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O desenvolvimento da comunicação artística na educação pré-escolar e 1º ciclo em

2.4 Educação em ciências e desenvolvimento da comunicação oral e artística na educação pré-

2.4.3. O desenvolvimento da comunicação artística na educação pré-escolar e 1º ciclo em

situações de comunicação “em diferentes contextos, com diversos interlocutores, conteúdos e intenções, que permitam às crianças dominar progressivamente a comunicação como emissores e como recetores” (Silva et al., 2016, p.62).

As artes são elementos indispensáveis no desenvolvimento da expressão pessoal, social e cultural do aluno. São formas de saber que articulam imaginação, razão e emoção. Elas perpassam as vidas das pessoas, trazendo novas perspetivas, formas e densidades ao ambiente e à sociedade em que se vive (ME, 2001, p. 149).

A Arte pode compreender-se como uma,

manifestação cultural e experiência humana, nas suas diferentes manifestações e significados, pode ser encarada como forma(s) de ler o Mundo, de o conhecer, de o comunicar e de o questionar. Assim, a Arte entra em relação com outros saberes e outros valores e, assume-se, não como um absoluto e um sistema fechado, mas como um processo dinâmico que entra em relação com outras áreas do conhecimento (Marques, 2011, p.68).

Segundo Marques (2011), atualmente, é consensual a visão do efeito e relevância que as artes têm na formação e educação das crianças. Esta área do conhecimento apresenta como competências essências: “a fruição – contemplação; a interpretação – reflexão e a experimentação – criação” (Marques, 2011, p.74).

O Currículo Nacional do Ensino Básico – Competências essenciais (ME, 2001) para além de reconhecer que uma educação pelas artes contribui para a construção da identidade pessoal

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e social das crianças, acrescenta que esta permite que elas expressem e fortaleçam a sua identidade nacional e que entendam outras culturas. Refere, ainda, que as artes “são uma área de eleição no âmbito da aprendizagem ao longo da vida” (ME, 2001, p. 149).

No que concerne à docência em contexto de pré-escolar, Eisner (2008) menciona que a arte não é um “ornamento”. Na sua perspetiva, esta em união com a imaginação pode auxiliar o educador(a) a “restaurar um propósito de ensino” para os seus esforços e criar escolas que crianças merecem (p.16).

Segundo o mesmo autor, a Educação Artística na Educação Pré-Escolar está autenticada no documento das OCEPE. Eurico Gonçalves (1991) considera que é a partir das expressões que “a criança não só desenvolve a imaginação e a sensibilidade, como também aprende a conhecer- se e a conhecer outros…” (p.12). Eisner (1995) argumenta que a Expressão Plástica desperta na criança a expressividade, a comunicabilidade e a sensibilidade e “ajuda a que as pessoas aprendam a ver qualidades que normalmente escapam à sua atenção” (Eisner, 1995, p.65). Assim, cabe aos educadores na sua prática pedagógica promover atividades relacionadas com as expressões ou articuladas com estas.

Na mesma linha de pensamento, durante a minha investigação e implementação do projeto na sala de crianças com cinco anos procurei proporcionar atividades desafiadoras para que se sentissem interessadas e motivadas na sua realização, com o objetivo de desenvolverem competências e capacidades a nível da comunicação artística.

As atividades planeadas ao longo da atuação do projeto de intervenção e investigação que promoveram o desenvolvimento da comunicação artística nas crianças incidiram, de forma articulada, nas seguintes áreas de conteúdo da educação pré-escolar: Área de Formação Pessoal e Social; Área de Expressão e Comunicação: domínio da Educação Artística: subdomínio das Artes Visuais; subdomínio do Jogo Dramático/Teatro; domínio da Linguagem Oral e Abordagem à Escrita e domínio da Matemática; Área do Conhecimento do Mundo (OCEPE, 2016).

Desta forma, passo a enumerar as aprendizagens a promover nas crianças, originárias do domínio da Educação Artística, subdomínio das Artes Visuais, que tinha como objetivo com esta investigação, segundo as OCEPE (Silva et al., 2016): “desenvolver capacidades expressivas e criativas através de experimentações e produções plásticas; reconhecer e mobilizar elementos da comunicação visual, tanto na produção e apreciação das suas produções, como em imagens que observa; apreciar diferentes manifestações de artes visuais, a partir da observação de várias

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modalidades expressivas (pintura, desenho, escultura, fotografia, arquitetura, vídeo, etc.), expressando a sua opinião e leitura crítica.” (p.49)

Em relação ao 1.º ciclo, em Portugal, o ensino da área de Educação Artística encontra-se legitimado num documento designado por Organização Curricular e Programas – Ensino Básico (1.º Ciclo) publicado em 1998 e revisto pela última vez em 2004 (Marques, 2011). Assim sendo, o citado autor cabe ao professor gerar nos seus alunos a “vontade e a necessidade de contactar Arte” (p.70), sendo que para que tal aconteça é essencial que as crianças tenham desde muito cedo a oportunidade de contactar com arte para que esse contacto se torne um hábito e sejam usufruidores autónomos.

Em suma, a Expressão Plástica, tal como todas as áreas tem que ter um motivo, o que implicaque o educador/professor assuma “conscientemente uma postura reflexiva e analítica face ao que constitui a sua prática quotidiana, concebendo-a como campo de saber próprio a desenvolver e aprofundar e não como normativo que apenas se executa sem agir sobre ele” (Roldão, 2000, p.17). Do mesmo modo, é necessário que este opte por “atividades direcionadas para um determinado grupo alvo, compostas por conteúdos e objetivos operacionalizados através de metodologias diversificadas que pressupõe consequências educativas” (Zabalza, 2001, p.95).

