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Como já referido, com o aumento da expectativa de vida da população, surge a necessidade por parte do Estado de criar e melhorar as políticas públicas, garantindo à população idosa a prioridade necessária, buscando efetivação dos direitos fundamentais.

Resta ressaltar que mais tempo de vida não significa maior qualidade de vida. Ainda que existam dispositivos protegendo os idosos, o desrespeito e a indiferença em relação à própria legislação se fazem presentes, visto que muitos direitos ainda não são efetivos.

Mas uma coisa é proclamar esse direito, outra é desfrutá-lo efetivamente. A linguagem dos direitos tem indubitavelmente uma grande função prática, que é emprestar uma força particular às reivindicações dos movimentos que demandam para si e para outros a satisfação de novos carecimentos materiais e morais; mas ela se torna enganadora se obscurecer ou ocultar a diferença entre o direito reivindicado e o direito reconhecido e protegido.

Segundo Alzira Tereza Lobato (2010, apud ALMEIDA, 2011, p. 48), entre as décadas de 1960 e 1970 no Brasil, as ações do Estado em relação à população idosa eram muito esparsas e tratavam de um modo geral, apenas das aposentadorias. Segundo a autora, a percepção do envelhecer como uma etapa de recolhimento na vida, ou no caso dos aposentados, como de inativos que não eram mais produtivos traçava o perfil desta população.

Dessa forma, isto “justificava o destino dos idosos, principalmente aqueles considerados carentes ou sem assistência familiar, às instituições asilares, que, em sua maioria, são de caráter filantrópico e religioso” (LOBATO, 2010, p. 216, apud ALMEIDA, 2011, p. 48).

Nesse sentido, constata-se que os direitos não estavam sendo efetivamente garantidos, não só pelo Estado, como também pela sociedade, situação esta que se agravava pelo fato de que tais omissões não podiam ser cobradas judicialmente, visto que não haviam penalidades predeterminadas.

A Lei 10.741/03 consagra-se como a primeira legislação brasileira voltada exclusivamente aos interesses da pessoa idosa, referindo em seu artigo 3º:

Art. 3º. É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária (BRASIL, 2003).

Importante referir que o título V do Estatuto, intitulado como “do acesso à justiça”, regulamenta as normas procedimentais que viabilizam a aplicação dos direitos das pessoas idosas. É nesse título que está contido o artigo 71, norma que garante prioridade na tramitação dos processos e procedimentos em que figure

como parte pessoa idosa (COSTA, 2010, p. 349).

Para efetivar a tramitação preferencial, algumas ações estão sendo realizadas com este firme propósito. No tocante às varas especializadas, sabe-se que o Estado do Paraná foi o pioneiro, ao ser implantada, no município de Maringá, em 28 de outubro de 2004 a 1ª Vara Federal do Brasil, especializada no atendimento de processos em que figuram idosos.

Buscando garantir o justo atendimento e melhor o procedimento a população com mais de 60 anos, o artigo 70 do Estatuto do Idoso permite ao Poder Público “criar varas especializadas e exclusivas do idoso”, o que, se devidamente implantadas, supriria a ausência de norma específica sobre o tema.

Contudo, a criação das varas especializadas é facultativa, o que não dá efetiva solução ao problema maior, que é a urgência na solução das demandas da classe, visto que estas podem acabar sendo prejudicadas pelo desgaste enfrentado, ou até mesmo por doenças que podem ser contraídas no decorrer do processo. Vale lembrar que a decisão de criar esta Vara Especializada sempre dependerá da política de administração de cada tribunal (COSTA; VALLE, [s.d.]).

Alguns Estados, como por exemplo, Pernambuco, Amazonas, Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso, Alagoas, Rio Grande do Sul e Paraná, atualmente, já possuem varas especializadas ou Juizados Especial Cível e/ou Criminal do Idoso, proporcionando assim um melhor acesso à justiça, reduzindo de forma considerável o tempo de tramitação das ações (ANJOS et al., 2015).

Pode-se concluir que a solução imediata para este problema pode estar relacionada com a criação de Varas Especializadas e Exclusivas do Idoso por todo o país, de preferência em cada Estado da federação, com fundamento no artigo 70 do Estatuto do Idoso.

