uma instituição superior de ensino. Já segundo Almeida (2001), a maioria dos autores definem as tipologias de museus nas categorias museus de arte, museus de história natural, museus de etnografia e folclore, museus de ciências e técnicas entre outras. E ainda podem ser classificados a partir de disciplinas como arte e história; ou a partir de sua propriedade, se privado ou público, e nestas últimas, em estatais, municipais, eclesiásticos e universitários. Contudo, confirmou-se aqui que a definição “universitário” está ligada à questão de propriedade, ou seja, de pertencimento à uma instituição, que pode ser pública ou privada, sendo neste caso, de ensino.

Sobre o surgimento de museus universitários, Almeida (2001, p. 13) diz que:

Os primeiros museus universitários formaram-se a partir da doação de grandes coleções particulares às universidades [...] A formação de um museu universitário pode se dar de várias maneiras: pela aquisição de objetos ou coleções de particulares por doação ou compra, pela transferência de um museu já formado para responsabilidade da universidade, pela coleta e pesquisa de campo e pela combinação desses processos.

Com base em definições criadas a partir de uma pesquisa realizada na Austrália, em 1996, Almeida (2001, p. 31, grifo do autor) apresenta, basicamente, a definição do conceito de Museu Universitário:

Aquela unidade da universidade que adquire, conserva, pesquisa, comunica e expõe objetos para estudo, educação e apreciação, evidência material das pessoas e de seu ambiente, e que exibe parte ou toda a coleção em um espaço específico para isso, aberto ao público em horários regulares e pode exibir material de outras fontes de vez em quando.

Já a Coleção Universitária tem em sua definição um fator que a difere do que podemos entender como Museu, por não haver o caráter comunicativo e expositivo

como funções essenciais. Segundo Almeida (2001, p. 31, grifo do autor), caracteriza-se como Coleção Universitária:

Aquela unidade da universidade que adquire, conserva, pesquisa, para fins de estudo, educação, apreciação, evidências materiais das pessoas e de seu ambiente, as quais estão exibidas de forma limitada ou não expostas. Coleções que são mantidas apenas ou principalmente para uso dos estudantes universitários e que podem ter acesso restrito a eles, podem ser denominadas coleções de ensino.

Para além de uma definição mais técnica de museus universitários, encontra- se em Scheiner (1992), o papel educativo dos museus universitários que “constituem uma característica peculiar entre os museus”. Para a autora, pelo fato de possuírem acervos de qualidade, equipes qualificadas em áreas específicas do conhecimento e comprometidas com o ensino e a pesquisa, os museus universitários se configuram como um espaço de produção do saber. Este não deve estar voltado unicamente para a própria universidade, não devem ser considerados apenas “Museus de Universidades” ou “Museus para a Universidade”. Não devem esquecer seu grande potencial de agentes de educação e cultura e dirigir-se ao público, “interpretar o conteúdo acadêmico para público geral”.

Bruno (1992), afirma que a “universidade brasileira reúne características fundamentais para a realização de processos museológicos, pois parte significativa do nosso universo patrimonial está representada nas coleções que ao longo do tempo foram constituídas pelos museus universitários (...)”. E, da mesma forma, reconhece que os museus universitários também contribuem para o campo de atuação da universidade, que são hoje o ensino, a pesquisa e a extensão, definidos pela autora como “pesquisa, docência e prestação de serviço à comunidade”.

Pode-se verificar a importância da relação entre museus e universidades em uma das declarações mais recentes do ICOM. De acordo com a resolução do UMAC (Comitê Internacional para os Museus e Coleções Universitárias) do Conselho, de 14 de agosto de 2013, as coleções universitárias devem ser valorizadas pelo papel que podem desempenhar na preservação da história das instituições, nas suas atividades de ensino e pesquisa, além de contribuir para a educação do público em geral. É responsabilidade das universidades fornecer a proteção adequada para suas coleções, assegurando investimentos, instalações físicas adequadas e outras medidas que assegurem a preservação de seu patrimônio (UMAC, 2013).