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2.2 MERCADO INTERNACIONAL – HISTÓRICO BRASILEIRO

2.2.2 O cenário atual – O Brasil pós-governo Lula

Em janeiro de 2011, a primeira presidente mulher da história do Brasil, Dilma Rousseff, assumiu o cargo substituindo o companheiro de partido Luís Inácio da Silva. Devido suas proximidades ideológicas de partido, Dilma Rousseff tentou dar continuidade a algumas das políticas externas praticadas por Lula. Uma destas foi a reaproximação com a economia americana, quando em 2011 e 2012, segundo Walter Neto (2012), a presidente Dilma e o presidente norte-americano Barack Obama travaram negociações em prol da redução do protecionismo cambial americano aos produtos brasileiros exportados para o país. Por sua vez, os americanos exigiram participar dos investimentos no Brasil necessários para execução dos eventos da Copa do Mundo de Futebol de 2014 e as Olimpíadas em 2016, além de apoio nas políticas externas norte-americanas no oriente médio.

Entretanto, não foi em todos os aspectos da política externa de Lula que Dilma deu continuidade. A política comercial brasileira com os parceiros do continente africano, prioridade da política de cooperação sul-sul de Lula, foi praticamente ignorada pela presidente Dilma em seu primeiro mandato. Segundo Fingermann (2015), Lula deixou para Dilma em 2010 o valor de R$1,6 bilhões em investimentos da cooperação sul-sul, um valor recorde que trouxe muitas expectativas para a forma como a presidente eleita continuaria tal política. Infelizmente para os investidores, os dados referentes ao governo Dilma indicam que a cooperação sul-sul foi deixada em planos secundários devido às políticas de cortes de orçamento realizados pelo Ministério das Relações Exteriores.

Evidências disto são os US$ 27,8 milhões de dólares que em 2014 foram investidos no continente africano. Este número representa uma redução de 25% em comparação com os US$ 36,9 milhões de 2012. Fingermnn (2015) analisa que o Brasil estaria substituindo as políticas de cooperação sul-sul pela cooperação norte- sul, onde buscando parcerias com países desenvolvidos, como a Alemanha e os Estados Unidos, o Brasil daria continuidade aos investimentos no continente sem depender exclusivamente do seu capital.

Outra prioridade do governo Lula que teve importância reduzida no governo Dilma Rousseff foi o MERCOSUL. As crises políticas e econômicas no Paraguai e Venezuela atingiram o bloco regional como um todo, e, a opção da presidente em dar prioridade aos aspectos domésticos de sua economia afetaram as tomadas de decisão da cúpula do MERCOSUL. Segundo Leão (2016), o bloco

regional perdeu o líder e autoridade continental que era Lula durante seu mandato, quando o presidente tomava a frente das decisões. Esta foi uma das características que segundo o autor faltou à presidente Dilma durante seu mandato e que deixou o bloco regional sem um líder que levasse à frente as propostas para o crescimento do continente.

Segundo o autor, a presidente Dilma, além dos aspectos de política externa, também teve problemas de administração das finanças de seu governo, o que no seu segundo mandato, iniciado em 2015, causou uma perda do controle sobre as contas do país e uma seguinte crise econômica e política afetando diversos setores da economia nacional, aumentando o índice de desemprego e a inflação. O agravamento da situação econômica e política do país levaram ao impeachment da presidente Dilma Rousseff, sendo sucedida pelo atual presidente da república Michel Temer.

A crise na qual o país tem enfrentado pouco se relaciona com a crise financeira mundial que abalou o mundo em 2008, e sim é uma crise política que veio a desestabilizar as bases da economia nacional, causando uma crise econômica por consequência. Segundo Leão (2016), decisões equivocadas do governo e conflitos partidários podem ser apontadas como causas maiores para a crise iniciada em 2015. Diversos escândalos de corrupção envolvendo a alta cúpula do governo Rousseff e a falta de planejamento econômico, segundo o autor, envolvendo principalmente o pagamento dos juros e a incapacidade de controlar a dívida pública nacional comprometeu a popularidade do governo da presidente para com o eleitorado e os demais políticos.

Ainda segundo o autor, encarando um déficit econômico pela primeira vez em anos, o Brasil viu a crise política transformar-se em crise econômica no momento em que os escândalos afetaram a imagem do país também no exterior, desvalorizando a moeda nacional frente ao dólar causando um “efeito dominó” elevou os preços dos produtos e em seguida a inflação que o país tanto combateu durante as últimas décadas. Por consequência à crise, a taxa de desemprego se elevou para mais de 10%, abalando a indústria e reduzindo o poder de compra da população.

Com menor poder de compra e o aumento nos preços, a população deixou de consumir como nos anos anteriores fazendo o volume de capital

circulando, que movimenta a economia, sofrer uma redução. O país entrou em recessão econômica causando um encolhimento do PIB em 5,4% durante os três primeiros meses de 2016 segundo o IBGE (Instituto Brasileiro e Geografia e Estatística) e a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Segundo estes órgãos, e o Banco Central em agosto de 2016, a recessão econômica deve continuar em 2017, mas, já se percebe que a crise está perdendo intensidade.

Mesmo em meio à crise é importante destacar que, como exceção ao resto do país, segundo o IBGE (2016), em junho o comércio exterior brasileiro registrou bons resultados em meio à crise atual. As exportações aproveitaram a alta do dólar registrando um crescimento de 13%. Isto evidencia a atividade como alternativa de arrecadamento de capital visto a queda de consumo no mercado interno.

Desta forma, o comércio exterior pode ser visto novamente como alternativa para alavancar o crescimento econômico nacional, como ocorrido no final do século XX. Este foi o discurso adotado pelo vice-governador do estado de São Paulo e secretário de desenvolvimento econômico, ciência, tecnologia e inovação, Márcio França em 2016. Incentivando as empresas a exportarem, o governo consegue arrecadar mais dinheiro e coloca naturalmente uma quantidade interessante de capital circulando no mercado interno, o que significaria o primeiro passa para sanar a recessão econômica nacional. Este seria, segundo o vice- governador paulista, o momento ideal para que se olhe atentamente para os resultados da balança comercial do país como termômetro econômico brasileiro.