• Nenhum resultado encontrado

Norma de intervenções de enfermagem na avaliação e controlo da dor

No documento Relatório Sónia Isabel Correia Rodrigues (páginas 160-168)

2

Tipos principais de dor:

Tipo de dor Mecanismos de ação

Subtipos Características Exemplos causais Nociceptiv a Ativação de recetores nociceptivos Somática Constante e intermitente, em moinha . Bem localizada Metástases ósseas, musculares / infiltração dos tecidos moles Visceral Constante, dolorosa, que aperta. Muitas vezes precariamente localizada; pode ser referida Metástases intra- abdominais, metástases hepáticas, cancro no pâncreas. Cólicas Obstrução intestinal Neuropátic a Destruição/infiltraçã o/ compressão do nervo Disestésica/ desaferenciaç ão Ardor constante, hiperalgesia ou alodínias, ocasionalmente radiante Invasão do plexo braquial ou do nervo trigémeo Lancinante Dor lancinante episódica. Paroxismos

tipo choque

Invasão do plexo braquial ou do nervo trigémeo

Quadro 1 – Classificação tradicional da Dor Fonte: Pereira (2006)

Objetivos da avaliação da dor:

 Desenvolver estratégias de tratamento adequado, através de: o Identificação das causas da dor;

o Intensidade da dor;

o Impacto da dor na função, disposição e qualidade de vida; o Exame físico completo;

o Caracterização da dor quanto à localização e tipologia; o Identificação dos fatores de alívio e de agravamento.

Avaliação da Dor: O doente é o maior perito da sua própria dor, enquanto fenómeno complexo, multidimensional e experiência única.

Princípios básicos:

3

 Avaliar a história completa de cada Pessoa com dor (local, fatores de alívio ou exacerbação, qualidade, inicio exato, padrão temporal, sinais e sintomas associados, interferência com a atividade de vida diária, impacto no estado psicológico, resposta à terapêutica analgésica);

 Detetar a necessidade de apoio psicológico;

 Adequar os métodos diagnósticos e terapêuticos de acordo com o estado e vontade do cliente;

 Reavaliar sistematicamente a resposta ao internamento e à dor;

 Utilizar ferramentas estandardizadas.

4 - PROCEDIMENTOS

4.1 - Na avaliação da pessoa com dor devemos considerar:

 Experiencias anteriores de dor

 Avaliar a atitude relativamente à doença,

 Avaliar as expetativas,

 Avaliar a dor:

- Localização anatómica: Topologia: horizontalidade: direita/esquerda; verticalidade: inferior/superior; lateralidade: unilateral/bilateral; centralidade: central/periférica; todo7parte

- Características da dor (frequência, irradiação, duração e intensidade1)

1 Para avaliar a intensidade da dor existam várias escalas de avaliação da mesma presente

na Circular Normativa Nº 09/DGCG de 14/06/2003, pelo que se decidiu utilizar três das escalas existentes, (escala numérica, escala das faces, escala do observador), considerando a tipologia de doentes internados e a parametrização da CIPE. Desta forma pretende-se que o enfermeiro utilize sempre a mesma escala para o mesmo doente, devendo registar nas notas de enfermagem qual a escala utilizada pela primeira vez, para assim se perceber a evolução da dor da pessoa.

4

 Atividades de vida diárias alteradas,

 A história pregressa do consumo de analgésicos,

 Fatores que aliviam e que agravam a dor,

 Identificar os problemas físicos, psicológicos e sociais que o doente apresente.

Escala numérica

Fonte: Circular Normativa Nº 09/DGCG de 14/06/2003

Funciona como uma régua que se pode apresentar na vertical ou na horizontal ao doente. O doente deve fazer a correspondência entre a intensidade da sua dor e uma classificação numérica.

