• Nenhum resultado encontrado

 

Dirigido por David Fincher, O Curioso caso de Benjamin Button é uma fantasia        dramática baseada em uma história de       Scott Fitzgerald   . A história é sobre um homem que        envelhece ao contrário.  

As filmagens começaram em 2006 e tiveram um total de 150 dias.       Brad Pitt teve de       

fazer muitas sessões de captura de movimento. Seu personagem seria visto em metamorfose       

nascendo velho e morrendo bebê. Digital Domain, estúdio chamado para o projeto, usou um       

sistema avançado de captura facial para ter a certeza que todos os detalhes fossem       

reproduzidos com precisão. O resultado foi espetacularmente inovador e realístico.  

 

4.21. 2009 ­ Avatar.  

  James Cameron escreveu o primeiro tratamento de       Avatar em 1994 e pretendia         

filmá­lo depois do lançamento de         Titanic. Primeiramente a intenção de James Cameron era       

produzir Avatar unindo sua produtora Lighting Entertainment, o estúdio Digital Domain e       

Stam Winston Studios. Todos os três estúdios participariam da produção e pós­produção de       

Titanic.   Quando a Digital Domain recebeu o script, era claro que era necessário o       

desenvolvimento de novas tecnologias para fazer o filme acontecer. James Cameron e Digital       

Domain pediram um investimento da 20th Century Fox para fazer testes com       Avatar e a 20th       

Century Fox pediu em troca que toda tecnologia criada pudesse ser usada pelo seu novo       

estúdio adquirido pela distribuidora chamado VIFX, futuro Blue Sky Studios. Digital Domain       

recusou. James Cameron sabia que o tempo iria sanar todas os seus problemas mediante ao       

desenvolvimento tecnológico.   Em 2005, James Cameron decidiu reexplorar o mercado para ver se a tecnologia havia       

avançado significativamente a ponto de realizar       Avatar . Como já não era mais sócio da       

Digital Domain, o diretor conversou com empresas importantes do mercado de VFX. O único       

desafio de   Avatar não era apenas o realismo computadorizado a se alcançar, mas sim o fato de       

o filme ser filmado em 3D estereoscópico.   A tecnologia 3D existia desde 1922, mas não tinha evoluído à perfeição que Cameron       

demandava para Avatar. Ele não teve escolha a não ser desenvolver seu próprio sistema de       

captação estereoscópica ao lado de Vince Pace e a Sony. Uma nova câmera estéreo chamada       

Fusion Camera System foi criada, permitindo ao diretor filmar imagens estereoscópicas        perfeitamente sincronizadas. 

Cameron estava confiante que o tempo de       Avatar havia chegado. Ele aproximou­se da       

20th Century Fox e convenceu­os a investir na pré­produção de       Avatar. E para demonstrar       

que os estúdios de efeitos visuais eram capazes de entregar a qualidade desejada para o filme,       

ILM, Digital Domain e Weta Digital tiveram de trabalhar em cenas testes sendo a Weta       

Digital o estúdio escolhido para fazer os efeitos visuais.     “Weta Digital provou­se um líder em efeitos visionários, especialmente na área de captação  de performance, o qual é uma grande parte do meu novo filme”  James Cameron  29   Uma das principais inovações, foi a invenção e o desenvolvimento de uma câmera       

virtual para as cenas concebidas totalmente em computação gráfica. A câmera virtual é       

melhor descrita como um monitor de mão que permite o diretor mover­se através do terreno       

gerado em computação gráfica em tempo real. Esta técnica permitiu que Cameron dirigisse o       

filme como se estivesse em um vídeo game. Atores vestiam roupas de captura de movimento       

e Cameron via suas performances em seus personagens 3D através da câmera virtual .  30 Em abril de 2008 as filmagens começaram em Los Angeles e Wellington. A Weta       

Digital teve que investir na sua estrutura computadorizada para a produção de       Avatar . No   

final de   King Kong  , as Renders Farms da Weta tinham aproximadamente 4.400 CPUs e      31       

aproximadamente 100 TB de armazenamento. No final de       Avatar, o poder de renderização         

cresceu para 35.000 CPUs e mais do que 3 petabytes de storages. Vale lembrar que no final, a       

Weta teve que renderizar cada quadro duas vezes por conta da estereoscopia.   Sob a supervisão de Joe Letteri, a Weta Digital teve de inovar em renderização,       

shading , iluminação e captura de movimento. Através das muitas inovações em VFX,32        personagens e ambientes  computadorizados nunca soaram tão reais. 

