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2.5 NORMATIVAS

2.5.2 Normas Nacionais

As Normas Regulamentadoras (NR) são diretrizes e procedimentos, divididos em 36 NRs, sendo classificadas de acordo com as características e atividades exercida em cada

trabalho, cada qual elaborada por profissionais especializados com o objetivo de promover a segurança e a saúde no trabalho. Tais normas passaram a ter cumprimento obrigatório em locais que possuam trabalhadores conduzidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) em 1978 quando aconteceu a aprovação das normativas, através da portaria nº3.214 regulamentadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego.

Dentre as NR aprovadas, estava a primeira versão da Norma Regulamentadora nº10 – Instalações e Serviços de Eletricidade, que veio a passar por uma alteração em 2004, passando a ser intitulada de Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade. De acordo com Resende (2016), a necessidade da atualização da NR-10 surgiu na década de 90, especialmente em 1998, quando se iniciou o processo de privatização do setor elétrico. O processo atingiu 80% da distribuição e 20% de geração, o que incorreu em significativas mudanças no processo e organização do trabalho no setor de energia elétrica.

A norma só entrou em vigor a partir de 2006, 24 meses após sua publicação, devido aos prazos concedidos para o cumprimento dos itens da nova NR-10. Ela está em vigor há 10 anos no país, no entanto ainda são inúmeros os casos de desconformidades encontrados nas empresas espalhadas pelo território, evidenciando que o tema da segurança ainda não é prioridade em muitos locais.

Quanto o assunto é arco elétrico, a norma se mostra deficitária. A norma não faz menções claras e específicas a respeito dos perigos relacionados nem mesmo apresenta avaliações de riscos, distância de segurança e nem mesmo a NR-6 (Equipamentos de Proteção Individual), apresenta especificações de EPI relacionados aos riscos associados ao arco elétrico. Apenas 3 itens podem ser relacionados a segurança envolvendo arco elétrico, são eles, alínea (c) do item 12.2.4, o item 12.2.9.2 e alínea (a) do item 10.3.9. Onde os dois primeiros discorrem sobre as especificações de EPI e adequação das vestimentas de trabalho quanto à inflamabilidade e o último discorre a respeito da proteção contra queimaduras.

No entanto, na falta de informações a respeito da segurança envolvendo arco elétrico, o Ministério Público, no uso de suas competências, estabeleceu as “normas técnicas de ensaios e os requisitos obrigatórios aplicáveis aos Equipamentos de Proteção Individual – EPI enquadrados no Anexo I da NR-6. Dessa forma, os normativos americanos e internacionais devem ser atendidos nos testes de EPI contra arco elétrico que são comercializados no Brasil.

Percebe-se, no Brasil, uma forte defasagem normativa quando o assunto é proteção contra os efeitos do arco elétrico. Apesar da NR-10 de 2004 refletirem o aprimoramento técnico e intensificarem as discussões no campo da segurança e saúde ocupacional envolvendo serviços em eletricidade, persiste no país um desconhecimento e falta de entendimento relativo a aplicabilidade e obrigatoriedade das normas nacionais e internacionais.

3 METODOLOGIA

O presente trabalho fez uso da abordagem quantitativa de pesquisa, o que significa traduzir em números opiniões e informações para classificá-las e analisá-las (MENEZES e SIILVA, 2005).

Para alcançar os objetivos do trabalho foi utilizado o método dedutivo que, segundo Menezes e Silva (2005), tem o objetivo de explicar o conteúdo das premissas, partindo da análise do geral para o particular a fim de se chegar a uma conclusão. As etapas da pesquisa estão apresentadas no Quadro 4.

1ª Etapa: O fenômeno do arco elétrico e a energia incidente

Nesta etapa procurou-se descrever o arco elétrico, investigando sua natureza física, como ele surge e sua principal consequência: a energia incidente. Buscou-se apresentar as características do arco elétrico e os riscos associados à energia incidente bem como formas de proteção contra ele, abordando as vestimentas antichamas e como determinar corretamente quais e quais tipos de vestimenta o trabalhador deve utilizar conforme cada caso. Para esta etapa, foram utilizados artigos, pesquisas e estudos de caso como referência.

2ª Etapa: Métodos de cálculo de energia incidente

Para a determinação das vestimentas antichamas e procedimentos seguros de trabalho, deve-se ter conhecimento dos níveis de energia incidente do sistema. Portanto foi apresentado os métodos de cálculos existentes, apresentando suas particularidades e limites de aplicações.

3ª Etapa: Coleta de dados do sistema

ETAPA

1 O fenômeno do arco elétrico e a energia incidente.

2 Métodos de cálculo de energia incidente.

3 Coleta de dados do sistema

4 Cálculos de curto-circuito

5 Cálculo de energia incidente

6 Análise dos resultados e propostas de melhorias Quadro 4. Etapas de realização do trabalho.

Nesta etapa realizou-se a coleta das informações do sistema elétrico do prédio do DCEeng da UNIJUI, averiguando forma de funcionamento, capacidade dos equipamentos instalados, coleta de documentos como diagrama unifilar da instalação e análise das informações nos locais em estudo. Os locais analisados foram a subestação e o Quadro Geral de Baixa Tensão (QGBT), levando em consideração a normativa IEEE-1584-2002.

4ª Etapa: Cálculos de curto-circuito

Através da utilização do software SKM Power Tools foi possível analisar os níveis de curto-circuito e curto-circuito limitado por arco nas barras da instalação. Essa é uma etapa importante, visto que o nível de curto-circuito influencia nos níveis de energia incidente.

5ª Etapa: Cálculo de energia incidente

Para determinação dos níveis de energia incidente desenvolveu-se uma rotina de cálculo em Matlab, uma vez que o software SKM Power Tools não era capaz de realizar os cálculos com as condições reais da instalação.

