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4 O BALANÇO SOCIAL DAS INSTITUIÇÕES BANCÁRIAS

4.2 OS BALANÇOS SOCIAIS DOS BANCOS DA AMOSTRA

Atentando-se para o que se contém nos Anexos K (Balanços Sociais dos Bancos da Amostra - Exercício do Ano 2000) e L (Balanços Sociais dos Bancos da Amostra - Outros Exercícios) observa-se que os balanços sociais apresentam informações as mais variadas, demonstrando que cada instituição exerce plenamente sua liberdade de expor em seu demonstrativo o que julga importante e oportuno.

No entanto, tal liberdade pode ocasionar a perda de informações relevantes para o leitor. Em não havendo uniformidade de critérios na elaboração desse balanço, pode-se perder a “comparabilidade”, um dos atributos da informação contábil.

O Banrisul consignou em seu balanço social vários compromissos de “ações futuras”, demonstrando suas expectativas de avanços nas respectivas áreas de atuação

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O índice de bancarização permite verificar a percentagem de pessoas que têm acesso aos serviços bancários, por meio de uma conta corrente ou de poupança. É comum que uma mesma pessoa detenha mais de uma conta num mesmo banco ou em bancos diversos.

e a continuidade de sua política de ação social. Tal postura, sendo seguida pelos demais bancos, certamente dará aos pesquisadores melhores elementos para suas avaliações e análises.

Observou-se que os textos expostos nos balanços procuraram demonstrar o papel relevante e a responsabilidade social assumidos pelas diversas instituições, mencionando-se, dentre outras coisas, a “missão”, o “código de ética” os “reconhecimentos”, as “premiações”, a “ação do voluntariado”, os “indicadores”, além das várias ações empreendidas com vistas ao desenvolvimento econômico e social do País e, particularmente, das comunidades onde estão inseridas.

Certos balanços sociais, da forma como têm sido apresentados, impossibilitam ao leitor levantar alguns indicadores, pelo simples fato de inexistirem

elementos quantitativos, particularmente os valores despendidos nos

empreendimentos.

Atendo-se aos “discursos” dos bancos nos documentos publicados, pode-se inferir que essas instituições apreenderam, de forma assemelhada, tanto o conceito de “balanço social” quanto o de “responsabilidade social”, havendo, no entanto, posturas próprias na explicitação dessa “responsabilidade social” em seus respectivos balanços.

Os bancos públicos, em particular o Banco do Nordeste, o Banco da

Amazônia e a Caixa Econômica Federal, possivelmente devido às suas

especificidades, priorizam expor nos balanços sociais seus programas, projetos e ações ligados aos objetivos institucionais para os quais foram constituídos. O Banco do Brasil e o Banrisul procuraram conjugar as duas coisas, prestando contas tanto das ações que desempenham por força institucional, quanto das que realizam voluntariamente em prol de seu público interno, de seu público externo e do meio ambiente.

Verificou-se que algumas instituições constituíram suas próprias fundações para atuarem no social, além de institutos culturais, a exemplo do BB e do Itaú, todavia, sem deixar de lado o incentivo ao voluntariado. Decisões nessa linha espelham um compromisso concreto, permanente e conseqüente com a comunidade e

com o poder público, na solução de questões que envolvem a sociedade civil como um todo.

O Basa em 1995, em seu 1o balanço social, praticamente não mencionou suas ações espontâneas realizadas tanto para o público interno, quanto para o externo. Pode-se entender essa ocorrência como fruto do início de um processo que dava os primeiros passos em busca de referenciais seguros e consistentes.

O Unibanco inseriu, em 2000, o seu balanço social no “Informe Anual” da organização, englobando apenas as ações sociais externas à mesma. Os dados relativos aos recursos humanos - “Unibanco pessoas” e à DVA foram reportados à parte.

O Banco Santos, desde 1997, registra, como seu “balanço social”, os investimentos em Cultura, que é o seu foco de atuação. O balanço é apresentado em um único documento - um grande fôlder, juntamente com as demonstrações contábeis.

O BB mencionou no balanço social de 2000 que realiza semestralmente junto a seus funcionários pesquisa sobre o ambiente de trabalho na organização, com vistas a adequar suas políticas de gestão de pessoas. Tal iniciativa demonstra o interesse da empresa em fortalecer o nível de satisfação de seu público interno e em criar um clima que possibilite o exercício pleno das potencialidades dos funcionários em suas atividades, tanto internas quanto externas.

Ações típicas de marketing social foram observadas no BB e no Unibanco, que destinam parte dos recursos arrecadados com prêmios de seguro para ações sociais específicas. Depreende-se que tais atitudes, que não deixam de ser estratégias de “negócio”, objetivam dar destaque às instituições diante de seus públicos na formação de sua imagem como empresas “socialmente responsáveis”.

Vários bancos, possivelmente por influência da lei das S. A., das recomendações da CVM, ou necessidades outras, vêm incluindo em seus “Relatórios da Administração” informações relativas às atividades que desenvolvem na área social, a exemplo do Itaú e da CEF.

juntamente com o “Relatório Anual” e a “Análise Gerencial da Operação”. Em seu balanço, ao apresentar os benefícios sociais internos fez separação entre “benefícios espontâneos” e “benefícios obrigatórios por lei ou Convenção Coletiva de Trabalho”. Tal prática parece ser salutar por se permitir avaliar o grau de concessões voluntárias disponibilizadas pela organização a seus funcionários.

Ressalte-se que detalhes como passivos sociais, desinvestimentos, suspensão de convênios e projetos não foram encontrados nos documentos pesquisados. Tal constatação pode levar ao entendimento de que os balanços sociais só procuram apresentar ações exitosas. Na visão de Elliot (1975, p.18), no entanto, a contabilidade social deveria medir os impactos sociais da empresa, se causaram benefícios ou malefícios sociais, ao invés de seus custos.

Destacam-se a beleza e o esmero na apresentação de alguns balanços sociais, com seu papel fino e ilustrações requintadas, atestando seu uso como peças de

marketing. Fato é que várias daquelas publicações já receberam prêmios nessa área.54