Quanto a questão da prioridade em si, o disposto na Lei nº 10.173/01 modificou o antigo Código de Processo Civil de 1973, estabelecendo prioridade de tramitação nos procedimentos judiciais nos quais figurem pessoas com idade igual

ou superior a 65 anos. Já a Lei nº 12.008/09, expandiu tal benefício, estabelecendo o beneficiário como pessoa com idade igual ou superior a 60 anos. Esta prioridade já evidenciada foi mantida na redação do novo Código de Processo Civil – Lei nº 13.105 de 16 de março de 2015:

Art. 1.048. Terão prioridade de tramitação, em qualquer juízo ou tribunal, os procedimentos judiciais:

I - em que figure como parte ou interessado pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos ou portadora de doença grave, assim compreendida qualquer das enumeradas no art. 6o, inciso XIV, da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988;

II - regulados pela Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente).

§ 1º A pessoa interessada na obtenção do benefício, juntando prova de sua condição, deverá requerê-lo à autoridade judiciária competente para decidir o feito, que determinará ao cartório do juízo as providências a serem cumpridas.

§ 2º Deferida a prioridade, os autos receberão identificação própria que evidencie o regime de tramitação prioritária.

§ 3º Concedida a prioridade, essa não cessará com a morte do beneficiado, estendendo-se em favor do cônjuge supérstite ou do companheiro em união estável.

§ 4º A tramitação prioritária independe de deferimento pelo órgão jurisdicional e deverá ser imediatamente concedida diante da prova da condição de beneficiário (BRASIL, 2015).

Esta manutenção é de extrema importância para garantir uma maior celeridade nas ações ajuizadas por pessoas idosas, que notadamente necessitam, em virtude de sua condição física e psíquica, do cumprimento do princípio constitucional da Razoável Duração do Processo. Com a segurança deste princípio, tem-se que a tutela dos direitos será mais efetiva, assegurando a justiça na resolução das lides judiciais. Acerca deste princípio, o Superior Tribunal de Justiça já decidiu (BRASIL, 2008):

Direito do consumidor e processual civil. Recurso especial. Ação de indenização por danos materiais e morais. Acidente automobilístico. Sequelas que conduziram à morte do acidentado. Recall realizado após o falecimento da vítima. Denunciação da lide. Pessoa idosa. Tramitação prioritária. Razoável duração do processo. Dissídio. Ausência de similitude. [...] - Sem descurar das ressalvas da jurisprudência do STJ, mas por encerrar a hipótese peculiaridade concernente à idade avançada de um dos recorridos, que se socorre do Estatuto do Idoso para conferir-lhe prioridade na tramitação do processo, e, sob o esteio da garantia fundamental prevista no art. 5º, inc. LXXVIII, da CF, que assegura a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade no andamento do processual,

mantém-se o acórdão impugnado, para que a demanda principal siga seu curso, sem interrupções e delongas desnecessárias. - O arrastar de um processo por tempo indefinido, tema corriqueiro em debates jurídicos, não pode impingir a uma pessoa idosa o ônus daí decorrente, máxime quando a ação regressiva da fornecedora do produto poderá ser movida em momento posterior, sem prejuízo ao direito a ela assegurado. - A regra formal, de índole processual, não deve prevalecer frente a um direito decorrente de condição peculiar da pessoa envolvida no processo, que tem nascedouro em diretrizes constitucionais, como se dá com a proteção ao Idoso. - A não demonstração da similitude fática entre os julgados confrontados, afasta a apreciação do recurso especial pela alínea “c” do permissivo constitucional. Recurso especial não conhecido (REsp 1052244/MG, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 26/08/2008, DJe 05/09/2008).

Adentrando na questão do princípio da Razoável Duração do Processo, existem duas hipóteses que devem ser consideradas para a sua devida interpretação, conforme refletem Morais e Spengler (2008, p. 39):

A primeira, diz que o tempo razoável é o tempo legal, expressamente previsto na legislação processual, configurando um critério objetivo. A segunda, refere que o tempo razoável é o tempo médio efetivamente despendido no País, cada espécie concreta de processo. Sua adoção traz a negativa da garantia constitucional.

A Convenção Americana de Direitos Humanos ou Pacto de San José da Costa Rica (BRASIL, 1992), ocorrida em 22 de novembro de 1969, dispõe sobre a garantia da razoabilidade para a resolução das demandas judiciais:

Art. 8º. Garantias Judiciais.

