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Organograma 4 Estrutura da análise

2 PORTUGUÊS LÍNGUA ESTRANGEIRA NA UFC

2.2 As propostas do Departamento de Letras Vernáculas

2.2.2 O curso ofertado pelo grupo de estudo GEPLA

O GEPLA conta com sete pesquisadoras e é cadastrado no CNPq desde 2006. Cada uma tem sua equipe formada por seus orientandos, em torno, evidentemente, de sua

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pesquisa maior que acopla as pesquisas de seus orientandos. O Curso de Português Língua Estrangeira: língua e cultura brasileiras é um projeto de extensão da professora Eulália Leurquin e assumido por ela e sua equipe. Esta equipe possui três grandes ações: o Curso de PLE, traduções de livros da área e o Fórum de Linguística Aplicada e Ensino de Línguas (FLAEL).

No seu campo de atuação, a equipe investiga o ensino e aprendizagem em situação de formação de professores ou não. Por essa razão, são de seu interesse os saberes mobilizados no agir professoral e o material didático utilizado. É foco de suas pesquisas o discurso professoral na sala de aula e sobre ela. Para analisá-lo, ela se remete ao quadro teórico do ISD (BRONCKART, 1999, 2008) para interpretação do agir professoral e para preparar as atividades de leitura e de produção textual; aos estudos da interação verbal proposto por Kerbrat-Orecchioni (1990), para compreender a sala de aula e os papeis em interação; aos estudos de Vanhulle (2011) e de Leurquin (2013) para entender os saberes mobilizados; e aos estudos de Cicurel (2011) para compreender o repertório do professor e a cultura do aprender. É, portanto, com essas lentes, que podem ser alargadas a depender dos objetivos das pesquisas, que o objeto de investigação é visto.

Como diz Camões “mudam-se os tempos, mudam-se as vontades” e assim

acontece com a política de implementação do PLE na UFC. Hoje, efetivamente e continuamente o curso de PLE acontece no Departamento de Letras Vernáculas e é oferecido, semestralmente, pelo GEPLA. Teve início no primeiro semestre de 2012. Em sua origem, faziam parte em 2012, segundo Leurquin (2013): uma doutoranda; uma professora com dupla licenciatura em Letras e mestrado na área de PLE; um professor com licenciatura em Letras língua portuguesa, mestre e doutor em Linguística; um professor com licenciatura dupla, especialização em Francês Língua Estrangeira, com mestrado e doutorado em Didática de Línguas; pesquisadora na área de PLE; professora da instituição; e coordenadora do projeto em questão. No quadro atual - 2014 - há uma professora coordenadora do PPGL, uma doutoranda, uma mestranda e um aluno da graduação ministrando as aulas37. Além dessas três pessoas, contamos também com três alunas bolsistas da graduação que dão suporte na preparação de material didático e acompanham as aulas durante o semestre letivo (retomaremos essas questões).

O Curso de Português Língua Estrangeira: língua e cultura brasileiras é um espaço de ensino, de pesquisa e de extensão. Estão envolvidos nele mestrandos, doutorandos e alunos

37 O uso da primeira pessoa do plural se justifica pelo fato de a pesquisadora fazer parte do grupo de estudo GEPLA responsável pela oferta do curso de PLE ao grupo de estudantes estrangeiros em mobilidade acadêmica da UFC.

da graduação em Letras. Funciona como um espaço de formação, pois tem estrategicamente, atividades e leitura sobre temas tais quais: aquisição de língua estrangeira, produção de material didático e formação de professores. É um espaço de pesquisa, pois além de ministrar as aulas, preparamos também o material didático a ser utilizado nas aulas (todos os encontros são filmados e, posteriormente, retomados para analisarmos o nosso trabalho, e, a partir dessas análises redirecionar ações voltadas para a melhoria e reorganização do processo de ensino e aprendizagem) a coleta dos dados acontece também na sala de aula e fora dela (com aplicação de questionários, entrevistas e sessões de autoconfrontações, instrução ao sósia e grupo focal). É um projeto de extensão, pois foi planejado e registrado na Pró-reitora de extensão, assegurando que a UFC assuma seu papel na sociedade, propondo aula para os alunos estrangeiros que aqui chegam e também para a comunidade geral, em um percentual de vagas previamente estipulado.

O curso oferta três níveis, de acordo com o perfil dos estudantes. A divisão é realizada com base no resultado da prova de nivelamento que é realizada por todos os alunos, no primeiro dia de aula. As professoras são mestrandas e doutorandas com pesquisas realizadas ou em andamento em realização na área. As estudantes da graduação participam dando assessoria no planejamento das aulas, nos momentos de estudos e preparação das aulas e do material, quando toda a equipe está envolvida. O curso acontece nas salas de aula da Pós- graduação em Linguística pelo fato de ele ser uma atividade da Linha de Pesquisa Linguística Aplicada. O material utilizado é ofertado pelo Departamento de Letras Vernáculas (DLV). Esse perfil delineado, por si só já nos mostra uma mudança da proposta.

O interesse por PLE, dentro do grupo GEPLA, surgiu a partir da entrada de uma das doutorandas no Programa de pós-graduação para investir na formação dos professores nessa área. O curso tem um público alvo bastante específico algumas vezes. É destinado aos estudantes de mobilidade acadêmica38 que estão na UFC, geralmente, para estudar um semestre de seus cursos de graduação iniciados nos seus países de origem.

