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CAPÍTULO III – APROXIMAÇÕES E DISTANCIAMENTOS NA EDUCAÇÃO

3.7. O calendário escolar

Quanto à divisão do calendário escolar, foram analisados o calendário anual e o horário em que as crianças permaneciam na escola.

De acordo com Florentín (2009), o calendário escolar paraguaio, foi definido no

Regulamento de 1881 e dividido em três períodos: de 15 de fevereiro a 31 de março54, de 01

de junho a 31 de agosto e de 01 de setembro a 15 de dezembro. O ingresso dos alunos era permitido em qualquer um dos períodos. Os feriados eram as festas cívicas, a segunda e terça

de carnaval, quinta, sexta e sábado da Semana Santa e o dia do padroeiro da localidade. Quanto ao horário das aulas, os alunos permaneciam na escola por seis horas: de 6 às 10 da manhã e de 3 às 5 da tarde; entre abril a agosto, havia uma alteração durante os meses de frio na região, as aulas eram de 10 da manhã às 4 da tarde.

Sobre o calendário escolar mato-grossense, Sá (2007) descreve que o Regulamento de 1910 estipulava que as aulas deveriam ter sessões de cinco horas diárias, mas devido à extensão territorial do estado, a falta de fiscalização deixava que os professores organizassem suas aulas de acordo com sua vontade. Como já citado, no capítulo II, o professor da escola Mista de Lagunita, em 1916, Sr. José Maria da Conceição dos Santos, comenta que organizou o horário de acordo com as necessidades dos alunos e para atender ambos os sexos em horários distintos, com três horas de aulas para as meninas e três para os meninos.

O calendário escolar, no Regulamento de 1910, só estabeleceu o primeiro dia de aula. Já em 1916, estabeleceu a duração do curso primário em quatro anos, iniciando em 1º de fevereiro e terminando em 30 de novembro, com carga horária diária de 5 horas, das 12 às 17, com recreio de 30 a 40 minutos, de segunda a sábado. Na Escola Modelo, o ensino primário era de cinco anos.

A preocupação com o tempo escolar e a influência da sua organização na formação da infância, fundamentou as reformas modernas da Instrução Pública de Mato Grosso, pois a escola, [...] não poderia ter o seu tempo desperdiçado, mas, contrariamente deveria utilizá-lo de forma racional. (Sá, 2007, p. 144).

Pelo jornal ―O Progresso‖ (29 fev. 1920, p. 2) temos notícias do início e do final das aulas em Ponta Porã, no ano de 1920, ―Reabriu-se no dia 25 do corrente, a escola municipal desta villa, sob a competente direcção da senhorita Juvelina Continho.‖ Os exames delimitaram o final do ano letivo, como já citado anteriormente, ―Sabbado, 20 do corrente, no

salão nobre da Intendencia realisaram-se os exames da Escola mixta municipal, regida pela

distincta professora senhorita Juvelina Coutinho‖ (O PROGRESSO, 28 nov. 1920, p. 1). Podemos verificar que as aulas em Ponta Porã funcionaram, em 1920, de 25 de fevereiro a 20 de novembro. No Paraguai:

A pesar de que la dirección de la escuela aun no ha dado á conocer la fecha de los examenes de fin de curso; no puede estar muy lejos el comienzo. El 25 de Noviembre es el dia indicado para el reparto de premios,y con este acto

se da clausura á la labor del año con una tregua de tres meses. (O PROGRESSO, 24 out 1920, p. 2).

O que foi possível observar é que no Paraguai, o regulamento não era cumprido, pois se as aulas terminaram em 25 de novembro e as férias eram de três meses, as aulas iniciavam em 25 de fevereiro; o Regulamento previa somente dois meses de férias. Pode-se observar que os calendários de Ponta Porã e Pedro Juan Caballero eram semelhantes.

Para o início do ano de 1921, existe um comunicado do proprietário do Collegio Antonio João, sobre a organização dos horários das aulas:

Tendo sido interrompido por alguns dias as aulas desse estabelecimento por motivos justificados, (ilegível) aos senhores paes de familia que serão reabertas as referidas aulas a começar do dia 21 do corrente em diante; obedecendo ao horario seguinte:

das 9 ás 11 horas da manhã e de 1 ás 3 horas da tarde.

Para melhor attender aos senhores interessados, contractei professores habilitados, dentre estes o sr. Emygdio Fernandes, professor diplomado que já se acha nesta cidade e que dispõe grande pratica nos misteres de sua profissão.

Ponta Pora, 19 de Fevereiro de 1921

DR. EMYGDIO DE SÁ (O PROGRESSO, 22 fev. 1921, p. 3).

O comunicado acima não especifica se os alunos permaneciam os dois turnos ou se os mesmos permaneciam por três horas e também não especifica se o colégio atendia a meninos e meninas. O informe reflete a irregularidade no funcionamento das aulas.

O jornal ―O Progresso‖ anuncia, em 1921, o início das aulas de duas escolas:

Terminaram as férias

Desde o dia 1°. do corrente estão reabertas as aulas da escola feminina estadoal regida por Da. Maria Trindade S. Santos, e da municipal mixta a cargo da professora Senhorita Juvelina Coutinho, ambas com regular frequenciade alummos. (O PROGRESSO, 13 fev. 1921, p. 2).

As irregularidades no cumprimento do calendário são descritas em matérias do jornal, devido à ausência dos professores, conforme já citado no item relativo aos inspetores escolares.

Na comparação entre o calendário paraguaio e o mato-grossense, estipulados nos regulamentos, constata-se que a quantidade de dias em que os alunos ficavam nas escolas foi uma preocupação paraguaia desde 1881, enquanto que no Mato Grosso essa preocupação só

aparece em 1916. Outro ponto merece destaque, no Paraguai o regulamento estabelecia que as crianças deveriam ficar na escola por seis horas diárias, enquanto no Mato Grosso por cinco horas. Vale destacar que essas informações estão contidas em regulamentos, mas Sá (2007) e o jornal demonstram que, pelo menos no Mato Grosso, os professores do interior é que determinavam, tanto os dias quanto as horas que as crianças realmente ficavam na escola.