• Nenhum resultado encontrado

4 O BALANÇO SOCIAL DAS INSTITUIÇÕES BANCÁRIAS

4.1 O BALANÇO SOCIAL CONSOLIDADO PELA FEBRABAN

A Federação Brasileira das Associações de Bancos - Febraban é uma entidade de natureza civil que representa os bancos e contribui para o aperfeiçoamento de suas atividades, operando em âmbito nacional.

‘Reunindo bancos privados, públicos, comerciais e múltiplos, diversificados em termos de porte, perfil de atuação e filosofia gerencial, a FEBRABAN trata dos assuntos de interesse geral do setor, orientando sua ação para a busca de soluções que permitam melhorar o desempenho das instituições, o atendimento e a prestação de serviços bancários.” (Febraban)

Apresentam-se nos Anexos H e I uma síntese dos balanços sociais dos bancos, da forma como foram consolidados pela Febraban, separados respectivamente em ‘ Exercício do ano 2000” e ‘ Outros Exercícios” .

O “Balanço Social dos Bancos” procura abranger os diversos aspectos relacionados às atividades desenvolvidas pelas instituições bancárias, demonstrando sua importância para o País e seu alcance social. Para sua feitura são coletados os dados das várias instituições por meio do formulário que se encontra no Anexo J. Tal formulário (versão 2001) é composto pelos seguintes anexos: “Força de Trabalho”; “Remuneração do Pessoal”; “Benefícios aos Funcionários”; “Treinamento e

Desenvolvimento”; “Atendimento a Clientes”; “Atuação Comunitária”; e

“Democratização do Capital”.50

A publicação “Balanço Social dos Bancos” tem sido editada desde o exercício de 1993, enfocando a preocupação social e os benefícios gerados pelos bancos a toda a sociedade, nas palavras de Alcides Lopes Tápias, presidente daquela Federação. (FEBRABAN, 1994, p. 1)

Percebe-se, desde então, o interesse na abertura de um canal de informação para com a sociedade acerca de atividades executadas e aparentemente desconhecidas do grande público.

Aquela primeira publicação e a do ano seguinte encerram-se apresentando o seguinte “Compromisso Social” :

“O desempenho rentável da atividade bancária permite aos bancos reafirmar o seu compromisso social, junto às comunidades em que atuam, de contribuir para o desenvolvimento econômico e para a melhoria da qualidade de vida de todos aqueles que, direta ou indiretamente, participam dos destinos do Sistema Bancário” .

O pesquisador considera que seria importante se o “Compromisso Social” tivesse sido mantido nas edições seguintes, mesmo com alguma alteração redacional, uma vez que denotaria um sinal formal de um permanente comprometimento dos bancos para com a sociedade.

No entanto, tal intenção pareceu se manter, tanto é que na edição de 1997

50 Para facilitar o preenchimento da maioria dos dados monetários o formulário indica os códigos

COSIF das respectivas contas que devem ser reportadas. Em seu anexo 6 (“Atuação Comunitária”) recomenda- se que não sejam mencionadas as atividades que individualmente tenham absorvido investimentos inferiores a R$500 mil.

mencionaram-se a ampliação dos investimentos em projetos sociais e o crescente envolvimento com a comunidade, numa postura mais participativa, em busca de um futuro melhor e mais justo para todos os brasileiros.

Fez-se menção, naquele edição, ao fato de que os investimentos em “Cultura” foram quase todos amparados por incentivos fiscais, o que enriqueceu o demonstrativo, uma vez que permitiu ao leitor tomar ciência da renúncia fiscal do Estado nessa rubrica. No entanto, sugere-se que, doravante, sejam explicitados, separadamente, os gastos incentivados e os que não gozaram de incentivos governamentais.51

No ano seguinte - 1998, comentou-se acerca do papel mais amplo que a empresa deveria assumir na sociedade, atuando em parceria com a administração pública no enfrentamento dos problemas que atingem a comunidade. Registrou-se que os bancos, como empresas-cidadãs e socialmente responsáveis, têm contribuído para a melhoria da qualidade de vida e para a construção de uma sociedade mais justa; ressaltou-se, também, da importância para uma empresa o fato de poder ser distinguida entre seus pares por sua atuação socialmente responsável.

Como se observa, há todo um discurso enfatizando a assunção da responsabilidade social por parte dos bancos, traduzida em suas informações constantes dos balanços sociais. Não se pode, no entanto, generalizar que essa postura de empresa-cidadã possa contemplar todas as instituições, uma vez que a publicação da Federação abrange todo um setor, sem condições de particularizá-las.

Inseriu-se no balanço social do ano de 1999 declarações de personalidades nacionais enfatizando a relevância da responsabilidade social empresarial, corroborada pela afirmação do presidente da Federação acerca do compromisso crescente das instituições financeiras com as comunidades onde estão inseridas.

