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4 NECESSIDADES DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES PRINCIPIANTES:

4.2 NECESSIDADES DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES

Na atualidade, um dos temas que tem ganhado relevo nas pesquisas acadêmicas em torno da formação docente diz respeito à análise, sob perspectiva

global e sistêmica, dos processos de mudança e inovação a partir de dimensões organizacionais, curriculares, didáticas e profissionais.

Assim, a urgência em se estabelecer as necessidades na formação de professores se faz necessária, revelando a preocupação e o desejo que muitos profissionais ainda possuem de atender às exigências sociais e caminharem para um processo educativo eficaz.

Analisar as necessidades, partindo de um contexto real de trabalho, se constitui em uma forte estratégia de formação para o professor, pois acredita-se que essa análise tem a capacidade de desenvolver uma atitude reflexiva, fazendo com que esse professor nunca se acomode com a situação em que se encontra e busque sempre os “porquês” de sua prática. O profissional deve, portanto, ser capaz de identificar suas necessidades.

Essa atitude também faz parte de uma formação continuada, pois refletindo em ação e sobre a ação, os professores se envolvem num processo investigativo, não só tentando compreender a si próprios, como professores, mas também procurando melhorar a sua prática pedagógica.

O conceito de necessidades de formação de professores para a mudança parece corresponder, em termos genéricos, à perspectiva analítica apresentada na tipologia de Stufflebeam (1985 apud LEITE, 1997, p.52): a necessidade é encarada como condição para um melhoramento do sistema educativo, no sentido da adequação deste às novas orientações da sociedade.

Dessa maneira, a análise de necessidades em Educação se configura em um recurso eficaz para a organização dos sistemas educativos e de currículos a implementar ou ajustar, apesar das dificuldades que apresentam, consequentes justamente da polissemia e ambiguidade do termo “necessidade”.

Quando falamos em necessidade, nos remetemos a algo que está faltando. Mas o que está faltando? Por que está faltando? Quem determina o que está faltando? A falta de alguma coisa está ligada aos valores de uma sociedade, e esses valores estão sempre sofrendo transformações, portanto, podemos dizer que as necessidades também são passíveis de mudanças e que estão intimamente ligadas ao tempo histórico, a contextos culturais, socioeconômicos e educativos. Se ontem eu precisei de um professor que soubesse datilografar na máquina de escrever, hoje preciso de um docente que saiba digitar em um computador e que ainda domine a Internet como ferramenta de busca de informações para ele e seus alunos.

Mas, além dos valores da sociedade, o professor carrega consigo suas teorias e crenças. A todo instante, no exercício da profissão, o professor é levado a processar informações, tomando decisões e as aplicando.

Se o professor não tem a habilidade ou a prática de analisar suas necessidades, ele não vai refletir se está agindo da maneira pedagogicamente correta ou da maneira como ele simplesmente acha correta. Consequentemente nunca pensará em procurar uma boa formação, seja ela inicial ou continuada, e o que pensa ser o melhor para o seu aluno pode, na verdade, estar dificultando sua aprendizagem.

E ainda, se os cursos de formação não sabem o que realmente os professores necessitam, eles não têm condições de oferecer uma formação significativa, por isso, mais uma vez se justifica a importância de identificar as necessidades de formação dos professores. Mas Lee (1990) por outro lado, mostra que as necessidades de desenvolvimento do professor podem não corresponder às necessidades de desenvolvimento da instituição, sendo necessário encontrar um equilíbrio entre elas.

O que fica claro com essa citação é que pode haver uma divergência entre o que se considera necessário. Por isso, analisá-las e questioná-las conjuntamente se constitui no caminho mais prudente para uma boa formação de professores, considerando sempre as opiniões distintas.

Tais necessidades podem ainda aparecer como fundamentais e/ou específicas. Elas vão depender da maneira como se manifestam, se são necessidades próprias ou de desejo coletivo; se surgem do quadro de vida social, político, cultural ou familiar; se são necessidades urgentes ou que podem ser desenvolvidas paulatinamente; ou ainda se são conscientes ou não.

Portanto, investigar as necessidades de formação de professores se constitui em uma estratégia produtora de novos objetivos, capaz de proporcionar informações úteis para a elaboração de conteúdos e para a organização das atividades de formação no campo pedagógico.

Realizar esse exercício de análise garante que os profissionais passem a agir com mais autonomia e certeza em sala de aula, afinal preencher as lacunas do que se julga duvidoso torna qualquer prática educativa mais eficaz, proporcionando ainda a satisfação deste profissional.

a análise de necessidades desempenha, portanto, uma função social que, em nome da eficácia e da racionalidade de processos, procura adequar a formação às necessidades socialmente detectadas. Torna-se um instrumento que permite pensar a formação em relação com sua utilidade social, e está a serviço de uma política de formação que se dota dos meios adequados para definir seus objetivos.

O mais aceitável é que o formador escute o aluno para poder perceber necessidades que às vezes passam despercebidas. Mas também não se pode deixar a responsabilidade de traçar objetivos da formação apenas ao aluno, ele ainda não consegue perceber uma necessidade que sequer saberia que deveria atender.

O formador deverá ouvir o formando e interpretar os dados resultantes. Assim, a relação de formador-formando não se constituirá em uma mera estratificação do poder, em que sempre quem julga saber mais, e tornar tudo o que diz verdade absoluta, é o formador.

Depois de reforçar que é a sociedade e seus valores que traçam indiretamente as suas necessidades e indiretamente as necessidades da Educação, quais as necessidades do professor atual, o que o mundo exige dele? Será que o aluno egresso conhece as necessidades que a educação impõe ao professor? Será que ele está preparado? Antes de responder aos questionamentos, precisamos identificar quem é esse professor principiante.

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