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2. ANÁLISE DAS PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE O RCCTE E O REH

2.1. E NQUADRAMENTO L EGISLATIVO

Tal como já foi mencionado anteriormente, houve uma alteração estrutural da legislação. Em 2006 a legislação foi estrutura em três diplomas:

• O Decreto-Lei 78/2006 de 4 de Abril de 2006 (SCE) conjuntamente com as Portarias 461/2007 de 5 de junho, 835/2007 de 7 de agosto e com o Despacho 10250/2008 de 8 de abril definiram a implementação de um sistema de certificação energética de forma a informar o cidadão sobre a qualidade térmica dos edifícios, aquando da construção, da venda ou do arrendamento dos mesmos, exigindo também que o sistema de certificação abranja igualmente todos os grandes edifícios públicos e edifícios frequentemente visitados pelo público [6];

• O Decreto-Lei 79/2006 de 4 de Abril de 2006 (RSECE) veio substituir o Decreto- Lei 118/98, de 7 de maio, que por sua vez, veio substituir o Decreto-Lei 156/92, de 29 de julho, que não chegou a ser aplicado e que visava regulamentar a instalação de sistemas de climatização em edifícios; o RSECE veio introduzir algumas medidas de racionalização, fixando limites à potência máxima dos sistemas a instalar num edifício para, sobretudo, evitar o seu sobredimensionamento, conforme a prática do mercado mostrava ser comum, contribuindo assim para a sua eficiência energética, evitando investimentos desnecessários [8];

• O Decreto-Lei 80/2006 de 4 de abril de 2006 (RCCTE) aplica-se a cada uma das frações autónomas de todos os novos edifícios de habitação e de todos os novos edifícios de serviços sem sistemas de climatização centralizados, independentemente de serem ou não, nos termos de legislação específica, sujeitos a licenciamento ou autorização no território nacional, com exceção das situações previstas no n.º 9 do artigo 2º do texto regulamentar, de modo a que, sem dispêndio excessivo de energia, fossem satisfeitas as exigências relativas ao conforto térmico, à qualidade do ar no interior dos edifícios e às necessidades de águas quentes sanitárias [7].

A certificação energética de edifícios existentes ficou ao abrigo do Decreto-Lei 80/2006 (RCCTE) com a possibilidade de introdução das simplificações previstas na Nota Técnica NT- SCE-01.

Para além destes documentos a Agência para Energia (ADENE) elaborou um conjunto de Perguntas e Respostas, que vieram esclarecer sobre a forma como a legislação deveria ser aplicada na prática.

Em 2013 o Decreto-Lei 118/2013 de 20 de Agosto veio unir num só Decreto-Lei o Sistema de Certificação Energética dos Edifícios (SCE), o Regulamento de Desempenho Energético dos Edifícios de Habitação (REH) e o Regulamento de Desempenho Energético dos Edifícios de Comércio e Serviços (RECS).

Complementam a aplicação do Decreto-Lei 118/2013 de 20 de Agosto os seguintes diplomas: • Portaria 349-A/2013 de 29 de Novembro – determina as competências da entidade gestora do Sistema de Certificação Energética dos Edifícios (SCE), regulamenta as atividades dos técnicos do SCE, estabelece as categorias de edifícios, para efeitos de certificação energética, bem como os tipos de pré- certificados e certificados SCE e responsabilidade pela sua emissão, fixa as taxas de registo no SCE e, finalmente, estabelece os critérios de verificação de qualidade dos processos de certificação do SCE, bem como os elementos que deverão constar do relatório e da anotação no registo individual do Perito Qualificado (PQ);

• Portaria 349-B/2013 de 2 de Dezembro – define a metodologia de determinação da classe energética para a tipologia de pré-certificados e certificados SCE, os requisitos de comportamento técnico e de eficiência dos sistemas técnicos dos edifícios novos e edifícios sujeitos a grande intervenção;

• Portaria 349-C/2013 de 2 de Dezembro - estabelece os elementos que deverão constar dos procedimentos de licenciamento ou de comunicação prévia de operações urbanísticas de edificação, bem como de autorização de utilização. Regulamenta as atividades dos técnicos do SCE;

• Portaria 349-D/2013 de 2 de Dezembro – estabelece os requisitos de conceção relativos à qualidade térmica da envolvente e à eficiência dos sistemas técnicos dos edifícios novos, dos edifícios sujeitos a grande intervenção e dos edifícios existentes;

