• Nenhum resultado encontrado

4. Resultados e Discussão

4.1. Necessidades de aquecimento e arrefecimento

4.1.2. Necessidades de energia final para aquecimento e arrefecimento

Procedeu-se igualmente à determinação das necessidades de energia final de aquecimento e arrefecimento. Nesse sentido, foram utilizadas as taxas de posse de diferentes equipamentos de aquecimento e arrefecimento. Quando se pretende estimar as necessidades de energia final, o método de utilização de taxas de posse de equipamentos é várias vezes utilizado, como nos

Figura 4.8 – Necessidades anuais de energia útil para aquecimento (esquerda) e arrefecimento (direita) por ano e por freguesia (TJ/ano)

Necessidades de energia útil para arrefecimento (TJ/ano) Necessidades de

energia útil para aquecimento (TJ/ano)

estudos de Jakubcionis e Carlsson (2017) e dos projetos Stratego (Möller, 2015) e ClimAdaPT.local (Simões et al., 2015). Este procedimento tem, no entanto, algumas limitações, particularmente porque se considera que só por um equipamento existir num alojamento, isso significa que é utilizado, o que por vezes não corresponde à realidade.

Por outro lado, assume-se que todos os alojamentos têm algum equipamento de climatização, o que faz sentido, mesmo que não seja o caso, pois pretende-se determinar as necessidades de energia final de todos os alojamentos ocupados residenciais em Portugal. Esta é a forma de se considerar todos esses alojamentos no cálculo. Contudo, existindo uma parte dos alojamentos que não possui nenhum equipamento de climatização, é necessário assumir que possuem um tipo de equipamento particular, com a sua eficiência específica. Neste sentido, foi assumido que as proporções dos equipamentos nos alojamentos que possuem algum equipamento seriam as mesmas para todos os alojamentos do país. As taxas de posse utilizadas podem ser consultadas no Anexo D. As taxas de posse de equipamento apresentadas dizem respeito apenas a equipamentos para aquecimento, visto não estarem disponíveis dados das taxas de posse de equipamentos de arrefecimento, discriminados por freguesia.

A sequência de cálculos e apresentação dos mapas é semelhante à das necessidades de energia útil. Foram calculadas, em primeiro lugar, as necessidades anuais de energia final sem considerar as áreas das tipologias, ou seja, por m2 de área e por alojamento, e depois

considerando esses dois parâmetros igualmente. Os valores de energia final de cada freguesia no mapa resultante consistem na média entre os valores das onze tipologias.

Analisando o mapa das necessidades anuais de energia final para aquecimento por alojamento e unidade de área, ilustrado na Figura 4.9, verifica-se que as necessidades de energia final mais significativas estão associadas às freguesias situadas no interior da região norte do país, particularmente nas regiões Terras de Trás-os-Montes, Douro, e Alto Tâmega, onde são frequentes valores anuais superiores a 1000 MJ. Algumas freguesias da região centro do país, pertencentes à região Beiras e Serra da Estrela, apresentam igualmente necessidades consideráveis, entre 800 e 1200 MJ anuais. Através dos mapas das taxas de posse de equipamentos de aquecimento, observa-se que nestas regiões, a taxa de posse de lareiras abertas é superior a 60% em praticamente todas as freguesias destas regiões, principalmente nos edifícios do tipo “vivenda”, ao contrário das outras regiões do país. São exceção algumas freguesias no Baixo Alentejo e nas regiões Médio Alentejo e Coimbra, onde, em grande parte dos alojamentos, também existe este tipo de lareira. Nos prédios, valores elevados de taxas de posse destas lareiras são menos frequentes, verificando-se, no entanto, principalmente em freguesias destas regiões. Este equipamento apresenta uma eficiência de apenas 35%, a mais reduzida de todos os equipamentos considerados. Quanto menor for a eficiência do equipamento, maior quantidade de energia final será necessária para fornecer determinada quantidade de energia útil. Para além disto, as regiões em questão já apresentavam os maiores valores de necessidades de energia útil por metro quadrado, pelo que esta realidade mantém-se no que à energia final diz respeito, aumentando a diferença para as outras regiões. As regiões do Médio Tejo e de Coimbra apresentam também necessidades de valor substancial, na ordem

dos 800 a 1200 MJ, que se explica igualmente pela ocorrência de elevadas taxas de posse de lareiras com recuperadores de calor, no tipo de edifício “vivenda”.

As áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, o Algarve, as Regiões Autónomas das Madeira e Açores e parte do Alto Alentejo apresentam das necessidades de energia final mais reduzidas do país, com valores entre 70 e 300 MJ anuais por metro quadrado de alojamento. A razão prende-se com o facto de nos alojamentos das freguesias destas regiões predominarem os equipamentos elétricos, como pode ser comprovado pelos mapas de taxas de posse (Anexo D). Estes equipamentos elétricos possuem uma eficiência elevada, cerca de 99%, e consequentemente a quantidade de energia final necessária não é de grande proporção. No Baixo Alentejo, algumas freguesias também possuem consideráveis taxas de posse de equipamentos elétricos. Porém, como uma parte substancial dos alojamentos das freguesias desta região utilizam lareira aberta, os valores de energia final acabam por ser superiores. Destacam-se as reduzidas taxas de posse de equipamentos de aquecimento central, de qualquer combustível, facto que indicia que o aquecimento no país é provavelmente efetuado de forma localizada no alojamento, raramente se procedendo à climatização da totalidade da habitação. Verifica-se que a taxa de posse das bombas de calor é já significativa, em determinadas freguesias, distribuídas por todas as regiões do país, o que corresponde a um investimento num sistema de aquecimento mais eficiente. Relativamente às necessidades de energia final de arrefecimento, cujo mapa pode ser consultado na Figura 4.9, como teve de ser utilizada a taxa de posse de equipamentos nacional para todas as freguesias, por indisponibilidade de dados com maior detalhe, a sua distribuição é igual à distribuição das necessidades de energia útil nominais por metro quadrado e por alojamento, utilizadas para o seu cálculo.

Considerou-se, de seguida, as áreas das tipologias na estimativa das necessidades de energia final. O mapa das necessidades anuais de energia final para aquecimento, por alojamento, pode ser consultado na Figura 4.10. Verifica-se novamente uma diferença entre as necessidades para aquecimento no norte e centro interior do país e a região litoral e sul, tal como acontece no mapa das necessidades de energia útil. Observa-se uma concentração ligeiramente mais densa de freguesias com as necessidades mais elevadas (entre 218 e 264 GJ/ano, por alojamento), na região central Beiras e Serra da Estrela e Viseu Dão Lafões e na região nortenha Alto Tâmega, comparativamente ao norte interior do país. Isto deve-se à ocorrência, nestas regiões, de taxas de posse dos equipamentos de aquecimento com menor eficiência e médias das áreas das tipologias consideravelmente elevadas. No norte interior, a média das áreas das tipologias é ligeiramente inferior, o que resulta numa menor concentração de freguesias com necessidades na ordem dos 200 GJ anuais por alojamento.

A distribuição espacial das necessidades de energia final de arrefecimento (Figura 4.10) é semelhante ao das necessidades anuais de energia útil por alojamento. O destaque vai para a região da Beira Baixa, particularmente o distrito de Castelo Branco, onde se verificam os maiores valores de necessidades. As freguesias das regiões do Alentejo e Ribatejo apresentam necessidades de arrefecimento menos significativas, tal como já tinha sucedido.

Figura 4.9 - Necessidades anuais de energia final para aquecimento (esquerda) e arrefecimento

(direita), por unidade de área e alojamento, por freguesia (MJ/(m2.ano))

Figura 4.10 - Necessidades anuais de energia final para aquecimento (esquerda) e arrefecimento (direita) por alojamento, por freguesia (GJ/ ano)

Necessidades de energia final para aquecimento (MJ/(m2.ano))

Necessidades de energia final para arrefecimento (MJ/(m2.ano))

Necessidades de energia final para aquecimento (GJ/ ano)

Necessidades de energia final para arrefecimento (GJ/ano)

