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Novas dimensões: o povir dos direitos humanos

CAPÍTULO 2 DEFICIÊNCIA, AUSÊNCIA DO PREDICADO DA EFETIVIDADE

2.2 Germinações dos direitos fundamentais das pessoas com deficiência: uma

2.2.4 Novas dimensões: o povir dos direitos humanos

Recentemente, há questionamentos acerca da constatação da quarta e quinta dimensões de direitos humanos consoante aos três primeiros e corriqueiros já elencados. Porém, este assunto é carente de consonância entre os doutrinadores de Direito Constitucional, no que se refere ao acatamento aos direitos e preservação tutelados com exatidão por essas duas novas dimensões contemporâneas de direitos humanos.

O pensamento conservador de Norberto Bobbio (1992, p. 06) diz que a quarta dimensão tem origem nos avanços tecnológicos, adquiridos na engenharia genética, quando põe em perigo a própria essência humana, em decorrência do emprego do legado genético. Segundo o autor, “já se apresentam novas exigências que só poderiam chamar-se de direitos de quarta geração, referentes aos efeitos cada vez mais traumáticos da pesquisa biológica, que permitirá manipulações do patrimônio genético de cada indivíduo”.

A quarta dimensão aborda os direitos relativos à biossegurança, à biotecnologia e a bioengenharia e ponderando acerca da vida e morte, gerando uma disputa ético-prévia, por exemplo, o julgamento da ADI-3510/DF alegada pelo Procurador-Geral da República acerca da inconstitucionalidade do artigo 5°, da lei de Biossegurança (Lei n. 11.105/2005), que concedia o uso para fins de pesquisa e terapias com células-tronco embrionárias humanas, elaborada por fertilização in-vitro, não sendo postas no útero.

Durante a discussão foi evidenciado uma sóbria violação do direito à vida, conforme o artigo 5°, caput e do direito da soberania da pessoa humana, conforme o art. 1°, III, ambos

da Constituição Federal do Brasil. Nessa perspectiva, em uma nova confirmação, o Supremo Tribunal Federal do Brasil, por seis votos a cinco, se pôs a favor da constitucionalidade. Assim, compreendeu improcedente o pleito, ratificando com a corrente majoritária, a qual foi dirigida pelo Ministro-Relator, Carlos Ayres Brito.

A solidificação desta dimensão é de caráter relevante e irreversível para que sejam confirmados os alicerces jurídicos dos progressos tecnológicos no âmbito da engenharia genética e suas bases constitucionais.

Paulo Bonavides (2006, p. 571), constata que a quarta dimensão defende o direito à democracia, o direito à informação e o direito ao pluralismo jurídico, para que a comunidade propensa ao futuro seja concretizada, aumentando a universalização.

Durante a quarta dimensão dos direitos fundamentais, houve debates, o qual participou no 9° Congresso Ibero-Americano e no 7° Simpósio Nacional de Direito Constitucional (Curitiba/PR, 2006), além do 2° Congresso Latino-Americano de Estudos Constitucionais (Fortaleza/CE, 2008), o jurista e constitucionalista Paulo Bonavides em que fez referências concludentes ao aspecto dos direitos fundamentais, pondo-os em ambiente do direito à paz, por mais que sua doutrina situasse a procura pela paz no campo dos direitos da terceira dimensão.

Bonavides, então, distingue-se de outros doutrinadores, embora certos façam menção aos direitos da quinta dimensão, oriundos da realidade virtual.

A maioria dos constitucionalistas ainda não faz alusão da quarta e quinta dimensão em suas obras, ocasionando debates, o que tende a concluir que tais assuntos carecem de tempo para aprimorar até que se tornem consensuais.

Nesse cenário, examina-se que as dimensões dos direitos humanos foram estendidas e alguns assuntos foram regulados como se podem verificar nos dispositivos de documentos internacionais, tais como na Convenção sobre o Estatuto dos Refugiados (1951); no Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (1966); no Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos (1966); na Convenção sobre a eliminação de todas as formas de Discriminação Racial (1969); na Convenção sobre a eliminação de todas as formas de Discriminação contra a Mulher (1979); na Convenção sobre os Direitos Políticos das Mulheres (1979); na Convenção sobre os Direitos das Crianças (1989); e, mais precisamente, no assunto que gira o texto dissertativo que é sobre a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (2006).