1. Toda pessoa terá o direito de ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de um prazo razoável, por um juiz ou tribunal competente, independente e imparcial, estabelecido anteriormente por lei, na apuração de qualquer acusação penal formulada contra ela, ou na determinação de seus direitos e obrigações de caráter civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer outra natureza.

Outra questão que tem se pacificado nas decisões jurisprudenciais é a questão do pagamento de precatórios, pois se verifica que há a prioridade no tocante ao idoso, ainda que tal condição seja superveniente a expedição do precatório. O Superior Tribunal de Justiça (BRASIL, 2014) entende desta forma:

CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL CIVIL. PRECATÓRIO. DIREITO DE PREFERÊNCIA DE IDOSOS. ART. 100, § 2º DA CF E ART. 97,

§ 18 DOS ADCT COM A REDAÇÃO DA EC 62/2009. EXTENSÃO AOS SUCESSORES. IMPOSSIBILIDADE. INTERPRETAÇÃO EM SINTONIA COM A RES. 115/2010 DO CNJ. AUSÊNCIA DE DIREITO LÍQUIDO E CERTO. 1. Cuida-se de recurso ordinário interposto contra acórdão que denegou a segurança ao pleito mandamental de extensão do direito de preferência no pagamento de precatórios aos idosos; alegam os recorrentes que, por serem herdeiros e, também, idosos, possuem o mesmo direito - com base no art. 100, § 2º da Constituição Federal - outorgado ao titular falecido. 2. Os dispositivos constitucionais - introduzidos pela Emenda Constitucional n. 62/2009 - mencionam que o direito de preferência será outorgado aos "titulares que tenham 60 (sessenta) anos de idade ou mais na data de expedição do precatório" (art. 100, § 2º) e aos "titulares originais de precatórios que tenham completado 60 (sessenta) anos de idade até a data da promulgação desta Emenda Constitucional" (art. 97, § 18); bem se nota que a referência expressa somente atinge aos titulares originários dos precatórios e não aos sucessores. 3. O postulado direito de preferência no pagamento de precatórios não pode ser estendido, uma vez que possui caráter personalíssimo, tal como se infere aos dispositivos da Constituição Federal nos quais está previsto; tal interpretação encontra amparo, ainda, no art. 10, § 2º da Resolução n. 115/2010 do CNJ - Conselho Nacional de Justiça. Recurso ordinário improvido (RMS 44.836/MG, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 20/02/2014, DJe 27/02/2014).

Outrossim, o Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, com o Projeto Terceira Idade, regulamentado pela Resolução nº 14, de 17 de junho de 2004, consagrou o direito de prioridade da pessoa idosa desde a distribuição, autuação, processamento, tramitação, julgamento e realização de todos os atos processuais das ações, bem como recursos e incidentes (art. 1º) (OLIVEIRA, 2007).

Cabe aqui mencionar que as ações afirmativas existem para compensar ou promover os grupos minoritários de uma sociedade que ficaram historicamente em situação de desvantagem. É esta a precisa lição de Carmen Lúcia Antunes Rocha: “a ação afirmativa é [...] uma forma jurídica para se superar o isolamento ou a diminuição social a que se acham sujeitas as minorias” (EMERIQUE; GUERRA, 2008, p. 177).

As ações afirmativas têm como núcleo axiológico a promoção e a garantia do princípio da igualdade, atuando como “agente ativo de promoção de políticas de igualação” (EMERIQUE; GUERRA, 2008, p. 178).

Sabe-se que a nossa Carta Magna (BRASIL, 1988), faz alusão as ações afirmativas em seu artigo 3º:

Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional;

III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;

IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

Vislumbrando proporcionar maior celeridade ao atendimento das demandas judiciais, o Tribunal de Justiça de Pernambuco – TJPE instituiu o comitê gestor de Cidadania do Idoso, por meio do Ato nº 2861/2009. Este comitê será composto pelos desembargadores Fernando Cerqueira, Antônio de Melo e Lima e Eduardo Sertório, e desenvolverá políticas públicas em prol dos idosos no âmbito da Justiça Estadual, norteado pelos ditames do Estatuto do Idoso. Há ainda a previsão da criação de um serviço de apoio psicossocial no Juizado do Idoso (CNJ, 2009).

