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E NGANAR OU NÃO ENGANAR : EIS UMA DIFÍCIL QUESTÃO

O engano na pesquisa psicológica

E NGANAR OU NÃO ENGANAR : EIS UMA DIFÍCIL QUESTÃO

Os pesquisadores continuam a usar práticas enganosas na pesquisa psicológica (p.ex., Sie- ber, Ianuzzo e Rodriguez, 1995). O debate na comunidade científica com relação ao uso de engano também não arrefeçou (ver, por exem- plo, Bröder, 1998; Fisher e Fryberg, 1994; Ort- mann e Hertwig, 1997). Essa é uma questão complexa, e aqueles que tomam parte no de- bate às vezes discordam em relação à defini- ção de engano (ver Ortmann e Hertwig, 1998). Fisher e Fryberg (1994) sintetizaram o debate da seguinte maneira: “os argumentos éticos têm enfocado em se práticas de pesquisa en- ganosas se justificam com base em seu bene- fício potencial para a sociedade ou se violam princípios morais de beneficência e respeito pelos indivíduos e as obrigações fiduciárias de psicólogos com sujeitos de pesquisa” (p. 417). Isso é complicado; vamos tentar decompô-lo.

Um dos princípios morais da “beneficên- cia” se refere à ideia de que as atividades de pesquisa devem ser beneficentes (trazer bene- fícios) para os indivíduos e a sociedade. Se o engano prejudica indivíduos ou a sociedade, pode-se questionar a beneficência da pesqui- sa. O princípio moral do “respeito pelos indi- víduos” é que: as pessoas devem ser tratadas como pessoas, e não como “objetos” de estu- do, por exemplo. Esse princípio sugere que as pessoas têm o direito de fazer seus próprios juízos sobre os procedimentos e propósitos da pesquisa de que estão participando (Fisher e Fryberg, 1994). As “obrigações fiduciárias dos psicólogos” referem-se às responsabilidades de indivíduos aos quais se confiaram outras pessoas, mesmo que apenas temporariamente. No caso da pesquisa psicológica, considera-se que o pesquisador tem responsabilidade pelo bem-estar dos participantes durante o estudo e pelas consequências da sua participação.

Essas ideias e princípios talvez possam ser ilustradas com os argumentos de Baumrind (1985), que argumenta persuasivamente que “o uso de engano intencional na situação de pesquisa é eticamente incorreto, imprudente e injustificável cientificamente” (p. 165). Especifi- camente, ela afirma que os custos do uso de engano para os participantes, para a profissão e

para a sociedade são grandes demais para jus- tificar o seu uso continuado. Embora esses ar- gumentos sejam extensos e complexos, vamos tentar fazer um breve resumo. Primeiro, segun- do Baumrind, o engano tem um custo para os participantes, pois sabota a sua confiança em seu próprio juízo e em um “fiduciário” (alguém que guarda algo para outra pessoa com base na confiança). Quando os sujeitos da pesquisa descobrem que foram enganados, Baumrind acredita que isso possa levá-los a questionar o que aprenderam sobre si mesmos e levá-los a desconfiar de pessoas (p.ex., cientistas so- ciais) que antes acreditavam que lhes dariam informações e orientações válidas. Existe um custo para a sociedade porque os participan- tes (e a sociedade mais ampla) logo entendem que os psicólogos são “cheios de truques” e não se deve confiar em suas instruções sobre a participação em pesquisas. Se os participan- tes tendem a suspeitar que os psicólogos estão mentindo, pode-se questionar se o engano fun- cionará conforme pretendia o pesquisador, uma questão levantada anteriormente por Kelman (1972). Baumrind também argumenta que o uso de engano revela que os psicólogos estão dis- postos a mentir, o que aparentemente contradiz a sua suposta dedicação à busca da verdade. Finalmente, existe um prejuízo à sociedade, pois o engano sabota a confiança das pessoas em especialistas e as torna desconfiadas, de um modo geral, de qualquer situação inventada.