Este, posterior, buscou efetivar a objetividade dos direitos concernentes às pessoas com deficiências, plenas condições de igualdade e concretude do exercício aos direitos humanos e da independência necessários, além da concessão ao respeito por sua dignidade.

2.3 Direitos das pessoas com deficiência calcadas nas principais

características dos direitos humanos: ausência de efetividade dos direitos

humanos e/ou fundamentais dos deficientes, aspectos relevantes para a

introdução do amparo legal no ordenamento jurídico brasileiro

A proteção jurídica das pessoas com deficiência no contexto mundial resultou de um processo de lutas, marcado pela busca por melhores condições de vida dessas pessoas. Neste sentido elucida Lopes (2007, p. 42) que:

Com a positivação da dignidade humana como valor jurídico a ser protegido, ocorrida após o fim da Segunda Guerra Mundial o advento das Organizações das Nações Unidas (ONU) e a Declaração Universal dos Direitos do Homem, entre 1945 e 1948, a comunidade internacional passou a buscar respostas aos horrores produzidos pelas Grandes Guerras, criando e fortalecendo um sistema global de proteção aos direitos humanos.

Desde então, todas as pessoas passaram a ser reconhecidas como sujeitos titulares de direitos em primeiro lugar, independentemente de sexo, raça, origem, idade, classe social, religião ou quaisquer outras condições físicas, sensoriais ou intelectuais.

Destarte, nota-se que a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência foi positivada no direito internacional, sendo a primeira convenção internacional de direitos humanos do século XXI, que trata especificamente sobre os direitos das pessoas com deficiência, deliberando direitos e obrigações para todo o ser humano e seguidamente, ratificada pelo nosso ordenamento jurídico, especialmente, por se verificar a constante ocorrência da falta de efetividade ou até mesmo o desrespeito dos direitos humanos fundamentais relacionados às pessoas com deficiência no direito brasileiro.

Esclarece Lopes (2007, p. 53) acerca dessa especificação de proteção internacional dos direitos das pessoas com deficiência revelando que:

Foram positivados valores universais para todos os seres humanos, fundamentando bens, direitos e prestação a públicos beneficiários, dentro de um sistema internacional e um sistema especial de proteção aos direitos humanos, que coexistem e se complementam. Ter uma convenção específica para pessoas com deficiência, é

também reconhecer, pois, que este coletivo constitui uma minoria com contexto peculiar, o que requer proteção específica para o acesso ao pleno usufruto dos direitos, que não é provido pela descrição genérica dos direitos contidos nos demais tratados existentes.

Averigua-se que os dispositivos presentes na Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência pautam-se na Declaração Universal dos Direitos Humanos. A partir de tais considerações, observa-se, deste modo, que há uma relação harmoniosa dos direitos das pessoas com deficiência com as características dos direitos humanos. Assim sendo, os países membros que ratificarem esse documento internacional, ou seja, a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, como é o caso do Brasil, assumem o compromisso de realizar a promoção da equidade e o respeito às diferenças, buscando atuações precisas no sentido de garantir a plenitude do gozo de todos os direitos das pessoas com deficiência que, em suma, estes direitos desse seleto grupo possuem os mesmos predicados dos direitos humanos, sendo, portanto, direitos: Universais42, Históricos43, Indivisíveis44, possuem Relatividade45, bem como Complementaridade46, possuem Interdependependência47, são Imprescritíveis48, Inalienáveis49, Irrenunciáveis50, Invioláveis51,

42A característica da universalidade destina-se, de maneira indiscriminada, a todos os seres humanos. Assim,

esses direitos devem alcançar a todos, independentemente de orientação sexual, cor, raça, etnia, origem, procedência nacional, sexo, idade, crença religiosa, convicção política ou filosófica, nacionalidade ou quaisquer outras formas de discriminação.

43Os direitos das pessoas com deficiência são históricos como quaisquer direitos, pois nascem, modificam-se e se

atualizam no contexto social. Eles são construídos e passam pelas diversas revoluções, evoluindo e sempre se ampliando com o decorrer das eras e gerações até a chegada aos dias atuais.

44A indivisibilidade dos direitos das pessoas com deficiência está associada ao maior objetivo do sistema

internacional de direitos humanos, à promoção e garantia da dignidade da pessoa humana. Afirmando-se que tais direitos são indivisíveis, diz-se que não há o meio-termo, pois somente há vida digna se todos os direitos materializados em uma Constituição, por exemplo, estiverem sendo providos de efetividade, sejam civis e políticos, sejam sociais, econômicos e culturais.