Um projeto que merece destaque é o Estatuto do Idoso e a Prioridade na Tramitação, instituído na comarca de Barão do Grajaú, no estado do Maranhão. Visando dar prioridade no julgamentos das lides nas quais tramitem idosos, o projeto iniciou no ano de 2012 e obteve um brilhante resultando, tanto que alcançou sua segunda edição no ano de 2013. Este projeto segue as bases traçadas pelo Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/03) e visa o cumprimento do disposto no artigo 71, assegurando prioridade de tramitação dos idosos na esfera judicial (CNJ, 3013).

Com o aprimoramento das políticas existentes, além do desenvolvimento de novas ações, conjuntamente responsável e atuante deve ser o Poder Judiciário, assegurando os direitos e auxiliando na busca por uma velhice digna. Aos idosos requer-se uma observância normativa privativa que atenha-se às suas necessidades e um coerente incremento para sua integração social. Neste sentido, a tutela do idoso reclama, além de ampla determinação legal pelo Estado, pela edificação de uma sociedade que os respeite, os aceite e os valorize, agenciando sua dignidade, alicerce mestre escudado na Constituição, que sustenta toda nossa sociedade (MARTIN, 2011, p. 186).

Ainda, com a Política Nacional do Idoso, implantada com a Lei nº 8.842/2004, surgiram as Políticas Estaduais, na forma de Conselhos Estaduais na defesa dos direitos dos idosos. De todo o território nacional, 24 estados já estão com os Conselhos atuando, sendo que apenas os estados do Amapá e Roraima ainda não aderiram ao projeto.

Também através das Políticas Estaduais foram criadas as chamadas “Delegacias do Idoso”, voltadas para atuar na proteção do idoso e combater a violência que cada vez mais atinge essa população tão vulnerável e carente, seja esta violência dentro da família, seja ela pela sociedade. Atualmente, existem apenas 10 delegacias especiais a proteção do idoso no país, sendo que uma delas está localizada em Porto Alegre/RS.

O Estado tem importante papel de cuidador e protetor do idoso, possibilitando com as políticas públicas a garantia das “oportunidades e facilidades para preservação de sua saúde física e mental, assim como seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social” (BRASIL, 2003), que poderiam oferecer ao processo de envelhecimento coletivo e individualmente a cada idoso como sujeito social, uma sociedade favorável à qualidade de vida das pessoas e a oportunidade de auto- realização.

Para Maria Helena Franco Monteiro (1990, p. 9):

Aí está justamente porque escrevo este livro: para quebrar a conspiração do silêncio. A sociedade de consumo substituiu a consciência infeliz por uma consciência feliz e reprova qualquer sentimento de culpa. É preciso perturbar sua tranqüilidade. Com relação às pessoas idosas, essa sociedade não é apenas culpada, mas criminosa. Abrigada por trás dos mitos da expansão e da abundância, trata os velhos como párias.

Analisando-se o acesso à Justiça idealizado por diversos doutrinadores, a ideia é de uma Justiça eficaz, acessível aos que precisam dela e em condições de dar resposta imediata às demandas, enfim, uma Justiça capaz de atender a uma sociedade em constante mudança. Não se pode limitar apenas ao seu aspecto

formal, que é o deter a possibilidade de ingressar em juízo para defender um direito de que se é titular; mas deve se analisar também o seu sentido material, qual seja, o acesso a um processo e a uma decisão justas (RAMOS, 2010).

A legislação brasileira busca garantir os interesses coletivizados através de suas normas e regramentos, restando tão somente arregimentar os mecanismos de operacionalização de tais direitos com vistas a efetivá-los (OLIVEIRA, 2007).

Conforme lecionam Morais e Spengler (2008, p. 40):

Uma decisão judicial, por mais justa e correta que seja, muitas vezes pode tornar-se ineficaz quando chega tarde, ou seja, quando é entregue ao jurisdicionado no momento em que não mais interessa nem mesmo o reconhecimento e a declaração do direito pleiteado. Se a função social do processo, que é o instrumento da jurisdição, é a distribuição da justiça, não há como negar que, nas atuais circunstâncias do Poder Judiciário, a entrega da prestação jurisdicional em tempo oportuno confere credibilidade.

