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O aquecimento global

No documento Educação em mudanças climoambientais (páginas 30-35)

1.1 O clima e a atmosfera

1.1.2 O aquecimento global

O aquecimento global é dos um fenômenos que foi bastante difundido pela mídia nos últimos cinquenta anos. Uma descrição sintética de sua essência re- mete a elevação da temperatura média da Terra com o poder de afetar o sistema climático. Suas causas podem ser diversas, entre elas estão o aumento do efeito estufa, a diminuição da refletividade do solo e o aumento da atividade solar. É consenso que as causas principais para a sua formação estão vinculadas as forças da natureza, embora seja crescente a concordância que as atividades an- trópicas podem intensificar um aquecimento global natural (STERN, 2007). Os efeitos de um aumento significativo na temperatura de superfície global são gra- ves e inúmeros influenciando na saúde com aumento de doenças, na alteração

6 O forçamento radiativo de um gás é a capacidade que ele tem de causar alterações no clima (IPCC,

Figura 1 – Formação do efeito estufa.

Fonte: (IPCC,2014a). Elementos e dinâmica do efeito estufa.

do volume de chuvas, na produção de alimentos, no ritmo da estações climáticas e em outros impactos socioambientais de grande amplitude (IPCC,2014a).

Estudos indicam que, desde do século XVII a atividade humana, têm con- tribuído para o aquecimento do planeta (IPCC, 2014a;DIAS,2013). De acordo com a figura2, fornecida por simulações de modelos do quinto relatório de ava- liação do IPCC em 2014, fica evidente, a influência da ação humana desde o início do século anterior no aquecimento global.

Os gráficos descrevem o crescente aumento da temperatura da superfície terrestre, da superfície do oceano e dessas superfícies em conjunto, como tam- bém os conteúdos de calor nos oceanos. A discrepância entre as forças naturais (faixa azul) e da soma das forças naturais e antrópicas (faixa rosa) é bastante significativa.

Figura 2 – Mudanças das médias globais.

Fonte: (IPCC,2014a). Comprovações da influência antrópica no clima.(Traduzido e adaptado pelo autor)

Apesar de bem divulgado, o aquecimento global antrópico ainda não é um consenso científico e diversas incertezas sobre esse tema precisam ser mini- mizadas para gerar respostas mais claras. Será que os produtos e rejeitos das atividades antrópicas possuem o poder de interferir na dinâmica do sistema cli- mático e gerar um aumento na temperatura global? Para obter essas respostas as pesquisas precisam ser ampliadas, refinadas e avaliadas dentro de contextos multidisciplinares e interdisciplinares. Entretanto, a suspeita que a atividade humana influencia o clima possui fortes indícios. Esse nível de confiança no aumento da temperatura de superfície da Terra vem aumentando e se ampara numa ampla quantidade de dados, a exemplo (IPCC, 2014a):

1) Os cinco anos mais quentes jamais registrados haviam ocorridos na dé- cada de 1980;

2) As temperaturas extremas também têm sofrido graves alterações, nos úl- timos cinquenta anos, dias frios e geadas se tornaram menos frequentes, enquanto dias quentes e ondas de calor se tornaram mais comuns;

3) No Hemisfério Norte, 1983-2012 foi provavelmente o mais quente pe- ríodo de 30 anos dos últimos 1400 anos (média confiança)7;

4) Ao longo das duas últimas décadas, a Groenlândia e camadas de gelo antártico tem perdido massa. As geleiras continuam a encolher em quase todo o mundo, o gelo do mar Ártico, do Hemisfério Norte e a cobertura de neve continuaram a diminuir em extensão (alta confiança).

A sequência das afirmações acima refere-se somente a alguns dados do clima, dentre um enorme número de dados sobre o aquecimento do sistema climático. Ademais, esses registros corroboram com as previsões feitas pelos relatórios anteriores do IPCC. Numa sequência cronológica, salvo algumas mu- danças de valores dos parâmetros físico/químicos, a essência dos prognósticos de aquecimento do sistema climático dos relatórios são idênticos:

Estamos certos de que emissões resultantes de atividades humanas es- tão aumentando substancialmente as concentrações atmosféricas de GEE: dióxido de carbono, metano, clorofluorcarbonetos (CFC), e óxido nitroso. Estes aumentos irão aumentar o efeito estufa, resultando, em média, num aquecimento adicional da superfície da Terra (IPCC,1990, p.xxv).

