3 MATERIAL E MÉTODOS
3.4 Métodos e Técnicas
3.4.1 Mensuração do Índice de Sustentabilidade Agrícola
3.4.1.3 O Índice de Gestão Ambiental
O Índice de Gestão Ambiental (IGA) tem por objetivo analisar a sustentabilidade ambiental de agricultores familiares beneficiários do PRONAF, no que diz respeito ao uso de práticas agrícolas de preparo do solo, de plantio, de pós-plantio, de uso de fertilizantes químicos, defensivos e dos serviços de assistência técnica e extensão rural.
Matematicamente, o IGA é definido como: 1
1
d k kIGA
C
D
(2) A participação de cada indicador na composição do IGA é dada por:1 1 max
1
m1
n ij k j i iE
C
M
n
E
(3) em que:IGA = Índice de Sustentabilidade Ambiental; Ck = contribuição do indicador “k” no IGA;
Eij = escore da i-ésima variável do indicador “k” obtido pelo j-ésimo agricultor familiar; Emaxi = escore máximo da i-ésima variável do indicador “k”;
i = 1, ..., n ( variáveis que compões o indicador “k”; j = 1, ... , m ( agricultores familiares);
k= 1, ... ,d ( indicadores que compõem o IGA).
Na construção dos Índices de Gestão Econômica (IGE) e de Gestão Social (IGS) é aplicada o mesmo modelo matemático.
3.4.2 Efeitos das Características Socioeconômicas dos Agricultores Familiares no Acesso ao PRONAF Sustentável
Esta seção visa identificar as principais variáveis que afetam a inclusão de agricultores no PRONAF Sustentável. Entretanto, a ocorrência desse evento envolve um desfecho que depende das características pessoais e socioeconômicas do agricultor familiar e corresponde a uma resposta de natureza qualitativa, binária (1,0).
Nesse caso essa resposta binária (Yi*), segundo Lima (1996) é função de um índice
latente (Ii), que varia de um valor mínimo a um valor máximo, passando um nível-limite (I*)
que determina uma mudança de qualidade na resposta de um indivíduo:
Y = 1,
quandoI
i>I*
(4)Y = 0,
quandoI
i≤ I*
(5)em que:
i = representa a i-ésima observação.
A variável Y assume o valor um (1) quando o agricultor familiar é beneficiário do PRONAF Sustentável e assume o valor zero (0), em caso contrário.
A resposta binária (Yi) é uma função da variável latente, ou seja:
Y
i= f(I
i)
(6)A variável latente é, portanto, função dos k atributos do indivíduo (X1, X2,.... Xk), podendo a função ser expressa como:
Y
i *= F (X
i’ẞ )
(7)em que:
para T observações (i=1,...,T);
Yi é um vetor (T x1) de observações da variável dependente;
Xi é um vetor (K x T) de variáveis independentes, ou seja, é a matriz das características socieconômicas dos agricultores familiares;
ẞ é um vetor (K x 1) de parâmetros a serem estimados.
A propensão do agricultor familiar ser incluído no PRONAF Sustentável pode ser avaliada, considerando as variáveis descritas, pelo seguinte modelo de regressão logit :
0 1 2 3 4 5 6 7
*
i
Y idad estc arec nhdf esco sale ano+
+8agud9conm10tipc11numc12igp2ui (8)
em que: *
i
Y é uma variável binária que expressa se o agricultor familiar é beneficiário do PRONAF
Sustentável = 1, ou se não é beneficiário do Programa = 0.
Os são os parâmetros da regressão associados às variáveis representativas das s
características dos agricultores (Quadro 2), e uicorresponde ao termo do erro aleatório.
As variáveis representativas dessas características dos agricultores familiares encontram-se descritas no Quadro 2.
Quadro 2 - Variáveis explicativas aplicadas ao modelo Logit para beneficiários e não beneficiários do PRONAF Sustentável, na microrregião do Vale do Médio Curu no estado do Ceará.
