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N 101 39 117 15 Foram estipulados prazos

No documento TESE Parceiros em rede (páginas 151-159)

% 68,7 26,5 84,2 10,8

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De uma análise centrada na articulação entre os documentos produzidos no âmbito de cada parceria local transita-se agora para uma análise dirigida à articulação com outros níveis de planeamento e com outras parcerias locais.

Um dos princípios indutores da acção e do planeamento das parcerias locais identificáveis no quadro legislativo que as define é o da articulação desse planeamento com outros planos, de nível local, regional e nacional, e com políticas existentes a estes três níveis. Recentemente, o DL nº 115/2006, de 14 de Junho, ao qual já fizemos referência, que consagra os princípios, finalidades e objectivos do Programa Rede Social, bem como a constituição, funcionamento e competência dos seus órgãos, estabelece, pelo nº 4 do Artigo 36º, que os planos de desenvolvimento social devem integrar as prioridades definidas aos níveis nacional e regional, nomeadamente as medidas e acções dos planos estratégicos sectoriais.

A este título, questionaram-se os técnicos das parcerias locais sobre se, aquando da elaboração dos documentos estratégicos, tomaram em linha de conta a articulação desses documentos com outros processos e instrumentos de planeamento a nível local, regional e nacional, designadamente o Plano Nacional de Acção para a Inclusão (PNAI), o Plano Nacional de Emprego (PNE), os Planos Directores Municipais (PDM), entre outros. Na maioria dos casos, 81%, os inquiridos afirmaram que existiu, de facto, essa preocupação.

No que concerne ao objectivo de articular, quer em matéria de planeamento, quer em matéria de acção, as iniciativas previstas no âmbito de cada parceria local com outras territorialmente próximas, em mais de metade dos casos não se verificou tal preocupação. No entanto, 76,2% dos mesmos técnicos entendeu que, de futuro, o sucesso das parcerias locais passa pela articulação supra-concelhia e respectiva dinamização entre si. Esta é outra dimensão interessante dos processos de representação do próprio futuro das parcerias, uma vez que a legislação mais recente (o já citado DL 115/2006, de 14 de Junho) define a articulação e o planeamento supra-concelhio como plataforma de âmbito territorial a

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constituir no quadro do trabalho das parcerias locais, intenção que veio a efectivar-se mais tarde, com maior ou menor grau de execução, consoante os municípios e as áreas regionais.

Paralelamente aos modelos de planeamento e aos níveis de articulação regional surgem os processos de avaliação das parcerias locais. Trata-se de mais um elemento do processo de trabalho partilhado que os mentores do Programa Rede Social assinalaram, desde o início, como de central relevância na estruturação do trabalho em rede. O Instituto para o Desenvolvimento Social, no documento metodológico que concebeu como instrumento de suporte à implementação das parcerias, considerava a avaliação como uma irmã gémea do planeamento, porque “acompanha necessariamente o processo de elaboração do Plano de Desenvolvimento Social” (2001:63).

O conceito de avaliação avançado pelo IDS encarava este procedimento, ou conjunto de procedimentos, como um processo de aprendizagem e qualificação do trabalho em parceria, significando que “a avaliação não deveria servir para fiscalizar, nem para apontar e punir culpados, devendo ser encarada como um momento de reflexão útil e como um instrumento imprescindível para o planeamento das intervenções subsequentes, identificando pontos de reforço ou reorientação das acções” (idem).

De resto, este carácter relevante da avaliação no desenvolvimento do trabalho em rede surge manifesto no facto de a Portaria nº141/2002, de 12 de Fevereiro, prever, na alínea f) do Artº 10º, como apoio financeiro específico às parcerias locais os custos com a avaliação da rede local candidata ao programa de apoio.

Não obstante a existência desta tónica posta na importância da avaliação do trabalho em parceria, na maioria das situações analisadas pelo inquérito (55% dos casos) não houve lugar à implementação de dispositivos de avaliação do trabalho realizado. O quadro seguinte mostra esta realidade.

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Quadro 4.14 Casos com avaliação do Programa Rede Social Avaliação N % Sm 80 42,3 Não 104 55,0 Ns/nr 5 2,6 Total 189 100,0

Fonte: Inquérito às autarquias aderentes ao Programa Rede Social, 2006.

Por outro lado, nos casos em que houve de facto implementação de um processo avaliativo, este foi maioritariamente um processo de auto-avaliação, o que significa que o recurso à avaliação externa ou mista foi minoritário. Nos casos em que não houve o recurso a um processo de avaliação, o modelo dominante foi o da assessoria, quer se tratasse de assessoria em apenas algumas fases do trabalho em rede, quer durante todas as fases desse mesmo trabalho. Por outro lado, nos casos em que se optou pelo desenvolvimento de um dispositivo de avaliação externa das redes de parceiros, a escolha preponderante, em termos de entidade avaliadora, orientou-se para as empresas/gabinetes de estudos e universidades/centros de investigação. Neste mesmo caso, as formas de contratualização do trabalho de avaliação mais utilizadas foram a adjudicação directa e o convite.

