• Nenhum resultado encontrado

7. Tema II – Nebulizadores e câmaras expansoras

7.2.3. Nebulizadores e câmaras expansoras

Os nebulizadores são usados na administração de aerossóis aos pulmões.33

Existem diversos tipos de nebulizadores atualmente no mercado, incluindo modelos mais sofisticados, como aparelhos ativados ou com desempenho melhorado pela respiração.32

De acordo com o seu método de funcionamento, podem distinguir-se três categorias principais: os compressores, os ultra-sónicos e os de malha vibrante.33

No caso dos nebulizadores compressores, o fluxo de uma corrente de ar comprimido a alta pressão que se desloca ao longo do sistema até chegar ao bocal ou máscara, passando pelo copo ou reservatório do nebulizador, transforma o medicamento aí colocado em aerossol.33 As partículas de maior dimensão, partículas primárias, ao

colidir com as superfícies deflectoras, regressam ao reservatório. Partículas de menor dimensão, partículas secundárias, capazes de evitar esses obstáculos e com tamanho adequado para a inalação, formam o aerossol que é veiculado.39 Este tipo de aparelho

pode ser usado com variados tipos de medicação, incluindo esteróides inalados, broncodilatadores e dornase alfa/DNase.40 Dado o seu relativo baixo custo e facilidade de

utilização, são muito utilizados.33 Algumas desvantagens que os nebulizadores

pertencentes a esta categoria apresentam são o ruído que se sente durante a utilização e, tradicionalmente, a sua falta de portabilidade.39 O grande volume de medicação que

permanece no copo após término da administração e a produção contínua de partículas durante a expiração do utilizador nos modelos mais clássicos são dois fatores que levam a uma inutilização significativa do medicamento.33 Existem, atualmente, aparelhos

pertencentes a este grupo com algumas características distintivas, que melhoram o seu desempenho – é o caso dos nebulizadores com abertura, dos nebulizadores potenciados pela respiração e dos nebulizadores ativados pela respiração.33

No que diz respeito aos nebulizadores ultra-sónicos, estes possuem um cristal piezoelétrico que vibra a altas frequências, fenómeno que dá origem ao aerossol por meio da energia produzida. Sistemas de deflectores e de ventilação são os outros componentes essenciais deste tipo de nebulizador.33 A frequência de vibração varia entre

diferentes aparelhos e é a variável crítica – quanto maior esta for, mais pequenas as partículas formadas e maior a eficácia de deposição nos pulmões. O uso de esteróides em suspensão e substâncias termicamente sensíveis não é aconselhado neste tipo de nebulizador, uma vez que se gera um ligeiro efeito térmico, um aumento de 1 a 2ºC.32,40 É

de ressaltar que é fortemente aconselhada a adição de água, além do soro e da medicação, para contrariar o efeito térmico. Serem silenciosos e tendencialmente mais rápidos no processo de nebulização do que os compressores, tornando-o mais prático em tratamentos que envolvam mais quantidades de solução, são alguns dos pontos positivos.33

Os nebulizadores de malha vibrante possuem algumas semelhanças com os ultra- sónicos. Aqueles também usam um cristal piezoelétrico como método de aerossolização. A malha, ao vibrar no sentido vertical, causa a extrusão do líquido ao passar nas aberturas da membrana, originando pequenas partículas.33 Existem dois tipos distintos de

nebulizadores dentro desta categoria – os passivos e os ativos. Os primeiros transferem a energia gerada pelas vibrações do cristal para a malha, através de uma peça transdutora, que se movimenta, gerando partículas mais pequenas. Os nebulizadores de malha ativamente vibrante têm um efeito micropump por ação da vibração de um elemento piezoelétrico.33

Ao contrário dos ultra-sónicos e devido a mais baixas frequências de vibração, não se verifica aumento da temperatura, razão pela qual podem ser usados com medicação termicamente sensível.39 A nível de eficácia, esta categoria de nebulizadores

apresenta uma maior deposição de partículas aerossolizadas nos pulmões, menores volumes residuais e uma taxa de nebulização mais rápida, quando comparada com os compressores.39 Adicionalmente, vários aparelhos deste tipo têm a possibilidade de

recorrerem ao uso de pilhas para o seu funcionamento, o que facilita a sua portabilidade, mas requerem uma limpeza mais atenta, dado a possibilidade de deposição de resíduos da solução nos orifícios da malha vibrante.33

As câmaras expansoras são consideradas um dispositivo usado em conjunto com um inalador pressurizado. Em geral, as câmaras expansoras possuem um mecanismo de válvulas que impede o utilizador de realizar uma expiração para dentro do mesmo.32

Existem três tipos básicos de câmaras: tubo aberto, reservatório e fluxo invertido.

O tipo reservatório distingue-se do tubo aberto pela adição de uma válvula de sentido único, que permite a retenção do aerossol dentro da câmara por um período de

tempo limitado após a administração do inalador. Nos modelos de fluxo invertido, o local de encaixe do inalador situa-se junto à boca do utilizador e a administração é feita no sentido oposto ao deste.39 Destes, o mais comumente usado é o reservatório, mas o tipo

de dispositivo a usar depende das características do utilizador.

Estas variam também relativamente ao comprimento, tamanho e forma, de acordo com a idade do utilizador – em regra, considera-se adequado um volume de 250 a 500ml para uma criança até aos 3 anos e de 500 a 1000ml para faixas etárias superiores. Tal como os nebulizadores, estas podem ser usadas com bocais ou máscaras faciais.32 Os

bocais são a escolha preferencial, já que evitam a inalação pelas vias nasais, onde ocorre uma deposição de aerossol maior, com um impacto considerável na deposição pulmonar das partículas. No entanto, as máscaras são bastante úteis em pacientes que não cooperam ou com um quadro de dispneia aguda, mas é importante garantir que estão bem ajustadas à face do paciente, para evitar fuga para o ambiente ou deposição na zona ocular e peri-ocular.39

Documentos relacionados