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O eucalipto prefere solos profundos, bem drenados e sem camadas de impedimento (Mora & Garcia, 2000), sendo o preparo do solo um fator primordial para o bom desenvolvimento das mudas e conseqüente uniformidade e produção da floresta. Quanto mais arenosa for a textura e a permeabilidade do solo, maiores serão os riscos de erosão. Quanto maior a exposição da superfície do solo, maior será a desagregação superficial pelo impacto direto das chuvas e mais alta será a velocidade de escorrimento das enxurradas, sendo que neste caso, as práticas de revolvimento deverão ser de menor intensidade (Gonçalves et al., 2000). Em condições tropicais, a exposição do solo à luz e, por conseguinte, a elevação das temperaturas, causa perdas de matéria orgânica do solo (indicador da qualidade da sustentabilidade da produção agrícola, particularmente dos mais intemperizados); danos a microbiota, ciclos mais rápidos de umedecimento e secagem dos solos (que sob uma floresta tendem a se manter mais úmidos), que causam sua compactação (Novais, 2006).

A alta produtividade das florestas brasileiras, não só do eucalipto, deve-se às condições favoráveis do solo e do clima e ao alto nível tecnológico da silvicultura (Oliveira, 2006). O que possibilita implantar as florestas com revolvimento mínimo possível do solo, eliminando a queima de resíduos (usada no passado objetivando “incorporação de adubo”), diminuindo os riscos de erosão e permitindo redução dos custos de plantio em função da diminuição dos gastos com queimadas, grades e sulcos de plantio, trituração da galhada e subsolagem na entrelinha (Gava, 2002). A maioria dos solos do Brasil com culturas florestais, apresenta excelentes condições de estrutura e agregação, que facilitam o seu preparo, pois de modo geral, não apresentam impedimentos físicos naturais para o crescimento normal das raízes, sendo que o relevo varia de plano a suave-ondulado, de fácil mecanização (Gonçalves, J. L. et al., 2000).

Na década de 90, pela necessidade eminente de conservar o potencial produtivo do sítio, muitas empresas migraram para o cultivo mínimo. Conseguiram com isso, aumentar a quantidade de resíduos florestais sobre o solo, afetando várias características ambientais da flora, fauna e características do solo (estrutura, teor de matéria orgânica, aeração, concentração e distribuição de nutrientes), minimizaram o escoamento superficial das águas das chuvas, a erosão, a umidade, a temperatura da superfície do solo e os impactos a jusante, como o assoreamento dos cursos de água. Segundo Francelli (1985, apud Zen et al., 1995), na atividade agrícola, o Brasil é o país que apresenta a mais alta taxa de expansão de cultivo mínimo no

mundo. Ressaltam, no entanto, que existem sensíveis diferenças nas técnicas usadas na agricultura daquelas adotadas no meio florestal.

Na atividade florestal o cultivo mínimo (conhecido como uma prática conservacionista), é responsável pela melhora nas técnicas de manejo florestal, tornando-as mais eficientes e de menor impacto ambiental, uma vez que o solo é preparado apenas na faixa de cerca de 60 cm de largura por 40 cm de profundidade onde as mudas são plantadas (em linhas eqüidistantes de 3 metros), através de subsolagem (Gava, 2002). Esse sistema tem se revelado como o sistema de manejo com melhores resultados, mostrando maior capacidade de infiltração de água no solo, condutividade hidráulica do solo saturado e menor resistência do solo à penetração, quando comparado ao sistema de vegetação natural (Souza, 1995). Ainda com relação ao manejo de solos, Santana e Rezende (1995) reportam que a eliminação da queima e do preparo com grade bedding reduziu as perdas de solo de 57 para 34 t ha-1 ano-1 em um Latossolo Vermelho Escuro de textura arenosa, no ano de 1992. Esses autores consideraram como sendo outro fator importante para a redução de processos erosivos, a reordenação da malha viária, que objetiva considerar as estradas florestais como rede de drenagem e não apenas como via de acesso e divisoras de talhão. Para Zen et al. (1995), nas áreas com reflorestamento, a biomassa que recobre o solo após a colheita, aos 7 anos é da ordem de 34 a 44 t ha-1, composta pela serapilheira (20 a 30 t ha-1), a copa e o ponteiro das árvores com diâmetro menor que 5 cm (± 14 t ha-1). Este material, de alta relação carbono/nitrogênio possui período de permanência prolongado, servindo como protetor do solo, agindo diretamente na manutenção da umidade, atuando como barreira física das plantas invasoras e, alterando sensivelmente a microbiologia do solo.

É fato que o cultivo mínimo na área florestal possibilitou segundo Gonçalves et al. (2005), menos exposição do solo (menos de 30% permanece exposto), reduziu os consumos com insumos e energia (com fertilizantes, herbicidas, inseticidas e fungicidas), manteve ou aumentou a produtividade dos sítios aliado ao aumento dos rendimentos operacionais. Também, manteve ou melhorou as características físicas, a atividade biológica e a fertilidade do solo, tanto que em 2002, dos 2,15 milhões de ha de efetivo plantio no Brasil, 70% foram efetuados usando a técnica, sendo que nos 30% restantes ainda foram usados a queima (23% da área) e grades pesadas (7% da área).

Apesar das inúmeras vantagens do cultivo mínimo, há que se considerar que a heterogeneidade de crescimento inicial dos povoamentos é maior do que no sistema de preparo intensivo, pela menor disponibilidade de nutrientes para as mudas devido à decomposição gradual e mais lenta dos resíduos culturais, aliada à imobilização de nutrientes pelos organismos decompositores (Gonçalves et al., 2000). Também, que a proteção e manejo da floresta requerem mais cuidados, principalmente pela maior presença dos restos florestais pelo terreno. Os quais, segundo Novais (2006), são mineralizados em um período de tempo não superior a um mês; os galhos finos em um tempo maior, cerca de alguns meses, os galhos mais grossos numa escala de tempo de anos, as cascas deixadas no campo em um tempo maior ainda, e os troncos e raízes em um tempo superior ao ciclo da cultura. Tudo isso, em uma cinética variável com o diâmetro das raízes, tecidos constitutivos das raízes e tronco, o que tornam favoráveis as condições para proliferação de cupins e formigas (principalmente às do gênero Acromyrmex), além dos danos maiores com geadas e dos obstáculos à mecanização (Gonçalves, 1995).

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