Verifica-se que a legislação brasileira tem se moldado com o passar dos anos, sofrendo inúmeras alterações visando proteger a população idosa, mas é necessário que tais normas protetivas saiam do papel, a fim de cumprirem com sua efetiva função legal.

CONCLUSÃO

O envelhecimento populacional visto em muitos países, como atualmente o Brasil, altera a preocupação dos dispositivos legais existentes e vigentes, visto que exige um olhar mais aprofundado sobre os idosos, que necessitam de maior apoio de garantias. Com a evolução da medicina, as pessoas passaram a viver mais, buscando levar uma vida saudável por mais tempo. O crescente número de idosos em nosso país, fez com que houvesse maior procura por orientação e proteção Judicial.

Denota-se que o Estado não consegue proporcionar uma proteção satisfatória às pessoas com idade mais avançada, o que contraria os preceitos estabelecidos pela própria Constituição Federal, que garante, como direito fundamental, a celeridade processual. A criação do Estatuto do Idoso impulsionou a celeridade processual sob a ótica do idoso, sendo considerado importante instrumento para o cumprimento legal, intimamente vinculado a adoção de políticas públicas que organizem os deveres instituídos.

Ademais, considerando o disposto no Estatuto, percebe-se que o mesmo apesar de estipular a grande necessidade de políticas públicas que mirem a efetivação dos direitos dos idosos, não trata de fontes de custeio, dificultando a efetivação dos direitos previstos e garantidos na Lei.

Por óbvio que, em virtude da morosidade no deslinde das demandas judiciais, a população tem buscado outros meios para satisfazer seus anseios, através de soluções extrajudiciais, por meio da aplicação da auto-tutela.

Com o presente trabalho conclui-se que nosso Poder Judiciário não possui estrutura capaz de garantir a celeridade processual, tão necessária para a efetivação dos direitos dos idosos. Esta situação se agrava, pelo fato de que, como visto nesta pesquisa, nem todos os Estados da Federação brasileira dispõe Juizados Especiais, tampouco Varas Especializadas no processamento de demandas de pessoas idosas, agravando ainda mais o problema da morosidade da Justiça.

Ao longo do desenvolvimento desta pesquisa, o entendimento é que, verificando a realidade brasileira, a garantia da celeridade processual torna-se o maior benefício que pode ser conferido à uma demanda em que figure pessoa idosa.

A criação de varas especializadas é considerada como uma alternativa, possuindo um atendimento especializado aos idosos, implementando a prioridade necessária e a celeridade nos procedimentos, sendo possível assim uma melhor resolução das demandas que se encontrem na faixa etária estipulada pela legislação.

O Código de Processo Civil estabelece que o idoso possui preferência ao ajuizar uma ação, devido ao periculum in mora (perigo da demora), tendo em vista que tratam-se de pessoas com sessenta anos ou mais que correm mais riscos de contrair doenças. Neste sentido, também como alternativa de garantia de direitos, o maior fortalecimento de instituições como o Ministério Público e a Defensoria Pública, órgãos de extrema importância na concretização e manutenção da ordem legislativa, facilitaria o acesso do idoso ao judiciário.

Como já mencionado, a morosidade no judiciário se dá em virtude do saturamento de pendências judiciais. Para o efetivo cumprimento dos princípio da razoável duração do processo e da celeridade e prioridade processual é necessário investir em novas políticas no Poder Judiciário, mas, por óbvio, não lançando mão de medidas imediatas que busquem atingir este mesmo fim.

Desta forma, se faz necessário que o idoso conheça seus direitos, garantias legais e benefícios, a fim de que possa cobrar do Estado o devido cumprimento dos

mesmos. Não havendo essa consciência, poderá surgir a hesitação, o medo, a insegurança que existe na hora de “prosseguir pela via judicial”. Ademais, sabe-se que a justiça é onerosa, em virtude das taxas, preparos e demais custas, o que, ante o desconhecimento, impede ou limita ainda mais a busca pela garantia dos direitos.

Por fim, ainda que a legislação nacional garanta de forma ímpar e detalhada os direitos desta “nova geração de idosos”, ainda que novas Políticas Públicas fossem implantadas, ainda que fossem criadas Varas Especializadas na defesa dos

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