É claro, essas não representam as visões de todos os psicólogos (ver Christensen, 1988; Kimmel, 1998). Milgram (1977), por exemplo, sugere que práticas enganosas por parte de psicólogos na verdade são um tipo de “ilusão técnica” e devem ser permitidas nos interesses da investigação científica. Afinal, às vezes, criamos ilusões na vida real para fazer as pes- soas acreditarem em algo. Ao ouvir um progra- ma de rádio, as pessoas geralmente não se importam com o fato de que o trovão que ou- vem ou o som de um cavalo galopando é ape- nas uma ilusão técnica criada por um especia- lista em efeitos sonoros. Milgram argumenta que as ilusões técnicas devem ser permitidas no caso da pesquisa científica. Fazemos as

que não ficaram sabendo do engano. À me- dida que aumenta a frequência das pesquisas virtuais, é importante que os pesquisadores prestem particular atenção no uso do engano, não apenas por causa do potencial para au- mentar a desconfiança da sociedade em rela- ção aos pesquisadores, como também porque o engano tem o potencial de “envenenar” um sistema (i.e., a internet) que as pessoas usam para apoio social e para se conectarem com outras pessoas (Stikta e Sargis, 2005).

Kelman (1972) sugere que, antes de usar

engano, o pesquisador considere seriamente (1) a importância do estudo para o nosso conhecimen- to científico, (2) a disponibilidade de métodos al- ternativos sem engano, e (3) a “nocividade” do engano. Esta última consideração refere-se ao

grau de engano envolvido e à possibilidade de dano aos participantes. Na visão de Kel- man: “somente se um estudo for muito im- portante e não houver métodos alternativos disponíveis é que se pode justificar algo além da forma mais leve de engano” (p. 997).

Debriefing

• Os pesquisadores têm a obrigação ética de procurar maneiras de beneficiar os participantes, mesmo depois da con- clusão da pesquisa. Uma das melhores maneiras de cumprir esse objetivo é proporcionando uma sessão detalhada de debriefing aos participantes.

O debriefing beneficia os participantes e os pesquisadores.

• Os pesquisadores têm a obrigação ética de explicar o uso de engano aos partici- pantes assim que possível.

O debriefing informa os participantes so- bre a natureza da pesquisa e seu papel no estudo e o os instrui sobre o processo de pesquisa. O objetivo geral do debrie-

fing é fazer os indivíduos se sentirem

bem por sua participação.

O debriefing permite que os pesquisa- dores aprendam como os participantes enxergam os procedimentos, permite

crianças acreditarem

Quadro 3.2 (continuação)

no Papai Noel. Por que os cientistas não podem criar ilusões para aju- dá-los a entender o comportamento humano?

Assim como ilusões costumam ser cria- das em situações da vida real, segundo Mil- gram, pode haver uma suspensão de um prin- cípio moral geral. Se ficamos sabendo de um crime, somos eticamente obrigados a relatá-lo às autoridades. Por outro lado, um advogado que recebe informações de um cliente deve considerar essas informações privilegiadas, mesmo que revelem que o cliente é culpado. Os médicos fazem exames bastante pessoais de nossos corpos. Embora isso seja moral- mente permissível no consultório médico, o mesmo tipo de comportamento não seria acei- to fora do consultório. Milgram afirma que, no interesse da ciência, os psicólogos devem ter a permissão de, ocasionalmente, suspender o princípio moral da veracidade e honestidade.

Aqueles que defendem o engano citam estudos que mostram que os sujeitos geral-

mente não parecem reagir negativamente quando são enganados (p.ex., Christensen, 1988; Epley e Huff, 1998; Kimmel, 1996). Em- bora a “desconfiança” das pessoas em rela- ção à pesquisa psicológica possa aumentar, os efeitos gerais parecem ser pequenos (ver Kimmel, 1998). Entretanto, a questão, segun- do aqueles que defendem o uso continuado do engano, é resumida adequadamente por Kimmel (1998): “uma regra absoluta que pro- íba o uso de engano em qualquer pesquisa psicológica teria a egrégia consequência de impedir que os pesquisadores fizessem uma ampla variedade de estudos importantes” (p. 805). Ninguém na comunidade científica su- gere que as práticas enganosas devam ser tratadas superficialmente; todavia, para mui- tos cientistas, o uso do engano é menos noci- vo (para usar o termo de Kelman) do que não ter o conhecimento obtido com tais estudos.

Você acha que se deve usar engano na pesquisa psicológica?

insights sobre a natureza dos resultados

da pesquisa, e proporciona ideias para pesquisas futuras.

