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Uma nova maneira ecológica de pensar surgiu nos anos 60 e fez da discussão em torno do meio ambiente o centro das preocupações, através de uma crítica da sociedade tecnológico- industrial que deixará sem perspectivas as gerações futuras, caso sejam mantidos os atuais modelos de desenvolvimento mundial (Cunha, 1995).

Este novo pensamento ecológico e mudanças provocadas por novas fontes de conhecimento e informações vem levando as pessoas a questionar seu trabalho, seu consumo e visão de mundo. A exaustão crescente dos recursos naturais coloca em discussão o futuro da humanidade e sua sobrevivência.

Os problemas ambientais provocados pelos países industrializados foi tema da Conferência realizada em Estocolmo em 1972. Neste evento a posição do Brasil priorizando seu crescimento industrial, conforme o modelo de desenvolvimento dos países de primeiro mundo foi motivo de críticas e ampliação das discussões relativas aos danos ambientais que poderiam ocorrer nos países em desenvolvimento.

Durante a ECO-92 – Conferência da ONU, realizada em Junho de 1992 no Rio de Janeiro, onde estiveram presentes o maior número de chefes de Estado já antes reunidos e de presidentes das maiores empresas do mundo, constatou-se que o desenvolvimento descontrolado ocorrido nas últimas décadas, implementado pelos países desenvolvidos, aliado à pobreza e à miséria da maioria dos países são as principais causas dos desequilíbrios sócio- ambientais no mundo.

Verificou-se, ainda, que no intervalo de vinte anos entre a Conferência de Estocolmo em 1972 e a ECO-92 no Rio de Janeiro, apesar do considerável crescimento da consciência ecológica da humanidade, efetivamente pouco havia sido mudado para frear a crescente degradação ambiental.

Daí surge a proposta de um novo padrão de desenvolvimento econômico com equilíbrio sócio-ambiental ou desenvolvimento sustentável (Cunha, 1995).

O conceito de desenvolvimento sustentado, “aquele que responde às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de responder às suas necessidades” foi

difundido a partir do documento “Nosso Futuro Comum” produzido pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Costa, 1998).

O termo “desenvolvimento sustentável” passou a ser muito usado a partir da Eco-92, no entanto, trata-se de um conceito de difícil entendimento e consecução principalmente quando se tenta introduzi-lo na problemática urbana.

Os sistemas urbanos são incapazes de satisfazer, por si só, todas as necessidades humanas além de serem grandes consumidores de energia. Produzem uma quantidade enorme de lixo que não pode ser metabolizado inteiramente em seus limites e a expansão urbana provoca mudanças na ocupação da terra, no uso do solo, com impactos sobre o sistema natural (Ultramari, 1998).

A constatação de que em países industrializados seus habitantes, estimulados pelo seu alto nível de bem estar social, geram duas ou três vezes mais resíduos sólidos que aqueles dos países em desenvolvimento, dá origem a situações já consideradas críticas em países como os Estados Unidos, onde cresce também a preocupação com a saturação dos aterros sanitários, com a contaminação do lençol freático e com o impacto ambiental geral resultante do consumo desmedido de recursos naturais (Barciotte, 1994).

Durante a Eco-92 uma Nova Ordem Econômica, nos moldes do desenvolvimento sustentável, foi estabelecida visando mudar “os padrões não-sustentáveis de produção e consumo” onde quatro áreas de ação passam a ser perseguidas: i) redução ao mínimo dos resíduos; ii) aumento ao máximo da reutilização e da reciclagem ambientalmente saudáveis dos resíduos; iii) promoção de depósitos e tratamento ambientalmente saudáveis dos resíduos; iv) ampliação do alcance dos serviços que se ocupam dos resíduos (Arraes, 1998).

Segundo o IBGE (2000), os brasileiros produzem cerca de 32,8 milhões de toneladas de lixo por ano sendo que, desse total, apenas 23% (quadro 2.1) são dispostos adequadamente em aterros e pouco mais de 5% são direcionados para usinas de reciclagem, compostagem, incineração (Lobo, 1998; Motta & Sayago, 1998).

Quadro 2.1: Disposição final do lixo no Brasil

Destinação final do lixo %

Céu Aberto 72 Reciclagem 4 Usina de Compostagem 0,9 Usina de Incineração 0,1 Aterro Controlado 13 Aterro Sanitário 10

Fonte: Adaptado EMBRAPA apud D’Almeida, 2000.

Esse indicadores demonstram ter o Brasil uma baixa cobertura de serviços de coleta e uma situação precária com relação à disposição final do seu lixo, o que gera sérios problemas sanitários, de contaminação hídrica e de enchentes nos principais centros urbanos brasileiros (Motta, 1998).

A Agenda 21 (2000) atenta para o risco de não sustentabilidade da qualidade de vida nas cidades se forem destruídos seus recursos naturais ou seu patrimônio cultural, e até mesmo pela gestão e operação sem planejamento adequado de seus serviços. Nela é sugerido: preservar as áreas verdes existentes, bem como criar novos e maiores parques; avaliar os limites do adensamento mantendo coerência entre frota de veículos e espaço de vias postas a sua disposição; encontrar soluções para a deposição final do lixo e para os esgotos; reforçar a segurança; reencontrar a cidadania, entre outros (Arraes, 1998).

O grande desafio que a produção crescente de resíduos sólidos nas cidades apresenta é encontrar soluções técnicas e de baixo custo para o seu tratamento e disposição final que não degradem o meio ambiente, que causem o mínimo incômodo à população do entorno e que sejam aceitas por ela.

Mas um dos maiores problemas enfrentados pelos grandes centros urbanos atualmente é justamente o esgotamento de áreas para disposição final desses resíduos em aterros, forçando que se busque novas alternativas (Gunther, 1996).

A minimização de resíduos se apresenta como uma dessas alternativas e consiste em evitar sua geração e em promover sua reciclagem. Pode ser compreendida portanto, como uma série de medidas que, se tomadas, reduziriam a quantidade de lixo a ser disposta, incluindo eliminação do resíduo na fonte, reciclagem, tratamento e disposição final.

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