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1 DISCUSSÃO SOBRE ADOLESCÊNCIA

2.1 O desenvolvimento do livro no Brasil

Com a chegada da família real no Brasil, em 1808, no Rio de Janeiro, é criada a Impressão Régia, responsável por publicar documentos, papeis e livros, que lhe garantia o monopólio da impressão no Brasil. Foram impressas diversas obras de Belas-letras, Medicina, Economia, História, Teologia, além de periódicos e livros

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Contração de eletronic Book ou livro eletrônico. Literatura trabalhada no formato digital, cujo conteúdo é publicado e acessado eletronicamente. Representa a versão digital de um livro em papel. Inclui hiperlinks e multimídia. É também sinônimo de dispositivos eletrônicos dedicados à leitura, os eBooks Devices [atualmente chamados de e-readers] (PROCÓPIO, 2010, p.219).

didáticos (ABREU, 2010, p. 42- 43). Com a independência do Brasil, recebe o nome de Imprensa Oficial, a qual se mantém até hoje.

Para que as obras fossem impressas pela Imprensa Oficial, o manuscrito deveria obter uma licença, feita pelo Ordinário e pelo Desembargo do Paço20, que depois de examinar cada texto, duas vezes no manuscrito e uma vez depois de impresso, somente assim é que o livro poderia ser anunciado e vendido.

Segundo Abreu (2010, p.65), foi em 1821 que se encerrou o monopólio da Impressão Régia no Rio de Janeiro, permitindo uma diversificação maior do conjunto de editores e as possibilidades de impressão. Nesse momento, surgiram diversas oficinas tipográficas que se espalharam por outros estados brasileiros nas primeiras décadas do século XIX, inclusive no Rio Grande do Sul, instalando-se em 1827.

Desde meados de 1880, os editores se preocupam em atingir um público heterogêneo, trabalhando tanto para a venda de livros de luxo como para aqueles mais acessíveis a outros segmentos sociais. Nessa época, já tinham o intuito de atrair a atenção dos consumidores, tratando de assuntos que fossem do interesse dos seus leitores a partir de temáticas cotidianas como intrigas, sequestros, envenenamentos, entre outros, justamente “quebrando o ritmo previsto de todos os dias” (FAR, 2010, p.96).

Com a preocupação de alcance dos diferentes públicos, o livro “deixava de ser algo atrelado ao saber erudito ou ao aprendizado escolar, passando a ser visto também como entretenimento, diversão e passa tempo” (FAR, 2010, p.99). Dessa forma, as pessoas passam a encontrar livros com um preço acessível e histórias de fácil entendimento. Para isso, os autores criavam enredos envolventes, com assuntos do cotidiano, que prendiam o leitor ao texto através de “sensações” despertadas pela leitura.

Ainda sobre o mercado do livro, Martins afirma que o livro é “aos olhos do editor, uma mercadoria como outra qualquer e sofre, por consequência, a influencia dos mercados, isto é, do público comprador” (2002, p.236). Então, esse sistema não envolveu só uma grande difusão de livros por toda parte, mas contribui para que novos mercados fossem criados, para isso foram baseados nos interesses e gostos do público leitor.

Aliado aos interesses econômicos do mercado editorial, o livro também foi alvo de ações públicas, tendo em vista que é uma importante ferramenta para o

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Órgão superior da administração judiciária que se instalou no Brasil com a vinda da corte portuguesa. Disponível em: <http://linux.an.gov.br/mapa/?p=2773>. Acessado em: 6 de out 2014.

desenvolvimento educacional e cultural das pessoas. No Brasil, por exemplo, tiveram inúmeros esforços para o fomento da leitura ao longo dos séculos, podendo destacar o ano de 1968 como o pontapé inicial para a democratização do acesso. Com isso, a preocupação deixou de estar centrada apenas na elite, passando a atender grande parcela dos brasileiros.

Tabela 1 – Avanços das políticas públicas do livro (adaptado de LAJOLO, 2012.

p.165).

1968

Criação da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ);

Criação do setor Brasileiro da international board on books for young people (IBBY) - Órgão Consultivo da Unesco.

1981 Fundação da Associação de Leitura do Brasil

1982 Inauguração do Projeto Ciranda de Livros (Vigente até 1985)

1983

As Jornadas Literárias de Literatura de Passo Fundo tornam-se nacionais (e não mais regionais).

1984

Inauguração do Programa Nacional de Salas de Leitura (vigente até 1996)

1997 Inauguração do Programa Nacional de Biblioteca da Escola (PNBE)

2001 Divulgação dos resultados da primeira pesquisa Retratos da Leitura no Brasil

2004

Programa Fome de Livro: implementação de bibliotecas públicas em todas as cidades de brasileiras.

2004

Dro i

Criação da Câmara Setorial do Livro, Literatura e Leitura – CSLLL

2004 Desoneração do PIS/COFINS.

2005

Existência de bibliotecas em 90% dos municípios brasileiros – MINC; Ano Ibero-Americano da Leitura

2006 Lançamento do Plano Nacional do Livro e da Leitura

2006 Criação do Instituto Pró-Livro

2008

Divulgação dos resultados da segunda pesquisa Retratos da Leitura no Brasil

2011 Lançamento do livro PNLL: Plano Nacional do Livro e da Leitura

Outro fator importante foi a iniciativa do Centro Regional para o Fomento do Livro na América Latina e o Caribe – Cerlalc21, que desde 2005 trabalha na estruturação de um método comum para pesquisar o comportamento do leitor, permitindo uma comparação entre os países latinos. O objetivo é traçar um perfil do leitor e propor avanços no cenário da leitura. O Brasil foi o primeiro país que utilizou a metodologia, proposta feita pelo Cerlalc, durante o estudo realizado em 2007 e publicado em 2008 (HOYOS; SALINAS, 2012, p.193). A proposta metodológica é

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baseada em perguntas e categorias similares para uma aproximação comparativa entre os países da América Latina.

A partir da aplicação dessa metodologia, constatou-se que na América Latina o menor percentual de “não-leitores” registrado pelas pesquisas foi no Chile, que em 2011 apresentava apenas 20%. Já no Brasil e na Venezuela esse percentual é de 50%, enquanto na Argentina 45% e na Colômbia 44% (HOYOS; SALINAS, 2012, p.193). Com esse diagnóstico, e tratando-se especificamente do Brasil, percebemos que temos uma realidade ainda precária e com a necessidade urgente de avanços na área e formação de leitores.