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1 INTRODUÇÃO

5.3 O ativismo institucional de feministas no governo estadual

Mesmo eu sendo militante e tendo clareza do meu papel dentro do governo, sabendo que ali é um espaço de militância o tempo inteiro, não é só militância, é luta o tempo inteiro, a luta lá dentro é tão dura quanto que a luta aqui fora. Porque a luta lá dentro tem uma hierarquia fenomenal, você tem que seguir aquela hierarquia e ir negociando hierarquicamente com cada superior até você adquirir o aceite, ou a compreensão ou a decisão política de que pode executar. (Entrevista 3,

realizada em 21/06/2018)

Neste processo de pesquisa procurou-se entender como as ativistas se colocam nos espaços de interação movimento estado e suas avaliações sobre o fato de que fazer parte da burocracia estadual, ou seja, ser ativista institucional pode ou não influenciar a realização de políticas públicas. Os dados apresentados nesta seção se baseiam nas entrevistas em profundidade, cuja amostra contempla duas entrevistadas que podem ser

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identificadas como ativistas feministas gestoras de políticas públicas para as mulheres e uma ativista feminista gestora de políticas públicas para as comunidades tradicionais.

É interessante analisar a narrativa exposta no trecho acima, onde a entrevistada 3 fala sobre sua opinião frente a sua posição de ativista e gestora, principalmente quando acentua que esta função é caracterizada por um “fazer militante” em tempo integral. Esta colocação corrobora com as análises que demonstram que o ativismo pode ocorre dentro e fora do governo (ABERS, TATAGIBA, 2014; BANASZAK 2010; BANASZAK, WHITESELL, 2017).

Todas as entrevistadas expuseram enfaticamente que o percurso que trilham nos movimentos feministas, nas instituições participativas, na gestão pública, foi um processo de constituições de saberes e que este processo as transformam em atrizes, ativistas dos movimentos feministas aptas a serem gestoras públicas, legisladoras, operadoras do judiciário e ou membros das instituições participativas e a influenciarem a tomada de decisões sobre as políticas públicas.

Perguntadas sobre quando começou a fazer parte das táticas dos movimentos feministas a ocupação de cargos públicos, se esta bandeira fez parte do movimento no ES ou foi mais a nível nacional, 100% das entrevistadas responderam que sim, foi uma estratégia construída ao longo dos anos e foi sendo vista como um caminho para se alcançar a efetivação das políticas públicas para as mulheres, tanto no estado como no Brasil todo. Duas entrevistadas lembram que a partir da década de noventa já começa a se falar em mulheres militantes feministas dentro do governo, mas foi a partir dos anos 2000 que isso tomou corpo.

Eu acho que a partir da década de 90, foi uma coisa que sendo constituída, inclusive nacionalmente, a perspectiva de que políticas públicas eram importantes para a gente enfrentar esta situação de opressão, também um debate mais aprofundado sobre as relações sociais de gênero, e aí inclusive a partir das pautas dos partidos políticos de instituição de organismos e as eleições ocorrendo e esses partidos assumindo esse governo, quem dominava esse tema para poder assumir eram as militantes do movimento feminista, [...] foi uma coisa que foi sendo maturada ao longo do tempo, que a própria condição de conhecimento daquela realidade levou para isso. (Entrevista 1, realizada em 03/04/2018)

Algumas teóricas feministas quando tratam da questão das ativistas institucionais apontam para a configuração do Estado “neoliberal” de hoje no Brasil e o conflito que se estabelece entre estar no governo “neoliberal” e continuar militante dos movimentos

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feministas. Sobre esta questão as entrevistas (Entrevista 1,3) apontam que mesmo conscientes das características deste Estado e das regras do jogo, era necessário assumir tal posição, pois no Brasil o ativismo institucional passou a ser um caminho contundente para influenciar as políticas públicas.