Ao longo dos anos, muitos pesquisa- dores caíram na armadilha de enxergar os sujeitos humanos em suas pesquisas como “objetos”, dos quais podem obter dados para cumprir suas metas de pesquisa. Os pesquisadores, às vezes, consideram que sua responsabilidade para com os participantes termina quando os últimos dados são coleta- dos. Com frequência, um aperto de mão ou um “muito obrigado” era tudo que marcava o final de uma sessão de pesquisa. Os parti- cipantes provavelmente saíam com dúvidas por resolver sobre a situação de pesquisa e apenas com uma noção muito vaga sobre o seu papel no estudo. Ao planejar e fazer pesquisa, é importante considerar como a experiência pode afetar os participantes da pesquisa depois que a pesquisa está con- cluída e procurar maneiras em que eles pos- sam se beneficiar com a participação. Essas preocupações partem diretamente de dois dos princípios morais identificados no códi- go de ética da APA, o da beneficência (agir pelo bem da pessoa) e respeitar os direitos e a dignidade das pessoas.

Anteriormente, discutimos que prote- ger a confidencialidade das respostas dos participantes beneficia tanto os participan- tes (protegendo-os de danos sociais) quanto o pesquisador (p.ex., aumentando a proba- bilidade de que os participantes respondam de forma honesta). De maneira semelhante, fazer um rápido debriefing com os partici- pantes ao final de uma sessão de pesquisa beneficia os participantes e o pesquisador (Blanck et al., 1992). Quando se usa engano na pesquisa, o debriefing é necessário para

explicar aos participantes a necessidade de enga- no, para abordar possíveis concepções errôneas que os participantes possam ter sobre sua parti- cipação, e para anular quaisquer efeitos nocivos resultantes do engano. O debriefing também tem os importantes objetivos de instruir os par- ticipantes sobre a pesquisa (sua fundamentação, método, resultados) e de deixá-los com senti-

mentos positivos sobre a sua participação. Os

pesquisadores devem proporcionar oportu- nidades para os participantes aprenderem mais sobre a sua contribuição específica para o projeto de pesquisa e se sentirem envolvidos em um nível mais pessoal no processo científico (ver Figura 3.7). Após o

debriefing, os participantes do experimento

de Kassin e Kiechel (1996) sobre confissões falsas relataram que consideraram o estudo significativo e acreditavam que a sua contri- buição para a pesquisa havia sido valiosa.

O debriefing proporciona uma oportu- nidade para os participantes aprenderem mais sobre seu desempenho específico no estudo e sobre a pesquisa em geral. Por exemplo, os participantes podem aprender que o seu desempenho individual em um estudo pode refletir as suas habilidades, mas também fatores situacionais, como o que o pesquisador pediu que fizessem e as condições do teste. Como o valor educacio- nal da participação em pesquisas psicoló- gicas é usado para justificar o uso de gran- des números de voluntários de classes de introdução à psicologia, os pesquisadores que testam estudantes universitários têm a importante obrigação de garantir que a par- ticipação em pesquisas seja uma experiência educativa. Os professores às vezes baseiam- -se na fundamentação educacional do de-

briefing e pedem para seus alunos refletirem

sobre o propósito do estudo, as técnicas usadas e a significância da pesquisa para a compreensão do comportamento. Uma ava- liação desse procedimento mostrou que es- tudantes que escreviam artigos e relatórios de pesquisa ficavam mais satisfeitos com a sua experiência de pesquisa e tinham mais benefícios educacionais em geral do que estudantes que não escreviam (Richardson, Pegalis e Britton, 1992).

O debriefing ajuda os pesquisadores a saber como os participantes enxergam os procedimentos do estudo. O pesquisador talvez queira descobrir se os participantes percebiam um determinado procedimen- to experimental da maneira que o pesqui- sador pretendia (Blanck et al., 1992). Por

exemplo, um estudo sobre como as pessoas respondem ao fracasso pode incluir tarefas que sejam impossíveis de cumprir. Porém, se os participantes não considerarem o seu desempenho um fracasso, não há como tes- tar a hipótese do pesquisador. O debriefing permite que o pesquisador descubra se os participantes consideravam seu desempe- nho um fracasso ou se eles reconheciam que o sucesso era impossível.