Durante a minha investigação e implementação do projeto na turma do 2.º ano de escolaridade procurei proporcionar atividades desafiadoras para que os alunos se sentissem interessados e motivados na sua realização, com o objetivo de desenvolverem competências e capacidades a nível da comunicação artística. Estas atividades foram realizadas em diferentes contextos e com diferentes públicos-alvo, de forma individual ou coletiva. O mesmo vai ao encontro do defendido pelo documento do ME (2018) que defende a ideia de que as diferentes aprendizagens:

deverão ser utilizadas pelos alunos em diferentes contextos, em ações práticas e experimentais e em projetos de trabalho (turma, escola, comunidade), individuais ou coletivos, podendo integrar transversalmente conteúdos de várias disciplinas desenvolvidos em ambientes físicos e digitais, formais e não formais (p.4)

As atividades planeadas ao longo da atuação do projeto de intervenção e investigação promoveram o desenvolvimento da comunicação artística na turma e incidiram, de forma articulada, nas seguintes componentes do currículo, segundo a Direção-Geral da Educação (DGE): Português; Matemática; Estudo do Meio; Expressão e Educação: Físico-Motora e Plástica.

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Assim, antes de enumerar as aprendizagens a promover nas crianças, que me orientaram para a planificação e execução das diferentes atividades, direcionadas para a disciplina de Educação Artística – Artes Visuais, segundo o ME (2018), importa referir que estas estão estruturadas por Domínios/Organizadores, designadamente: “Apropriação e Reflexão; Interpretação e Comunicação; Experimentação e Criação” (p.2).

No que concerne ao Domínio Apropriação e Reflexão as aprendizagens essenciais são as seguintes:

Pretende-se que os alunos aprendam os saberes da comunicação visual e compreendam os sistemas simbólicos das diferentes linguagens artísticas, identificando e analisando, com um vocabulário específico e adequado, conceitos, contextos e técnicas em diferentes narrativas visuais, aplicando os saberes apreendidos em situações de observação e/ou da sua experimentação plástica, estimulando o desenvolvimento do seu estilo de representação (ME, 20018, p.2).

Relativamente ao Domínio Interpretação e Comunicação as aprendizagens essenciais são as seguintes:

Pretende-se, de uma forma sistemática, organizada e globalizante, desenvolver as capacidades de apreensão e interpretação, no contacto com os diferentes universos visuais - sendo desejável que não se restrinja a arte à tradição ocidental e a determinados períodos históricos -, estimulando múltiplas leituras das diferentes circunstâncias culturais. Procura-se, deste modo, desenvolver estratégias para a construção das relações entre o olhar, o ver e o fazer. Valorizam-se as vivências e as experiências de cada aluno, no sentido de o levar a uma interpretação mais abrangente e mais complexa, fazendo interdepender três realidades: imagem/objeto, sujeito e construção de hipóteses de interpretação (ME, 20018, p.2-3). Por fim, o Domínio de Experimentação e Criação apresentava como aprendizagens essenciais as seguintes:

Conjugam-se a experiência pessoal, a reflexão, os conhecimentos adquiridos, na experimentação plástica de conceitos e de temáticas, procurando a criação de um sistema próprio de trabalho. Deseja-se que a experiência plástica dos alunos não seja encarada, apenas, como uma atividade ilustrativa do que vê, mas a (re) invenção de soluções para a criação de novas imagens, relacionando conceitos, materiais, meios e técnicas, imprimindo-lhe a sua intencionalidade e o desenvolvimento da sua expressividade (ME, 20018, p.3).

Em síntese, “a arte é uma ferramenta educativa que pode cultivar a sensibilidade do homem, fomentar a cooperação, reduzir o egoísmo e, acima de tudo, desenvolver uma capacidade geral de funcionamento criativo” (Eisner, 1995, pp.80-81). Sendo, assim, é um meio por primazia para a construção de aprendizagens e desenvolvimento de competências e capacidades e, ainda, o “aperfeiçoamento da perceção e da atividade simbólica, ou seja, a aquisição e desenvolvimento dos instrumentos básicos do pensamento: sentimentos, imagens, palavras e ideias” (Sousa, 2003, p.83).

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Face ao apresentado, o desenvolvimento de atividades relacionadas com a área das ciências, no pré-escolar e no 1º ciclo, interligada com o desenvolvimento da comunicação oral e artística, é muito importante para o desenvolvimento holístico das crianças, não apenas no sentido científico mas também em diversas competências que devem ser adquiridas pelas crianças a nível da Educação Ambiental.

58 CAPÍTULO III

METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO E PLANO GERAL DE INTERVENÇÃO

3.1. Introdução

Este capítulo contém na sua organização uma caracterização geral das atividades de intervenção e investigação (3.2), uma descrição da intervenção pedagógica (3.3) onde, primeiramente, se fez a planificação geral da intervenção pedagógica (3.3.1) e, posteriormente, a descrição da intervenção pedagógica do contexto de pré-escolar e 1.º ciclo (3.3.2).

Para além do mencionado, este capítulo fundamenta a metodologia de investigação (3.4) e explica como será feita a seleção dos métodos e técnicas de recolha de dados (3.5), o processo de recolha de dados (3.6) e o tratamento e análise de dados (3.7).