Foi um movimento no sentido de ocupar um pouco este espaço para desconstruir este Estado extremamente patriarcal, [...] que ele ainda é patriarcal, mas eu acho que é menos, não há hoje como você retroceder neste sentido, o que eu acho que a gente pode dizer que é meio que uma derrota nossa, é hoje está uma supremacia da visão liberal e até mesmo fundamentalista sobre as políticas para as mulheres. Agente não tem mais uma visão de esquerda com concepção feminista. (Entrevista 1, realizada em 03/04/2018)

Eu penso que é necessário, que a gente precisa ocupar esse espaço. Não adianta só falar, falar, falar e não fazer. Se eu consigo ficar dentro do governo, ocupando o espaço e conseguir fazer, aí é o principal, nós temos que chegar a esse patamar de conseguir fazer. (Entrevista 2, realizada em 04/04/2018)

Banzaszak (2010) ao estudar cinco ativistas no governo federal norte americano identificou que elas se tornaram mais radical a partir da sua atuação insider e não menos ou moderadas. Para a autora as ativistas institucionais têm a oportunidade de influenciar a política em múltiplos pontos no ciclo de políticas públicas32. Por exemplo, ela cita os

estudos de Amenta, Dunleavy e Bernstein (1994, p. 683) que observaram que ativistas na burocracia ajudaram grupos mobilizados a ganhar força no sistema político: burocratas cujas missões são semelhantes aos propostos pelos adversários podem fornecer serviços e decisões administrativas favoráveis, reforçar as leis de forma favorável ou propor uma nova legislação favorável. Ativistas dentro da legislatura também pode prestar apoio a grupos externos, propor e anunciar novos legislação e trabalho para assegurar um processo de adeptos feministas na burocracia (BANASZAK, WHITESELL, 2017).

Fazendo uma análise do ativismo institucional e a sua utilização pelos movimentos sociais, as entrevistadas relataram:

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Banazsk e Whitesell em seu estudo sobre o ativismo institucional aponta que para analisar este processo é útil considerar como as mudanças são feitas nas políticas públicas porque processos estão frequentemente ligados ao ativismo interno e uma maneira de entender a importância de instituições como a legislatura e burocracia na garantia de mudança de política é considerar o modelo de processo de políticas e entender todo o ciclo, que é composto pela agenda: formulação de políticas e legitimação de políticas, o segundo e terceiro: criação, elaboração e promulgação de legislação. A quarta etapa do processo é a implementação de políticas, que é em grande parte conduzido pelas burocracias do governo. O quinto passo do ciclo é a avaliação da política, e se a política não é vista como efetiva ou falhou em sua objetivos, o ciclo pode começar de novo com uma demanda por outra mudança de política. (BANASZAK, WHITESELL, 2017)

143 Eu acho que desde quando a Erundina ou a Marta Suplici estabelece uma secretaria de estado e de município para as mulheres, as feministas de São Paulo já faziam este debate com mais presença e ali já começa a perceber que o espaço público era importante, vai germinado esta ideia. Não foi do nada que o Lula institui o Ministério de políticas para as mulheres, já vinha uma construção das mulheres dizendo que era importante ter um órgão de governo para executar as políticas públicas, para gestar para dentro do governo. Aqui no ES isto se efetiva mais nas pautas anuais do 08 de março a partir de 2003. (Entrevista 3, realizada em 21/06/2018)

Na minha opinião faz parte da estratégia feminista sim a ocupação de cargo público, tem mulheres no movimento que fazem parte de partido político. Hoje nesta eleição a gente vê feministas importantes sendo candidatas. Eu acho que não só a ocupação de cargos públicos, mas a questão de estruturação de projetos de políticas públicas para as mulheres tem que ter feministas nestes espaços é fundamental. (Entrevista 4, realizada em 11/08/2018)

No caso do movimento de mulheres e quilombola do qual eu faço parte, principalmente pelos governos que nós fomos tendo ao longo destes anos, talvez a gente pense assim: será que vale a pena você estar num governo que não vai realizar as ações, vai frustrar as expectativas de quem está lá no movimento? Eu já tive em três experiências, [...] inclusive para mim foi um ganho mesmo enquanto mulher [...] também foi um ganho para o próprio o movimento e para o Estado. É uma mulher negra, que ia lá nas comunidades indígenas, ou nas comunidades de pescadoras, inclusive nós tínhamos um micro fórum de funcionava na Secretaria. As mulheres pescadoras que nunca

tinham ido num prédio do governo iam lá. (Entrevista 5, realizada em 27 e

28/09/2018)