Ao tentar descobrir as percepções dos participantes do estudo, os pesquisadores não devem pressioná-los demais. Os partici- pantes da pesquisa geralmente querem aju- dar no processo científico. Os participantes podem saber que é possível que se omitam informações deles na pesquisa psicológica. Talvez até temam “arruinar” a pesquisa se revelarem que na verdade sabiam detalhes importantes sobre o estudo (p.ex., que as tarefas eram impossíveis). Para evitar esse problema possível, o debriefing deve ser informal e indireto. Isso costuma ser fei- to usando questões gerais em um formato

aberto (p.ex., “sobre o que você acha que é este estudo?” ou “o que você achou da sua experiência nesta pesquisa?”). O pesquisa- dor pode continuar com perguntas específi- cas sobre os procedimentos da pesquisa. No maior grau possível, essas perguntas espe- cíficas não devem dar dicas ao participante sobre as respostas esperadas (Orne, 1962).

O debriefing também beneficia os pes- quisadores, pois proporciona “dicas para pesquisas futuras e ajuda a identificar pro- blemas em seus protocolos atuais” (Blanck et al., 1992, p. 962). O debriefing, em outras palavras, pode fornecer pistas das razões para o desempenho dos participantes, que podem ajudar os pesquisadores a interpre- tar os resultados do estudo. Os pesquisa- dores também podem descobrir ideias para pesquisas futuras durante as sessões de de-

briefing. Finalmente, os participantes às ve-

zes detectam erros em materiais experimen- tais – por exemplo, informações ausentes ou instruções ambíguas – e podem relatar tais erros para o pesquisador durante a sessão. Figura 3.7 Uma sessão de debriefing informativa é crítica para garantir que os sujeitos da

Como já dissemos, o debriefing é bom para o

participante e para o pesquisador.

Como o pesquisador está ausente em um ambiente de pesquisa virtual, pode ser difícil fazer um processo de debriefing ade- quado. Esse aspecto da pesquisa pela inter- net aumenta a lista de dilemas éticos repre- sentados por esse tipo de pesquisa (Kraut et al., 2004). O fato de que os sujeitos vir- tuais podem se retirar facilmente do estu- do a qualquer momento é particularmente problemático nesse sentido. Uma sugestão é programar o experimento de maneira tal que uma página de debriefing seja apresen- tada automaticamente se um participante fechar a janela prematuramente (Nosek et al., 2002). Quando um estudo chega ao final, os pesquisadores podem enviar um relató- rio por e-mail aos participantes resumindo os resultados do estudo, para que possam entender melhor como os objetivos estavam relacionados com o resultado experimental. Depois de um estudo pela internet, o pes- quisador pode disponibilizar material de

debriefing em um website e inclusive atuali-

zar esses materiais à medida que chegam novos resultados (ver Kraut et al., 2004).

Pesquisas com animais

• Os animais são usados na pesquisa para se obter conhecimento que beneficie os humanos, por exemplo, para ajudar a curar doenças.

• Os pesquisadores têm a obrigação éti- ca de adquirir, cuidar, usar e dispor de animais em obediência a leis e normas federais, estaduais e municipais, e com padrões profissionais.

• O uso de animais na pesquisa envolve questões complexas e é tema de muito debate.

A cada ano, milhões de animais são testados em pesquisas laboratoriais visan- do responder uma ampla variedade de questões importantes. Novas drogas são testadas em animais antes de serem usadas com seres humanos. Substâncias introduzi-

das no ambiente são antes dadas a animais para testar os seus efeitos. Os animais são expostos a doenças, para que os pesquisa- dores possam observar sintomas e testar as diversas curas possíveis. Novos procedi- mentos cirúrgicos – especialmente aqueles que envolvam o cérebro – costumam ser testados antes em animais. Muitos animais também são estudados na pesquisa com- portamental, por exemplo, por etologistas e psicólogos experimentais. Por exemplo, os modelos animais da relação entre o estres- se e o diabetes ajudam os pesquisadores a entender os fatores psicossomáticos envol- vidos no diabetes (Surwit e Williams, 1996). Essas pesquisas geram muitas informações que contribuem para o bem-estar humano (Miller, 1985). No processo, porém, muitos animais são submetidos à dor, ao desconfor- to, ao estresse, à doença e à morte. Embora os roedores, particularmente ratos e camun- dongos, sejam o maior grupo de cobaias de laboratório, os pesquisadores usam uma ampla variedade de espécies em suas inves- tigações, incluindo macacos, peixes, cães e gatos. Com frequência, animais específicos são escolhidos porque servem como mode- los para as respostas humanas. Por exem- plo, os psicólogos interessados na audição às vezes usam chinchilas como sujeitos, pois seus processos auditivos são muito seme- lhantes aos dos humanos.