 

4.22. 2012 ­ A Vida de Pi. 

 

29 James Cameron Signs Weta Up for Avatar ­ movieweb.com/james­cameron­signs­weta­up­for­avatar/  30 Demonstração Avatar câmera virtual www.youtube.com/watch?v=Wy7IvrizRok  31 Renders Farms são computadores específicos para o processamento dos efeitos visuais.   32 Shading é o processo de simulação da luz ao reagir na textura do personagem digital, trazendo realismo ao  objeto criado. 

A Vida de Pi dirigido por Ang Lee é um filme baseado no romance de Yann Martel. O             

filme conta a história de um garoto indiano que sobrevive a um naufrágio encontrando­se       

dentro de um bote salva vidas junto de um tigre, à deriva em pleno oceano pacífico. O filme       

foi orçado em 120 milhões de dólares. Um gigantesco tanque de água foi construído em um       

aeroporto abandonado. A filmagem principal do filme demorou três meses. Mas isso não é       

nada comparado ao maior desafio até então: o desenvolvimento do tigre de bengala.   O estúdio de efeitos visuais Rhythm and Hues, o mesmo de       Babe o porquinho     

atrapalhado, 1995, gastou um ano na fase de pesquisa e desenvolvimento antes das filmagens       

começarem. No total, a companhia trabalhou dois anos e quatro meses neste filme.   Água, Nuvens, ilhas, animais, o tigre de bengala, quase tudo em         A Vide de Pi era       

computação gráfica. O realismo com que A Vida de Pi fora criado engana qualquer       

espectador. O Filme ganhou o Academy Awards de melhor efeitos visuais.   Contudo, o filme tornou­se conhecido na indústria não só pela perfeição pictórica de        suas imagens computadorizadas, mas também pela bancarrota do estúdio Rhythm & Hues.  

 

 

 

5.0. Globalização do VFX. 

 

O pioneirismo executado pelos estúdios norte­americanos de efeitos visuais propiciou       

um mercado sem competidores fora de seus territórios na década de 90 e começo dos anos       

2000; mas a partir do momento em que os custos relacionados a “hardware” e “software”       

caíram, novas boutiques especializadas em trabalhos pequenos, como comerciais de TV e    33       

televisão, começaram a surgir no Reino Unido, Alemanha, França, Canadá, Austrália e Nova       

Zelândia. Inicialmente, Hollywood ainda era inacessível devido à alta qualidade técnica e       

artística demandada por seus maiores estúdios.  A expansão dos estúdios internacionais de VFX se deu com a contratação de mão de       

obra com experiência em Hollywood. Altos salários e cargos de supervisão fizeram com que       

vários profissionais migrassem dos Estados Unidos para a Europa e Oceania no final da       

década de 90, difundindo o conhecimento do VFX ao redor do mundo com a ajuda da       

internet.   O processo migratório até o final da década de 90 e começo dos anos 2000 não       

implicava em problema algum para os grandes estúdios de VFX. Apesar das margens baixas,       

as pós­produtoras ainda possuíam um modelo de negócios saudável, começando a se       

preocupar a partir do momento em que surgiram os primeiros incentivos fiscais.   

5.1 Subsídios Fiscais na indústria cinematográfica. 

  Subsídios estatais são uma estratégia governamental a fim de proteger da concorrência       

estrangeira ou incentivar determinada indústria de um setor específico. Isenção de impostos,       

abatimento de tarifas e concessões territoriais são algumas das medidas tomadas por governos       

no incentivo a determinada atividade econômica. No escopo cinematográfico, os EUA são o       

país mais prejudicado na guerra fiscal com a Europa, Oceania e Canadá no que diz respeito a       

incentivos fiscais à indústria cinematográfica. Muitos “blockbusters Tent­pole” e companhias       

de efeitos visuais migraram do território estadunidense nos últimos anos. Porém, levando a       

questão dos incentivos a uma perspectiva econômica geral, de acordo com pesquisa realizada       

pelo Jornal New York Times, os EUA aportam cerca de 80 bilhões de dólares em incentivos       

para indústrias que vão desde o cinema, agricultura, serviços, manufatura e tecnologia .  34 O primeiro subsídio voltado à atividade cinematográfica aconteceu na Alemanha de       

