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O CONSELHO DE ACOMPANHAMENTO DO PPA 2008-

Mapa 1 : Territórios de Identidade da Bahia 2007-

4.3 O CONSELHO DE ACOMPANHAMENTO DO PPA 2008-

O Conselho de Acompanhamento do Plano Plurianual 2008-2011 surgiu a partir das plenárias territoriais realizadas entre os meses de maio e junho de 2007 durante o processo de escuta social. No Caderno do PPA Participativo, distribuído entre os participantes do evento, foram apresentadas informações sobre a eleição dos conselheiros e estabelecidas as regras (BAHIA, 2007b). Na ocasião, o conselho ainda era classificado como um fórum e era definido como: “Instância de monitoramento e discussão sobre as prioridades temáticas dos territórios no PPA 2008-2011” (BAHIA, 2007b, p. 24). A forma de composição permaneceu a mesma ao longo da execução do plano, com “dois representantes de cada Território de Identidade, indicados pelas plenárias dos dois Eixos de Desenvolvimento” (BAHIA, 2007b, p. 24).

O Fórum de Acompanhamento do PPA Participativo se reuniria semestralmente, com um calendário previamente definido e o regimento da instância seria elaborado pelos conselheiros, posteriormente. Até então, não havia referências à presença de secretários estaduais na composição. Também não foram estabelecidos critérios para a seleção dos conselheiros, com exceção da óbvia exigência de estarem presentes às plenárias territoriais e serem maiores de 16 anos (SECRETARIA, 2007b, p. 23).

Nas primeiras plenárias, no entanto, foi definido como critério para eleição a participação do candidato em alguma entidade da sociedade civil, a exemplo de associações, sindicatos, organizações não-governamentais ou outras entidades da sociedade (SOUZA, 2010). O objetivo dos coordenadores do Plano Plurianual Participativo era assegurar a representatividade do fórum, evitando que servidores públicos sem vínculos com entidades da sociedade civil (não houve restrições a dirigentes de sindicatos de servidores públicos), agentes políticos no exercício de mandato ou ocupantes de cargos de confiança fossem candidatos. A medida foi justificada pela necessidade de manter a representatividade do fórum, assegurando a condição de conselheiros aos representantes da sociedade e reduzindo a influência de agentes com vínculos com o Estado (VALADARES, 2010).

Com o trabalho dos grupos divididos por salas temáticas, cada sala elegia um representante, após a apresentação das propostas, que depois disputava a condição de conselheiro com representantes das demais salas do Eixo de Desenvolvimento (Social ou Econômico). Na plenária final eram definidos os dois conselheiros e os dois suplentes tornavam-se,

automaticamente, os candidatos que ficavam na segunda colocação na eleição; foram eleitos 52 representantes dos 26 Territórios de Identidade. Nos municípios que sediaram plenárias de dois territórios, os públicos foram separados não apenas para a discussão das propostas, mas também para a indicação dos representantes no fórum do PPA-P (SOUZA, 2010).

Embora a Secretaria do Planejamento não disponha de um levantamento conclusivo sobre as entidades às quais são vinculados os conselheiros, pode-se afirmar que percentual expressivo do CAPPA é oriundo de entidades vinculadas à Agricultura Familiar por três razões principais: a agricultura é a atividade econômica predominante em boa parte dos Territórios de Identidade; as entidades da Agricultura Familiar são mais organizadas nos territórios, principalmente porque há Sindicatos de Trabalhadores Rurais (STR) funcionando em praticamente todos os municípios baianos; a maior parte do público presente às plenárias do PPA-P era composta por agricultores familiares, o que se refletiu no processo eleitoral.

Os conselheiros vinculados à Agricultura Familiar foram eleitos pelo eixo econômico. Na área social houve maior dispersão, com presença mais acentuada de conselheiros vinculados a sindicatos, particularmente da Saúde e da Educação. Houve, também, a eleição de representantes de associações comunitárias, organizações não-governamentais ligadas à defesa do meio-ambiente, movimentos sociais como o Movimento do Sem-Terra (MST) e dos Sem-Teto em Salvador. Note-se que, entre os eleitos, estavam conselheiros vinculados aos Colegiados Territoriais, responsáveis pela condução da política territorial na Bahia até 2006 e que ganharam projeção a partir de 2007 (SECRETARIA, 2009).