Com os dados de necessidades de energia final por alojamento, e utilizando novamente os dados do número dos alojamentos por tipologia, foram calculadas as necessidades anuais de energia final. Como é possível observar na Figura 4.11, o efeito deste parâmetro é semelhante ao verificado na distribuição das necessidades anuais de energia útil, com os maiores valores de necessidades a corresponderem às freguesias com maior número de alojamentos. O número de alojamentos tem uma maior influência na distribuição das necessidades que as taxas de posse de equipamentos, embora, no caso das necessidades de aquecimento, estas taxas permitam que freguesias com menor número de alojamentos, mas como taxas elevadas de equipamentos pouco eficientes, tenham necessidades do mesmo nível que outras em que o número de alojamentos é mais elevado. No caso das necessidades de arrefecimento, esta situação não sucede, pois as taxas de posse utilizadas são as mesmas para todas as freguesias, correspondendo às proporções nacionais. Na Tabela 4.1 pode ser consultado o top 20 das freguesias com maiores necessidades de energia final para aquecimento e arrefecimento.

Figura 4.11 - Necessidades anuais de energia final para aquecimento (esquerda) e arrefecimento (direita), por freguesia (TJ/ano)

Necessidades de energia final para aquecimento (TJ/ano)

Necessidades de energia final para arrefecimento (TJ/ano)

Tabela 4.1 - Top 20 das freguesias de acordo com as necessidades de energia final de aquecimento e arrefecimento

Município Freguesia

Necessidades de energia final para arrefecimento

(TJ/ano)

Top de Freguesias

Necessidades de energia final para aquecimento

(TJ/ano)

Freguesia Município

Castelo Branco Castelo Branco 237 1042 Marinha Grande Marinha Grande

Cascais São Domingos de Rana 149 1039

União das Freguesias de Sé, Santa Maria e

Mexedo

Bragança

Cascais União das Freguesias de

Cascais e Estoril 145 1021 Guarda Guarda

Almada União das Freguesias da Charneca da Caparica e Sobreda

144 785 União das Freguesias

de Viseu Viseu

Sintra Algueirão-Mem Martins 140 785 Castelo Branco Castelo Branco

Cascais União das Freguesias de Carcavelos e Parede 124 780

União das Freguesias de Gondomar (São Cosme), Valbom e

Jovim

Gondomar

Oeiras

União das Freguesias de Oeiras e São Julião da Barra, Paços de Arcos e

Caxias

122 775 São Domingos de Rana Cascais

Sintra União das Freguesias de

Queluz e Belas 118 738

União das Freguesias da Charneca da Caparica e Sobreda

Almada

Sintra Rio de Mouro 110 720 Pombal Pombal

Almada

União das Freguesias de Almada, Cova da Piedade,

Pragal e Cacilhas

109 10º 708

União das Freguesias de Ovar, São João, Arada e São Vicente de

Pereira Jusã

Ovar

Viseu União das Freguesias de

Viseu 103 11º 679

União das Freguesias de Custóias, Leça do

Balio e Guifões

Matosinhos

Coimbra Santo António dos Olivais 101 12º 653 União das Freguesias de Cascais e Estoril Cascais

Cascais Alcabideche 101 13º 649 União das Freguesias de Lousã e Vilarinho Lousã

Oeiras

União das Freguesias de Algés, Linda-a-Velha e Cruz

Quebrada-Dafundo

99 14º 635

União das Freguesias de Fânzeres e São

Pedro da Cova

Gondomar

Sintra Massamá e Monte AbraãoUnião das Freguesias de 99 15º 632

União das Freguesias de Leiria, Pousos,

Barreira e Cortes Leiria Gondomar

União das Freguesias de Gondomar (São Cosme),

Valbom e Jovim

99 16º 631 Rio Tinto Gondomar

Gondomar Rio Tinto 99 17º 625

União das Freguesias de Oliveira de Azeméis, Santiafo de Riba-Ul, Machinata de Seixa e Madail Oliveira de Azeméis Vila Nova de Gaia

União das Freguesias de Mafamude e Vilar do

Paraíso

96 18º 607 Alcabideche Cascais

Portalegre União das Freguesias de

Sé e São Lourenço 96 19º 600

União das Freguesias de Vila Real (Nossa Senhora da Conceição, São Pedro e São Dinis)

Vila Real

Matosinhos

União das Freguesia de São Mamede de Infesta e

Senhora da Hora

96 20º 592

União das Freguesias de Matosinhos e Leça

da Palmeira