No que se reporta ao processo de acompanhamento dos trabalhos das parcerias locais, tendo em vista a respectiva avaliação, constata-se a existência de uma grande variedade de formas escolhidas e utilizadas, entre reuniões com técnicos, acompanhamento do funcionamento das reuniões mais formais, modalidades mistas ou outras. Destes processos de avaliação também surgiu um conjunto de produtos classificáveis de acordo com uma tipologia, também ela, algo diversificada. Assim, entre documentos escritos e sessões de discussão e divulgação de resultados, a preponderância recaiu na produção exclusiva de relatórios e na sua divulgação/discussão.

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Quadro 4.15 Modelo de avaliação utilizado Modelo de avaliação N % Auto-avaliação 50 59,5 Avaliação externa 13 15,5 Avaliação mista 11 13,1 Outra modalidade 1 1,2 Auto-avaliação + outra modalidade 2 2,4 Avaliação externa + outra modalidade 1 1,2 Avaliação mista + outra modalidade 2 2,4

Ns/nr 4 4,8

Total 84 100,0

Fonte: Inquérito às autarquias aderentes ao Programa Rede Social, 2006.

Dada a diversidade de situações descritas, em termos do formato de acompanhamento avaliativo, não constitui surpresa a detecção de uma profusão de modelos no que toca às fases de acompanhamento utilizadas; muito embora tenha sido a fase da “execução” (da rede de parceiros), aquela que parece ter constituído a base de referência para o processo avaliativo, em lugar das fases de “concepção”, “operacionalização” e “resultados”.

Relativamente aos motivos aduzidos como constituindo a utilidade dos processos de avaliação, existe uma considerável dispersão das respostas, embora se destaquem dois a três tipos de utilidade: “permite a correcção de situações”; “permite correcção de situações e obtenção de feedback crítico” e uma situação combinada: “olhar específico, correcções e

feedback crítico” (quadro 4.16).

Quadro 4.16 Utilidade da avaliação Utilidade

N %

Constitui olhar específico à RS 4 4,4 Permite correcção de situações 21 23,1 Proporciona feedback crítico 4 4,4 Não tem utilidade/não acrescenta mais-valias 2 2,2 Olhar específico + correcção de situações 7 7,7 Olhar específico + feedback critico 6 6,6 Correcção situações + feedback critico 19 20,9 Olhar específico + correcções + feedback critico 16 17,6 Outra utilidade 2 2,2

Ns/nr 10 11,0

Total 91 100,0

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Finalmente, cumpre referir que, independentemente de ter existido ou não um processo de avaliação da parceria local, cerca de dois terços dos técnicos considera a avaliação “imprescindível” para a posterior utilização por parte dos CLAS nas respectivas parcerias locais, ao passo que 28% considera ser “importante, mas não imprescindível”.

Quadro 4.17 Importância do modelo de avaliação para as parcerias locais Grau de Importância

N %

Imprescindível 124 65,6

Importante mas não imprescindível 53 28,0 Não é importante 2 1,1

Sem opinião 3 1,6

Ns/nr 7 3,7

Total 189 100,0

Fonte: Inquérito às autarquias aderentes ao Programa Rede Social, 2006.

Em conjunto, são mais de 90% os técnicos que reconhecem a necessidade de conferir à avaliação uma dimensão prática mais visível, face à qual parecem sobressair algumas expectativas quanto aos contributos possíveis de obter para a continuidade da intervenção, na sequência da incorporação de mecanismos de avaliação de forma mais regular e substantiva.

Resultados das parcerias no desenvolvimento local

Ao nível dos contributos, práticas e inovações proporcionadas pelas parcerias locais aos processos de desenvolvimento social, a abordagem do conjunto da informação parece, antes de qualquer outra leitura, salientar a existência de uma pluralidade de temáticas abordadas. Esta pluralidade remete para duas dimensões centrais do trabalho em parceria: primeiro, a multidimensionalidade das abordagens, que se afigura como uma eventual des- departamentalização das formas de conhecimento e de acção no domínio social, e uma

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abordagem integrada dos problemas; segundo, a variabilidade temática relativa às especificidades dos territórios sobre os quais as parcerias se constroem.

Um primeiro olhar atento sobre a informação confirma que as parcerias locais têm vindo a pautar o seu trabalho pelo desenvolvimento de abordagens integradas dos problemas e pela efectiva territorialização das suas estratégias de intervenção. Tal significa, pelo menos, o cumprimento do próprio espírito que parece presidir aos diplomas legais que instituem as redes e enformam e regulam o desenvolvimento das respectivas actividades.