6ª Etapa: Análise dos resultados e propostas de melhorias

Após realizados todos os cálculos e simulações computacionais, apresenta-se os resultados dos cálculos obtidos e determina-se o tipo de vestimenta que se deve utilizar numa eventual intervenção nas instalações elétricas. Também são propostas melhorias que possam ser realizadas a fim de manter o sistema em perfeito funcionamento.

4 ESTUDO DE CASO

4.1 LEVANTAMENTO DE DADOS DO SISTEMA

A instalação elétrica em análise apresenta cargas que operam em um nível de tensão trifásico de 380 V e monofásico de 220 V. A subestação principal recebe energia da concessionária em 23,1 kV e rebaixa esse nível de tensão para 380 V, distribuindo para os demais quadros de distribuição da instalação. A Figura 14 apresenta o diagrama unifilar simplificado da instalação.

O sistema é atendido por um transformador trifásico de 75 kW, que é responsável por fornecer energia para o QGBT, que por sua vez, distribui para os circuitos da instalação composto por tomadas de força, iluminação e climatização. Cabe ressaltar que o conjunto gerador não está conectado à instalação. O diagrama unifilar completo é apresentado no Anexo I, enquanto que o diagrama unifilar da subestação pode ser visto no Anexo II.

Conforme o levantamento realizado, calcula-se a demanda da instalação conforme a Equação 11.

D= a + b + c + d + e + f (11) Figura 14. Diagrama unifilar simplificado da instalação.

onde:

D: demanda;

a: demanda de iluminação e tomadas;

b: demanda dos aparelhos para aquecimento (chuveiros, aquecedores, fornos, fogões, etc.); c: demanda dos aparelhos climatizadores de ar e/ou condicionadores de ar tipo janela;

d: demanda das unidades centrais de condicionadores de ar, em kVA, calculadas a partir das respectivas correntes máximas totais (valores a serem fornecidos pelos fabricantes), considerando o fator de demanda de 100%;

e: demanda dos motores elétricos e máquinas de solda a motor;

f: demanda das máquinas de solda a transformador, aparelhos de eletrogalvanização e de raio X;

Obs: todos os valores expressos em kVA.

O Regulamento de Instalações Consumidoras (RIC) do Departamento Municipal de Energia de Ijuí (DEMEI), apresenta os fatores de demanda iluminação e tomadas (Tabela 10) e para cargas de climatização (Tabela 11).

DESCRIÇÃO CARGA MÍNIMA

(W/m²) FATOR DE DEMANDA % Bancos 50 86 Clubes e semelhantes 20 86 Igrejas e semelhantes 15 86 Lojas e semelhantes 30 86 Restaurantes e semelhantes 20 86

Auditórios, salões para

exposições e semelhantes 15 86

Barbearias, salões de

beleza e semelhantes 30 86

Garagens, depósitos, áreas

de serviço e semelhantes 5 86

Oficinas 30 100 para os primeiros 20kW

35 para o que exceder de 20kW Postos de abastecimento 20 100 para os primeiros 40kW

35 para o que exceder de 20kW Fonte: RIC DEMEI (2017).

Tabela 10. Fatores de Demanda para Iluminação e Tomadas Carga mínima e fatores de demanda para iluminação e tomadas.

Conforme análise da instalação tem-se o seguinte valor de carga instalada:

 Iluminação: 21,48 kW

 Tomadas: 106,08 kW

 Climatizadores: 45,92 kVA

Para as cargas de iluminação e tomadas aplicou-se o fator de demanda definido para escolas e semelhantes e para a carga de climatização o fator correspondente para potência instalada de 26 a 50 kW. Os cálculos estão apresentados abaixo:

Iluminação e tomadas: Conforme Quadro 15. Total= 127,56 kW.

D12= 12 kVA x f (12)

D12= 12 kVA x 0,86

D12= 10,32 kVA

Dex= (CTotal – 12.000) x f (15)

Escolas e semelhantes 30 86 para os primeiros 12kW

50 para o que exceder de 12kW

Hospitais e semelhantes 20 40 para os primeiros 50kW

20 para o que exceder de 50kW

Hotéis e semelhantes 20

50 para os primeiros 20kW 40 para os seguintes 80kW 30 para o que exceder de 100kW

Residências 30 Potência P (kW) 0 < P  1 86 1 < P  2 80 2 < P  3 74 3 < P  4 66 4 < P  5 58 5 < P  6 52 6 < P  7 47 7 < P  8 43 8 < P  9 40 9 < P  10 37 10 < P  11 35 11 < P  12 33 12 < P  13 31 13 < P  14 30 14 < P  15 29 15 < P 28 POTÊNCIA INSTALADA EM APARELHOS (kVA) FATOR DE DEMANDA (%) 1 a 25 100 26 a 50 90 51 a 100 80 Acima de 100 70

Dex= (127.560 W – 12.000) x 0,5

Dex= 57,78 kVA

DI,T= D12 + Dex (16)

DI,T= 10,32 kVA + 57,78 kVA

DI,T= 68,10 kVA  Climatizadores: Conforme Quadro 14.

Total= 45,92 kVA.

Dclim= Cclim x f (17)

Dclim= 45.920 VA x 0,9

Dclim= 41,33 kVA  Demanda total calculada:

DTotal= DI,T. + DClim. (18)

DTotal= 68,10 kVA + 41,33 kVA

DTotal= 109,43 kVA

onde:

CI,T: carga total instalada para iluminação e tomadas.

D20: demanda para os primeiros 20 kVA.

Dex: demanda para a carga excedente.

Cclim: carga total instalada de climatização.

Dclim: demanda para climatização.

Dtotal: demanda total da instalação.

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