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3. CASAR-SE NA DÉCADA DE 1960 CASAR-SE DEPOIS DE 2000

3.1 Casar-se na década de 1960

3.1.2 O alimentar na década de 1960

Docinhos, bolo, champagne e salgadinhos. Esse era o cardápio mais encontrado nas festas da década de 60. Não se usava servir jantar, apenas no noivado para os familiares mais próximos. Muitas vezes as comidas eram feitas por pessoas prendadas da família, ou contratava-se alguma “quituteira” ou cozinheira próxima. A comida tinha um sentido agregador e de simbolização da nova vida do casal, geralmente as mulheres mais próximas da noiva, mobilizavam-se para a confecção de docinhos e salgadinhos.

Para Ana os doces simbolizavam o carinho e a doçura da nova relação, sentido este, ainda encontrado nas festas de casamento da atualidade. Ana serviu então, bolo e docinhos com champagne e a responsável por todos os doces foi sua irmã:

A minha irmã ela, é uma pessoa que sempre teve muita habilidade: pra cozinha, pra. Então ela fez, até hoje, é uma pessoa muito voltada pra culinária, tem um interesse muito grande, cozinha muitíssimo bem. Na

56 ocasião, tinha feito um curso de docinhos, e, os docinhos eram muito bonitos, muito bem decorados, ela é uma pessoa caprichosa, perfeccionista.

Então a mesa tava muito bonita, o bolo foi feito em casa, o bolo, os docinhos, tudo.

Figura 4 – Noiva e noivo cortando o bolo em casa, 1969.

FONTE: Álbum de casamento. Foto cedida pro uma das entrevistadas.

Além dos docinhos com champagne também foi servido na recepção de Ana, Uísque, refrigerante e vinho, todos comprados pela família de sue noivo uma vez que a família dela fez todos os doces e bolo. Dentre os doces se encontrava doces de nozes com cobertura de fondant, chapéus de bala de coco, fios de ovos e outros:

Não me lembro dos docinhos, mas eu sei que tinha, é, doce de nozes, enfim eram todos cobertos com uma cobertura chamada fondant. E bem decorados e muito bonitos. Tinha um chapéu bonito de bala de coco, a minha irmã também fazia uma bala de coco, daquelas balas de coco perfeitas, que desmancham na boca. Então, ela tinha uma habilidade muito grande, tinha fios de ovos, feitos por ela mesma. Ela que fazia e faz até hoje muito bem.

Fios de ovos com aquele, ãh, com aqueles aparelhos, tem um aparelho especial que dá o ponto pros fios de ovos, né.

Ana afirma que não houve a distribuição de lembrancinhas, no entanto, as pessoas levavam um pouco das balas de coco que estavam embrulhadas no papel crepom. Além das balas, como sua família é italiana, eles distribuíram amêndoas confeitadas para boa sorte no casamento. Os convidados saiam então carregando saquinhos com amêndoas coloridas e

57 algumas balas de coco que formavam um pequeno coqueiro de papel.

No casamento de Maria foram servidos além dos doces e do bolo alguns salgadinhos.

Todos os quitutes foram feitos por uma pessoa contratada. Dentre os salgados estavam coxinhas e empadinhas. Dentre os doces estavam olho-de-sogra e outros. O bolo era bem grande e Maria se lembra de que não chegou a prová-lo apenas posou para a foto:

Nós apenas tiramos um monte de fotografias, fingindo que estávamos comendo o bolo. É, com o bolo na mão e tal, mas ninguém comeu.

Cortamos, e tudo aquilo, depois que nós percebemos.

Da mesma forma que a execução do cardápio de Maria, a mãe de Laura chamou uma senhora para fazer os salgadinhos em sua casa. Laura se lembra que os salgadinhos eram bem pequeninos e que havia uma variedade de risoles, empadinhas e outros: “Ah, eram tudo pequeninho, empadinha, coxinha, risóles. E::::, muito docinhos, o bolo foi essa minha amiga, que era minha amiga desde os sete anos, ela que fez.”. Além dos salgadinhos e doces, na festa de Laura foram servidos Uísque, refrigerante, cerveja e vinho.

Nome fictício Bebidas Salgados Doces

Quadro 3 - Cardápio das entrevistadas, década de 1960.

FONTE: Entrevistas

58 Figura 5 – Casamento em casa.

FONTE: Álbum de casamento, 1970.

Para Maria, havia uma grande diferença no que se servia na época do seu casamento e do que se serviu, por exemplo, no casamento de seus filhos. Maria segue dizendo que na sua época se fazia tudo com carinho pra que houvesse uma comunhão entre os noivos e os convidados. Ela reafirma que a partir da experiência que obteve com o casamento de seus filhos, percebeu que a comida dos casamentos atuais deixa muitas vezes ser um agente de aproximação e toma outro sentido como no exemplo do casamento de seu filho mais velho:

E, ãh, mas ai as pessoas já era mais criticas, já vinham no casamento pra ver o que estava sendo servido, qual era o vinho que foi servido, que eu acho isso um absurdo. Foi servido o que tinha e o que não tinha. A pessoa ia já fazendo, já se preparando pra fazer uma avaliação, mas uma avaliação negativa.

Percebe-se então que a comida segundo as entrevistadas servia como união das mulheres da família durante sua preparação e servia de agrado aos convidados que haviam participado da cerimônia religiosa. As mulheres e amigas da família em especial, se juntavam para fazer ou para providenciar os quitutes, a hospitalidade entre essas mulheres e amigas da família era nítida. As mais próximas se mobilizavam para ajudar a noiva a realizar o seu grande dia. Os homens geralmente cuidavam das bebidas. Há então a distinção das tarefas

59 masculinas e femininas e de alguma forma, um resquício da mulher cozinheira que cuida dos afazeres domésticos. Havia uma simplicidade no cardápio, no entanto havia também a preocupação que os quitutes ficassem bonitos e todos pudessem apreciá-los.

Figura 6 - Casamento em 1963.

Fonte: www.ajorb.com.br/corb_63_egydio_casamento.htm. Acessado em 22-07-2010

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