45Ocorre a Relatividade ou Limitabilidade dos direitos das pessoas com deficiência, por serem desprovidos de

caráter absoluto (relatividade), sendo esses direitos envolvidos num caso concreto em que haja confronto ou conflito de interesses, deverão ser conjugados levando em consideração a regra da máxima observância dos direitos humanos fundamentais, envolvidos com a mínima restrição possível, pelo intérprete ou magistrado, certo de que a solução já não venha discriminada na própria Constituição, tal como o direito de propriedade versus desapropriação.

46Os direitos das pessoas com deficiência, assim como os direitos do homem não devem ser interpretados de

maneira isolada, mas sempre que possível, de forma conjunta para alcançar as finalidades do constituinte e atender os objetivos almejados.

47As previsões constitucionais, embora autônomas, possuem inúmeras intersecções para atingirem seus

objetivos. Logo, a liberdade de locomoção está fortemente ligada ao habeas corpus tal qual a liberdade de expressão artística está vinculada à vedação a censura prévia, e assim por diante.

48Com relação à imprescritibilidade somente os direitos de caráter patrimonial poderiam ser atingidos pelo

instituto jurídico da prescrição e não a exigibilidade dos direitos personalíssimos, ainda que não individualistas, como é o caso dos direitos do homem, especificamente das pessoas com deficiência, assim, esses direitos não

há também o predicado da Concorrência52, da Individualidade e/ou Coletividade53, Inerência54 e por último têm uma característica, também, muito importante que é o da Efetividade.

Em conformidade à essência da eficácia, o desempenho do país confirmou e inseriu os direitos das pessoas com deficiência em seu ordenamento jurídico, o qual certifica no tocante a promoção dos direitos humanos fundamentais das pessoas com deficiência, com mecanismos coercitivos que instrumentalizem o pleno exercício para os destinatários, pois a Carta Magna não faz somente a averiguação abstrata dos direitos humanos essenciais.

Assevera Luiza Cristina Fonseca Frischeisen (2000, p. 33) que o amparo legal e a efetividade desses direitos devem ser concretizados pelo Estado, já que: “de nada adianta ter direitos universalmente declarados, se os mesmos não são passiveis de exercício pela comunidade na qual o indivíduo vive, ou seja, se sua cidadania e características não são reconhecidas”.

Desse modo, não reconhecer a realidade dos direitos fundamentais inerentes aos seres humanos, seria como negar o princípio basilar do Estado Democrático de Direito que é a própria dignidade humana, nesse sentido assinala Sarlet (2011, p. 124) que:

desaparecem pelo decurso do tempo e o exercício de grande parte deles ocorre só no fato de existirem reconhecidos na ordem jurídica.

49Com relação à inalienabilidade, tanto a título gratuito quanto oneroso, tais direitos são intransferíveis e

inegociáveis, porque não possuem conteúdo econômico-patrimonial. Se a ordem constitucional os confere a todas as pessoas com deficiência, deles não se pode desfazer, porque são indisponíveis.

50Os direitos das pessoas com deficiência são irrenunciáveis, contudo alguns deles podem deixar de ser

exercidos, mas seria inadmissível sua renúncia, o que nos conduz a debates doutrinários polêmicos e importantes como a renúncia ao direito à vida e à eutanásia, o suicídio e o aborto.

51Trata-se da impossibilidade de não serem observados ou desrespeitados pela legislação infraconstitucional ou

por atos das autoridades públicas, sob pena de responsabilização penal, civil e administrativa. Faz-se importante registrar que a inviolabilidade não se confunde com a irrenunciabilidade, porque enquanto esta protege o direito contra o seu próprio titular, aquela consiste na violação de direitos por parte de terceiros.

52Segundo a característica da concorrência, os direitos das pessoas com deficiência podem ser exercidos

cumulativamente, quando, por exemplo, o professor, no exercício de seu poder de cátedra, transmite um conteúdo (direito de informação) e juntamente, emite uma opinião (direito de opinião).