Escala de faces

O doente deve classificar a sua dor de acordo com a mímica representada. Fonte: Circular Normativa Nº 09/DGCG de 14/06/2003

5

Escala do Observador (Parametrizada na CIPE) Parece sem dor Parece confortável exceto ao fator desencadeante Parece desconfortável Parece sofredor consolável Parece sofredor inconsolável

Esta escala, destina-se a situações em que o doente tem alteração do estado de consciência, demência e alterações na expressão verbal. Esta deve ser utilizada pelos enfermeiros quando o doente não consegue.

Fonte: Circular Normativa Nº 09/DGCG de 14/06/2003

4.2 - Intervenções de Enfermagem:

Após efetuar uma correta e detalhada avaliação da dor do doente, deve-se proceder ao desenvolvimento de intervenções de enfermagem para controlo da dor identificada.

 No doente com dor não controlada

 No doente com dor irruptiva

 No doente com dor controlada

Nota: Em todas as situações é necessário:

 Explicar o procedimento;

 Estabelecer a confiança;

 Monitorizar sinais vitais;

 Implementar intervenções farmacológicas e não farmacológicas, de acordo com a situação do doente;

6

 Ensinar a gestão da dor e o regime de tratamento.

4.2.1 - Promover o alívio da dor no doente com dor não controlada

A - Intervenções não farmacológicas B - Intervenções farmacológicas

A - Intervenções não farmacológicas:

 Alternância de decúbitos,

 Atividades lúdicas,

 Estimulação cutânea – Massagem,

 Aplicação de frio e calor,

 Técnicas de relaxamento,

 Musicoterapia,

 Implementar intervenções do humor,

 Reavaliar a dor após tratamento e monitorizá-la.

B - Intervenções farmacológicas:

 Avaliar o regime analgésico em curso,

 Iniciar o tratamento logo que possível,

 Utilização/aplicação da escada analgésica da dor (em anexo I),

 Quando possível, preferir a via oral,

 Manter um horário regular para uma adequada cobertura analgésica,

 Identificar as necessidades específicas de cada doente,

 Utilizar doses extra de resgate para a dor irruptiva,

7

 Avaliar a resposta à medicação,

 Reavaliar a dor após tratamento e monitorizá-la.

4.2.2 - Na dor irruptiva:

 Administração de SOS prescrito,

 Avaliar o perfil da dor e otimizar estratégias para melhorar o desconforto,

 Pode recorrer-se à via sublingual.

4.2.3 - Na dor controlada

 Vigiar a dor,

 Vigiar efeitos secundários,

 Vigiar toxicidade,

 Vigiar absorção,

 Vigiar a adesão ao plano terapêutico.

5 - REGISTOS

O enfermeiro, quando faz a avaliação da dor, deve escolher a escala que melhor se adapta ao doente, registando a escala a utilizar, de entre as três escalas apresentadas no documento. Deve manter sempre o uso da mesma para o mesmo doente, de forma a permitir uma melhor avaliação e continuidade de cuidados. Quando, por algum motivo, a escala utilizada não se encontrar parametrizada na CIPE, o enfermeiro deve registar nas notas gerais o porquê da necessidade de recorrer a outra escala de avaliação da dor, registando a caracterização efetuada da dor, as estratégias utilizadas para o alívio e controlo da mesma e os resultados alcançados.

8

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Direção-Geral da Saúde. Circular Normativa Nº 9/DGCG de 14/06/2003. A Dor como 5º sinal vital. Registo sistemático da intensidade da Dor. (pp. 1-4).

International Association for the study of Pain, 1994.

Pereira, J. (2006). Gestão da Dor Oncológica. In A. Barbosa & I. Neto (Eds). Manual de Cuidados Paliativos (pp. 61-113). Lisboa: Faculdade de Medicina.

Twycross, R. (2003). Cuidados Paliativos (pp. 83-121). 2ª ed. Lisboa: Climepsi Editores.

ANEXO I – Escada analgésica da OMS

APÊNDICE XVI

No documento Relatório Sónia Isabel Correia Rodrigues (páginas 160-168)