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3 DIÁLOGOS ESTRE O ESSISO DE ARQUITETURA E A EDUCAÇÃO

3.3 O desenho e a Matemática: possibilidades de mediação

3.3.3 O computador e as contribuições para a visualização na

A revolução tecnológica somada à popularização do computador tem fornecido novos contextos para o ensino de um modo geral na Educação Matemática, tanto para os alunos quanto para os professores e, em especial, para o ensino da geometria. É importante salientar, no entanto, que nesta pesquisa, ao se falar sobre o uso do computador busca-se evidenciar, mais uma vez, a importância da mediação, através da incorporação de novas formas de representação e de visualização, exploradas pelos programas computacionais. No entanto, um maior aprofundamento sobre o uso do computador não será explorado neste texto.

Conforme Guzmán (2002), a visualização pode ser realizada através de meios que envolvem a imaginação e a habilidade de representação, com o auxílio de diferentes instrumentos, como, o papel e o lápis, o quadro negro, o giz e etc. Normalmente, os desenhos e os tipos de representação usados na visualização não necessitam ser muito precisos e elaborados com medidas exatas, réguas ou compassos. Ainda segundo Guzmán, os desenhos feitos a mão buscam o estabelecimento de relações entre as figuras, que podem ser encontradas mesmo em desenhos menos elaborados. Na

120 maioria das vezes, esses desenhos são ferramentas auxiliares da imaginação, que ajudam os sujeitos a estabelecerem relações que os levam às compreensões necessárias, nas determinadas situações vivenciadas. Com o desenvolvimento dos computadores, com o seu uso cada vez mais difundido e com o surgimento de programas que permitem outras maneiras de propiciar e favorecer a visualização, novos comportamentos do homem em relação à sua atividade e ao emprego dessas tecnologias são esperados. Acredita-se que o aluno que for capaz de estabelecer um diálogo com a máquina (o programa e o computador), através da capacidade de representação estará em melhor posição para a compreensão dos problemas propostos. Hoje, podemos encontrar programas computacionais que promovem a visualização em diversos campos da Matemática, como na análise multidimensional e na geometria. Segundo Guzmán, espera-se que esses programas contribuam de forma significativa para o estímulo e para a revitalização dos aspectos visuais da Matemática, em todas as suas áreas.

Segundo Nacarato e Passos (2003) e Veloso (2000), os programas de computador permitem a representação tridimensional dos objetos espaciais, possibilitando aos usuários manipulá-los dinamicamente em rotações, translações, secções por planos e etc. Com isso, é permitido aos estudantes ver e transformar um sólido e representá-lo de diversos modos na tela do computador. As novas tecnologias estão transformando o panorama da Matemática e do ensino. Diversos aplicativos disponíveis, como Geometric Supposer, Cabri-géomètre, Geometer´s Sketchpad, Geometry Inventor e Logo, entre outros, têm possibilidades para revolucionar profundamente os modos de resolução de problemas e de exploração de situações que permitem contextos propícios para o desenvolvimento de noções e conceitos geométricos. Portanto, que o uso do computador, ao introduzir uma dimensão dinâmica no processo educacional, ganha relevância na investigação sobre a visualização.

Em resumo, como visto, nas diversas colocações estabelecidas, os desenhos são evidenciados no âmbito da matemática, em seus diversos papéis mediadores: como linguagem e comunicação, como forma de representação e de interpretação da realidade, como ferramenta que promove o desenvolvimento cognitivo e como

121 ferramenta que contribui para a visualização e a investigação. Evidencia-se, portanto, sua contribuição para a resolução de problemas e, ainda, sua contribuição para a introdução e apresentação de conceitos matemáticos.

Após o reconhecimento dos diversos papéis mediadores do desenho e da sua relevância na Matemática, a seguir promovem-se outros diálogos, necessários para ajudar a evidenciar o papel do desenho nas atividades de projetação e, por conseguinte, refletir sobre a sua relevância nas questões do ensino e da aprendizagem na Arquitetura. Nessa trajetória, são apresentados alguns diálogos, entre o desenho (nas suas diferentes formas de representação) e as suas possibilidades de mediação, no fazer projetual. Além disso, são promovidas algumas reflexões sobre as mudanças na prática projetual ocasionadas pelo crescente uso da computação gráfica na Arquitetura.

3.4 O desenho e a Arquitetura: possibilidades de mediação

Como visto no capítulo anterior, as diversas tentativas da criação de modelos sistematizados capazes de facilitar a atividade de design (chamada de processo de projeto e/ou projetação) não tiveram o êxito esperado e não foram incorporados à prática, abrindo e direcionando o campo de pesquisas para a projetação em si. Observa-se que os estudos e pesquisas sobre a projetação têm aumentado substancialmente desde meados dos anos 1980 (AKIN, 2001; SILVA, 1983; SCHÖN, 1983, 2000; ROWE, 1987; GOLDSCHMIDT, 1991; LAWSON, 1996, 1997, 2003; SUWA e TVERSKY, 1997; TVERSKY, 1999, 2002; MARTINEZ, 2000; CROSS, 1999, 2001 e GOEL, 1995, entre outros). No entanto, Cross (2001) considera-os ainda inexpressivos numericamente, tendo em vista a sua importância para a área. De acordo com o autor, esses estudos apresentam resultados variados e se baseiam em um número reduzido de sujeitos participantes, além de, normalmente, não terem seus resultados testados em estudos repetidos. Portanto, mais pesquisas que busquem aprofundar as

122 investigações nessa área justificam-se e ganham relevância para a compreensão da atividade de projetação.

Para a discussão sobre a projetação e sobre o papel mediador do desenho e a sua importância na cognição humana torna-se necessário, primeiramente, valorizar o significado da própria projetação como um processo.

A projetação não significa apenas resolver um problema projetual. Segundo Cross (2001), a projetação envolve encontrar o problema, além de solucioná-lo; e isso inclui uma atividade substancial na estruturação do problema, mais do que meramente aceitá-lo como um problema dado. Nesse sentido, como já enfatizado, a valorização do processo de projeto é cada vez mais presente e, nessa trajetória, as estratégias empregadas durante esse processo se valorizam. O desenvolvimento de um projeto arquitetônico, considerado como um processo, visa, inicialmente, reconhecer a natureza do problema proposto e, posteriormente, responder a esse problema de forma adequada. No entanto, as respostas a um determinado problema projetual não são únicas e cada uma delas pode oferecer vantagens e desvantagens. Portanto, é o processo projetual, caracterizado pela busca e pela integração das respostas a um problema complexo, que caracteriza a atividade do arquiteto.