A primeira atividade dos conselheiros foi o comparecimento à Assembleia Legislativa da Bahia, junto com o governador Jaques Wagner (PT), para a entrega formal do Plano Plurianual para apreciação dos parlamentares, em 30 de agosto de 2007. Posteriormente, entre os dias 28 e 30 de novembro, aconteceu o 1º Seminário Estadual do Conselho de Acompanhamento do PPA, em Salvador, com o objetivo de qualificar os integrantes do conselho sobre os instrumentos orçamentários e de planejamento; já em 2008, em 27 e 28 de fevereiro, ocorreu a 1ª Reunião Extraordinária, que foi sucedida pela 1ª Reunião Ordinária em 06 e 07 de junho (SECRETARIA, 2009).

Até então, formalmente, o CAPPA, não existia: o decreto 11.123, instituindo o Conselho de Acompanhamento do PPA 2008-2011 foi publicado em 30 de junho de 2008, o que, por fim,

lhe conferiu existência legal (BAHIA..., 2008c). No decreto é determinado que, além dos 52 titulares dos 26 Territórios de Identidade, o conselho tem como membros e coordenadores os secretários do Planejamento e de Relações Institucionais, além de um secretário-executivo, indicado pela Secretaria do Planejamento. A novidade ficou por conta da instituição de uma comissão executiva, composta por cinco titulares e cinco suplentes, eleitos entre os membros do CAPPA, nas reuniões plenárias (BAHIA..., 2008c).

Em oito de julho de 2008 uma portaria conjunta das secretarias do Planejamento e de Relações Institucionais oficializou os nomes dos 52 membros titulares do CAPPA e dos 52 suplentes, indicados nas plenárias territoriais dos meses de maio e junho de 2007 (BAHIA, 2008d). Em 18 de julho, por fim, foi publicada uma segunda portaria conjunta das mesmas secretarias, aprovando o regimento interno do “Conselho de Acompanhamento do Plano Plurianual do Estado da Bahia” (BAHIA, 2008e). Seis meses depois da entrada em vigência do PPA, portanto, o conselho foi finalmente instituído. No Artigo 1º estão listadas as atribuições, com ligeiras alterações em relação ao decreto 11.123:

Art. 1°. O Conselho de Acompanhamento do Plano Plurianual – CAPPA, instituído pelo Decreto Nº. 11.123 de 30 de junho de 2008, é um instrumento de gestão do PPA, organizado sob a forma de órgão colegiado de caráter consultivo e tem como finalidade subsidiar e aconselhar o Governo do Estado da Bahia quanto à execução do PPA 2008-2011, bem como propor às instâncias governamentais competentes a adoção de medidas e ajustes necessários para a implementação do PPA 2008-2011 (BAHIA, 2008e).

Mais adiante são detalhadas as atribuições do conselho:

Art. 3º. São atribuições do Conselho de Acompanhamento do Plano Plurianual – CAPPA:

a)Acompanhar junto aos órgãos competentes do Poder Executivo a implementação do Plano Plurianual;

b)Estabelecer com os 26 (vinte e seis) Territórios de Identidade diálogo constante no acompanhamento do PPA 2008-2011;

c)Subsidiar os poderes públicos estaduais no processo de execução do PPA 2008-2011;

d)Colaborar na elaboração de políticas de acompanhamento e de planejamento nas diversas instâncias do governo estadual;

e)Estabelecer diálogo permanente com os demais Conselhos Estaduais de políticas setoriais e territoriais (BAHIA, 2008e).

Os conselheiros para o CAPPA não foram remunerados nos quatro anos de vigência do plano, conforme foi anunciado nas plenárias territoriais e foi confirmado, posteriormente, no decreto

que instituiu o conselho. O Governo do Estado comprometeu-se somente com o ressarcimento dos gastos com alimentação e hospedagem dos conselheiros, no exercício de atividades vinculadas ao CAPPA (BAHIA, 2008e).

Embora tenham surgido divergências acerca das atribuições e do próprio papel do conselho, o fórum engajou-se em um conjunto de atividades que foram além da presença nas reuniões ordinárias e extraordinárias, normalmente realizadas em Salvador. Entre essas atividades estão o levantamento de prioridades territoriais para a Lei Orçamentária Anual (LOA) nos anos de 2010 e 2011, a mobilização para a realização dos Diálogos Territoriais entre os meses de abril e junho de 2010 e a articulação e mobilização para a realização das plenárias do Plano Plurianual Participativo 2012-2015, processo que se iniciou em março em Salvador e, em alguns territórios, se estendeu até meados de maio.