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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Caracterização dos cursos participantes

4.1.1. O CAU-UFC

A criação do CAUUFC data de 17 de julho de 1964, em acordo com a Lei No. 4.363; naquele momento ele foi denominado Escola de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Ceará (EAUUFC). Esteve à frente na primeira direção do curso o prof. Hélio de Queiroz Duarte (formado pela Universidade de São Paulo). O início das atividades letivas ocorreu em 1965 nas instalações do Colégio Santa Cecília38, com a participação do Presidente do Brasil, Gal. Humberto de Alencar Castelo Branco. Inicialmente ingressavam 20 alunos por ano, e o curso contava apenas com 14 professores.

Em 1965, com o Decreto No. 62.279 houve a implantação da Reforma Universitária e a EAUUFC foi transformada em Faculdade de Artes e Arquitetura (FAA), vinculada ao Centro de Humanidades (CH), cuja estrutura contava apenas com o Departamento de Projetos de Edificação e Urbanismo (DPEU). Em 1973, um novo Decreto Lei (No. 71882), transformou a FAA no atual Curso de Arquitetura e

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Antiga estrutura (já demolida) localizada na Av. da Universidade em frente as atuais instalações do curso.

Urbanismo da Universidade Federal do Ceará (CAUUFC); o DPEU deu lugar ao Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UFC (DAUUFC), inserido até hoje no Centro de Tecnologia/UFC (CTUFC). Após 13 anos de sua criação, em 1977, com a implementação do regime semestral pelo MEC, o CAUUFC passou a receber 40 alunos ingressantes por ano.

O novo currículo do CAUUFC foi estruturado em 22 e 23 de janeiro de 1996, entrando em vigor em 1997, em atendimento à portaria No. 1.770, do MEC, em 21.12.1994. O CAUUFC não conta com a existência de um programa de pós- graduação nessa área e, atualmente, seu quadro de docentes possui 18 professores, dos quais 6 são doutores e 3 são substitutos. Semestralmente são lançados no mercado uma média de 5 profissionais39. Frente ao número reduzido de docentes, esse pequeno índice de conclusões de curso observado no período de realização da pesquisa, somada ao acúmulo de prováveis concluintes ao longo dos semestres acarreta dois sérios problemas: (i) sobrecarga dos professores com alunos para orientar; (ii) peso negativo na avaliação da instituição pelo MEC.

Nos seis anos posteriores a implementação da nova matriz curricular (1997), alunos e professores promoveram discussões sobre novas diretrizes, cujo resultado foi um ajuste de sua matriz em 2003, em vigor atualmente, e que vem passando por mudanças desde 2006, em função das diretrizes de 02.02.2006, sob a Resolução No. 6 do CNE/MEC. A nova estrutura ainda não encontra-se pronta; nela, a principal diretriz (no que diz respeito a esta Dissertação) é a implementação de uma atividade de TFG a ser desenvolvida em dois semestres e de uma estrutura de Plano de Trabalho para o TFG (normas de apresentação e entrega de produtos), confeccionada com base nas indicações de um Trabalho Científico40.

Essa alteração, entretanto, não inviabiliza o quadro traçado na pesquisa, já que a primeira turma – ingressa sob o regime do novo PPP – só deverá estar concluindo em 2015; ou seja, as condições aqui descritas permanecem as mesmas (ou muito

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O presente dado foi observado no período de realização desta pesquisa (2008). Atualmente o índice de egressos do CAUUFC encontra-se em 15 alunos – dado obtido em conversa informal com o Prof. Doutor Ricardo Bezerra.

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Anteriormente os TFGs eram apresentados como uma estrutura de Relatório, e não de trabalho científico.

semelhantes) para os alunos matriculados anteriormente. Antecipadamente, no entanto, que fique clara a mudança da estrutura do CAUUFC e, inserida nele, gradativa alteração que a atividade de TFG que passará a oferecer.

Diante disto, destaca-se que no antigo currículo (vigente durante a pesquisa) o TFG é uma atividade restrita ao 10° semestre, com carga horária de 32 horas divididas em 2 (dois) créditos e cumpridas mediante a presença do estudante em uma sessão de orientação semanal de 2 (duas) horas, e reuniões quinzenais com o Coordenador do TFG (vide Anexo 3). Para concluir seu curso em 5 (cinco) anos, um “aluno padrão” (como comentado, esse provavelmente não é um “aluno típico”) deverá realizar durante esse semestre todas as atividades necessárias para planejar e terminar sua proposta, desde a elaboração do Plano de Trabalho até a arte- finalização da proposta.

O processo de avaliação está restrito à defesa final, na qual uma banca composta por três examinadores analisa o produto apresentado; 2 (dois) desses avaliadores são professores da escola e 1 (um) é externo. Até pouco tempo atrás, os TFGs possuíam estrutura similar a de um relatório, formato atualmente alterado para o de uma monografia para a qual existe o Regulamento & Guia para Normatização (vide Anexo 4), elaborado pelo Prof. Dr. José Almir Farias Filho (professor da Escola).

