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1 CONCEITO DE VIOLÊNCIA

4.3 O Efetivo da Polícia Civil no Estado de Roraima

Finalizando esta pesquisa, verificou-se, com base nos dados fornecidos pela Divisão de Estatística e Análise Criminal da Secretaria de Estado da Segurança Pública de Roraima, que em Boa Vista ocorreu no mês de maio de 2003 o Processo Seletivo para Policiais Civis no Estado de Roraima, com várias fases como: prova de títulos, prova objetiva e subjetiva, investigação social, teste físico, psicológico e médico.

Depois de concluído o período de 135 (centro e trinta e cinco) dias de academia pelo Instituto Superior de Segurança e Cidadania – ISSEC, os novos policias tomaram posse em julho de 2004 iniciando as suas atividades.

Inicialmente, como se verifica na tabela 09, contava-se com um efetivo de 108 Delegados, 464 Agentes, 11 Médicos Legistas, 08 Odonto Legistas, 16 Auxiliares de Necropsia, 115 Escrivães, 29 Peritos Papiloscopistas, 37 Peritos Criminais, 10 Auxiliares Perito Criminal.

Atualmente, este número já está mais reduzido, pois temos 83 Delegados, 421 Agentes, 10 Médicos Legistas, 08 Odonto Legistas, 16 Auxiliares de Necropsia, 110 Escrivães, 24 Peritos Papiloscopistas, 37 Peritos Criminais, 10 Auxiliares Perito Criminal.

Boa Vista conta com uma população de aproximadamente 290 mil habitantes e somente 67 viaturas e 440 armas em função da segurança desta população, o que, proporcionalmente, se tem 1 delegado para 3.255 habitantes e 1 agente para 655 habitantes.

Tabela 09

O efetivo da Policia Civil em Boa Vista (2004 – 2006)

Policiais Civis em Boa Vista

Classe 2004 2006 Delegados 108 83 Agentes 464 421 Médico Legista 11 10 Odonto Legista 08 08 Auxiliar de Necropsia 16 16 Escrivão 115 100 Perito Papiloscopista 29 24 Perito Criminal 37 37

Auxiliar Per. Crim. 10 10

Total 798 709

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao concluir este trabalho pode-se dizer que desde os primórdios, a segurança das pessoas sempre foi uma preocupação constante, fosse do sentinela ou da guarda responsável. Desde os crimes mais graves, como o assassinato, a caça, até pesca clandestina, sempre necessitavam da formação de um conselho judiciário que podia aplicar as mais severas penas, como por exemplo, o banimento.

Muitas outras iniciativas foram tomadas, na Idade Média, na tentativa de diminuir a violência, entretanto todas elas faziam da ordem e da segurança um negócio particular, muito semelhante ao que se instalou nas mais antigas sociedades. Estas iniciativas, na verdade, não fizeram surgir diretamente os órgãos de polícia especializados, pois os europeus da época não podiam sequer conceber novamente esta situação.

No mesmo sentido percebeu-se que a noção de polícia moderna sempre leva as tantas evoluções que constituem a função policial como profissão, ou seja, o estabelecimento de critérios por mérito como os concursos, em matéria de recrutamento; elaboração e transmissão de um saber técnico através dos processos de formação; remuneração suficiente para que o ofício policial seja exercido em tempo integral; desenvolvimento, enfim, de uma identidade profissional que se exprime por uma cultura que tem suas normas, valores e ritos.

Vale lembrar também, que os estudos que obtiveram maior êxito na demonstração de eventuais relações entre crime e mercado de trabalho foram àqueles desenvolvidos com dados individualizados do criminoso, pois os mesmos enfocam mais precisamente as circunstâncias sob as quais a decisão foi tomada.

Desses estudos, a evidência mostra que os presos apresentam maior probabilidade de ter menos renda ou menos emprego que outros grupos, quando verificado, por exemplo, que jovens empregados a menos tempo do que outros têm probabilidade maior de serem presos. Por outro lado, os dados podem estar refletindo o fato de detidos serem mais inaptos para o sucesso na sociedade por causa de características pessoais.

Desse modo, não seria a precariedade do mercado de trabalho o fator determinante do crime, e sim a decorrência de atributos pessoais e individuais. Nesse caso, políticas pró- labore teriam pouco impacto sobre o crime. Três abordagens diferentes podem dirimir tais dúvidas: observar a mesma pessoa em dois momentos diferentes, com emprego e sem emprego; observar a relação do comportamento criminoso individual com as características da área, no que diz respeito à taxa de desemprego e renda; e estimar a oferta de trabalho, a participação criminal, salários previstos e rentabilidade do crime. Em qualquer uma dessas vias, contudo, as abordagens esbarram no mesmo problema de ausência de dados.

Nos últimos 20 anos, a problemática da violência tornou-se objeto de interesse e discussão de especialistas, formadores de opinião e da população em geral, ocupando lugar central em suas preocupações. Além de indicar o medo crescente com que convivem as populações dos centros urbanos, estas pesquisas também têm apontado para a existência de outro fenômeno: a baixa credibilidade das instituições de Segurança e Justiça junto à população. A sociedade brasileira tem acompanhado o aumento da violência e da criminalidade; por outro, observa a ausência de respostas por parte das polícias e da Justiça, que se expressa no despreparo das forças policiais para o enfrentamento do crime e nas altas taxas de impunidade.

Dentro deste contexto é de se concluir que o indivíduo que opta pela carreira criminal, geralmente terá menos probabilidades de sair desta vida de crimes e ajustar-se ao mercado de trabalho favorável.

Entretanto, a diminuição da criminalidade é o que a população mais espera da polícia. A polícia, por sua vez, também imagina ser esta sua maior missão e acredita, em sua maior parte, que pode contribuir para este resultado. Existiam dúvidas sobre até que ponto a polícia podia ou não, por si só, diminuir a criminalidade na cidade de Boa Vista. Entretanto a maior parte dessas dúvidas já foram dirimidas desde que polícia civil recentemente concursada passou a atuar em Roraima. Entretanto, este estudo também indica que os recursos alocados para o aparelhamento da polícia civil em Boa Vista ainda não são suficientes para que ela seja mais eficaz.

Em Boa Vista constatou-se que no período de 2001 a 2002, os crimes contra a pessoa propiciaram taxas abaixo da média nacional, decrescendo até 35,6%, e, no período de 2003 a 2005 apresentaram taxas ainda abaixo da média nacional, crescendo, porém, até 100% no período.

Nos crimes contra o patrimônio as taxas estiveram abaixo da média nacional, crescendo até 50%, e, no período de 2003 a 2005 apresentaram taxas também abaixo da média nacional, crescendo, entretanto, até 90% no período.

Quanto aos delitos de trânsito observaram-se taxas acima da média nacional, decrescendo até 13%, e, no período de 2003 a 2005 apresentaram taxas ainda acima da média nacional, crescendo até insuportáveis 500% no período.

Aqui, vale ressaltar, que em função dos acidentes de trânsito o custo mensal por paciente vítima de acidente de trânsito, para o setor público de saúde é de R$ 1.261,00 com o atendimento primário na urgência e emergência, sendo que dão entrada mensalmente mais de 480 vítimas de acidentes de trânsito, segundo o banco de dados nacional do DataSUS (FOLHA DE BOA VISTA, 2007, p. 5).

Concluindo, pode-se constatar que os índices de violência em Boa Vista, no período estudado, continuam crescendo, ocorrendo, entretanto, um desaceleramento comparando-se com a média nacional, exceto quanto aos acidentes de trânsito que continuam registrando taxas sempre acima da média nacional.

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