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O Adoecimento dos Estudantes no Curso Superior

No documento rosanaoliveiradilly (páginas 54-57)

2 O ESPORTE NA ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL ENQUANTO POLÍTICA

2.1 ALGUMAS POSSIBILIDADES DO ESPORTE NA PROMOÇÃO DA

2.1.2 O Adoecimento dos Estudantes no Curso Superior

Em pesquisa realizada com uma amostra de 3.587 estudantes universitários de cursos de graduação em seis instituições de ensino superior para identificar vulnerabilidade e bem- estar psicológicos, Padovani et al. (2014) verificou que, em um grupo de 783 estudantes, 52,88% possuíam sintomas de estresse. Entre 709 estudantes, havia 13,54% com ansiedade. Além disso, dentre 1403 graduandos, 39,97% apresentavam sofrimento psicológico.

Para Padovani et al. (2014), o resultado da pesquisa evidencia a necessidade de desenvolver programas voltados para a prevenção e intervenção na área da saúde mental dos estudantes universitários. O sofrimento psicológico interfere no processo de aprendizagem do estudante e a universidade, através de um mapeamento desta vulnerabilidade entre os estudantes, deve identificar fatores que predispõem o estresse e realizar planejamento de ações de prevenção e tratamento.

Na IV Pesquisa Nacional de Perfil dos Discentes das Instituições Federais de Ensino Superior, realizada em 2014 pelo FONAPRACE (2016), foi questionado aos estudantes se dificuldades emocionais poderiam ter interferido em suas vidas acadêmicas nos últimos doze meses. Do total de estudantes, 79,8% afirmaram passar por dificuldades emocionais no período. Nesta pergunta, poderiam ser assinaladas mais de uma dificuldade, dentre as seguintes: ansiedade; tristeza persistente; timidez excessiva; medo/pânico; insônia ou alterações significativas de sono; sensação de desamparo/desespero/desesperança; sensação de desatenção/desorientação/confusão mental; problemas alimentares (grandes alterações de

peso ou apetite; anorexia; bulimia; desânimo/falta de vontade de fazer as coisas; sentimento de solidão; ideia de morte, e pensamento suicida).

A Tabela 12 apresenta as respostas dos estudantes em âmbito nacional, segundo os tipos de dificuldades emocionais que podem ter interferido na sua vida acadêmica nos últimos 12 meses. Percebe-se que a maior incidência está relacionada à ansiedade, totalizando 58,36%. Na sequência, aparecem o desânimo (44,72%), insônia ou alterações significativas de sono (32,57%), sensação de desamparo/desespero/desesperança (22,55%) e sentimento de solidão (21,29%). O número de estudantes com ideia de morte e pensamento suicida possui porcentagens baixas, mas deve-se considerar que o número total de estudantes que apontaram para este tipo de dificuldade foi, respectivamente, de 59.969 e 38.838 (FONAPRACE, 2016).

Tabela 12 - Graduandos segundo os tipos de dificuldades emocionais que podem ter interferido em sua vida acadêmica nos últimos 12 meses – 2014

Tipos de dificuldades emocionais Frequência %

Ansiedade 548.372 58,36

Tristeza persistente 181.142 19,28

Timidez excessiva 145.837 15,52

Medo/pânico 99.213 10,56

Insônia ou alterações significativas de sono 306.038 32,57 Sensação de desamparo/desespero/desesperança 211.869 22,55 Sensação de desatenção/desorientação/confusão mental 181.336 19,3

Problemas alimentares 118.022 12,56

Desânimo/falta de vontade de fazer as coisas 420.202 44,72

Sentimento de solidão 200.057 21,29

Ideia de morte 59.969 6,38

Pensamento suicida 38.838 4,13

Total 939.604 100

Fonte: Adaptado pela autora, a partir dos dados de FONAPRACE (2016).

Conforme Blair et al. (1998), as pesquisas indicam que a prática de atividade física previne as principais doenças crônicas não transmissíveis, aumenta a longevidade e diminui os níveis de ansiedade e depressão. Em todas as idades, deve-se realizar atividades físicas para: evitar a obesidade e manter a regulação do peso; promover o bom funcionamento dos processos fisiológicos; aumentar as defesas do organismo contra infecções; e realizar as atividades cotidianas sem desconforto ou fadiga desproporcionais.

A falta de atividade física influencia o fato de um elevado número de pessoas estarem atualmente abaixo do seu potencial de saúde. Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Federação Internacional de Medicina do Esporte (FIMS), metade da população mundial é insuficientemente ativa, exigindo ações governamentais para a promoção de

políticas sociais e de saúde pública, voltadas para o desenvolvimento de atividades físicas (BLAIR et al., 1998).

A OMS e a FIMS afirmam que a atividade física deve ser diária e fazer parte da rotina e da vida cotidiana, com a realização de caminhadas e o uso de escadas, por exemplo. Os adultos devem aumentar a sua atividade física gradualmente, para a realização de, no mínimo, 30 minutos diários de atividade moderada. Atividades como andar de bicicleta, jogos de campo ou quadra e natação permitem benefícios adicionais aos seus praticantes (BLAIR et al., 1998).

Os benefícios das atividades físicas devem ser amplamente divulgados pelos meios de comunicação, inclusive através de campanhas, e todos os níveis governamentais devem promover políticas públicas voltadas para a participação em atividades físicas (BLAIR et al., 1998).

Os governos são responsáveis por coordenar ações para a promoção de estilos de vida mais saudáveis e monitorar programas para a promoção de atividades desportivas. Professores e outros profissionais da saúde devem ser orientados para a promoção da atividade física de seus pacientes e estudantes. Devem ser proporcionadas instalações para a prática de exercícios, levando em conta o atendimento a grupos com necessidades especiais e o reconhecimento das desigualdades sociais entre grupos, realizando ações que facilitem a prática da atividade física, independentemente das diferenças (BLAIR et al., 1998).

No contexto da assistência estudantil, devemos considerar que as dificuldades de saúde e emocionais podem prejudicar a permanência do estudante na conclusão do curso superior. Conforme afirma Padovani et al. (2014), torna-se necessária a realização de um mapeamento das dificuldades encontradas pelos estudantes e o desenvolvimento de programas de prevenção na área da saúde mental entre os universitários.

Sendo as atividades físicas reconhecidamente entendidas como benéficas para a saúde, inclusive psicológica (BLAIR et al., 1998), elas se tornam uma opção viável de enfrentamento ao adoecimento entre os estudantes e de promoção da saúde e bem-estar durante a graduação. A PROAE deve desenvolver projetos esportivos de assistência estudantil, com o objetivo de favorecer a permanência e melhorar a qualidade de vida e saúde dos estudantes durante a graduação.

No documento rosanaoliveiradilly (páginas 54-57)