Discriminação Abreviatura Classificação Variáveis e sua Operacionalização
Idade idad escalar Anos
Estado Civil estci ordinal 1 = Solteiro; 2 = Casado; 3 = Viúvo ou
Divorciado; 4 = União Estável
Área Colhida (ha) arec escalar hectares
Número Homens-Dia Familiar nhdf escalar unidade
Escolaridade esco escalar 0 = Sem instrução; 1 = Fundamental;
2 = Médio; 3 = Superior
Sabe ler e escrever sale binária 0 = Não; 1 = Sim
Tempo de trabalho na
propriedade anop ordinal 1 = menos de 5 anos; 2 = de 5 a 10 anos; 3 = de 11 a 15 anos; 4 = mais de 15 anos A água disponível na propriedade
é: agud ordinal
1 = É suficiente só para uso doméstico 2 = É suficiente para todo uso
Condições de moradia conm binária 0 = Alugada ou Cedida; 1 = Própria Tipo de Construção da moradia tipc binária 0 = Taipa; 1 = Alvenaria
Número de cômodos da
residência numc escalar unidade
Índice de propensâo à gestão
propriedade (igp2) igp2 binária
0 , se igp2 0,5; 1 , se 0 igp2 1,0 Fonte: Elaboração própria
O modelo Logit é dado por:
( ', )
( ' )
1
'1
i i i XF X
L X
e
(9)A variação da variável explicada (probabilidade) dada por uma variação na variável independente no modelo Logit é chamada de Efeito Marginal e corresponde à inclinação da curva de distribuição de probabilidade dos citados modelos. Assim, os efeitos marginais (Oliveira, 2003) são calculados por derivadas parciais:
' ' 2 ( ' ) . (1 ) i i X i X k ik e L X x e
(10)A Razão de Máxima Verossimilhança ou Estatística LR é calculada, para verificar se a contribuição das variáveis independentes é significativa. Esse teste assemelha-se ao teste “F” de Snedecor aplicado aos modelos estimados com métodos dos Mínimos Quadrados
Ordinários, ou seja, a hipótese de nulidade é que as variáveis independentes em conjunto sejam iguais a zero e a hipótese alternativa é o inverso desta.
A estatística LR (Greene, 1997) pode ser calculada, conforme equação (11), apresentando distribuição qui-quadrada (2) com k graus de liberdade, sendo k o número de variáveis independentes.
LR 2(lnL
Rln )L
(11) em que:LR e L são os valores das funções de máxima verossimilhança estimadas com restrição (vetor de coeficientes restrito a zero, ou seja, ẞ = 0) e sem restrição (vetor de coeficientes irrestrito, isto é ẞ ≠ 0).
Dessa forma, o coeficiente de determinação R2 não se apresenta como única medida de ajuste confiável para modelos de resposta binária. Formas opcionais são sugeridas (Madalla, 1992; Cameron e Trivedi, 2005) para mensurar o grau de ajuste. O coeficiente de McFadden R2, é uma dessas opções, e é dado por:
2
1
log
log
RL
McFaddenR
L
(12)A heterocedasticidade comum em estudos com dados microeconômicos pode ser testada (Cameron e Trivedi, 2005) pela estatística do Multiplicador de Lagrange. O teste pode ser aplicado mediante a seguinte expressão:
Var e( )
ig(
z)
2 (13) em que:Var(ei) = variância do termo de perturbação estocástica; g = é a função exponencial;
z = vetor de variáveis independentes que representa a fonte de heterocedasticidade; γ = vetor de coeficientes.
Para detectar a heterocedasticidade deve-se testar a significância de γ pelo teste de verossimilhança. A hipótese de nulidade é que γ = 0 e, assim, a variância é homocedástica. Na
hipótese alternativa γ ≠ 0, ou seja, a variância é heterocedástica. No caso particular: ei N (0,1), se aceita H0.