Na versão do ano 2000, o presidente da Febraban, Gabriel Jorge Ferreira,

51 Leis federais de incentivo à Cultura: lei no. 8.313/91 (Lei Rouanet); lei no. 8.685/93 (Lei do Audiovisual). Alguns municípios e estados da federação também dispõem de leis específicas de incentivo à

ressaltou que a responsabilidade social é uma questão de estratégia e de sobrevivência no longo prazo e que “a principal função do balanço social é tornar público como a empresa encara sua responsabilidade social, mostrando, com transparência, para o público em geral, seus clientes, consumidores e corpo de funcionários, assim como para seus acionistas, investidores institucionais e organismos governamentais, o que a empresa está fazendo na área social”.

Depreende-se da citação acima que existe uma percepção de que a assunção da responsabilidade social pela organização não é mais um quesito opcional, mas faz parte de um “novo tempo”, e está atrelada à questão de sua própria sobrevivência no longo prazo. É de se esperar, portanto, que mais e mais empresas que desejem se manter no mercado cheguem a aderir a essa nova postura.

Deixou-se de mencionar nas publicações, se as informações e os dados apresentados diziam respeito apenas aos filiados à Febraban ou se abrangiam a todo o universo dos bancos. No entanto, o pesquisador colheu, junto àquela Federação, a confirmação de que tais dados correspondem a todo o sistema bancário.52

As informações da publicação do ano 2000 foram apresentadas em quatro grandes grupos:

a) “Recursos Humanos o principal ativo dos bancos” : os bancos, como prestadores de serviço por excelência, têm em seu quadro de pessoal talvez o ativo mais importante, daí se justificar os investimentos que são feitos com vistas ao seu

aperfeiçoamento e manutenção;

b) “Atendendo a coletividade” : a disponibilização de recursos materiais (postos, agências, equipamentos eletrônicos etc.) e de facilidades para os clientes realizarem suas transações está diretamente ligada ao exercício das atribuições típicas dos bancos;

c) “A distribuição da riqueza gerada pelos bancos” : conhecer a riqueza

52 A informação foi fornecida por e-mail de Roberto Luis Troster, Economista Chefe da Febraban.

Na publicação do ano 2000 fez-se menção da existência de 193 bancos no País. Na página na Internet da Febraban mencionou-se que a entidade contava com 117 bancos filiados, em fevereiro de 2002, representando mais de 90% das operações ativas do setor.

gerada pelo sistema bancário e sua distribuição, por meio da DVA, é um dos elementos de aferição da importância social das instituições no contexto nacional, que também permite uma avaliação do setor em relação a outros ramos de atividades.

Sobre a questão de geração de renda ou riqueza pelos bancos, encontram-se no texto “Demonstração do Valor Adicionado de Bancos” do Boletim IOB 15/93 os seguintes comentários:

“A grande utilidade social e econômica dos bancos está no seu papel de intermediador entre quem produz renda e quem fica com a parte da renda, que é o poupador: ele ganha por fazer esse papel de intermediação, não gerando renda, como também o poupador que aplica o seu capital no banco não gera.

Voltamos ao ponto que queremos salientar: os bancos não geram renda, como os capitalistas com seus capitais também não geram. Mas eles são extremamente úteis e imprescindíveis até, por viabilizarem a economia como um todo ajudando a juntar os capitais e aplicando-os junto a quem efetivamente produz renda (denominado de setor produtivo, inclusive).”(grifo nosso)

d) “O investimento social dos bancos” : ao se aferir a influência que as instituições exercem na sociedade em ações voluntárias de fomento à educação, à

saúde, à cultura, ao esporte e à proteção do meio ambiente dispõe-se de mais um elemento que permite que se distingam aquelas que podem ser consideradas como empresas-cidadãs.

Percebe-se que o “Balanço Social dos Bancos” poderá vir a ser enriquecido se os dados forem apresentados em séries históricas (últimos cinco anos, por exemplo), permitindo-se avaliar o comportamento das diversas variáveis ao longo do tempo, além de possibilitar o lançamento de uma visão prospectiva da atuação social do segmento bancário.

Considera-se também importante que a Federação divulgue se participou, realizou ou patrocinou eventos durante o ano, objetivando disseminar as idéias da responsabilidade social corporativa e do balanço social entre seus filiados e o mercado, a exemplo do que realiza o Banco Itaú, demonstrando seu comprometimento com essa

causa.

A menção dos números de contas correntes e de poupança existentes em ‘ Atendendo a coletividade” na edição do ano 2000 poderia ser complementada com o número de pessoas físicas e jurídicas que detêm as respectivas contas, dado que permitiria levantar o índice de bancarização no País.53

Por outro lado, quando se comenta em “A distribuição da riqueza gerada pelos bancos” sobre a democratização do sistema financeiro brasileiro, com 3,7 milhões de acionistas, sendo 93% de pessoas físicas, sentiu-se falta de informação complementar que permita avaliar o nível de concentração dessa riqueza.

O pesquisador reconhece que a forma de apresentação do “Balanço Social dos Bancos”, tanto na Internet, quanto “em papel”, tem permitido uma leitura agradável das informações e uma boa visualização de seus dados quantitativos, que são comumente ilustrados pelo auxílio de gráficos.