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Segundo Gonçalves & Passos (2000), na maior parte dos solos florestais brasileiros as reservas de nutrientes na forma de minerais primários são pequenos, a capacidade de troca de cátions é baixa, o grau de agregação é muito elevado, a permeabilidade e o potencial de lixiviação de bases são considerados elevados. Pode-se dizer que os solos jovens, pouco intemperizados terão muitas cargas negativas e pela quantidade compensando a “má qualidade” da ligação com nutrientes catiônicos, e a pequena presença de cargas positivas, bastante para evitar lixiviação de fosfato, entre outros ânions. Porém, não tanto a ponto de o solo competir com a planta por este nutriente, como ocorre nos solos de Cerrado, de modo geral, por exemplo. Por outro lado, no outro extremo, os solos muito intemperizados, como a maior parte dos solos

brasileiros (como os do Cerrado, por exemplo), não favorecem as plantas quanto à baixa retenção de Ca2+, Mg2+e K+ e, sendo extremamente ávidos por fósforo, entre outros nutrientes. O P não é

perdido por lixiviação, mas também não é disponibilizado à planta nos padrões de qualidade como encontrado nos citados solos “jovens” do Canadá, entre outros (Novais, 2006).

Embora os solos da Austrália, onde os eucaliptos ocorrem naturalmente, sejam de baixa fertilidade, não se deve entender que as espécies sejam menos exigentes em todas as circunstâncias. Ao contrário, tais espécies sobrevivem em solos de baixa fertilidade, mas são bastante sensíveis à fertilização, sendo bem possível que essa adaptação a solos de baixa fertilidade pode significar uma capacidade de sobrevivência (Bertola, 2004). No Brasil, a cultura do eucalipto vem sendo estabelecida em Latossolos distróficos ou álicos. Além da pouca intemperização são ricos em sesquióxidos de Fe e Al, possuem baixo teor de nutrientes e baixas reservas minerais, acidez elevada, altos teores de Mn e Al, baixa saturação por bases, elevada permeabilidade e baixa erodibilidade (Silveira et al., 2001).

Em 1975 duas empresas florestais em conjunto com o IPEF, selecionaram áreas para a produção de sementes de eucalipto geneticamente melhoradas. Aliado a este fato constataram que o gênero respondia de modo positivo às adubações (Mora & Garcia, 2000), de modo que, para a grande maioria das florestas adubadas de eucalipto no Brasil ocorreram aumentos substanciais na produtividade em resposta à fertilização mineral (Barros & Novais, 1990). A maioria dos ganhos foi obtida com a aplicação de fertilizantes fosfatados (Barros & Novais, 1995), sendo que atualmente outro ganho vem sendo obtido com adição de boro, cobre e zinco, por exemplo (Sgarbi et al., 1999).

A absorção dos nutrientes pelas plantas, particularmente os transportados por difusão, é afetada por uma série de fatores, dentre esses a umidade e a textura do solo, sendo que a baixa umidade e fertilidade promovem alterações fisiológicas significativas nas plantas (Silva et al., 2000). O tipo de material genético pode exercer influência na absorção, fazendo com que as exigências nutricionais do eucalipto variam entre espécies (Barros et al., 1990), e dentro de uma mesma espécie, entre procedências (Novais et al., 1990). A recomendação para adubação com nitrogênio, fósforo e potássio propostos por Gonçalves (1995) torna-se uma alternativa extremamente importante. Contempla, na camada de 0 a 20 cm, o teor de matéria orgânica do solo (para dose de nitrogênio), o teor de argila e de fósforo disponível (para dose de fósforo) e o

teor de argila e de potássio trocável (para dose de potássio); desta maneira sendo possível diminuir a dosagem de adubo à medida que aumentam esses teores.

A fertilização nitrogenada normalmente promove ganhos no desenvolvimento, controlando o ritmo de crescimento, tamanho e vigor (Neves et al., 1990). Trata-se do macronutriente mais abundante na planta e é também o mais exigido em relação aos demais. A função mais importante do nitrogênio está relacionada à sua participação na constituição de moléculas das proteínas, participando da formação de compostos indispensáveis às plantas como purina, pirimidina, pafininas e coenzimas. As plantas superiores são capazes de absorver o nitrogênio de várias formas como N2 (no caso das leguminosas e outras espécies),

amoniacal (NH4+) ou nitrato (NO3-), além de pequenas quantidades serem obtidas de materiais

como aminoácidos solúveis em água, que após absorvido é transportado no xilema e redistribuído principalmente no floema, de modo relativamente rápido. Em plantas normais, quase todo nitrogênio se encontra em formas orgânicas representadas principalmente por aminoácidos e proteínas. Quando o nitrogênio é absorvido como NO3- precisa ser reduzido e convertido em

nitrito, pela ação da enzima redutase do nitrato (o nitrito é reduzido à amônia pela redutase do nitrito) e uma vez reduzido na forma de NH3, entra no metabolismo gerando principalmente

aminoácidos, que uma vez formados poderão sintetizar proteínas (Malavolta, 1980). Solos com baixo teor de matéria orgânica proporcionam menor teor foliar de nitrogênio e em conseqüência, maior resposta a adubação nitrogenada (Gonçalves, 1995; Silveira 2000).

As plantas absorvem fósforo, constituinte da adenosina trifosfato (principal trifosfato de nucleotídeos requerido para a síntese de amido) na forma de H2PO4- e

HPO4-2. A energia liberada pela hidrólise dos radicais fosfatos terminais das moléculas de ATP,

ADP e AMP é usada pela célula na fotossíntese, biossíntese de amido, gorduras e processo ativo de absorção iônica (Marschner, 1995), no entanto, segundo Novais et al. (1982), a exigência de fósforo diminui à medida que aumenta a idade dos povoamentos.

Apesar do potássio não fazer parte de nenhum composto orgânico, desta maneira não desempenhando função estrutural na planta, atua na ativação de aproximadamente 50 enzimas, como as sintetases, oxiredutases, desidrogenases, transferases, quinases e aldolases (Malavolta et al., 1997 apud Silveira 2000). Caracteriza-se pela alta mobilidade na planta, tanto dentro da célula como dos tecidos e no transporte à longa distância via xilema e floema (Marschner, 1995). O potássio atua fortemente no controle osmótico das células (Malavolta et al.,

1997), estando também envolvido nos mecanismos de defesa das plantas ao ataque de pragas e susceptibilidade às doenças, e na resistência ao déficit hídrico e às geadas (Silveira, 2000). Com relação ao déficit hídrico ainda não se pode afirmar que maiores teores de potássio no solo sejam responsáveis pela tolerância de algumas espécies de eucalipto à seca, caso do Eucalyptus camaldulensis, por exemplo, (Teixeira et al., 1995). A maioria das plantas necessita de quantias significativas de potássio, o que possibilita maior síntese de material para a formação da parede celular, manutenção das taxas fotossintéticas e de respiração, ativação da sintetase do amido, sintetase do fosfato sacarose e outras enzimas (Silveira, 2000), transporte de carboidratos e manutenção do pH nos tubos crivosos (Marschner, 1995).

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