1917 com a fundação do Universum Film AG (UFA), com o objetivo de criar propaganda e       

entretenimento.35  A partir da Segunda Guerra, os subsídios acabaram devido à crise       

econômica, retornando apenas em 1967 em razão da competição feroz imposta pela televisão.   Com o surgimento da televisão em 1960 na Europa, a frequência dos espectadores nas       

salas de cinema começou a cair. Os Estados Unidos tinham algumas vantagens em relação à       

Europa: um mercado unido com uma população muito maior que a Europa falando uma única       

língua, o fato da cultura americana amar ir ao cinema diferentemente da população europeia e       

a qualidade dos filmes americanos serem muito superiores aos filmes europeus, havendo altos       

investimentos em marketing, glamour e efeitos especiais.   Já os britânicos editaram a sua primeira medida de incentivo à indústria       

cinematográfica em 1927 com o Cinematographers Trade Bill. A lei foi a primeira cota de       

telas existente na indústria mundial, forçando exibidores e distribuidoras a reservar uma cota       

mínima para o cinema britânico nacional. A lei começou obrigando uma reserva de 7.5% em       

1927 partindo para 20% em 1936, incentivando um boom artificial na produção de filmes com       

um ápice de 220 filmes em 1936 . Em 1937 a super produção na indústria cinematográfica      36       

inglesa transformou­se em crise com várias produtoras entrando em falência em 1937. Como       

resultado, a indústria inglesa ainda permanece totalmente dependente dos estúdios       

americanos.   As medidas protecionistas perpetuadas pelos estados europeus tinham o principal       

objetivo de fazer com que a indústria doméstica parasse de encolher, levando em       

consideração a importância do cinema na matriz cultural de um país. Hoje em dia o cinema       

hollywoodiano domina as bilheterias do Cinema Europeu com um Market Share em torno de       

60/70%.   37     34 Fonte: www.nytimes.com/interactive/2012/12/01/us/government­incentives.html?ref=us&_r=1&#PA  35 Grage e Ross, p. 166, 2014.  36 Routledge,  2003 

37  Paper:  An  overview  of  Europe's  film  industry.  Fonte:  http://www.europarl.europa.eu/RegData/etudes/BRIE/2014/545705/EPRS_BRI(2014)545705_REV1_EN.pdf 

 

5.2 Como os Subsídios influenciam a indústria de Efeitos Visuais.  

 

Os subsídios  estatais  inicialmente visavam atrair a equipe de fotografia principal. Foi       

em Harry Porter e o prisioneiro de Askaban            , 2004, que a pós­produção passou a ser a política       

desses subsídios. 75% de todo o trabalho de pós­produção tinha de ser feito no Reino Unido       

como requerimento para a aplicação desses incentivos fiscais . Com isso, muitos efeitos      38         

visuais saíram das mãos de empresas americanas. Não havia empresas de VFX significativas       

na Inglaterra até então, mas a partir do momento em que os incentivos fiscais garantiram uma       

sequência de 8 grandes Harry Porters de alto orçamento, as empresas nacionais cresceram e       

puderam contratar mão de obra altamente qualificada. A Warner tinha tanto trabalho a ser       

feito que eles construíram um estúdio em um velho aeródromo. Hoje em dia, o tamanho e a       

experiência das companhias inglesas se igualam a muitas grandes companhias       

norte­americanas. Esta mudança legislatória provocou um exponencial aumento na qualidade       

técnica e artística da indústria inglesa de VFX, e outros governos, tais como Nova Zelândia,       

Austrália, Canadá e Alemanha, seguiram o mesmo caminho.   O surgimento dos incentivos fez com que Hollywood fornecesse trabalhos para       

companhias fora dos territórios americanos, fazendo com que empresas não americanas       

crescessem em termos de qualidade técnica e artística. Já as empresas norte­americanas       

tiveram de se adaptar à nova realidade. Industrial Light & Magic, Rhythm & Hues, Dream       

Works e Digital Domain criaram escritórios satélites em áreas onde os subsídios fossem mais       

vantajosos, levando consigo parte de força trabalho. Impossível uma companhia californiana       

reduzir em 60% seus custos para continuar competitiva.  A anomalia econômica criada pelo repentino aparecimento dos subsídios em uma       

região é feroz, já que uma crescente demanda por trabalhadores é saciada com a capacitação       

de mão de obra local até o momento em que os subsídios deixam de ser vantajosos,       

ocasionando a redução constante de projetos, posteriormente a redução salarial e demissão.       

Frisando que os subsídios governamentais são pagos com recursos do contribuinte e, se há        lucros naquela produção beneficiada, os lucros ficam com o estúdio proponente da obra.  

