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A NEXO : A SOPA DE PEDRA , DE A NAÏS V AUGELADE P ROPOSTAS PARA A AULA DE L ÍNGUA E C ULTURAS

Além, do Outro Lado da Rua

A NEXO : A SOPA DE PEDRA , DE A NAÏS V AUGELADE P ROPOSTAS PARA A AULA DE L ÍNGUA E C ULTURAS

1 Objetivo geral

Abordagem da noção de preconceito, através da exploração de um imaginário comum.

2 Atividades

1 Criar expetativas de leitura.

Parar na segunda imagem, quando o lobo está à porta da galinha e esta está ainda indecisa, sem saber se deve abrir ou não. Pedir às crianças que imaginem o resto da história. Cientes da sua experiência de leitores e do seu conhecimento do lobo nas histórias, as crianças provavelmente vão evocar o perigo, e muitas delas estar à espera que o lobo coma a galinha.

2 Contar a história, sem revelar o fim, recomeçando desde o princípio e desta vez sem parar. 3 Ouvir as reações das crianças.

4 Comparar a personagem do lobo nas histórias já conhecidas (“Capuchinho Vermelho”, “O Lobo e os Sete Cabritinhos”) e na história de Anaïs Vaugelade. Perguntar às crianças: porque é que, em muitas histórias, o lobo é mau? Ajudá-las a encontrar algumas respostas.

5 Conhecer o lobo na realidade.

 Pesquisar informações na Internet. Cruzar informações, conhecer o animal, as suas caraterísticas, a sua vida (o lobo é um animal social que vive em grupo), a sua situação passada e atual na Europa. Reconhecer assim que a imagem do lobo nos contos tradicionais é, de facto, imaginária, e não corresponde à realidade.

 São feitas algumas sugestões de percursos a realizar na Internet, sendo possíveis muitos mais.

o http://fr.wikimini.org/wiki/Loup

[consultada em 24-11-2012]

Uma enciclopédia feita por crianças (8-15 anos) para crianças. A informação é transmitida de forma simples. No fim da página, somos convidados a cruzar informações consultando outras páginas web. Uma vez a pesquisa lançada, aparecem outras wikis, a wikipedia, a vikidia, enciclopédia júnior, mas também links para dicionários e enciclopédias tradicionais, como a enciclopédia Larousse ou a enciclopédia Universalis. À data de consulta, a página também continha algum material multimédia.

http://fr.vikidia.org/wiki/Loup-garou

o [consultada em 24-11-2012]

Em Vikidia, enciclopédia júnior, o artigo sobre o “loup-garou” informa que as representações da metamorfose, tão bem conhecidas do público juvenil através de filmes como Harry Potter ou Twilights, remontam à Antiguidade.

Há no artigo uma dimensão pedagógica. Remete para a forma como nós olhamos para o mundo, e a distância que existe entre a representação da realidade, que herdamos do grupo a que pertencemos (no caso da imagem do lobo, a civilização humana ocidental, da antiguidade à contemporaneidade), e a própria realidade.

o Traduzindo:

“Por exemplo, no caso do “loup-garou”, supomos que o lobo é cruel e sanguinário. Mas cruel é um sentimento humano e sanguinário não se justifica, porque o lobo é um carnívoro. Os lobos não são cruéis. Aos nossos olhos parecem cruéis, o que é muito diferente.”27

http://www.loup.developpement-durable.gouv.fr/

27 “Par exemple, dans le cas du loup-garou, on suppose que le loup est cruel et sanguinaire. Mais cruel est un sentiment humain et

sanguinaire ne se justifie que parce que le loup est un carnivore. Les loups ne sont pas cruels. Ils nous apparaissent cruels, ce qui est très différent."

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http://www.loup.developpement-durable.gouv.fr/IMG/bmp_carte_loup_europe-2.bmp

o Um sítio web do governo francês: um mapa que indica a reaparição do lobo na Europa, no final do século XX.

6 Marlagette

Pode concluir-se essa parte voltando aos álbuns para a infância. Sugere-se a leitura do álbum

Marlagette, que reabilita a imagem do lobo, explicando que um animal carnívoro tem que ter a alimentação que precisa. A história mostra igualmente que as boas intenções também têm a sua carga cultural: podemos enganar-nos ao dar ao outro.