• Portaria 353-A/2013 de 4 de Dezembro – determinar os valores mínimos de caudal de ar novo por espaço, bem como os limiares de proteção e as condições de referência para os poluentes do ar interior dos edifícios de comércio e serviços novos, sujeitos a grande intervenção e existentes e a respetiva metodologia de avaliação

• Despacho 15793-C/2013 de 3 de Dezembro – define os modelos associados aos diferentes tipos de pré-certificado e certificado do SCE a emitir para os edifícios novos, sujeitos a grande intervenção e existentes;

• Despacho 15793-D/2013 de 3 de Dezembro – estabelece fatores de conversão entre energia útil e energia primária a utilizar na determinação das necessidades nominais anuais de energia primária;

• Despacho 15793-E/2013 de 3 de Dezembro – estabelece as regras de simplificação a utilizar nos edifícios sujeitos a grandes intervenções, bem como existentes;

• Despacho 15793-F/2013 de 3 de Dezembro – procede à publicação dos parâmetros para o zonamento climático e respetivos dados;

• Despacho 15793-G/2013 de 3 de Dezembro – procede à publicação dos elementos mínimos a incluir no procedimento de ensaio e receção das instalações e dos elementos mínimos a incluir no plano de manutenção (PM) e respetiva terminologia;

• Despacho 15793-H/2013 de 3 de Dezembro – estabelece as regras de quantificação e contabilização do contributo de sistemas para aproveitamento de fontes de energia renováveis, de acordo com o tipo de sistema;

• Despacho 15793-I/2013 de 3 de Dezembro – estabelece as metodologias de cálculo para determinar as necessidades nominais anuais de energia útil para aquecimento e arrefecimento ambiente (Nic e Nvc), as necessidades nominais de

energia útil para a produção de águas quentes sanitárias (Nac) e as necessidades

nominais anuais globais de energia primária (Ntc);

• Despacho 15793-J/2013 de 3 de Dezembro – procede à publicação das regras de determinação da classe energética;

• Despacho 15793-K/2013 de 3 de Dezembro – explica a forma de determinação de parâmetros térmicos;

• Despacho 15793-L/2013 de 3 de Dezembro – define a metodologia de apuramento da viabilidade económica da utilização ou adoção de determinada medida de eficiência energética, prevista no âmbito de um plano de racionalização energética;

• Lei 58/2013 de 20 de Agosto - aprova os requisitos de acesso e de exercício da atividade de perito qualificado para a certificação energética e de técnico de instalação e manutenção de edifícios e sistemas.

A figura 2.1 apresenta a organização de todos os documentos acima mencionados de acordo com a sua aplicação.

Tal como é referido no preâmbulo do Decreto-Lei 118/2013 as principais preocupações da legislação são:

• a definição de requisitos e a avaliação de desempenho energético dos edifícios de habitação passou a basear-se no comportamento térmico e na eficiência dos sistemas, concretizados em requisitos específicos para edifícios novos, edifícios sujeitos a grande intervenção e edifícios existentes;

• a definição de um mapa evolutivo de requisitos com um horizonte temporal no limite até 2020 permitiu criar condições de previsibilidade, ao mesmo tempo que se apontou no sentido de renovação do parque imobiliário por via da promoção de edifícios cada vez mais eficientes;

• a atualização dos requisitos de qualidade térmica e a introdução de requisitos de eficiência energética para os principais tipos de sistemas técnicos dos edifícios. Ficaram igualmente definidos padrões mínimos de eficiência energética dos sistemas de climatização, dos sistemas de preparação de água quente sanitária e dos sistemas de aproveitamento de energias renováveis e de gestão de energia; • a promoção da utilização de fontes de energia renovável, com clarificação e

reforço dos métodos para quantificação do respetivo contributo, e com natural destaque para o aproveitamento do recurso solar, abundantemente disponível no nosso país;

• no que respeita à política de qualidade do ar interior, deu-se uma maior relevância à manutenção dos valores mínimos de caudal de ar novo; neste âmbito, salienta- se que passa a privilegiar-se a ventilação natural em detrimento dos equipamentos de ventilação mecânica, numa ótica de otimização de recursos, de eficiência energética e de redução de custos.

Neste contexto, surgiu o conceito de edifício com necessidades quase nulas de energia, o qual passará a constituir o padrão para a nova construção a partir de 2020, ou de 2018, no caso de edifícios novos de entidades públicas, bem como uma referência para as grandes intervenções no edificado existente. Este padrão pretende conjugar a redução de consumo do edifício, na maior extensão possível e suportada numa lógica de custo-benefício, das necessidades energéticas do edifício, com o abastecimento energético através do recurso a energia de origem renovável.