Na maioria das vezes, esses incentivos vêm em forma de “tax credits” e só se      39       

aplicam se a produtora proponente atingir certas condições orçamentárias. A grande questão é       

que apenas os grandes estúdios são capazes de preencher tais condições, pois um valor       

mínimo tem de ser gasto dentro do país girando em torno de milhões. E quão estável       

economicamente é uma indústria local onde 75% do trabalho é criado por causa de subsídios       

governamentais? Subsídios não são garantia de trabalho estável. Subsídios são controlados       

por políticos que podem mudar de ideia.   

5.3 Guerra dos Subsídios. 

  Os subsídios são essenciais para manter grandes corporações grandes e pequenas       

corporações pequenas. Um grande dano é causado ao mercado local e global, porque em       

nosso mundo globalizado, subsídios de diferentes nações estão competindo uns contra os       

outros por grandes projetos. Já que a indústria cinematográfica é altamente móvel e os       

principais estúdios cinematográficos, MGM, Paramount, Warner, Sony, Disney e Universal       

não participam mais do processo de produção, focando forças no financiamento e       

distribuição, usar os incentivos fiscais disponíveis ao redor do mundo é um eficiente caminho       

na contenção de custos e aumento das margens de lucro.   O grande “player” no mercado dos incentivos fiscais é o Canadá, o qual introduziu       

seus incentivos em 1997 . O resultado veio com empresas americanas migrando para o      40       

território canadense, principalmente Vancouver e Montreal. Os Estados Unidos até então não       

ofereciam programas de incentivos fiscais para produção cinematográfica, apenas algumas       

locações tais como Nova York e Luisiana, porém não tão competitivos quanto Vancouver.       

Com urbanização similar aos EUA, tendo o inglês como língua e muito próximo da       

Califórnia, muitas produtoras e pós­produtoras moveram­se para as várias locações do       

Canadá.   Estúdios de VFX americanos sentiram o impacto gerado pelos incentivos fiscais ao       

redor do mundo. Desde os anos 2000, Los Angeles teve de assistir enquanto filmes migravam       

para cidades tais como Vancouver, Wellington, Londres, Berlim e Praga. Digital Domain       

39 Tax Credit é um modelo de incentivos que retorna um percentual do montante gasto no custo de produção na  cidade escolhida. O percentual varia de cidade a cidade. Esse percentual é devolvido a produtora proponente, na  maioria das vezes, em forma de um cheque. 

reorientou seu estúdio para Vancouver depois da falência. Industrial Light & Magic, de São       

Francisco, moveu centenas de artistas para Vancouver, Londres e Singapura. DreamWorks       

abriu escritórios na China e contratou equipes na Índia. Com o fechamento da Sony       

Imageworks, Los Angeles perdeu uma das maiores companhias de efeitos do mercado para       

Vancouver, em 2014. Outros estúdios que não operavam escritórios internacionais, tais como       

Tippet Studios , tiveram de diminuir ou fechar as portas, tais como CafeFX  41      42   e The  Orphanage . Em 2015 a indústria de VFX ficou chocada quando a DreamWorks anunciou o43       

fechamento de seu estúdio mais famoso, PDI DreamWorks em Redwood City California.       

Califórnia perdeu 16.513 empregos na área cinematográfica entre 2004 a 2012, um declínio       

de 11%, de acordo com o Federal Jobs Dara compilado pelo Milken Institute .  44 Enquanto isso, “lobbys” pró subsídios estão tendo que explicar suas suntuosas       

contribuições econômicas aos filmes norte­americanos. Save BC Film, principal organização       

política defensora dos incentivos no Canadá, combina esforços de mídia e relações públicas a       

fim de aumentar os subsídios aos filmes de alto orçamento. A MPAA , nos EUA, age da      45         

mesma forma com relatórios financeiros duvidosos e um programa de relações públicas       

efetivo.  As razões para os incentivos são múltiplas. Uma grande produção também significa       

um grande negócio. Figurantes e equipes de pós­produção significam um número abrangente       

de pessoas. Serviços de alimentação, lojas locais, aluguel de câmeras, cabeleireiros,       

escritórios de advocacia, turismo, restaurantes e bares não são as únicas empresas que se       

impulsionam economicamente. Dois grandes quesitos na escolha da empresa de efeitos       

visuais são: a capacidade da empresa de VFX em realizar o trabalho e os incentivos fiscais       

provenientes daquela região. Como Canadá, Nova Zelândia, Austrália e Inglaterra possuem       

grandes empresas de VFX capazes de realizar todo o tipo de trabalho, os quatro países se        revezam em grandes produções “Tent­pole” e aumento de subsídios.   41 Tradicional estúdio especializado em “Stop Motion” fundado por Phill Tippet em 1984. Trabalhou em filmes  tais como Jurassic Park (1993), Robocop 2 (1990), Ghostbusters 2 (1989). Passou a trabalhar com computação  gráfica a partir da década de 90.   42 CafeFX fundada em 1995 por Jeff Barnes e David Ebner fechou as portas em 2010. O Labirinto do Fauno,  2006, dirigido por Guilhermo del Toro é seu trabalho mais relevante.  