Durante o período de inscrição dos estrangeiros, é enviado para a Coordenadoria de Assuntos Internacionais39 (CAI) o horário do curso. Os estudantes se matriculam na disciplina Tópicos de Português Língua Estrangeira, assegurando o seu vínculo no Departamento de Letras Vernáculas. O estudante pode ficar até um ano40 de intercâmbio, de

38A mobilidade acadêmica é o processo que possibilita ao discente matriculado em uma IES estudar em outra e,

após a conclusão dos estudos, a emissão de atestado comprovante de estudos e registro em sua instituição de origem. Informação disponível em: <http://www.cai.ufc.br/mobilidade.htm>.

39 É o órgão oficial da UFC que cuida dos trâmites legais de assuntos ligados aos estrangeiros que chegam ao

Brasil para estudar.

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acordo com as normas da universidade e depois das negociações legais. Há a divulgação na página inicial da UFC sobre a oferta do curso e as exigências necessárias para realizar a inscrição. Antes das primeiras aulas, a coordenadora reúne-se com os demais membros do grupo a fim de realizar um alinhamento geral e realizar o teste de nivelamento. Esse teste acontece no primeiro dia de aula, através de uma entrevista oral e da produção de um texto escrito. Em seguida, o grupo analisa as produções orais e escritas desses estudantes e os classifica em três níveis (básico, intermediário e avançado), de acordo com as capacidades de linguagem já adquiridas em português. A turma é constituída a partir do nível dos estudantes, sendo os alunos que possuem capacidades linguísticas em língua portuguesa aproximadas, agrupados por nível. Dessa forma, temos estudantes de diferentes nacionalidades.

Cada nível apresenta uma progressão em relação ao outro, como forma de haver uma maior sistematização no processo de ensino e aprendizagem. Os objetivos e objetos a serem ensinados também apresentam uma progressão.

O objetivo do curso é ampliar as competências comunicativas em língua portuguesa dos alunos estrangeiros da UFC, de forma que eles possam melhor interagir na sala de aula e fora dela. As habilidades focalizadas são as quatro trabalhadas em cursos de língua, mas dependem do nível da turma. No nível um, trabalhamos a compreensão e produção do texto que se enquadre nos gêneros de modalidade oral. No nível dois, trabalhamos a oralidade e a compreensão escrita. No nível três, trabalhamos todas as habilidades. O curso é organizado levando em conta as teorias de ensino e aprendizagem que utilizam os gêneros como instrumentos para ensino de línguas, com base na visão deste dentro do aporte teórico metodológico do Interacionismo Sociodiscursivo. Partimos do ensino de língua em uso, seguindo orientações de base teórica bakhtiniana para quem a língua é adquirida nas interações verbais concretas e vivas e não apenas em um sistema fechado e mobilizado por si mesmo.

É importante ressaltar que o curso ofertado pelo grupo GEPLA mantém a tendência acima descrita desde o início de sua criação. De acordo com Sousa (2013), eram os seguintes os objetivos do curso em sua versão de 2012.2:

i) Contribuir para a ampliação das competências linguístico-discursivas dos alunos estrangeiros na UFC;

ii) Proporcionar aos alunos melhores condições de comunicação em PLE dentro da Universidade, bem como fora dela;

iii) Investir no projeto de construção da licenciatura em PLE e na formação dos professores em PLE;

iv) Ampliar as competências comunicativas dos alunos de PLE a fim de prepará-los para o exame Celpe-Bras.

Com relação à pesquisa na área de PLE, esse curso vem fortalecendo as discussões sobre os temas anteriormente citados. Hoje, também decorrente desse curso, o GEPLA já conta com as seguintes pesquisas concluídas, em andamento ou em fase de conclusão:

Quadro 1 - Pesquisas desenvolvidas pelo GEPLA na área de PLE

PESQUISADOR TEMA

Gondim (Dissertação concluída em 2012)

Análise do material didático utilizado para o ensino de português para estrangeiro

Sousa (Dissertação concluída em 2013)

O agir do professor no ensino de gramática em português para estrangeiros

Araújo (Tese concluída em 2014)

O trabalho do professor de português língua estrangeira: análise do agir no discurso

Silva (Dissertação em conclusão para 2014)

Os mecanismos de textualização em produções textuais em Português Língua Estrangeira

Leurquin (Estágio Sênior na França 2012 -2013)

O agir do professor de línguas em situação de formação de professores: ensino e aprendizagem e saberes docentes

Sousa (Tese em andamento para 2017)

O discurso do professor na realização da transposição didática para o ensino de gramática em sala de aula de português língua

estrangeira. Fonte: Elaborado pela autora.

Decorrentes dessas pesquisas, as discussões no GEPLA são motivadas, ganham forças. Há, por exemplo, ações que carecem destaques. Nesse sentido, ressaltamos o Estágio de Bolsa Sanduíche em realização na Universidade de Florência, na Argentina, onde a doutoranda – Gondim – realizou oficinas de produção de material didático.

Organograma 2 - Representação gráfica das atividades em PLE desenvolvida pelo GEPLA

Fonte: Elaborado pela autora.

Através do gráfico acima, podemos sintetizar o programa de português para estrangeiro propostos pelo GEPLA. Essas ações podem e tem como objetivo as atividades de implementação e institucionalização da área de PLE nessa universidade. Todas essas ações devem convergir para, em um futuro próximo, tentarmos implantar o exame de proficiência Celpe-Bras.

Concomitante quiçá em parceria a esse curso que acabamos de apresentar, foi implementado outro, sendo este coordenado pela professora Rosemeire Plantin. É dele que trataremos em seguida.

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