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2.5. Estudos sobre a implementação do Novo Relatório do Auditor Independente e os

2.5.4. Nova Zelândia

Na Nova Zelândia, o estudo com o objetivo de fornecer uma análise da experiência no primeiro ano de adoção do novo relatório do auditor, focando especificamente no relato dos principais assuntos de auditoria (Key Audit Matters – KAMs), foi feito através da análise de 179 reportes (de 168 entidades diferentes, sendo que 11 destas fizeram adoção antecipada e, por isso, tiveram relatórios de dois anos diferentes analisados) e da realização de entrevistas e pesquisas com investidores, analistas, auditores, diretores e componentes da administração de algumas empresas.

A pesquisa foi realizada por duas entidades: a External Reporting Board (XRB), entidade independente responsável pelo desenvolvimento, emissão e adoção das normas de

contabilidade e asseguração12, e a Financial Markets Authority (FMA), agência do governo que

desempenha um papel crítico na regulação dos mercados de capitais e serviços financeiros no país e visa promover e facilitar o desenvolvimento de mercados financeiros justos, eficientes e transparentes13.

Dentre os principais pontos verificados e conclusões, destacam-se:

 os diretores entrevistados apresentaram respostas positivas quanto ao novo relatório, considerando que está promovendo transparência e tornando as discussões entre os auditores e o comitê de auditoria mais transparentes para o usuário, além de provocar discussões precoces e saudáveis sobre assuntos importantes e maior envolvimento do comitê de auditoria nesses tópicos;

 os preparadores das demonstrações financeiras mostraram-se satisfeitos com a maneira como seus auditores se envolveram no processo, fazendo-o de forma antecipada (e evitando atrasos ou impactos nos prazos de relatórios);

 foi mencionado que os auditores abraçaram a oportunidade de promover o valor e a relevância da auditoria e investiram uma grande quantidade de recursos e esforços no processo;

 houve variação na forma como os novos requisitos foram implementados e os auditores foram/são encorajados a promover inovação; como resultado, notou-se que alguns auditores excederam o que é exigido pelas normas do país, apresentando, por exemplo: o aspectos da materialidade utilizada nos trabalhos de auditoria (valor de referência utilizado no cálculo da materialidade e justificativa para tal escolha, valor de materialidade, percentual de materialidade e limite para relatar erros não corrigidos ao comitê de auditoria);

o os resultados dos procedimentos realizados (detalhes sobre os resultados de cada procedimento, individualmente, ou uma única declaração sobre o resultado geral por KAM); e

12 “The External Reporting Board (XRB) is the independent Crown Entity responsible for accounting and

assurance standards in New Zealand. The New Zealand Auditing and Assurance Standards Board (NZAuASB) has delegated authority from the XRB Board to develop or adopt, and issue auditing and assurance standards” (XRB & FMA, 2017, p. 2).

13 “The Financial Markets Authority (FMA) plays a critical role in regulating capital markets and financial

services in New Zealand. They are the New Zealand government agency responsible for enforcing securities, financial reporting and company law as they apply to financial services and securities markets. FMA also regulate securities exchanges, financial advisers and brokers, auditors, trustees and issuers − including issuers of KiwiSaver and superannuation schemes. Jointly, they oversee designated settlement systems in New Zealand, with the Reserve Bank of New Zealand (RBNZ). The FMA’s vision is to promote and facilitate the development of fair, efficient and transparent financial markets” (XRB & FMA, 2017, p. 2).

o informações sobre o escopo de auditoria (em geral, explicações genéricas do escopo, porém, em alguns casos, descrição clara, incluindo associação dos KAMs e da materialidade e como estes fatores influenciaram o escopo de auditoria);

 os usuários estão começando a se envolver com o novo relatório, mas é cedo, e apenas o tempo dirá se as mudanças atingem os objetivos pretendidos. Mais informações sobre os KAMs são necessárias para fornecer maior compreensão aos usuários e dissipar alguns equívocos e há uma necessidade contínua de aumentar a conscientização sobre o valor da auditoria entre as partes interessadas a quem ela procura servir;

 com relação ao formato de apresentação, a maioria dos relatórios usou tabelas, contendo a descrição do KAM, o motivo pelo qual foi foco da auditoria e a forma como foi endereçado. Ainda espera-se evolução na apresentação do novo relatório. As respostas das pesquisas realizadas no Reino Unido, por exemplo, apontam que os investidores elogiam os relatórios bem estruturados, que indicam informações importantes e fazem uso inovador de gráficos, diagramas e cores;

 como estatísticas gerais, mostrou-se:

o da amostra total de empresas, a grande maioria era auditada por empresas do chamado “Big 4” (o grupo das maiores empresas de auditoria, composto por Deloitte, Ernst & Young (EY), KPMG e PricewaterhouseCoopers (PwC), responsáveis, respectivamente, por 20, 22, 29 e 50 companhias da amostra); o o tamanho médio do relatório aumentou de 1 a 2 páginas (antigo relatório) para

3 a 5 páginas;

o a quantidade média de KAMs reportada foi de dois a três, observando-se um mínimo de zero e máximo de cinco assuntos reportados;

o 89 relatórios apresentaram informações sobre materialidade, 62 sobre os resultados dos procedimentos e 53 sobre o escopo de auditoria, com destaque para a PwC, responsável, respectivamente, por 48, 39 e 47 reportes sobre os temas citados anteriormente;

o os temas mais recorrentemente reportados foram (1) redução ao valor recuperável (impairment); (2) avaliação de ativos; e (3) reconhecimento de receitas, que estão de acordo com a experiência internacional e a estrutura do mercado na Nova Zelândia, que inclui eventos de combinação de negócios e desenvolvimentos específicos nas companhias;

 como dicas do primeiro ano para os auditores, citou-se:

o começar com o fim em mente: ser claro sobre o que se está tentando alcançar; o planejar o tempo: administrar as várias discussões internas e externas no plano

de auditoria e cronograma;

o envolver-se cedo: os preparadores e diretores concordam que uma abordagem “sem surpresas” é apreciada. A importância e o sucesso dos exercícios de simulação têm sido fundamentais para o êxito na implantação do novo relatório, ajudando a superar a ansiedade sobre os KAMs;

o ... mas não antecipar os KAMs: os KAMs finais só podem ser determinados após o término do trabalho de auditoria, portanto, deve-se evitar definir os KAMs cedo demais;

o identificar e descrever os KAMs claramente: é importante descrever cada KAM com clareza, o motivo pelo qual ele foi considerado um assunto foco de auditoria e como a auditoria tratou o tema;

o usar a linguagem apropriada: considerando os leitores, seu histórico e nível de especialização (e, de maneira geral, mais simples e fácil);

o continuar inovando: a melhoria constante é necessária para comunicar a relevância e o valor da auditoria.