Nesta história, o lobo, ferido e enfraquecido, recebe os cuidados e os bons tratos de uma menina, Marlagette. No entanto, a menina quer que ele se torne vegetariano, e serve-lhe chás e legumes. A

Colmont, M. (1978). Marlaguette, ilustração de Gerda Muller.Paris: Flammarion).

cabeça fica melhor, mas o estado geral do lobo deteriora-se muito. Finalmente, a menina acaba por perceber a tempo que o lobo tem que comer carne, e o final feliz da história passa a ser o lobo voltar a comer um coelho, ou uma perdiz.

7 Prolongamentos / Jogos criativos:

7.1 Na aula de Língua e Cultura Estrangeira proporcionar a aprendizagem linguística através de atividades de compreensão e expressão.

- Distribuir os papéis: uma criança/ um animal. Contar, pedindo aos animais para se manifestarem, quando aparecem na história: levantam-se e “gritam” como o animal que representam – em francês, ver a atividade 7.5.

- Ter vários alimentos (frutos e legumes verdadeiros, imagens, brinquedos) presentes em vários recantos da sala, entre os quais os legumes mencionados na história. Enquanto a história está a decorrer, pedir aos ajudantes que encontrem os alimentos mencionados no conto, e que os entreguem aos animais.

- Recomeçar as atividades várias vezes, ao longo do tempo, até as crianças conhecerem bem a história (ou até elas se cansarem dela): a uma certa altura, permitir que sejam as próprias crianças a experimentarem o papel de narrador.

7.2 Sketches / Receber em casa: Os animais juntam-se para um novo jantar. Os convidados chegam à casa...

- Se for em França, a refeição gastronómica é uma das possibilidades. Começa normalmente com aperitivo... No sítio da Unesco, está disponível o vídeo da candidatura da refeição gastronómica francesa a património imaterial da humanidade:

http://www.unesco.org/culture/ich/index.php?lg=fr&pg=00011&RL=00437

- O sítio da TV5 monde oferece vídeos que permitem descobrir usos e costumes na alimentação em algumas partes do mundo: http://www.tv5.org/TV5Site/enseigner-apprendre-francais/collection-14- Gastronomie_Saveurs_sans_frontiere.htm

7.3 “Carnet de voyage”: O lobo continua a sua viagem e manda postais de outros países da Europa ou do mundo: conta os países que atravessou, os animais que encontrou, as sopas que confecionou. 7.4 Lembranças: na história da Anaïs Vaugelade, o pato pediu ao lobo para contar algumas das suas terríveis histórias. As crianças interpretam o papel do lobo, em várias histórias. A representação pode ser verbal ou não.

7.5 Gritos: ouvir o uivo do lobo, reproduzi-lo, e assinalar qual é a “fala” de cada animal presente na história da Vaugelade. E em francês...? Uma ou duas ligações que podem ser úteis:

http://www.youtube.com/watch?v=_3YsBhcSa4I

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AGRADECIMENTOS

A autora agradece à Professora Teresa Coelho a sua paciência na releitura do texto em português.

R

EFERÊNCIAS

Bortolanza, A. M., Cotta, M. A. (2012). Cartografia dos contos tradicionais e populares: percorrendo caminhos do continente latino-americano. Comunicação oral. In Textos, imagens e contos sobre mobilidade. Simpósio sobre investigação e práticas em educação intercultural. Castelo Branco, 16 e 17 novembro.

Boujon, C (1989). La Brouille, Paris: Lӎcole des loisirs.

Boulay, L. (1991). D’un soleil à l’autre, contes, légendes, jeux créatifs. Paris: Armand Colin,

Chaves, R.-M, Favier, L., Pelissier, S. (2012). L’Interculturel en classe. Grenoble: Presses Universitaires de Grenoble. Colmont, M. (1978). Marlaguette, ilustração de Gerda Muller.Paris: Flammarion.

Muth, J.J. (2004). La soupe aux cailloux (Stone Soup).Tradução de Catherine e Pierre Bonhomme. Paris: Circonflexe (Obra original publicada 2003).

Hindenoch, M. (2007). La soupe au caillou. Paris: Mini Syros.

Porcher, L. (2004). Interculturel et Politiques linguistiques. In: L’Enseignement des Langues étrangères. Paris: Hachette Livre, pp. 115-121.

Vaugelade, A. (1996). L’Anniversaire de Monsieur Guillaume. Paris: L’école des loisirs. Vaugelade, A. (2000). Une soupe au caillou. Paris: L’école des loisirs.

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Cultura, Interculturalidade e Contos