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O (A) Defensor (a) Público (a) e a Associação Nacional dos Defensores

CAPÍTULO III O ACESSO À JUSTIÇA E A ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA NA

3.3 O (A) Defensor (a) Público (a) e a Associação Nacional dos Defensores

3.3.1 Noções gerais sobre o (a) Defensor (a) Público (a)

O (A) Defensor (a) Público (a) é pessoa necessariamente formada em Direito e que somente ingressa na referida carreira através de aprovação em concurso de provas e títulos. Em alguns Estados há a exigência de que o aprovado no concurso, também comprove o mínimo de 02 (dois) anos de experiência jurídica, semelhante ao exemplo da exigência em todo o País para o ingresso no Ministério Público e Magistratura, só que nestes casos a exigência é de 03 (três) anos de experiência jurídica, tanto na esfera estadual quanto na esfera federal.

Esses profissionais são responsáveis diretamente pelo atendimento e conseqüentemente a defesa dos interesses de seus assistidos atuando, dependendo da forma de distribuição de funções de cada Defensoria, no primeiro e no segundo graus de jurisdição. Ou seja, recorrendo até ao último grau, enquanto for necessário para a satisfação do cidadão, independentemente de quem ocupe o lado

oposto da relação processual, seja pessoa física ou jurídica, a Administração Pública ou Administração Privada, em todos os seus segmentos.

Entretanto, o (a) Defensor (a) Público (a) também tem a prerrogativa de não patrocinar as causas que entender que não possuem amparo legal, conforme o texto do art. 44, inciso XII, da Lei Complementar Federal, que dispõe o seguinte:

Art. 44, XII - deixar de patrocinar ação, quando ela for manifestamente incabível ou inconveniente aos interesses da parte sob seu patrocínio, comunicando o fato ao Defensor Público-Geral, com as razões de seu proceder;

Os Defensores Públicos com a promulgação da Lei Complementar Federal n. 80/94, em seu art. 40 tinham direito ao período de férias de 60 dias, mesmo período de férias concedido até hoje à Magistratura e ao Ministério Público. Também pelas regras dessa mesma lei, no art. 39, § 2º possuíam várias gratificações como ajuda de custo para despesas de transporte e mudança, salário-família, diárias, representação, gratificação pela prestação de serviço pessoal e gratificação pelo exercício em local de difícil acesso, assim definido pela lei de organização judiciária.

Entretanto, a Lei Complementar Federal n. 198, de 03 de dezembro de 1999 retirou todos esses direitos. Neste sentido, há a alegação de que o (a) Defensor (a) Público (a) tem que ganhar subsídios conforme a carreira da Magistratura e Ministério Público, não podendo perceber gratificações. No entanto, além de tirarem as referidas vantagens não houve até então a fixação de subsídios para todo País.

Por outro lado, os Defensores Públicos, também possuem deveres que estão dispostos nos artigos 18, 45 e 129 da Lei Complementar Federal n. 80/94, sendo que entre eles, há a obrigatoriedade de que esses profissionais residam na Comarca onde são titulares e exerçam as suas funções. A mesma exigência, não é aplicada e nem razoável ao profissional que está substituindo em decorrência de afastamento por qualquer motivo o titular.

Contudo, de modo geral, pode-se afirmar que a carreira de Defensor (a) Público (a) é bastante indefinida nos estados do Brasil, em relação a direitos e deveres, pois mesmo havendo uma lei nacional a ser aplicada, nem sempre são respeitados pelas Defensorias Públicas nos Estados. Tal fato, torna a carreira bastante desigual, sendo que a falta de estrutura e os baixos salários também causam grande desconforto levando muitos desses profissionais a optarem por

outras carreiras com maior valorização pessoal e principalmente econômica, o que certamente compromete a qualidade dos serviços prestados e conseqüentemente a cidadania, na esfera do acesso à justiça.

3.3.2 Noções gerais sobre a Associação Nacional dos Defensores Públicos – ANADEP

Os Defensores Públicos possuem uma associação nacional que defende o interesse da categoria em todo o País. Tal associação foi criada em 04 de julho de 1984, na cidade de Corumbá, no Estado de Mato Grosso do Sul e inicialmente foi denominada "Federação Nacional das Associações de Defensores Públicos - FENADEP", mas atualmente passou a ser denominada Associação Nacional de Defensores Públicos - ANADEP.

A ANADEP, a exemplo de outras, a partir da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, passou a ser ente legítimo para promover ação direta de inconstitucionalidade e mandado de segurança coletivo. 270

Por outro lado, vale assinalar que teve também aprovado seu estatuto somente em 09 de outubro de 2006, sob a presidência de Leopoldo Portela Júnior, Defensor Público do Estado de Minas Gerais. Consta entre as suas principais atribuições, em seu art. 2° o seguinte:

Art. 2º - São finalidades da Associação Nacional de Defensores Públicos – ANADEP:

I - representar e promover, por todos os meios, em âmbito nacional, a defesa das prerrogativas, dos direitos e interesses individuais e coletivos dos seus associados efetivos, em juízo ou fora dele, velando pela unidade institucional da Defensoria Pública, nos termos do art. 5º, inciso XXI, da Constituição Federal, após prévia aprovação e autorização assemblear; II - prestar apoio às Associações de Defensores Públicos dos Estados, da União, do Distrito Federal e dos Territórios;

A associação têm sido fundamental na busca e concretização de projetos de melhoria e fortalecimento das Defensorias Públicas em todo o País e igualmente às

270DPGE-RJ. Defensoria Pública Geral do Estado do Rio de Janeiro. Apresenta a História da

Defensoria Pública do Rio de Janeiro. Disponível em: < http://www.dpge.rj.gov.br/arq_htm/história.htm >. Acesso em: 23.06.2007.

que ainda necessitam de aprovação pelo Congresso Nacional, a exemplo, da Proposta de Emenda Constitucional n. 487/05. Também são várias as iniciativas em defesa das Defensorias Públicas Estaduais. Exemplo disso, é com o ingresso com ações junto ao Supremo Tribunal Federal quando encontrando vícios que ferem os direitos concedidos a estas Instituições.

Por outro lado, outra recente iniciativa desta Instituição foi a indicação de um Defensor Público para assumir o cargo de Conselheiro no Conselho Nacional de Justiça, pois nada mais viável do que um profissional desse porte que com experiência na Defensoria Pública, é por certo conhecedor das principais dificuldades e as mazelas do acesso à justiça, bem como toda a problemática existente para com o atendimento aos mais necessitados. Desta feita, certamente, a participação deste Defensor Público será de fundamental importância para as Defensorias Públicas do país, como também na concretização do acesso à justiça de forma igualitária para toda a sociedade brasileira.