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O Empregador e o Tomador de Serviços Rurais

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Seguindo a mesma linha de raciocínio do item anterior, que diz respeito à necessidade de esclarecimento preliminar para se adentrar no objeto do presente trabalho, faz-se necessário também conceituar, ainda que suscintamente com base na doutrina dominante, quem é a pessoa que figura no outro polo de uma relação jurídica trabalhista rural, a qual tem como objeto atividades laborais.

É empregador rural, segundo se lê da Lei nr. 5.889/73 (Estatuto do Trabalhador Rural – ETR) em seu art. 3º ―a pessoa física ou jurídica, proprietária ou não, que explore atividade agroeconômica, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou através de prepostos e com auxílio de empregados‖.

Por Pelegrino (1999, p. 49) conclui-se que ―pela definição legal, nem sempre o empregador rural é o dono da terra. O empregador pode ser um arrendatário, empreiteiro, que contrata empregados, assumindo os riscos da atividade agroeconômica‖.

Já o tomador dos serviços rurais será assim caracterizado em várias circunstâncias, pois, poderá ser: proprietário rural; arrendatário; empreiteiro entre outros, sendo que, a forma de diferenciá-lo do empregador rural, passa pela observância ou não dos critérios formadores da relação empregatícia.

Indo além nessa concepção, pode-se dizer que, mesmo o empregado rural é tido como um trabalhador rural, do ponto de vista que exerce suas atividades trabalhistas no meio rural. Porém, o que se pretende aqui é diferenciá-los em suas especificidades e, ao mesmo tempo, aglutiná-los na condição de rurícolas.

Feitas tais ponderações, cabe agora adentrar um pouco mais no cerne da proposta da presente dissertação, qual seja, a possibilidade de harmonizar o trabalho rural com a produção rural, almejando a sustentabilidade do bioma Cerrado Goiano, garantindo e colaborando com a vida no planeta e mais especificamente, na biocenose aqui analisada.

3.2.1 O “intermediário” rural

O intermediário rural é pessoa que ―arrebanha‖ os demais trabalhadores rurais para execução de serviços. Em regra, é pessoa articulada em atender as necessidades dos agropecuaristas, em meio aos quais possui certo prestígio e é pessoa conhecida de todos, por já estar desenvolvendo atividades agropastoris há bastante tempo.

Não é empregador rural, mas sim alguém que, por conhecer bem a região onde exerce suas atividades, bem como, ser – repisa-se – conhecido por todos (trabalhadores, empregadores e tomadores de serviços), tem maior facilidade em alocar os rurícolas nos campos.

Trata-se de pessoa geralmente de pouco conhecimento da legislação trabalhista e de míseras posses, o que o torna incapaz, na maioria das vezes, de arcar com a responsabilidade do ônus da atividade esculpida no art. 2º da CLT, o que torna temerosa a ideia de ser ele corresponsável pelos direitos trabalhistas dos rurícolas.

A título de informações compatíveis, ressalta-se que tramitou no Congresso Nacional o Projeto de Lei PLS 171/20043 de autoria do senador e agropecuarista Ramez Tebet do Mato Grosso do Sul, projeto este que fora arquivado em 03-02- 2011 no Senado Federal, o qual pretendia fazer valer a temporariedade do contrato de trabalho rural, bem como, estabelecer o ―gato‖ como responsável pela contratação dos rurícolas, isentando o empregador rural de qualquer ônus.

O PLS mencionado foi defendido atendo-se a pesquisas desenvolvidas pela CNA em 2004, quando então se apurou os seguintes números: 88,81% dos proprietários rurais consultados à época contratavam apenas temporários; 6,48% contratavam trabalhadores permanentes e temporários, sendo que apenas 4,70% tinham a preocupação de fazer valer a legislação mais benéfica aos trabalhadores e, assim, contratar rurícolas como empregados permanentes.

Em desfavor à essa ideia prejudicial aos trabalhadores do campo manifestam-se membros do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), da Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT), da Associação Nacional dos Magistrados do Brasil da Justiça do Trabalho (ANAMATRA) e da

3 Disponível em: http://www.senado.gov.br/atividade/materia/detalhes.asp?p_cod_mate=68215. Acessado em 03-06-13.

Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG).

3.2.2 A intermediação do sindicato rural

Com a publicação da Lei n. 12.023/2009 fora regularizada a situação, até então conturbada, dos chamados ―chapas‖ e similares, que logravam êxito no reconhecimento de seus direitos trabalhistas, pois, são eventuais e avulsos, o que implica em não existência de vínculo empregatício.

As atividades desenvolvidas por estes trabalhadores forma capituladas no art. 2º da mencionada Lei procurando delinear todas as possíveis atuações dos obreiros que se ativam na movimentação de mercadorias e produtos em geral, a exemplo de carga e descarga de produtos a granel e ensacados, enlonamento (cobrir cereais, por exemplo, com lonas), ensacar, pesar, embalar, reparar as cargas nos veículos que transportam as mercadorias, amostragem, empilhamento, ova e desova de vagões de trem, entre outras.

A Lei n. 12.013/2009 em vigor regulamenta em seu art. 1º, caput, a intermediação do sindicato de forma obrigatória e sem vínculo empregatício, toda e qualquer movimentação de mercadorias que for desenvolvida pelos trabalhadores avulsos também em área rural, o que constará de acordos ou convenções coletivas de trabalho.

Esta intermediação é comumente utilizada no meio rural, pois que assegura ao trabalhador que a ela se submete verbas trabalhistas como da própria remuneração, além do 13º salário, repouso semanal remunerado, férias acrescido do terço constitucional entre outros, além de garantir que o trabalhador avulso receba pela prestação do serviço em até 72 horas depois do término da mesma, sob pena de responsabilização da entidade sindical e do próprio tomador dos serviços, sendo vantajoso para este último também, pois, terá a prestação de serviços sem ter vínculo empregatício e seus consectários.

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