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O Desenvolvimento Socioeconómico Sustentável

No documento IDNCadernos IIISerie N08 (páginas 50-52)

e O Ponto de Vista Operacional

7. O Desenvolvimento Socioeconómico Sustentável

Os problemas de desenvolvimento socioeconómico afetam as relações internacio- nais, compreendendo grande parte das atividades da política externa dos Estados e mo- bilizando a totalidade das organizações internacionais. Contribuem para as migrações, o crescimento demográico, a degradação do ambiente. Favorecem a emergência de violên- cia civil, conlitos regionais e intraestatais, afetando a ordem e a segurança internacional e mobilizando operações de manutenção de paz e de ajuda humanitária, designadamente sob os auspícios das Nações Unidas. A ausência de desenvolvimento perpétua a fragili- dade do Estado e da sociedade e aumenta a probabilidade de integrarem as rotas e plata- formas dos extremismos, do crime organizado e do terrorismo.

O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) atualizou, no inal do século passado, os princípios do liberalismo político tradicional, e defendeu a promoção global da democracia, da reforma das administrações nacionais, do aumento da participação da sociedade civil 22no processo de desenvolvimento, da melhoria das

condições da mulher.

O Relatório de Desenvolvimento Humano 2010, edição do 20.º aniversário, “A Ver- dadeira Riqueza das Nações: Vias para o Desenvolvimento Humano”, publicado para o PNUD, propõe a seguinte declaração como deini ção de desenvolvimento humano: “ O desenvolvimento humano é a amplia ção das liberdades das pessoas para que tenham vidas longas, saudáveis e cria tivas, para que antecipem outras metas que tenham razões para valorizar e para que se envolvam ativamente na deini ção equitativa e sustentável do desen volvimento num planeta partilhado. As pessoas são, ao mesmo tempo, os bene- iciários e os impulsores do desenvolvi mento humano, tanto individualmente como em grupos”.

O conceito de desenvolvimento humano tem três componentes das capacidades que estão relacionados com as oportunidades das pessoas, as liberdades de processos – que afetam a aptidão das pessoas para determinarem as suas vidas – e com os princípios da justiça e dos direitos humanos. Estes componentes deinem os processos e os resultados através das popula ções, do tempo e do espaço e são envolvidos pelo domínio ambiental partilhado dos recursos limitados do planeta.

21 Diretrizes MCDA (2003): Diretrizes sobre a utilização de meios das forças armadas e da proteção civil para apoiar operações humanitárias de emergência complexas levadas a cabo pelas Nações Unidas; março de 2003. Diretrizes de Oslo (2007): Diretrizes sobre a utilização de meios das forças armadas e da proteção civil na resposta internacional a catástrofes; novembro de 2007.

22 O domínio da atividade situado entre o Estado e o mercado, em que se incluem a família, as escolas, asso- ciações comunitárias e instituições não económicas. A “sociedade civil” ou cultura cívica é algo de essencial à vida das sociedades democráticas e vibrantes (Giddens, 2008: 702).

Os países, as comunidades e os indivíduos valoram de forma diferenciada os prin- cípios e as dimensões humanas e civilizacionais. Como tal, o desenvolvimento humano representa a cultura, os valores e as prioridades locais e regionais, reletindo as escolhas democráticas inclusivas.

O Relatório do Desenvolvimento Humano 2011, “Sustentabilidade e Equidade: um Futuro Melhor para Todos”, dedicado ao desaio do progresso sustentável e equitativo, analisa a forma como a degradação ambiental intensiica a desigualdade das pessoas em situação desfavorecida e demonstra que as desigualdades no desenvolvimento humano agravam a degradação ambiental. Nesta abordagem o desenvolvimento humano deve permitir alargar as escolhas das pessoas e basear-se na partilha dos recursos naturais. A sua promoção requer a revisão da sustentabilidade ao nível local, nacional e global, atra- vés de instrumentos equitativos e de capacitação.

A União Europeia promove o reforço da Coerência das Políticas para o Desenvol- vimento (CPD)23, bem como o objetivo global de melhorar a coerência, a eicácia e a

visibilidade das políticas externas da União. Numa visão holística, de segurança e de- senvolvimento, as políticas não relacionadas com o desenvolvimento podem contribuir substancialmente para coadjuvar os esforços dos países em desenvolvimento nas suas estratégias para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM).

A Comissão Europeia reforçou a sua ação abrangente para a prevenção de conlitos, gestão de crises e construção da paz, através da criação em 2007 do “Instrumento de Estabilidade” (IE). Baseado em projetos de resposta a situações de crise assume formula- ções diferenciadas no âmbito do apoio a processos de mediação, instauração de um clima de coniança, formas de administração e de justiça em períodos de transição, o reforço do Estado de direito ou a resolução de problemas ligados aos recursos naturais, designa- damente como raiz dos conlitos. Estes projetos permitem canalizar inanciamentos para responder a situações de crise em África, na região da Ásia-Pacíico, nos Balcãs, no Médio Oriente, na América Latina e nas Caraíbas.

Um outro instrumento abrangente da União Europeia é a “Parceria para a Consoli- dação da Paz” instituída para reforçar o contributo especíico do setor civil nas atividades de consolidação da paz, aprofundando a articulação entre as organizações da sociedade civil, as organizações internacionais governamentais e não-governamentais, as agências dos Estados-membros da UE e as instituições europeias.

Uma estratégia abrangente de reconstrução do Estado e da Sociedade, operaciona- lizando o “nexo” entre segurança e desenvolvimento, exige dos Estados doadores, das Organizações Internacionais e das organizações regionais a tradução das políticas em projetos para a implementação de ações especíicas e estruturantes da governação nacio- nal, cuja liderança deverá ser assumida pelos países parceiros recetores, embora apoiada no reforço das assessorias técnicas de setor desenvolvidas no âmbito da cooperação bi- lateral e multilateral.

23 EU (2007). Coerência das Políticas para o Desenvolvimento (CPD) – Conclusões do Conselho e dos Representantes dos

8. Modelos de Planeamento: o Caso Nacional

No documento IDNCadernos IIISerie N08 (páginas 50-52)