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O DIREITO COLECTIVO DO TRABALHO: OBJECTO E CARACTERÍSTICAS GERAIS

No documento ufcd_5427_-_manual_ft.doc (páginas 48-51)

AS RELAÇÕES DO CONTRATO DE TRABALHO A formação do contrato de trabalho

O DIREITO COLECTIVO DO TRABALHO: OBJECTO E CARACTERÍSTICAS GERAIS

O Direito do Trabalho incorpora hoje, na generalidade dos sistemas, um corpo de normas reguladoras das formas de organização de interesses colectivos e dos processos e instrumentos da acção colectiva. A esse corpo de normas se aplica doutrinalmente o rótulo de Direito Colectivo do Trabalho, exprimindo desde logo, uma intervenção reguladora do Estado sobre o modo como se desenvolvem as relações e actividades desses grupos.

A autonomia colectiva

É a capacidade reconhecida pelo Estado a certos grupos sociais organizados de emitirem, por um processo próprio de expressão de confronto entre os interesses colectivos correspondentes, normas que simultaneamente constituem fórmulas de equilíbrio entre estes interesses e padrões de conduta para os membros dos mesmos grupos nas suas relações individuais. É assim que o art. 56º/3 e 4 CRP, confere às associações sindicais competência para “exercer o direito de contratação colectiva”, deferindo-se no n.º 4, para a lei o encargo de estabelecer “as regras respeitantes à legitimidade para a celebração das convenções colectivas de trabalho, bem como à eficácia das respectivas normas”.

O bom entendimento da noção de autonomia colectiva pressupõe uma visão clara de que sejam interesses colectivos, profissionais, sobretudo em confronto com os interesses particulares de cada trabalhador e cada empregador.

AS ASSOCIAÇÕES SINDICAIS O sindicalismo: sentido, fundamentos, modelos

A Constituição no art. 55º/1, considera a liberdade sindical dos trabalhadores “condição e garantia da construção da sua unidade para a defesa dos seus direitos e interesses”, enumera, no art. 56º, “direitos das associações sindicais”, que correspondem, sobretudo, a funções participativas em diversos domínios e instâncias. Acresce-lhes o exercício do “direito de contratação colectiva”.

A liberdade sindical

Dispõe o art. 55º/1 CRP: “é reconhecida aos trabalhadores a liberdade sindical, condição e garantia de construção da sua unidade para a defesa dos

direito Colectivo, pressuposto da autonomia colectiva e condição fundamental de defesa genuína e eficaz dos interesses dos trabalhadores.

O direito à greve “é um prolongamento necessário da liberdade sindical e da negociação colectiva”, o seu exercício constitui, uma relevante modalidade da acção sindical. Trata-se de um direito dotado de tutela autónoma nos ordenamentos nacionais que o reconhecem, e que não está expressamente contemplado em convenção da Organização Internacional de Trabalho.

Por outro lado, a liberdade sindical negativa, tem o fundamental alcance de uma defesa contra discriminação, proibindo e ferindo de nulidade “todo o acordo ou acto” que subordine o emprego à filiação ou não filiação sindical ou conduza ao despedimento, transferência ou outra desvantagem para o trabalhador pelo mesmo motivo.

A liberdade sindical positiva por seu turno não pode considerar-se irrestrita. Ela admite, duas importantes limitações: proibição da dupla inscrição; e a organização segundo a categoria e geograficamente de cada associação sindical.

A acção sindical na empresa: os delegados sindicais

O direito de intervenção sindical na empresa tem duas fundamentais expressões: o direito de reunião nos locais de trabalho e o direito de actuação dos delegados sindicais.

Os delegados sindicais são representantes do sindicato, embora eleitos pelos trabalhadores. A acção sindical na empresa desdobra-se em dois níveis: um, o do conjunto dos trabalhadores membros de um ou mais sindicatos, quando utilizam a faculdade de reunião nos locais de trabalho, dentro ou fora do horário normal; outro, o do sindicato, fazendo-se representar pelo delegados sindicais e até pelos seus mesmos dirigentes no interior da empresa ou estabelecimento.

AS ASSOCIAÇÕES PATRONAIS A “liberdade sindical” dos empregadores

Designam-se associações patronais aquelas que agrupam e representam empregadores tendo por fim a defesa e promoção dos seus interesses colectivos enquanto tais, nomeadamente na celebração de convenções colectivas de trabalho.

A aquisição de personalidade jurídica pelas associações patronais opera-se com o registo dos estatutos no Ministério do Trabalho. Não existe qualquer controlo administrativo directo da legalidade formal ou substancial das regras estatutárias: esse controlo está reservado aos Tribunais, sob o impulso processual do Ministério Público. O controlo judicial da legalidade é feito à posteriori, quer dizer, depois de consumado o registo e publicados os estatutos.

Podem as “associações de empresários constituídas ao abrigo do regime geral do direito de associação” adquirir “estatuto de associações patronais”.

Princípios sobre a organização e actividade das associações patronais

Vigora o princípio da auto-organização. No entanto, o esquema organizativo definido nos estatutos, está legalmente condicionado em alguns pontos: define-se a competência das associações patronais para a celebração de convenções colectivas de trabalho, competência essa que, não constitui seu exclusivo, pois também os empregadores podem isoladamente figurar como sujeitos de relações colectivas de trabalho.

Para o efeito da negociação colectiva, a associação patronal é legalmente representada por membros da direcção com poderes bastantes para contratar.

AS COMISSÕES DE TRABALHADORES

É uma organização constituída por membros do pessoal da empresa, em número legalmente variável e independentemente do efectivo global, que são eleitos, de acordo com o princípio da representação proporcional, de entre listas de candidatos correspondentes, na prática, às várias tendências político- partidárias existentes na mesma empresa. A sua organização e o seu funcionamento são regulados por estatutos aprovados em assembleia-geral dos trabalhadores permanentes da empresa. Estes estatutos são de publicação oficial, mas nem por isso fica acertado a sua conformidade legal, assim, como são ineficazes as obrigações que pretendam impor às entidades empregadoras e que não tenham suporte legal.

O art. 54º CRP, reconhece aos trabalhadores o direito de “criarem comissões de trabalhadores para a defesa dos seus interesses e a intervenção democrática na vida da empresa”. Assim obteve expresso acolhimento na nossa ordem jurídica uma forma de organização dos trabalhadores no interior da empresa que se encontrava já largamente estabelecida na experiência social.

O art. 54º CRP, consagra o princípio da auto-organização das comissões (n.º 2) e atribui aos seus membros a protecção legal reconhecida aos delegados sindicais (n.º 4). Mas é a lei 46/79, que contém o estatuto jurídico das comissões, particularmente no que toca aos seus direitos, em parcial desenvolvimento do que dispõe no art. 54º/5 CRP.

Referências bibliográficas:

Código do Trabalho, 2003, Almedina;

Monteiro Fernandes, António - Direito do Trabalho, 2004, Almedina; www.octalberto.no.sapo.pt

No documento ufcd_5427_-_manual_ft.doc (páginas 48-51)

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