53Examina-se que os direitos das pessoas com deficiência possuem a peculiaridade da individualidade e/ou

coletividade e vice-versa, uma vez que são individuais porque são portados pelo indivíduo, como o direito à alimentação e à moradia e doutra pertencem a toda coletividade, como o acesso à informação e a democracia participativa.

54O primeiro parágrafo do preâmbulo da Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) traz que “a

dignidade inerente a todos os membros da família humana e seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo”, e decorre do fundamento jusnaturalista de base racional adotado pelo direito internacional dos direitos humanos, estabelecendo a ideia de que os direitos humanos são inerentes a cada indivíduo, pelo simples fato de existir como ser humano, assim concebe-se também para as pessoas com deficiência.

A relação entre a dignidade da pessoa humana e as demais normas de direitos fundamentais não pode, portanto, ser corretamente qualificada como sendo, num sentido técnico-jurídico, de cunho subsidiário, mas sim caracterizada por uma substancial fundamentalidade que a dignidade assume em face dos demais direitos fundamentais.

No entanto, Sarlet (2011, p. 50) confirma que é extremamente difícil obter uma definição clara da dignidade humana, haja vista que hodiernamente é um trabalho árduo apresentar uma consideração que seja satisfatória para a acepção da dignidade humana. Dessa maneira, afirma que um dos relevantes problemas:

Reside no fato de que no caso da dignidade da pessoa, diversamente do que ocorre com as demais normas jusfundamentais, não se cuida de aspectos mais ou menos específicos da existência humana (integridade física, intimidade, vida, propriedade, etc.), mas, sim, de uma qualidade tida como inerente ou, como preferem outros, atribuída a todo e qualquer ser humano, de tal sorte que a dignidade [...] passou a ser habitualmente definida como constituindo o valor próprio que identifica o ser humano como tal, definição esta que, todavia, acaba por não contribuir muito para uma compreensão satisfatória do que efetivamente é o âmbito de proteção da dignidade, na sua condição jurídico-normativa (SARLET, 2011, p.50).

Nas lições de Silva (1998, p. 93), o princípio constitucional da dignidade humana é o “valor supremo da democracia”, e assim sendo serve para o embasamento da efetividade dos direitos humanos fundamentais. Deste modo, todos os seres humanos, indistintamente, necessitam viver com dignidade e dentro de um Estado Constitucional Democrático de Direito se verifica que é essencial a função de materializar esse relevante princípio dentro do seio social.

Na verdade, "tentam, por uma argumentação colectiva, elaborar modelos que permitam uma melhor qualidade de vida (un mieux vivre), respeitando simultaneamente as liberdades individuais e a dignidade humana" (Ricoeur e Changeux, 1998, p. 335).

Logo, investiga-se que a Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência fundou um marco histórico no sentido de garantir e promover os direitos humanos de todos os cidadãos, e em especial das pessoas com deficiência. De certo modo, verificaram-se o crescimento no sentido de um amplo avanço na conquista dos direitos atinentes as pessoas com deficiência que se tornou cada vez mais significativas na medida em que os países foram incorporando esses direitos no seu ordenamento interno, como é o caso do Brasil, pois ocorria o problema da ausência da efetividade dos direitos humanos fundamentais para esse grupo, e de certo modo sucedia uma constante dificuldade no processo de aperfeiçoamento e materialização do novo modelo social baseado na consideração da diversidade e ascensão das

pessoas com deficiência como parte da sociedade, respaldada na dignidade do ser humano que foi esculpida na Declaração dos direitos do Homem.

Desse modo, verificou-se a necessidade de tutelar constitucionalmente os direitos desse grupo seleto no direito brasileiro de forma expressa. Porém, ressalta-se que somente após a internacionalização dos direitos humanos e assim, também, da dignidade da pessoa humana começou-se a normatizar constitucionalmente esses direitos que passaram a ser considerados fundamentais.

A incorporação dessa convenção sobre os direitos humanos das pessoas com deficiência foi resultado, no início desse século, do consentimento de maneira geral, da comunidade internacional, tais como OGNs, governos e cidadãos, no imperativo de assegurar de forma efetiva o respeito à dignidade humana, notadamente para as pessoas com deficiência, fortificando a problemática da proibição de preconceitos voltada para esses cidadãos mediante normas, programas e políticas públicas que acolhessem, sobretudo, as suas distinções e gerassem sua participação no seio da coletividade.

