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Meme 3. Política do Café com Leite

2.1 Navegando nas redes sociais

A sociedade não é e nunca foi estática, passou por revoluções, tragédias, acontecimentos, guerras, descobertas, invenções, vivendo um processo de evolução, muitas vezes de forma contínua, mas uma questão que sempre esteve presente para os seres humanos foi o contato, as relações interpessoais, a organização em grupos e a vida em comunidade, que nos tempos atuais também se tornaram virtuais. Zygmund Bauman (2003), por exemplo, explica que “pertencer a uma comunidade significa renegar parte de nossa individualidade em nome de uma estrutura montada para satisfazer nossas necessidades de intimidade e da construção de uma identidade”. Já que viver em comunidade implica em relações, percepção acerca das diferenças e espaço de interesses.

A comunicação instantânea proporcionada pela internet gerou um mundo de possibilidades, criando redes de contatos que antes não existiam. É nesse escopo que as redes sociais surgem, pois basicamente são filhas da internet e também fazem parte da evolução tecnológica.

Refletir sobre as tecnologias e o ensino de história é mais do que propício nos tempos atuais, buscando novas abordagens e novos recursos para trabalhar história na sala de aula, como também em outros espaços, inclusive os virtuais. A importância das redes sociais para o ensino e a aprendizagem está em

trabalhá-las como recursos pedagógicos, valorizando a participação e a criticidade dos alunos.

O termo rede pode “significar espécie de malha formada por um

entrelaçado de fios, cordas, arames ou outro material; artefato para fins de apresamento ou retenção do animal desejado (...)” (FERREIRA, 2011, p. 3), mas o termo também pode estar relacionado a um conjunto de pessoas, estabelecimentos ou organizações. Cristiane Rocha (2005) explica que:

A palavra rede (originária da latina rete), em língua portuguesa, remete à noção de junção de nós – individuais ou coletivos – que, interligados entre si, permitem a união, a comutação, a troca, a transformação. Estar em rede – social, cultural, econômica, política – é (ou sempre foi) uma das condições de possibilidade de nossa convivência neste mundo, dada a necessidade (ou a obrigatoriedade) da contínua constituição de grupos comuns (ou comunidades) em limitados espaços e simultâneos tempos. (ROCHA, 2005, p. 1)

As redes de relacionamentos e comunicações estiveram sempre presentes na vida dos seres humanos, gerando interação, negócios, compartilhamento de ideias, acordos políticos e dentre outras coisas. Os meios de transporte, as correspondências, os objetos tecnológicos favoreceram muito mais essas relações, sobretudo às de longas distâncias e o ser humano enquanto um ser social fez parte de um ambiente colaboracionista e de comunicação. Com o advento das novas tecnologias de informação e comunicação, os seres humanos começaram a utilizá-las nas relações de trabalho, pessoais, de lazer etc.

Essas novas relações que surgem com as NTIC´s passam a ocorrer dentro da internet, surgindo daí as redes sociais digitais “aproximando” as pessoas. Esse estreitamento possibilitado pelas ferramentas tecnológicas fez com que ocorresse também uma maior troca e compartilhamento de informações por pessoas no meio virtual. Uma rede social é “uma estrutura social constituída por nós (no qual geralmente são pessoas, organizações e até conceitos) que são vinculadas por um ou mais tipos específicos de relações, como valores, visões, ideias, amigos, gostos, tipo sexual (...)” (KISO, s/d, p. 31).

Gonçalo Ferreira (2011) chama atenção para uma questão importante, que é a mudança de sentido da expressão rede social, que a partir do início do século XXI foi associada quase que exclusivamente à tecnologia da informação, e que é importante distinguir e não confundir rede social, como definida acima,

com os aplicativos de relacionamento (networking social) disponíveis na Internet, tais como Facebook.

Como percebido, as redes sociais não nascem com a rede mundial de computadores, mas da necessidade de interação, da criação de laços, de comunicação, do compartilhamento de informações, de ideias, de objetivos em comum e busca por diversão, que foram modificadas com as novas tecnologias, fazendo com que as redes sociais se adaptassem, caminhando para o meio ciberespaço. Essa necessidade humana demonstra uma necessidade anterior à internet, que se maximizou com o advento da WEB (HARDAGH, 2009).