O uso de animais como sujeitos de la- boratório muitas vezes é considerado algo óbvio. De fato, a referência bíblica ao “domí- nio” dos humanos sobre todas as criaturas inferiores costuma ser invocada para justifi- car o uso de animais como sujeitos no labo- ratório (Johnson, 1990). Todavia, a pesquisa com sujeitos animais é justificada com ainda mais frequência pela necessidade de se ad- quirir conhecimento sem colocar os humanos

em perigo. A maioria das curas, drogas, va-

cinas ou terapias é desenvolvida por expe- rimentação com animais (Rosenfeld, 1981). Maestripieri e Carroll (1998) também apon- tam que a investigação do maltrato natural de bebês em macacos pode informar os cien- tistas sobre o abuso e negligência infantis.

Não obstante, muitas questões foram le- vantadas sobre o uso de sujeitos animais na pesquisa laboratorial (Novak, 1991; Shapiro, 1998; Ulrich, 1991). Essas questões incluem a mais básica, se devemos sequer usar animais em pesquisas científicas, bem como pesqui- sas importantes sobre o cuidado e a proteção de sujeitos animais (ver Figura 3.8). De for- ma clara, segundo o código de ética da APA,

o pesquisador que usa sujeitos animais em uma pesquisa tem a obrigação ética de adquirir, cui- dar, usar e dispor de animais em obediência a leis e normas federais, estaduais e municipais, e com padrões profissionais. Respondendo em parte a

preocupações expressadas por membros de grupos de defesa dos direitos dos animais durante a década de 1980, os pesquisadores devem satisfazer muitas exigências federais, estaduais e municipais do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (ver Natio- nal Research Council, 1996). Essas normas costumam ser bem recebidas por membros da comunidade científica, e muitos pesqui- sadores que trabalham com animais par- ticipam de grupos que buscam proteger os animais usados em laboratório. A APA de- senvolveu uma lista de diretrizes específicas a serem seguidas quando se usam animais como sujeitos na pesquisa psicológica. Essas diretrizes podem ser encontradas na página da internet mantida pelo Comitê sobre Pes-

quisa com Animais e Ética (CARE) da APA no endereço www.apa.org/science/leader- ship/care/index.aspx.

A pesquisa com animais é uma atividade altamente regulamentada, que tem o objetivo maior de proteger o bem-estar dos animais usados na pesquisa. Somente indivíduos qualificados para fazer pesquisa e manuse- ar as espécies específicas usadas devem ter permissão para trabalhar com os animais. Animais somente podem ser submetidos a dor ou desconforto quando não houver pro- cedimentos alternativos e quando os obje- tivos científicos, educacionais ou aplicados justificarem os procedimentos. Como discuti- mos antes, atualmente, existem Comitês Ins- titucionais para o Uso e Cuidado de Animais (IACUCs) nas instituições de pesquisa, que recebem verbas do Serviço de Saúde Pública dos Estados Unidos. Esses comitês determi- nam a adequação dos procedimentos para controlar a dor, executar eutanásia, abrigar os animais e treinar pessoal qualificado. Os IACUCs também determinam se os desenhos experimentais são suficientes para obter in- formações novas e relevantes e se o uso de um modelo animal é apropriado ou se po- dem ser usados modelos sem animais (p.ex., simulações no computador) (Holden, 1987).

Entretanto, como com qualquer ques- tão eticamente sensível, devemos fazer con-

Figura 3.8 As diretrizes éticas para o uso de animais na pesquisa dispõem sobre a ma- neira como os animais podem ser tratados antes, durante e depois de serem testados.

cessões com relação ao uso de animais na pesquisa. Por exemplo, até que se encon- trem alternativas à pesquisa com animais, a necessidade de fazer pesquisa usando ani- mais como sujeitos para combater doenças e o sofrimento de seres humanos deve ser ponderada com a necessidade de proteger o bem-estar dos animais na pesquisa laborato-