De acordo com estes trechos (E 3,4,5) a ocupação de cargos públicos é uma estratégia definida pelos movimentos feministas para incluir a pauta das mulheres e uma forma de levar para a administração pública o conhecimento da realidade das mulheres como, por exemplo, a questão da violência, a violência que ocorre no campo, a situação das mulheres negras, das mulheres das comunidades tradicionais, e outras. A narrativa da E 5 exemplifica um fato que quando era gestora, ela conseguiu levar um Secretário de Estado da pasta da Segurança Pública num quilombo: “Por exemplo, enquanto eu estava no governo, nós articulamos, e imagina, um Secretário de Segurança do Estado, ele foi a uma comunidade quilombola. Ele foi no quilombo, num dia de sábado, numa reunião nossa do movimento, para discutir a questão da violência, inclusive a violência contra as mulheres”. (Entrevista 5, realizada em 27 e 28/09/2018)

No trecho seguinte, outros exemplos de ações realizadas são destacados:

Eu consegui em três momentos enquanto gerente conversar com a polícia militar, com o comando da polícia militar, sobre o enfrentamento da violência contra as mulheres. E por que que é importante? É importante para a polícia militar, pois é a primeira que chega para atender a mulher já toda espancada. Ela precisa saber como nós queremos que seja tratada as mulheres. Quem não tem este domínio [a(o) gestora(o)]se quer vai conseguir dizer. E teria que ser com o comando e não com o soldado lá em baixo, o comando que iria startar. O comando da polícia civil, lá que teria que partir a orientação para as ações

144 das delegadas, dos investigadores. E isto fluiu para alterar a vida das mulheres? Não, mas se tivesse uma continuidade nós estaríamos vivendo num outro patamar, foi um período que nós colocávamos as delegadas das delegacias dentro da roda, o tempo inteiro, para conversar conosco, o tempo inteiro. (Entrevista 3, realizada em 21/06/18)

Sobre o ativismo insider, as ativistas (E 1, 2, 3, 4) afirmam que a visibilidade dada a realidade específica das mulheres para as políticas públicas pode ser vista como um resultado positivo. “[...] elas conseguem sim e de forma muito mais eficiente, usando uma linguagem de políticas públicas. Elas sabem o que é um centro de apoio, de referência as mulheres vítimas de violência, elas sabem o que precisa ter alí dentro. E ela vai articular cada órgão necessário para fazer este atendimento.” (Entrevista 3, realizada em 21/06/18) Eu acho que as gestoras conseguiram trazer o debate sim, a gente fez determinadas ações principalmente para trazer alguns gestores que eram polêmicos contraditórios com a nossa fala para eles terem este espaço de expor, até alguns absurdos como do Secretário de Segurança falando que a morte das mulheres estava relacionado ao tráfico mas só a abertura para diálogo não é suficiente. Eu acho também que precisa ter principalmente espaço para diálogo, mas também a efetivação das políticas públicas depois daquele diálogo, porque se não chega ao ponto que a gente cansa enquanto gestora de apanhar porque a gente não tem uma resposta efetiva e enquanto movimento social de ter que ficar batendo. (Entrevista 4, realizada em 11/08/2018)

[A atuação dessas militantes pode ajudar nas políticas públicas para a mulheres?] Eu acho que sim, se elas assumem, compreendem as dificuldades do estado e qual é o papel do estado nesta realidade toda e propõem a colaborar no sentido de ir buscando as mudanças necessárias, eu acho que sim. (Entrevista 1, realizada em 03/04/2018)

Quando perguntadas se os movimentos feministas tinham conseguido influenciar a agenda do governo no período analisado, 80% responderam que sim e que houveram resultados positivos. E que a atuação destas feministas gestoras também foi positiva (Entrevista 2, 3, 4, 5): “A atuação de militantes que eu encontrei foi muito positiva, tinha muitas amigas que eram do governo federal.” (Entrevista 4, realizada em 11/08/2018

Na minha opinião o movimento tinha conseguido influenciar na agenda do governo sim porque participava da comissão juntos com outros organismos estaduais. Comissão para elaboração do plano. Isso foi no governo Renato. Acho que na época que eu estava no Governo Casa Grande influenciou positivamente sim. (Entrevista 4, realizada em 11/08/2018)

Uma das entrevistadas fez uma consideração que chama a atenção, também identificado por Banaszak (2017), de que a ativista insider faz sua militância o tempo inteiro enquanto está no governo.

