• Nenhum resultado encontrado

AGRUPADOS ATRAVÉS DO SCRIPT EM R 187 APÊNDICE D – GRÁFICOS DE DISPERSÃO PRODUZIDOS PARA

4 ANÁLISES E RESULTADOS

4.1.1 Número de pavimentos

Inicialmente comparou-se a taxa de crimes com o número médio de pavimentos de cada trecho (Gráfico 2). A intenção deste gráfico é mostrar não só a relação entre altura dos edifícios e a criminalidade, como também os tipos arquitetônicos, pois são eles que permitem a aproximação ou o distanciamento da unidade comercial e/ou habitacional com a via pública.

Gráfico 2 - Média de pavimentos X Taxa de crimes

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

A partir dele se pode notar a tendência de haver maior taxa de crimes em trechos que possuem menor número de pavimentos (1 a 3 pavimentos) e essa taxa vai diminuindo exponencialmente de acordo com o aumento dos andares (4 a 10 pavimentos) até que ela passa a ser quase zero em trechos com 5 ou mais pavimentos, possuindo a partir de então uma relação quase constante. Analisando o gráfico, pode-se considerar que edificações mais altas tendem a estar associadas com menores taxas de crimes e que, a partir de 5

pavimentos, independe o número deles para que essa taxa seja consideravelmente baixa (<0,3).

Essa constatação poderia estar vinculada ao fato de edificações com menos pavimentos serem mais vulneráveis ao arrombamento devido à facilidade de acesso em andares mais baixos. Apesar das edificações com maior número de pavimentos também possuírem pavimentos térreos, elas podem ser menos vulneráveis devido a algumas características específicas de seus tipos arquitetônicos (presença de portarias, vigilantes, maior distanciamento das economias em relação à rua, etc.). Outra suposição que pode ser levantada é a de que edificações com mais pavimentos tendem a possuir maior quantidade de janelas e, consequentemente, mais “olhos para a rua”, ainda que estes estejam mais distantes, eles reforçam a vigilância natural e inibem a ação dos criminosos. Este fato também está diretamente ligado ao número de economias que estão locadas nestes edifícios, pois quanto mais alta a edificação, maior o número de unidades habitacionais presente ali, portanto menor a taxa de crimes, pois esta foi calculada com base nas economias do trecho.

4.1.2 Visibilidade

A análise de visibilidade das edificações e o número de crimes deu-se através de dois gráficos que comparam a porcentagem de edificações de alta visibilidade (Gráfico 3) e baixa visibilidade (Gráfico 4) em cada trecho com a taxa de crimes registrada neles.

Gráfico 3 - Alta visibilidade X Taxa de crimes

Fonte: Elaboração da autora, 2017. Gráfico 4 - Baixa visibilidade X Taxa de crimes

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

Após observar os dois gráficos foi possível notar que a relação entre visibilidade e criminalidade é um pouco complexa e ainda não traz muitas explicações.

O Gráfico 3 registra a porcentagem de edificações avaliadas como sendo de alta visibilidade. Nele é possível identificar que quando aumenta proporção de edificações com alto grau de visibilidade também cresce a taxa de crimes. Essa constatação contraria a crença de Jacobs (2011), para ela a existência de visibilidade entre as edificações e o espaço público é importante para manter a segurança nas ruas, ainda que ela reforce a importância da separação física entre esses espaços. No entanto, esses crimes em locais de alta visibilidade poderiam estar ocorrendo devido aos estabelecimentos comerciais, caso estes sejam realmente atratores de criminalidade, uma vez que, em sua grande maioria, estão em edificações de alta visibilidade por estarem próximas à rua e não possuírem muros ou grades, além de grandes aberturas que se configuram como portas de acesso ou vitrines.

Considerando a possibilidade de o uso comercial estar influindo na análise de visibilidade e que possivelmente ele tenha um grau de importância maior do que a própria visibilidade em si, pondera-se o estudo de Vivan (2012) que teve como foco a relação visual entre os espaços em busca de explicar a criminalidade, e que revelou que há locais de alta visibilidade na cidade de Florianópolis/SC com maior número de crimes. Ao aprofundar sua análise, Vivan (2012) considerou a possibilidade da visibilidade estar atrelada ao uso comercial.

Assim, percebeu-se que a composição de usos do solo, inicialmente considerada independente das noções de visibilidade, desempenhavam papel mais importante do que se supunha: a amostra mostrou proporções de uso comercial significativamente maiores que o grupo de controle, o que sugere que o tipo de uso urbano é mais relevante para a distribuição das ocorrências de crimes do que a existência ou não de visibilidade entre o interior e o exterior (VIVAN, 2012, p.167).

Vivan (2012) ainda buscou confirmar o que a literatura existente defende ao considerar as áreas com condições similares, aquelas com maior visibilidade apresentam menor ocorrência de crimes. No entanto, com base em seu levantamento, Vivan (2012) argumenta que, considerando as áreas predominantemente residenciais em que

ocorreram mais crimes, estas possuem menor visibilidade entre o interior e o exterior considerando as medidas de interface entre o lote e a rua (muros, grades, etc.), densidade linear de aberturas e presença de lotes vagos.

Com o intuito de comprovar a hipótese levantada e também as afirmações de Vivan (2012), foi selecionada uma amostra na qual a variável que pode estar causando a distorção passou a ser quase constante. Deste modo, foram elaborados novos gráficos de visibilidade considerando apenas os trechos que possuíam uma proporção de 77% a 100% de uso residencial (Gráfico 5 e Gráfico 6), amortecendo a variável de uso do solo, em busca de confirmar se os usos comerciais estão interferindo nas análises.

Gráfico 5 - Proporção de edificações com alta visibilidade nos 30 trechos com incidência de 77% a 100% de edificações de uso residencial.

Gráfico 6 - Proporção de edificações com baixa visibilidade nos 30 trechos com incidência de 77% a 100% de edificações de uso residencial.

Fonte: Elaboração da autora, 2017.

No entanto, após analisar os dois gráficos contendo apenas os 30 trechos com maior proporção de uso residencial, foi possível constatar que não é o uso comercial que está distorcendo a relação entre visibilidade e taxa de crimes. A seleção de uma amostra com a variável de usos comerciais controlada criou apenas uma “neutralização” no efeito encontrado nos gráficos anteriores (Gráfico 3 e Gráfico 4), nos quais a taxa de crimes pode ser considerada quase constante (desconsiderando os trechos 6 e 25 que se apresentam fora da curva e serão discutidos na análise qualitativa) independente da proporção de visibilidade no trecho. Isso significa que os novos gráficos amparam o entendimento de que maior visibilidade pode estar associada a maior quantidade de crimes e também confirmam que o resultado inicial para a análise de visibilidade não pode ser considerado válido.

Assim sendo, pode ser avaliado que a variável de visibilidade não mostrou relação significativa com a taxa de crimes para a área conurbada de Florianópolis, ainda que ela possa ser considerada importante para encontrar outros pontos relevantes para a análise, como por exemplo, a relação com a densidade de aberturas da edificação e permeabilidade física do espaço. Há outras variáveis que

serão discutidas mais adiante e que podem estar melhor relacionadas à criminalidade na ACF.