As possibilidades dentro das redes sociais digitais são inúmeras, desde a criação de um perfil, passando pela criação de grupos e páginas, para interagir,

compartilhar imagens, vídeos, textos, emojis15, comentar, curtir comentários,

conversar privadamente, criar eventos, fazer enquetes, ver notícias, fazer transmissões ao vivo e muitas outras questões que surgem com as novas atualizações.

Com a disseminação dos smartphones, o que se impulsionou também foi o acesso à internet. Um estudo sobre o acesso à rede mundial de computadores e o uso das redes sociais foi desenvolvido pela We Are Social e Hootside (KEMP, 2018) e demonstrou vários dados. Segundo a pesquisa, mais de 200 milhões de pessoas adquiriram seu primeiro dispositivo móvel em 2017, ou seja, cerca de dois terços dos 7,6 bilhões de habitantes do mundo possuem um telefone celular. Além disso, se observa que mais de 3 bilhões de pessoas em todo o mundo utilizam as redes sociais, quase a totalidade disso, fazendo o uso pelos dispositivos móveis.

O Brasil é o terceiro país que passa mais tempo navegando na internet, cerca de 9 horas e 14 minutos diários, isso pelos mais diversos dispositivos, só perdendo para os filipinos, que estão em segundo lugar, navegando 9 horas e 29 minutos, e os campeões em acessos diários, que são os tailandeses, com 9

15 Os emojis são símbolos que representam uma ideia, palavra ou expressões, como também,

animais, objetos etc. Sendo muito utilizado em redes sociais e aplicativos de smartphones (DAFNE BRAGA, 2018). Ver em: https://rockcontent.com/blog/emoji/. Acesso em 16/05/2018

horas e 38 minutos. Os dados poder ser vistos no gráfico realizado pelo site We Are Social (2018), que segue abaixo:

Figura 1. Tempo gasto por dia na internet16

Uma questão ainda mais relevante da pesquisa para esse trabalho é a demonstração de que os brasileiros estão em segundo lugar no tempo gasto nas redes sociais, perdendo apenas para os filipinos e a frente dos indonésios (KEMP, 2018). Fazendo um diálogo da pesquisa destacada com minha experiência no chão da escola, observei que as atividades dos alunos convergem com os dados apresentados, já que passam bastante tempo na internet e também utilizam as redes sociais, mas esse ponto terá mais destaque no último capítulo desta dissertação.

16 Disponível em: https://wearesocial-net.s3.amazonaws.com/wp-

content/uploads/2018/01/DIGITAL-IN-2018-002-TIME-SPENT-ON-THE-INTERNET-V1.00.png. Acesso em: 25/04/2018.

Figura 2. Tempo gasto nas mídias sociais17

Isso tudo que foi apresentado, demonstra que o uso dessas plataformas virtuais é uma realidade, ou seja, a educação e o ensino de história devem fazer parte desse movimento, utilizando essas ferramentas para desenvolver o processo de ensino e aprendizagens trabalhando como novas abordagens.

Outra questão que se apresenta na investigação feita através de um questionário com os alunos das turmas trabalhadas, que será explorado com mais afinco no próximo capítulo, mostrou que os alunos e alunas acessam mais a rede social pelo smartphone, assim como também demonstra a pesquisa do Site We Are Social (2018), sendo o Brasil o segundo país que mais navega nessas plataformas, perdendo apenas para as Filipinas.

Sendo assim, se apropriar das novas tecnologias é um passo importante para o desenvolvimento da educação e, consequentemente, do ensino de história. Esse trabalho faz um recorte dentro dessas tecnologias digitais e busca focar na rede social Facebook, com o intuito de utilizá-la como ferramenta pedagógica. Para isso é relevante o conhecimento dessa plataforma, desde a sua origem, perpassando pelas possibilidades dentro dela, para que daí em diante possa ser utilizada como ferramenta no ensino de história.

17 Disponível em: https://wearesocial-net.s3.amazonaws.com/wp-

content/uploads/2018/01/DIGITAL-IN-2018-011-TIME-SPENT-ON-SOCIAL-MEDIA-V1.00.png. Acesso em: 25/04/2018.