...projeções de futuras mudanças da temperatura média global e eleva- ção do nível do mar confirmam o potencial para as atividades humanas ao alterar o clima da Terra a uma extensão sem precedentes na história humana;...(IPCC,1995, p.xi)

Há evidências novas e mais fortes que a maior parte do aquecimento observado nos últimos 50 anos é atribuível as atividades humanas. (IPCC,2001a, p.10)

O aquecimento do sistema climático agora é inequívoco e evidente, a partir de observações de aumento mundial de temperaturas médias do ar e do oceano, derretimento generalizado de neve, gelo e elevação do nível médio global do mar (IPCC,2007b, p.2).

Os números indicando o crescente aumento da temperatura de alguns sub- sistemas climáticos da Terra se estendem em diversos cenários. Nas últimas cinco décadas, a temperatura média global aumentou em 0,13°C, e quando se compara esses números a números antigos, a diferença é enorme, pois entre 1850 e 1906 o aumento foi simplesmente de 0,02°C. Até nos elementos dos subsistemas climáticos – como o permafrost8, as águas oceânicas profundas e rasas – o aumento de temperatura foi registrado (MASTNY, 2005).

8 Camada de solo permanentemente congelada que em alguns locais no inverno pode ficar coberta por

uma camada de gelo e neve de até 300 metros de profundidade. Ao derreter-se no verão, reduz- se para de 0,5 a 2 metros, tornando a superfície do solo pantanosa, uma vez que as águas não são absorvidas pelo solo congelado.

Conforme um dos cenários do IPCC, um aquecimento global com elevação de temperatura entre 1,8°C e 4,0°C até 2100 causaria modificações extremas no meio ambiente com consequências drásticas (IPCC, 2014b). Segundo o Ins- tituto de Pesquisas Econômicas e Aplicadas (IPEA, 2011), os efeitos de um aumento de temperatura global dessa magnitude ocasionariam um aumento da intensidade de eventos extremos, trazendo uma maior ocorrência de secas e en- chentes, devido às mudanças nos valores de precipitação das chuvas. Esses estudos demonstram que, além de colocarem em risco a vida de populações in- teiras, por aparecimento de epidemias e pragas, trariam também implicações na infraestrutura de abastecimento de água e luz, nos sistemas de transporte e em outros serviços.

Dessa forma, os prejuízos estimados de um aquecimento global são signifi- cativos e sombrios, tendo sido divulgados com certa frequência, tornando-se co- nhecidos, mesmo que superficialmente, pelo cidadão de leitura regular, devido a uma exposição significativa em diversos tipos de mídia que, em boa parte, apre- sentam o fenômeno com uma abordagem catastrófica e fatalista, quase sempre com informações muito concisas, em algumas vezes imprecisas (MARENGO,

2007).

Apesar de certa polêmica a respeito do aquecimento global9, significativa parcela da comunidade científica concorda sobre a influência antrópica na pro- blemática do clima. Nesse aspecto, o IPCC abre o seu mais recente relatório se posicionando claramente a favor dessa tese (IPCC, 2014a, p.v).

“A Base das Ciências Físicas” apresenta conclusões claras e estáveis, em uma avaliação global das ciências das mudanças climáticas — e não é menos do que a ciência mostra agora com 95 por cento de cer- teza que a atividade humana é a causa dominante do aquecimento observado desde meados do século XX. O relatório confirma que o aquecimento do sistema climático é inequívoco, com muitas das mu- danças observadas sem precedentes ao longo de décadas a milênios: o aquecimento da atmosfera e do oceano, diminuindo a neve e o gelo, o aumento dos níveis do mar e aumento das concentrações de gases de efeito estufa. Cada uma das três últimas décadas tem sido suces- sivamente mais quente na superfície da Terra do que qualquer década anterior desde 1850.

9 Discutiremos brevemente mais adiante sobre a posição contrária de alguns cientistas sobre a tese do

No documento Educação em mudanças climoambientais (páginas 30-35)