[Para você a atuação de militantes na gestão tem impactos na definição de políticas públicas?] Tem, se é uma companheira que tem clareza para onde

145 deve caminhar a política, ela vai se comportar lá dentro sabendo que é outro tipo de militância, porque o tempo inteiro você tem que lutar para que aquela política seja aceita. O tempo inteiro você tem que convencer o seu subsecretário, o secretário, o da casa civil, o secretário de governo até chegar no Governador. Depois tem um monte de deputados. Então você tem um caminho o tempo inteiro, é uma militância o tempo inteiro.

Para eu conseguir fazer uma campanha de esclarecimento das mulheres, meu deus do céu, como é difícil você dizer para os gestores acima de você que aquilo é fundamental. E se a gente não tem clareza para onde se vai, a gente se perde na primeira barreira. Qual a primeira barreira? O subsecretário, você tem que falar não o caminho é por aqui, você sabe para onde quer ir. E isto faz um diferencial imenso. Porque nos órgãos municipais que tive convivência na época [...], no lugar que era militante que estava assumindo você percebia as políticas fluírem. No lugar onde não era não sabiam nem por onde passavam quais eram as políticas necessárias para proteger as mulheres nesta questão da violência contra as mulheres. (Entrevista 3, realizada em 21/06/2018)

Ainda sobre a análise que as entrevistadas fazem do resultado do trânsito das mulheres ativistas feministas para dentro do Governo, três relatam que há ativistas que encontram muita dificuldade em compreender seu papel nestes espaços e acabam “vestindo a camisa do governo” (E 1) e “criam dificuldades para que as causas avancem, isto justificado pelos acordos políticos” (E 1 e 2). A entrevistada 1 destaca: “ a gente até compreende, porque a gente acha que o Estado como ele está não vai ter uma transformação radical, mas as mulheres que estão lá podem ser sujeitos de buscar dar alguns passos nesta mudança, não é longo passo, mas tem alguma dificuldade de entender porque chega no espaço acaba assumindo o papel do estado.” (Entrevista 1, realizada em 03/04/2018)

Isso aconteceu mais de 2003 para cá, muitas coisas boas aconteceram mas a gente sabe que muitas ativistas nossas foram para o governo seja municipal ou seja estadual, a gente sabe que infelizmente que as que foram para o governo é muito difícil de estar na rua com a gente, é muito difícil continuar sendo

militante, eu conheço pouquíssimas mesmo. Muitas vezes é a questão do

trabalho é a questão do tempo e também a sua segurança no trabalho né, como é que eu vou fazer duas coisas né como é que eu vou ser contra. Então eu falo assim se tivesse mais diálogo, se formasse uma rede mesmo, verdadeira rede com governo e sociedade civil eu acho que as coisas seriam mais fáceis. Então a pessoa que está hoje lá trabalhando a gente sabe que com o tempo ela vai deixando de ser ativista. (Entrevista 2, realizada em 04/04/2018)

Em seus estudos, Sônia Alvarez (2014) demonstrou que tem uma parte dentro do feminismo que é contrária a essa atuação de feministas por dentro do governo “essas mulheres são chamadas de institucionais elas teriam traído o feminismo, foram vendidas às forças do Estado patriarcal” (p.29). Perguntadas sobre esta afirmação a entrevistada 2 respondeu:

Não concordo não, sou feminista, sou militante e não concordo. Eu acho que isso depende de cada um, eu posso muito bem estar no governo e estar trabalhando fora do governo, eu acho que dá para separar as coisas, mas se eu

146 preciso do trabalho, se eu também sou uma pessoa que eu tenho uma profissão que eu possa contribuir Por que não? eu tenho que contribuir e ocupar o espaço.

