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Normatização e caracterização tecnológica das rochas no Brasil

4. As Rochas Ornamentais

4.5. Normatização e caracterização tecnológica das rochas no Brasil

As rochas ornamentais, ao serem aplicadas nos edifícios, tendem a sofrer interações com o meio, fato que ocorre com todo material utilizado na construção civil. Na lógica, devem atender certos requisitos para serem aplicadas e para saber se adequam, alguns ensaios normatizados são recomendados.

Segundo Navarro (2006), o ambiente em que a rocha será aplicada encontrará o conjunto de solicitações que a rocha será submetida, logo, atuando sobre as propriedades petrográficas intrínsecas, a durabilidade da rocha será definida pelo estado de equilíbrio alcançado pela interação entre as propriedades petrofísicas da rocha e as solicitações do ambiente.

Frascá (2004) sugere um quadro normativo que permita a orientação na escolha do material rochoso e que forneça parâmetros para a elaboração de projetos arquitetônicos. Os

Parâmetros petrográficos x físicos x mecânicos x químicos devem ser conhecidos e utilizados

Trabalhos pioneiros como de Frazão e Farjallat (1995, 1996) caracterizaram vários tipos de rochas brasileiras em suas propriedades tecnológicas, os quais tornaram-se referências de comparação em outros trabalhos publicados e, incentivaram a criar um quadro com os valores limítrofes das propriedades que a rocha deve ter para a sua aplicação.

Em 2010, a Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, através da Norma Brasileira – NBR referente ao uso de rochas ornamentais, a ABNT NBR 15844 (2010a), adotou-se um quadro de requisitos para granitos (Tabela 4.1) com base principalmente nos estudos de Frazão e Farjallat (1995, 1996) e Frazão, Dozzi e Queiroz (2013).

Tabela 4.1. Requisitos para granitos.

Propriedades Requisitos Norma

Densidade aparente (kg/m³), min. 2550 ABNT NBR 15845-2

Porosidade aparente (%), máx. 1,0 ABNT NBR 15845-2

Absorção d’água (%), máx. 0,4 ABNT NBR 15845-2

Módulo de ruptura (flexão por 3 pontos) (MPa), mín. 10 ABNT NBR 15845-6 Resistência à flexão por quatros pontos (MPa), mín. 8,0 ABNT NBR 15845-7 Resistência ao desgaste (mm/ 1000 m) máx. 1,0 ABNT NBR 12042 Resistência ao impacto de corpo duro (m), mín. 0,3 ABNT NBR 15845-8 Coeficiente de dilatação térmica linear [10-3 mm/(m x °C)], máx. 8,0 ABNT NBR 15845-3 Resistência à compressão uniaxial (MPa), mín. 100 ABNT NBR 15845-5 Fonte: ABNT NBR 15844 (2010, 2015).

Esses valores referem aos ensaios que os métodos estão descritos na ABNT NBR 15.845 (2010b), que voltou a ser desmembrada ao ser atualizada em 2015 e ABNT NBR 12.042 (2013). Ao todo encontramos cinco normas ligadas diretamente ao uso e aplicação das rochas ornamentais no Brasil:

- ABNT NBR 15844/2015 – Rochas para revestimento – Requisito para granitos;

- ABNT NBR 15012/2013 – Rochas para revestimentos de edificações – Terminologia; - ABNT NBR 12042/2012 – Materiais inorgânicos – Determinação do desgaste por abrasão – Método de ensaio;

- ABNT NBR 15845/2015 – Rochas para revestimento – Parte 1 ao 8;

- ABNT NBR 15846/2010 – Rochas para revestimento – Projeto, execução e inspeção de revestimento de fachadas de edificações com placas fixadas por insertos metálicos.

Ao analisar as NBR da ABNT, somente duas especificam quais ensaios devem ser realizados para o uso dessas rochas chamadas empiricamente de “granitos”, a ABNT NBR 15844 (2015) e ABNT NBR 1845 (2015).

A ABNT NBR 12.042 (2012) normatiza o ensaio de Determinação do desgaste por

abrasão, que determina a resistência que a rocha apresenta ao ser submetida ao desgaste

abrasivo, ocorrido naturalmente quando usada como pisos ou fachadas, devido ao atrito causado pela ação de grãos de areia e poeira transportados por vento ou pelo tráfego de pedestres, no caso dos pisos.

Essas normas apresentadas possuem os principais ensaios de caracterização tecnológica, que toda empresa deve possuir a respeito das rochas que comercializa para fornecer ao seu cliente, apresentando os parâmetros petrográficos x físicos x mecânicos das

rochas. Segundo Navarro (2006), o desenvolvimento na rocha de suas estruturas e texturas

durante os processos genéticos as deixam anisótropas quanto às suas propriedades físicas e mecânicas, logo, apresentam variações das propriedades em diferentes direções do volume rochoso. Fato esse que irá estabelecer novos ensaios tecnológicos durante o avanço da pedreira na fase da lavra, devendo sempre atualizar os dados de cada material rochoso.

Uma observação realizada nas normas brasileiras atuais é a falta de parâmetros aos aspectos intempéricos e de contaminação por radioatividade, essa observação realça a importância da tese que estudas esses aspectos.

As normas da American Society for Testing and Materials – ASTM, no caso a ASTM C629 (2010a) e ASTM C615 (2011), ao serem comparadas com as da ABNT, possuem um aumento de requisitos. Em relação à radioatividade, que possa ser encontrada nas rochas ou em materiais de construção ao pesquisar de um modo geral, a ASTM possui normas para o ambiente construído como a ASTM D6327 (2010b). No caso da ABNT, não se encontra nenhuma norma em relação a contaminação de qualquer tipo de radioatividade no ambiente construído.

Salienta-se que a oferta de tecnologia de processos existentes contribuiu para o aumento da demanda do uso da rocha como materiais em revestimentos, o que, em contrapartida, acaba por gerar riscos de aplicações errôneas, devido ao desconhecimento das interações entre as características petrográficas e propriedades tecnológicas requeridas com o ambiente de aplicação, onde os profissionais que especificam essas rochas em seu projeto, visam principalmente ou somente a característica estética do material.

Além disso, no mercado de Rochas Ornamentais, é comum ouvir os termos “granito” e “mármore” para classificar as rochas ao invés do nome petrográfico, utilizando principalmente um nome comercial geralmente associado com a cor, como “Verde

Esse fato, pode gerar problemas na indicação do uso da rocha, pois sua gênese é descartada, sendo comum no mercado a venda de rochas diferentes com o mesmo nome comercial por possuir padrões estéticos semelhantes.

Vício de mercado presente até então na ABNT NBR 15.844 (2010a, 2010b), com o termo granito no senso comercial usado para determinar toda rocha silicática magmática ou metamórfica, sendo eliminado em sua atualização (ABNT, 2015a).

No estudo do caso, a norma brasileira incentiva a generalização do termo no mercado comercial, um erro que contribui para a falta de conhecimento da gênese da rocha. A mesma associação, na ABNT NBR 15012 (2013), diferencia o termo Rocha Ornamental e Rocha

para Revestimento, mas a mesma rocha aplicada para revestimento também exerce uma

função estética.