Em agosto de 2008, a coordenação do CAUUFC reuniu-se com os concluintes para a apresentação do regimento do TFG41, constando, da lista de presença um total de 38 estudantes matriculados; como já comentado, apenas 1(um) estudante conseguiu terminar a tarefa no tempo previsto (vide Anexo 1 o trabalho apresentado por uma concludente), e 5 (cinco) dos demais trabalhos foram entregues nos meses subseqüentes (aconteceram bancas especiais no começo do semestre 2009.1, tendo esse pesquisador sido convidado para uma delas como examinador externo).

 

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A Estrutura curricular do CAU-UFC

As diretrizes para o Projeto Político Pedagógico do CAUUFC indicam a atividade de projetação “como um processo interativo de reflexão e ação constituído obrigatoriamente por quatro etapas [...] (p. 06), fundamentadas na: (i) Pesquisa; (ii) Conceituação; (iii) Concepção; (iv) Construção. As disciplinas essenciais para a geração de um profissional generalista, permeiam a integração tendo como base uma gradativa complexidade, compondo a Matéria Projeto.

Em virtude desse entendimento, o processo de formação se constrói através de uma estrutura básica descrita de forma interativa e cíclica, cuja construção percorre o caminho do Diagnóstico, da Análise e da Síntese, organizado nas seguintes áreas de estudo: (i) Percepção e representação; (ii) História da Arte, Arquitetura e Urbanismo; (iii) Projeto Arquitetônico; (iv) Projeto Urbanístico; (v) Tecnologia.

O CAUUFC oferta 316 créditos aos alunos, verificando-se uma desproporção entre as áreas de estudo, pois a maior concentração de créditos encontra-se na área da Tecnologia (26%), seguida pela área de Percepção e Representação (25%), e de Projeto Arquitetônico, com 22% dos créditos 42.

Com relação às disciplinas de Projeto Arquitetônico indiretamente envolvidas nessa Dissertação, algumas observações importantes merecem apreciação:

(i) inexistência de disciplina(s) embasada(s) na construção de Métodos e Técnicas de Concepção;

(ii) insuficiência da indicação de estudos voltados diretamente para a relação forma-espaço nas ementas das disciplinas de projeto arquitetônico43; (iii) presença de apenas uma disciplina de Teoria da Arquitetura, no 9º

Semestre;

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Projeto Urbanístico com 14% e fechando as áreas tem-se História da Arte, Arquitetura e Urbanismo.

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A relação forma-função é estudada em outras disciplinas na área de Percepção e Representação, mas não diretamente na formação projetual do aluno nas disciplinas de concepção do projeto arquitetônico (área de Projeto Arquitetônico).

(iv) referência à Metodologia Projetual apenas na Disciplina de Projeto Arquitetônico e de modo indireto 44;

(v) oferta de Metodologia Projetual pelas disciplinas de PA, de modo vinculado ao porte das edificações a serem propostas.

Merecem destaque: (i) o fato de não existir uma disciplina de Metodologia Projetual que embase o processo de formação da concepção do aluno e amadurecimento dessa instrumentação; (ii) a pouca discussão sobre as possíveis relações forma-função aplicada à projetação de cada sujeito sendo a Teoria, vista apenas posteriormente; (iii) a independência dos vários professores quanto às diretrizes que orientam o “ensino de Projeto” que é centrado na escala do artefato. Tais constatações induzem os seguintes questionamentos: há concatenação/coerência entre os métodos expostos pelos docentes em cada disciplina de projeto? Ou apenas ratifica-se no exposto sobre docentes que são bons profissionais ensinando algo que apenas pode ser aprendido? Quanto o método de projetação exposto pelo docente pode influenciar o discente?

Diante dessas observações, as ementas das disciplinas de projeto arquitetônico do 5° e 7° semestres evidenciam, respectivamente: (i) a preocupação com a técnica no processo de concepção em uma disciplina de projeto arquitetônico (PA-3); (ii) a [tardia] “introdução ao questionamento e à exigência de contribuição pessoal e posicionamento crítico frente à proposta arquitetônica” (p. 12 – grifo do autor).

Tais colocações assinalam dois pontos importantes a ser elencados nas ementas das disciplinas de projeto arquitetônico do CAUUFC: (i) inserção de desenvolvimento metodológico projetual para a fomentação de contribuição pessoal em TODAS as disciplinas de projeto (e uma disciplina introdutória sobre a temática); (ii) relação formal-funcional no processo de concepção dos artefatos arquitetônicos desenvolvidos na área CE estudo de Projeto embasado no estudo da Teoria da Arquitetura.

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Segundo conversas informais com a ex-cordenadora do curso, o ensino de Metodologia Projetual fica a encargo do professor da disciplina.