A passagem histórica de evolução das dimensões dos direitos humanos demonstrou que apenas a existência e a aplicabilidade de diferentes tratados e convenções, que não eram específicos para as pessoas com deficiência, se mostrou ineficaz no sentido de assegurar direitos para esse grupo. Desse modo, pode-se dizer que de acordo com a constituição dos direitos civis, políticos ou econômicos, sociais e culturais enunciados nos diversos tratados internacionais, as pessoas com deficiência não tinham o alcance efetivo desses direitos em sua plenitude.

No caso dos direitos civis que trata do direito à vida, à liberdade, à proibição de tortura e tratos degradantes; por exemplo, pode-se notar que esses direitos em determinados países nem são considerados, haja vista que alguns deles legitimam o aborto e a eutanásia para impedir o nascimento de pessoa com deficiência. Nota-se que pessoas com deficiência mental e distúrbios psicossociais continuam em instituições sendo abusadas ou maltratadas e por muitas vezes encontram-se incapazes de denunciarem por restarem à base de forte medicação, afrontando assim o seu direito de liberdade, pois não têm condições acessíveis de garantir o seu direito de ir e vir sem barreiras arquitetônicas, ou até mesmo é inacessível os canais de comunicação para essas pessoas (LOPES, 2007, p. 54).

Cite-se que com relação aos direitos políticos, no qual o exercício desses direitos pelas pessoas com deficiência é ainda desrespeitado e assim não opera uma democracia plena para a vida destas pessoas, pois é violado o direito de acesso ao poder e ao pleno exercício da

cidadania ativa. Assim sendo, não se existe democracia se não ocorre a realização dos direitos fundamentais, e vice-versa. Explica Gilmar Mendes, Inocêncio Coelho e Paulo Branco (2000, p. 104), constituindo uma relação entre a eficácia dos direitos fundamentais e a democracia, asseverando que, hodiernamente, estes são “o parâmetro de aferição do grau de democracia de uma sociedade”. De outro norte, aduz que a democracia garante que “a sociedade democrática é condição imprescindível para a relevância dos direitos fundamentais. Direitos fundamentais eficazes e democracia são conceitos indissociáveis, não subsistindo aqueles fora do contexto desse regime político”.

Todavia, averigua-se que é predominante a invisibilidade na formulação de política que seja voltada para benefícios dessas pessoas. Frise-se que é também relevante que estas pessoas exerçam o direito de voto e sejam votadas, e participem com sua liberdade de expressão na política, no entanto verifica-se que ocorre o desrespeito desses direitos quando inexiste acessibilidade55 para essas pessoas, por exemplo, de se conduzirem aos locais de votação, ou quando são inacessíveis os transportes ou ainda quando há inacessibilidade na comunicação das campanhas eleitorais (LOPES, 2007, p. 54).

Atinente aos direitos econômicos, sociais e culturais, observa-se que estes direitos também são rotineiramente desrespeitados, assim o direito ao trabalho, saúde, educação, moradia, transporte etc. ainda continuam não sendo verdadeiramente efetivados na vida dessas pessoas, quando, observa-se que as crianças com deficiência não são matriculadas nas redes de ensino ou quando o são, geralmente, os pais matriculam nas escolas especiais, continuando assim o isolamento do convívio com outras crianças. Outras apresentam um grau atenuado de conhecimento acadêmico e com isso tem dificuldade de encontrar emprego ou até mesmo o mercado de trabalho a discriminam e não oferece condições de acessibilidade para receber essas pessoas

Nota-se que com relação ao direito à saúde muitos planos rejeitam sua admissão ou operam com valores altíssimos visando evitar o convênio destas pessoas. Verifica-se, ainda, com relação ao direito a moradia, que muitas construções de condomínios ou edifícios habitacionais não se adequam com a finalidade de estabelecer um ambiente favorável ao acesso dessas pessoas e assim confinam estas dentro do seu próprio imóvel. Observa-se,

55Flávia Piva Almeida Leite (2007, p. 173), explica que o direito de acessibilidade harmoniza-se com o direito de

locomoção, assim “todos podem transitar livremente nas ruas, praças e lugares públicos sem serem molestados pelo Poder Público”. De tal modo que, também, o direito de locomoção, é um direito da pessoa com deficiência “de ir, vir, ficar, permanecer, estacionar e ter acesso a todos os bens e serviços, incluído os espaços urbanos”.