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A Rede Nacional de Formação Continuada de Professores da Educação Básica e a busca da qualidade da educação

O PROGRAMA PRÓ-LETRAMENTO NO CAMPO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS

2.3 O PRÓ-LETRAMENTO NO CONTEXTO DAS POLÍTICAS EDUCACIONAIS

2.3.2 A Rede Nacional de Formação Continuada de Professores da Educação Básica e a busca da qualidade da educação

Diante de tais resultados e do então momento vivenciado pela política educacional brasileira, de inauguração do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010), o Ministério da Educação instituiu, em 2004, a Rede Nacional de Formação Continuada de

Professores da Educação Básica, com a finalidade de “contribuir com o desenvolvimento profissional do professor e a melhoria na qualidade do ensino” (BRASIL, 2005, p. 10), sendo composta pelo MEC, por meio da Secretaria de Educação Básica; sistemas de ensino, mediante as secretarias estaduais e municipais de educação e por universidades que se constituem em centros de pesquisa e desenvolvimento da educação, tendo como objetivos, os elencados no documento “Orientações gerais da Rede Nacional de Formação Continuada de Professores da Educação Básica: objetivos, diretrizes e funcionamento (2005)”:

Institucionalizar o atendimento da demanda de formação.

Desenvolver uma concepção de sistema de formação em que a autonomia se construa pela colaboração, e a flexibilidade encontre seus contornos na articulação e na interação.

Contribuir com a qualificação da ação docente no sentido de garantir uma aprendizagem efetiva e uma escola de qualidade para todos.

Contribuir com o desenvolvimento da autonomia intelectual e profissional dos docentes.

Desencadear uma dinâmica de interação entre os saberes pedagógicos produzidos pelos Centros, no desenvolvimento da formação docente, e pelos professores dos sistemas de ensino, em sua prática docente.

Subsidiar a reflexão permanente na e sobre a prática docente, com o exercício da crítica do sentido e da gênese da sociedade, da cultura, da educação e do conhecimento, e o aprofundamento da articulação entre os componentes curriculares e a realidade sócio histórica.

Institucionalizar e fortalecer o trabalho coletivo como meio de reflexão teórica e construção da prática pedagógica (p. 22-23).

Apesar da perspectiva de qualidade socialmente referenciada de educação; de fortalecimento do trabalho coletivo no que se refere à atuação docente e desenvolvimento de autonomia profissional aparentemente apresentada nos objetivos da Rede Nacional de Formação Continuada de Professores, o que se tem notado é uma política educacional pautada na desigualdade educacional, na atuação individualizada dos professores e na perda da autonomia docente, tal como analisado no capítulo anterior.

Nessa perspectiva, para implementar a Rede Nacional de Formação Continuada, o MEC definiu princípios e adotou algumas diretrizes norteadoras do processo formativo: a) a formação continuada é uma exigência da atividade profissional no mundo atual; b) a formação continuada deve ter como referência a prática docente e o conhecimento teórico; c) a formação vai além da oferta de cursos de atualização e treinamento; d) a formação para ser continuada deve integra-se no dia-a-dia da escola e, e) a formação continuada é componente essencial da profissionalização docente.

No que se refere às condições para a implementação da formação continuada, são indicadas a necessidade de ambiente propício para que ocorram momentos de reflexão coletiva que possam contribuir para a articulação entre a teoria e a prática; de

acompanhamento e suporte para os resultados das atividades; vinculação do plano de formação com o projeto político pedagógico da escola, com o plano de carreira; infraestrutura adequada; professores capacitados para ministrar o curso; carga horária para os cursistas; regularidade no processo de formação; envolvimento da direção da escola.

Para assegurar que tais condicionalidades para a formação fossem atendidas são atribuídas responsabilidades a cada uma das instâncias da Rede Nacional de Formação Continuada. Desse modo, ao MEC, mediante uma Coordenação Geral de Políticas de Formação composta pelo coordenador e equipe técnica e pedagógica, cabe, dentre outras atribuições, as de “acompanhar a execução do convênio, estabelecer diretrizes, sistematizar dados e fazer o acompanhamento técnico-financeiro, o acompanhamento pedagógico e o da efetividade do processo de implementação” (MEC, 2005, p. 33). A função dos centros de pesquisa e desenvolvimento da educação (universidades), é de desenvolver pesquisas, articular-se com outras universidades e com as secretarias de educação, produzir materiais didáticos para cursos semipresenciais de formação e orientar o coordenador de atividades de cada secretaria. Aos sistemas de ensino, por sua vez, cabe a adesão para a realização do programa, mediante a garantia de disponibilidade de um articulador institucional e de um coordenador de atividades ou tutor.

O articulador institucional é o profissional indicado pela secretaria de educação para tomar decisões de cunho administrativo, financeiro e logístico. Este profissional deve garantir condições materiais e institucionais para o desenvolvimento do programa, mediante o vínculo com a secretaria de educação e com as unidades escolares. Já o tutor ou coordenador de atividades deve ser um profissional da área de formação, com a incumbência de organizar e coordenar os grupos de estudo. O referido profissional deve ter prévia orientação e manter contato permanente com os centros, atuando “no sentido de dinamizar a discussão nos grupos de estudo, incentivar a participação e garantir a interlocução com os Centros sobre questões de fundamentos/conteúdo ou organização das atividades” (MEC, 2005, p. 32).

A Rede Nacional de Formação Continuada tem como público alvo, professores da educação básica, em exercício, diretores de escolas e, gestores e dirigentes dos sistemas públicos de educação, aos quais será destinado curso norteado por cinco áreas prioritárias de formação: 1) Alfabetização e Linguagem, 2) Educação Matemática e Científica, 3) Ensino de Ciências Humanas e Sociais; 4) Artes e Educação Física e, 5) Gestão e Avaliação da Educação, sendo distribuídas da seguinte forma pelas universidades que integram a referida Rede (Quadro 3).

Quadro 3: Disposição de áreas prioritárias de formação por universidades integrantes da rede nacional de formação continuada de professores da educação básica

Alfabetização e Linguagem

Educação Matemática e Científica

Ensino de Ciências Humanas e Sociais

Artes e Educação Física

Gestão e Avaliação da Educação

Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) Universidade de Brasília (UnB)

Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Universidade Federal do Pará (UFPA)

Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) Universidade do Estado de São Paulo (UNESP) Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS) Universidade Federal do Amazonas (UFAM)

Universidade Federal do Ceará (UFC)

Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC- MG)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

(UFRN)Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP)

Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Universidade Federal da Bahia (UFBA)

Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Universidade Federal do Paraná (UFPR)

Fonte: Orientações Gerais da Rede de Formação Continuada de Professores (MEC/2005).

Como se pode perceber, a estrutura organizacional da Rede Nacional de Formação Continuada funciona como parâmetro para a forma como está organizado o programa Pró- Letramento.

2.3.3 O Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) e a criação de programas de