Na realidade, as áreas temáticas em que, no momento da sua realização, existiam projectos em curso no âmbito das parcerias locais eram muito diversas. Aquelas em que se concentra, porém, um maior número de respostas positivas são a “educação”, a “formação”, os “idosos/3ª idade” e a “acção social”, o que denota a perda de prioridade, na prática, de algumas áreas definidas como centrais em termos de diagnóstico social e plano de desenvolvimento social, como a área do emprego, na qual menos de metade das parcerias locais desenvolve projectos.

Por outro lado, solicitados a pronunciarem-se sobre as situações que melhor registam o contributo do Programa Rede Social para o seu concelho no que toca ao trabalho em parceria e aos resultados junto dos grupos alvo de intervenção e da população em geral, os inquiridos consideraram que esses mesmos contributos surgem, sobretudo, ao nível do trabalho em parceria e dos resultados do trabalho em rede, complementadas por um conjunto de respostas sociais que a rede local proporcionou às respectivas populações (quadro 4.18).

Quadro 4.18 Contributos da parceria local para o trabalho em rede e respectivos resultados Contributos

N %

Positivo: trabalho em parceria e resultados 76 40,2 Positivo: só no trabalho em parceria 83 43,9 Positivo: só nos resultados 8 4,2 Negativo: não há ainda contributos 11 5,8

Ns/nr 11 5,8

Total 189 100,0

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No que se refere aos resultados dos processos de implementação das parcerias locais, a maioria dos técnicos inquiridos (50,3%) entende que já existem resultados práticos das mesmas, simultaneamente ao nível da consolidação das parcerias e da realização de projectos. Existe ainda um contingente de respostas que se distribui pelas categorias “consolidação do trabalho em parceria” e “realização de acções e/ou projectos”. Ao nível da inovação, foi possível identificar uma clara maioria de respostas tendentes ao reconhecimento de que as parcerias locais proporcionaram um acréscimo significativo e inovador nos processos de desenvolvimento social concelhios.

Quadro 4.19 Resultados práticos da parceria local Resultados

N %

Sim, apenas consolidação da parceria 44 23,3 Sim, apenas na realização de projectos 12 6,3 Sim, em ambas as situações 95 50,3 Não, ainda não há resultados 32 16,9

Ns/nr 6 3,2

Total 189 100,0

Fonte: Inquérito às autarquias aderentes ao Programa Rede Social, 2006.

Em termos de avaliação do grau de concretização dos resultados proporcionados pela parceria local segundo diferentes domínios, as opiniões dos inquiridos são globalmente positivas. Na área do emprego/formação, as tomadas de posição, não indicando as opiniões mais positivas, são ainda assim de destacar, com cerca de 50% das respostas no pólo positivo da escala (quadro 4.20).

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Quadro 4.20 Domínios e graus de concretização dos resultados da parceria local

Domínios 1 (baixo grau de concretização) 2 3 4 5 (elevado grau de concretização) N % N % N % N % N %

Junto dos parceiros do CLAS 1 0,5 9 4,8 61 32,3 83 43,9 19 10,1 Junto dos destinatários das acções 12 6,3 22 11,6 60 31,7 57 30,2 10 5,3 Junto da população em geral 14 7,4 49 25,9 79 41,8 22 11,6 2 1,1 No aproveitamento e rentabilização dos

meios/recursos disponíveis 2 1,1 11 5,8 54 28,6 84 44,4 17 9,0 No conhecimento do concelho pelas entidades

locais - - 2 1,1 31 16,4 86 45,5 51 27,0 Na consciencialização das entidades para as

vantagens das respostas sociais locais - - 16 8,5 50 26,5 74 39,2 29 15,3 Ao nível de acções nas áreas do

emprego/formação - - 15 7,9 47 24,9 52 27,5 44 23,3 Ao nível das prioridades de intervenção

autárquica 6 3,2 19 10,1 39 20,6 76 40,2 26 13,8

Fonte: Inquérito às autarquias aderentes ao Programa Rede Social, 2006.

Complementarmente à análise anterior e tendo em conta os objectivos definidos no âmbito do Programa da Rede Social, a avaliação da concretização dos respectivos objectivos ao nível concelhio é apresentada no quadro seguinte.

Quadro 4.21 Grau de concretização dos objectivos do Programa Rede Social a nível local

Objectivos 1 (grau de concretização nulo) 2 3 4 5 (grau de concretização elevado) N % N % N % N % N %

Desenvolver uma parceria efectiva e dinâmica que articule a intervenção social dos diferentes agentes locais

1 0,5 9 4,8 70 37,0 67 35,4 31 16,4 Promover um planeamento integrado e

sistemático, potenciando sinergias, complementaridades e recursos locais

5 2,6 13 6,9 57 30,2 74 39,2 31 16,4 Garantir maior eficácia do conjunto de

respostas sociais nos concelhos e freguesias

2 1,1 16 8,5 66 34,9 77 40,7 18 9,5 Induzir o diagnóstico e o planeamento

participados 2 1,1 6 3,2 35 18,5 92 48,7 44 23,3

No documento TESE Parceiros em rede (páginas 151-159)