Do ponto de vista da ativista insider (E 4) que ocupou o cargo público, parte dos movimentos feministas que não concordam com o trânsito para o Estado enxergam que a atuação das companheiras de militância no governo faz com que a mesma se torne opositora do próprio movimento. Podemos verificar este sentimento na fala a seguir: “em alguns momentos pessoalmente eu digo que eu ouvi de algumas companheiras como se eu fosse traidora do movimento, e determinados momentos eu via que algumas companheiras conseguiam compreender de eu estar naquele espaço.” (Entrevista 4, realizada em 11/08/2018)

Mas, no geral, o que é preponderante no movimento feminista do ES é que a interação Estado-movimento por meio do ativismo institucional pode sobremaneira ter resultados positivos tanto para o Estado quanto para o movimento. Segue ilustrado na narrativa da E4:

[Você acha que tem algum ponto negativo ser ativista feminista e estar no Governo?] A corrente que eu participo dentro de feminismo não avaliam como negativo, são as correntes do feminismo mais radical que são contrárias, o que eu acho que é uma coisa que teria que avaliar mais é o papel que os partidos políticos cumprem na direção do Estado, nos governos principalmente, porque muitas delas assumem mais a defesa de seus partidos e de seus programas do que a própria condição de defender o papel do Estado, este é mais problemático. Agente já teve companheiras com muita dificuldade de compreensão, mas a gente nunca disse assim, ah aquela dali é institucionalizada, aqui [no ES] nunca tivemos este problema não. Tanto que muitas saíram e depois voltaram para o movimento feminista. Os movimentos feministas estão abertos aqui no Estado a ter assento nas instituições participativas, nas audiências e reuniões de negociação de políticas públicas, de estar em organismos que discuti políticas específicas, como Fóruns, Câmaras técnicas. (Entrevista 4, realizada em 11/08/2018)

Falando sobre o papel de uma ativista institucional, há uma questão levantada por todas as entrevistadas gestoras e relevante trazer, que é sobre a “saúde mental” (E 3, 4, 5) das ativistas institucionais, que muitas vezes atuam em ambientes com muitas adversidades, desfavoráveis, às vezes com opositores de seus partidos políticos que compõem um mesmo governo num mesmo ambiente. Além do fato de terem que se submeter a regras da burocracia, que na maioria das vezes é demasiadamente lenta, para que consigam realizar as ações.

[...] eu acho que quando se é militante num cargo público, pelo menos na minha questão [LGBTI], eu posso ver também com algumas pessoas que eu convivo, jovem, negro, a gente tem que ter um controle emocional muito forte para não surtar. A morosidade, a falta de atenção, a falta de prioridade das políticas

147 públicas, da vontade política para estas questões são terríveis e é aquela coisa desde a brincadeirinha do cotidiano do colega de trabalho até realmente a não efetivação das políticas que deixa a gente doente. (Entrevista 4, realizada em 11/08/2018)

Pensar na questão de ocupar estes espaços é primordial, a gente ter realmente candidaturas viáveis para que as mulheres ocupem estes espaços para efetivar as políticas públicas, porque realmente é um espaço muito desgastante, enquanto até saúde pessoal, física e mental. É cruel, de verdade, eu acho que é interessante as mulheres se organizarem para ocupar os espaços com empoderamento e enquanto não ocupam ou o grupo divergente das que ocupam, que exerçam realmente o controle social. (Entrevista 4, realizada em 11/08/2018)

Outro ponto lembrado como desfavorável e que as teóricas feministas também destacam é sobre a constituição do Estado, machista e patriarcal, onde os cargos da alta gestão, quase a sua totalidade, são ocupados por homens. No ES, por exemplo, nunca foi eleita uma governadora mulher. “[...] gestão é coisa de homem, então no máximo você vira gerente, tudo para cima é homem.” (Entrevistada 3, realizada em 21/06/2018)

Por fim, diante de algumas desventuras colocadas, foi perguntado a todas as entrevistadas sobre os desafios que as ativistas institucionais encontram na gestão pública:

O primeiro desafio que enfrentamentos é ser mulher, enfrentar o machismo institucional, que nós mulheres enfrentamos no cotidiano. O segundo é um desafio que as políticas para as mulheres é algo delas, “minoria”. [...] Então falar que tem que realizar ações para levantar a autoestima das mulheres, centro de apoio e de referência, ter políticas para que as empresas do Estado não pague menos as mulheres do que os homens, ter uma ação estatal para que todos os