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O Contexto que Promoveu os Mecanismos de Expansão do

Capítulo I – A Assistência Social no Contexto do Estado de Bem-Estar Social

2. Os Modelos de Welfare State

2.1. O Contexto que Promoveu os Mecanismos de Expansão do

O período que se inicia após a Segunda Guerra Mundial, amplia o consenso de proteção social como elemento essencial da civilização e sobre o Keynisianismo, as políticas sociais se integram cada vez mais e melhor, à política econômica.

Keynes e Beveridge inspiraram esta época. Keynes defendia a necessária intervenção do Estado na economia e observava a necessidade de conciliação entre um melhor rendimento econômico, a justiça social e a liberdade individual. O plano Beveridge lançou as bases para um sistema de seguridade social na Inglaterra e inspirou os demais governos dos países avançados. Assim, é no contexto do pós-guerra, que se concretizam os mecanismos de expansão do wefare state.

Keynes afirmava que a sociedade capitalista contemporânea se apresentava incapaz de proporcionar o pleno emprego e com sua desigual distribuição de riqueza e renda, o nível da demanda não poderia ser suficiente para garantir o pleno emprego e assim, a economia estaria em desequilíbrio. Portanto, ao Estado caberia assegurar o pleno emprego, ampliando

e estendendo suas funções tradicionais, especialmente em relação aos gastos que, independentemente da disposição, deveria destinar recursos para cobrir o nível da demanda agregada. Caberia também, para a atividade produtiva da empresa privada, controlar o nível baixo dos juros visando elevar o volume de investimento para ser compatível com o pleno emprego e finalmente, a redistribuição de renda ampliaria o consumo.

A transferência de renda da classe mais abastada para as mais pobres, elevaria a propensão ao consumo da classe média, visto que quanto maior a renda, menor a parcela destinada ao consumo e maior a poupança. Por outro lado, quanto menor a renda, maior a parcela utilizada para o consumo. Esta relação entre a renda total e a parcela de renda utilizada no consumo, define a propensão marginal a consumir, desta forma, haveria um incremento na demanda efetiva que minimizaria as conseqüências sociais sobre os cidadãos.

Beveridge em 1942 preconiza a criação de um sistema de proteção generalizado, administrado pelo Estado, o qual deveria cobrir o conjunto dos riscos, com o princípio básico de assegurar uma proteção mínima às necessidades básicas20.

Assim, no contexto da chamada “Era Dourada”, no pós-guerra, o welfare state, que se consolidou nos países desenvolvidos, foi um dos traços marcantes da “idade do ouro” do capitalismo e este contexto caracterizou-se com crescimento rápido do comércio mundial, elevação da produtividade com absorção da mudança tecnológica, estabilidade dos empregos regulares, evolução do salário médio real associado à produtividade, altas taxas de crescimento do produto acompanhadas de rápidos incrementos da produtividade, reduzidas taxas de desemprego, ampliação do consumo de massa e criação de abrangentes sistemas de proteção ao bem estar dos trabalhadores e dos cidadãos. Em tal situação, podemos relacionar que alguns resultados alcançados foram a homogeneidade do trabalho, a generalização da conformação de normas de trabalho e emprego relativamente

20 É consenso no debate a influência deste plano, como podemos verificar nas análises tanto de

Mérrien como de Marshall.Para Mérrien (1994:23/86), “a visão universalista de Beveridge estendeu o benefício da seguridade social e o uso dos serviços sociais ao conjunto da população. As reformas iniciadas por ele, souberam conciliar individualismo e coletivismo, inerente à todas política social. Até o fim dos anos 70, mantém-se este aspecto universalista e coletivista(..)Os Estados Providência modernos, são de certo modo, os infantes de Beveridge, mas também, de uma certa medida, dos sociais democratas suecos(...) Durante esta fase, é construída a figura de um estado progressivo e benevolente, protetor dos direitos dos cidadãos, desenvolvendo sua ação para responder às novas necessidades sociais. O Estado-Providência parece, aparentemente, capaz de responder às aspirações mais contraditórias”. Para Marshall (1967:97) “a transformação, ou revolução (do plano Beveridge), consistiu na fusão das medidas de política social num todo o qual, pela primeira vez adquiriu em conseqüência, uma personalidade própria e um significado que, até então, tinha sido apenas vagamente vislumbrado(...) A responsabilidade derradeira total do Estado pelo bem-estar de seu povo foi reconhecida mais explicitamente do que jamais o fora”

padronizadas, o aumento de diferentes formas de defesa ou segurança de trabalho, deslocamento de partes do custo de reprodução da força de trabalho para o Estado através de políticas (transportes urbanos, habitação, saneamento, urbanismo, educação e saúde) e intensificação dos gastos sociais favorecendo o crescimento do emprego no setor público. (Mattoso:1995)

Esta condição estava favorecida pelo crescimento econômico mundial proporcionando o pleno emprego, pois ao passo que a seguridade social conseguia ampliar universalmente sua cobertura, à assistência cabia uma atuação mais residual. Assim, crescimento econômico e elevado nível de emprego permitiu que as famílias mantivessem um determinado padrão de renda distribuída, de certa forma, mais equânime entre seus membros. Para aqueles que se encontravam formalmente empregados a proteção advinha do seguro social e para aqueles que não estavam inseridos no mercado de trabalho a proteção provinha da assistência social buscando sua inserção.

O desenvolvimento do welfare state estendeu também a criação de empregos no setor público, aumentou a segurança do emprego pela via da seguridade social, os salários reais se elevaram no mesmo ritmo da produtividade e finalmente a política de crédito fácil e barato, permitiu o consumo de bens duráveis (casa, eletrodomésticos, carro). Este desenvolvimento trouxe o fenômeno dos “30 Gloriosos”, mas “deve-se lembrar que, ao contrário do recorrentemente propalado, esse crescimento não teve duração de 30 anos, mas de cerca de 15 anos somente”. Dedecca (2002:29).

Verificamos então que as proporções do welfare state variam no tempo entre os países e mesmo em um dado padrão similar, admitem-se estas variações, contudo, a tendência no período de expansão foi a forte presença do Estado (welfare state é público e estatal) com peso relativamente crescente da provisão de bens e serviços públicos.

Entretanto, atualmente, a presença do Estado não se dá da mesma maneira, a institucionalização considerada garantidora da continuidade do sistema, hoje entra com um outro tom na discussão da crise do Estado de Bem Estar Social e na questão social que tem no desemprego, na pobreza e na exclusão social os resultados que denunciam a face mais perversa do sistema capitalista.

2.2. A Crise do Welfare State e a Questão Social na Atualidade: desemprego,