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Organograma 4 Estrutura da análise

2 PORTUGUÊS LÍNGUA ESTRANGEIRA NA UFC

2.2 As propostas do Departamento de Letras Vernáculas

2.2.1 Uma continuidade do curso anterior?

No DLV, o primeiro curso foi coordenado pelo professor Alber Uchoa28 e, como ele mesmo afirma, trabalhou com ênfase na fonologia, na gramática e no vocabulário. Diferente do projeto mais antigo, do DLE, este atendia a estudantes de todas as nacionalidades e suas aulas não eram realizadas de maneira intensiva como eram os cursos de verão.

A ideia de ofertar um curso de português para estrangeiros na UFC surgiu a partir da experiência no retorno do referido professor, em 1986, da Alemanha, onde ele atuou como professor leitor na Universidade de Colônia. Participava inicialmente desse curso a professora Teresa Bezerra29, do Departamento de Letras Estrangeiras. Além dos dois professores acima referidos, participavam também estudantes bolsistas do curso de Letras que se encontrassem nos últimos semestres do curso de graduação. As aulas eram acompanhadas para a realização de feedback sobre a prática em sala de aula. Não há número exato de bolsistas que desempenhavam atividades no curso, mas dados das entrevistas realizadas apontam que havia aproximadamente dez bolsistas, todos da graduação. O curso denominado Curso de Português para Estrangeiros - CPE30 esteve contido de fato em projetos de extensão. Ele era ofertado em duas modalidades31: um curso básico de português32 para iniciantes e um curso de revisão em nível intermediário para um público que já tinha algumas capacidades em língua portuguesa. O curso básico era destinado aos falantes de outras línguas que eram principiantes, ou seja, não tinham nenhum domínio de português. Esse curso básico de português para estrangeiro

28 Além da entrevista realizada com o professor, ele nos disponibilizou alguns materiais impressos, como

relatórios, programas dos cursos e materiais didáticos utilizados pelos professores.

29 Tanto a professora Teresa Bezerra, quanto o professor Alber Uchoa ministraram aulas também no curso

oferecido pelo DLE, que não era registrado na Pró-Reitoria de Extensão – segundo a professora colaboradora Manolisa – , enquanto o do DLV possuía esse registro na pro reitoria de extensão.

30 Nomenclatura retirada do relatório anual de atividades do curso de CPE referentes ao ano de 2004.

31

O professor sugeriu que havia outro nível mais avançado, mas não disponibiliza informações mais relevantes sobre essa modalidade.

32 Sobre essa modalidade/nível do curso não temos muitas informações, pois ainda não tivemos acesso a nenhum

dos relatórios desse nível, e por haver certo tempo de realização e término das atividades desse curso, o professor Alber Uchoa não dispõe de muitas informações além das oficiais.

era ministrado em caráter intensivo com aulas de segunda a quinta com 04 aulas por dia, com duração de um semestre.

O Curso de Português para Estrangeiro – revisão em nível - intermediário, com 60 horas-aula divididas em dois módulos (04 horas semanais), tinha como objetivo geral levar estrangeiros que já se comunicavam em português, inclusive estudantes e professores vinculados à UFC, a melhorar seus desempenhos linguísticos, proporcionando-lhes também conhecimentos da civilização brasileira. O conteúdo abordava a gramática e também a pronúncia, em uma perspectiva funcional, com base em leitura, conversação, produção de textos e exercícios para a fixação de padrões estruturais, tendo como tema principal a vida quotidiana no Brasil. Era oferecido a cada semestre, pelo menos uma turma composta de 06 a 15 alunos.

O perfil dos estudantes dos cursos era: estrangeiro que estivesse em situação de imersão no país e com o visto de estrangeiro regular no Brasil, que tencionasse adquirir ou melhorar suas habilidades linguísticas em português. Havia uma grande heterogeneidade quanto à nacionalidade33, ao nível de escolaridade e língua materna34. O quesito que deveria ter um caráter mais ou menos homogêneo seria o grau de habilidade35 em língua portuguesa.

Havia uma preocupação com o ensino de gramática, léxico e pronúncia. Para o ensino desses conteúdos os professores realizavam atividades de leitura, conversação, produção de textos e faziam exercícios para a aquisição de padrões úteis à interação competente em português brasileiro. Esse programa parece mais com uma abordagem comunicativa da língua, o professor Alber durante a entrevista concedida afirmou que “não interessa a nomenclatura gramatical brasileira, mas a funcionalidade e uso da língua em situações reais de comunicação”.

O professor relata casos em que alguns estudantes chegavam ao curso sem nenhuma ou pouquíssima capacidades de linguagem em português. Esses estudantes, muitas vezes, não eram capazes de dizer um “bom dia!” em português, mas ao final de três meses no curso, já se encontravam em uma situação linguística confortável de atender a um telefone. Este era, portanto, o principal objetivo do curso, não havia uma preocupação em seguir e cumprir um determinado programa, mas sim que ao final de cada módulo e semestre o aluno tivesse realmente desenvolvido habilidades em português.

33As nacionalidades mais recorrentes eram a alemã, devido ao convênio entre a UFC e a Universidade de

Colônia, franceses, italianos e espanhóis, mas havia alunos de outros países com menor número de participantes.

34 Utilizamos a terminologia utilizada por Stern (1972) para quem língua materna é a língua adquirida na

infância, no seio da vida familiar.

35 Para aferir o nível de habilidade com a língua portuguesa, eram realizados testes orais e escritos. Em relação a

No que diz respeito ao material didático, o livro didático falar... ler...escrever...português: um curso para estrangeiros, era, geralmente, utilizado com os principiantes e Português via Brasil utilizado para o nível intermediário, pois apresentava, segundo o coordenador do curso, textos mais complexos como contos e notícias. Esses livros serviam mais como um guia para os professores planejarem as aulas e terem um material didático propriamente dito, que pudesse ser seguido pelos professores e alunos. A maioria das atividades era produzida pelo grupo de professores que compunham o projeto. A opção em construir o próprio material didático ocorreu por o material didático existente no mercado editorial, como o citado acima, não contemplar ou possuir lacunas, segundo a análise do professor Alber Uchoa. Ele cita como uma das ineficiências dos livros didáticos a composição dos diálogos que eram muito simples.

Quanto à metodologia, os idealizadores do curso optaram por uma abordagem comunicativa como o ponto de partida para o ensino do português. Com esse propósito, primeiramente, era aplicado um exercício de interação oral que contemplasse o tópico gramatical ou um determinado campo lexical, e depois de praticá-lo, oralmente, os alunos tinham acesso à língua escrita contemplando, assim, o texto escrito.

No momento do trabalho com os bolsistas, pois eles, muitas vezes, não tinham ainda feito as práticas de ensino em português língua materna, o curso adquiria também essa função de ensinar a língua materna para estrangeiros. Durante as atividades do projeto, surgiu a ideia de ofertar uma disciplina de prática de ensino de português para estrangeiro. Não registramos publicações científicas sobre esse curso. De acordo com o coordenador, não haviam elementos sistematizados que caracterizassem uma pesquisa. No entanto, afirma ele, houve um empenho em formar professores para atuar no ensino de português como língua estrangeira.

Não sabemos exatamente quando se encerraram as atividades desse projeto, provavelmente pelo ano de 2008. A conclusão dele se justifica por motivos acadêmicos, principalmente por parte do professor coordenador. Ele alegou falta de apoio humano, de apoio pedagógico e de incentivos aos acadêmicos.

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