43 The opharnage fundada em 1999 por Stu Maschwitz, Jonathan Rothbart e Scott Stewart fechou as portas em  2010. Dentre seus filmes estão: Superman Returns, Vanilla Sky, Sin City etc.  

44  Report  A  Hollywood  Exit,  2014,  p.  09.  Fonte: 

http://assets1b.milkeninstitute.org/assets/Publication/ResearchReport/PDF/A­Hollywood­Exit.pdf 

45 A Motion Picture Association of America ou MPAA é uma entidade sem fins lucrativos com sede nos Estados  Unidos formada para defender os interesses dos maiores estúdios produtores de filmes norte­americanos. 

Como dito anteriormente, o mercado de grandes produções é dominado por poucos       

“players”. Apenas os grandes estúdios podem arcar com produções acima de 100 milhões de       

dólares, com isso o poder de barganha frente aos países incentivadores da atividade       

cinematográfica é muito superior. E para não perder uma produção relevante, países       

tornam­se reféns das exigências, algumas vezes nada convencionais, dos grandes estúdios.       

Nova Zelândia é um exemplo de país que se rendeu às exigências da Warner, a qual solicitou       

que a Nova Zelândia promulgasse três leis contra a violação de direitos autorais através da       

internet, tornando ilegal o maior site de pirataria de filmes americanos da época, armazenado       

em território neozelandês, megaupload.com e a prisão de seu fundador, Kim Dotcom. Caso       

contrário, o estúdio mudaria suas locações da trilogia       Hobbit para a Austrália. Somando­se as       

exigências legislativas citadas, o estado da Nova Zelândia arcou com aproximadamente $120       

milhões para a trilogia.    

5.4 Como Funcionam os Incentivos Fiscais. 

  Incentivos fiscais ressarcem uma porção qualificada do montante gasto na região       

incentivada. Digamos que uma produção gaste um milhão em incentivos qualificados. Se eles       

filmarem em uma locação onde há incentivos no valor total de 25% do valor gasto, a       

produtora receberá de volta 250 mil dólares. Na maioria dos casos esse valor vem em cheque.       

Cada país é diferente, mas quando a produção é finalizada, uma contabilidade é fornecida ao       

estado, que é auditado internamente antes de qualquer cheque ou voucher ser lançado. Em       

outros casos, a produtora receberá esse valor como um “tax credit” que eles então terão de      46       

vender para uma companhia que queira usar esse crédito.   Quando o projeto cinematográfico é de grandes proporções, os estúdios levam em       

consideração os custos de produção, mas nem sempre os estúdios vão aos fornecedores mais       

baratos, pois dependendo do projeto, só as maiores pós­produtoras são capazes de realizá­los.       

A empresa de VFX oferece seu preço sem qualquer dedução, mas ao receber o orçamento, o       

estúdio deduz 30% dependendo do incentivo local. A empresa de VFX não recebe algum       

46 Tax credit é um crédito fiscal recebido na forma de voucher. Esse voucher pode ser negociado por companhias  locais ou seguradoras que queira usá­lo para abatimento de impostos. A negociação do valor desses vouchers é  totalmente de acordo com o mercado.  

incentivo, quem acessa os incentivos são os estúdios através do orçamento fornecido pela       

empresa de VFX local.   Espera­se que a produção ao desembarcar na cidade subsidiada impulsione       

economicamente serviços correlatos tais como: empresas de táxi, escritórios de advocacia,       

restaurantes, hotéis, serralherias etc. Estas atividades em si pagam impostos normalmente e       

empregam uma parcela significativa da população local. Porem, a prática vem exibindo que       

os subsídios não possuem o poder multiplicador que seus defensores vem argumentando.       

Levando em consideração apenas o contexto norte­americano e a guerra travada entre os 39       

estados para atrair grandes produções, auditorias efetuadas mostram que a maioria dos       

Documentos relacionados