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O Trabalho Rural e a Produção Sustentável

No documento Download/Open (páginas 88-91)

Como dito anteriormente, já é pacífico o entendimento de que o planeta tem problemas ligados à população terrestre, aos recursos naturais e ao meio ambiente, o que implica no aumento da pobreza e até mesmo da fome mundial.

Esses problemas se alastram e alcançam ainda outras áreas a exemplo do desflorestamento e extinção de espécies, erosões do solo e surgimento de imensas áreas desérticas, o ar e as águas seguem sendo poluídos em larga escala, vê-se a ocorrência da chuva ácida, a diminuição da camada de ozônio, culminando com o efeito estufa e consequentes alterações sensíveis no clima terrestre (CORSON, 1996).

As consequências pelo desregramento humano e o desrespeito às regras ecológicas estão por toda a parte, provocando um caos de perspectivas não agradáveis, advindas dos estudiosos de áreas ligadas ao meio ambiente do ponto de vista biológico-ecológico.

Certo é que estas assustadoras notícias que chegam vindas dos especialistas, são intimamente associadas ao ambiente rural, sendo este um dos principais alvos e objeto de estudos na atualidade, ponderando-se o fato de que é nele (ambiente rural) que está uma das principais causas e, estranhamente, a solução para problemas relacionados à destruição do planeta.

O que se afirma pode ser corroborado por fragmento que se transcreverá da apresentação feita por Moysés (2012, p. 11) na obra ―Cerrados Brasileiros‖ quando diz:

O fenômeno da globalização das últimas décadas foi impulsionado pela economia mundial e, consequentemente, pelas oportunidades de investimento e lucro. Esse processo gerou o desenvolvimento da economia mundial, porém sem resultado correspondente no desenvolvimento social e ambiental do planeta. Pelo contrário, o crescimento econômico vem gerando um impacto negativo na dimensão social, com a concentração de renda e o aumento da exclusão social.

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O consumismo desregrado que vem do querer ―ter‖, estimulado, em parte, pelo capitalismo e aumento populacional, afloram na globalização, e se reflete diretamente na necessidade do aumento da produção agrícola/pecuária, pois, é daí que sai o alimento ainda in natura, que depois passa pelo processo de industrialização para, então ser consumido e alcançar o êxito almejado.

É cediço que a produção rural haverá de ser aumentada, atendo-se aos números indicadores do aumento da população mundial, sendo também notório que é o rurícola que tem a incumbência de assessorar na garantia alimentar mundial.

Porém não se pode a ele querer atribuir toda a culpa pelos desmatamentos ocorridos em toda área coberta por florestas (aí incluso o Cerrado), pois, o que faz é

cumprir com o seu papel na produção de alimentos, na busca de suprir as necessidades mundiais.

No que concerne à produção sustentável, cabe, num primeiro momento, lançar aqui um conceito de ―sustentabilidade‖, publicado por Cabreta (2009)4 que

bem abarca o que se pretende dissertar, quando diz:

Mas, afinal, o que significa sustentabilidade? Como bom mentor, vou tentar explicar de forma simples o conceito que já faz parte da vida moderna. Em primeiro lugar, trata-se de um conceito sistêmico, ou seja, ele correlaciona e integra de forma organizada os aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais da sociedade. A palavra-chave é continuidade – como essas vertentes podem se manter em equilíbrio ao longo do tempo. Quem primeiro usou o termo foi a norueguesa Gro Brundtland, ex-primeira ministra de seu pais. Em 1987, como presidente de uma comissão da Organização das Nações Unidas, Gro publicou um livreto chamado Our Common Future, que relacionava meio ambiente com progresso. Nele, escreveu pela primeira vez o conceito: ―Desenvolvimento sustentável significa suprir as necessidades do presente sem afetar a habilidade das gerações futuras de suprirem as próprias necessidades‖. Note que interessante: a proposta não era só salvar a Terra cuidando da ecologia, mas suprir todas as necessidades de gerações sem esgotar o planeta. ―Nem de longe se está pedindo a interrupção do crescimento econômico‖, frisou Gro. ―O que se reconhece é que os problemas de pobreza e subdesenvolvimento só poderão ser resolvidos se tivermos uma nova era de crescimento sustentável, na qual os países do sul global desempenhem um papel significativo e sema recompensados por isso com os benefícios equivalentes.

A produção de forma sustentável não se volta só e tão somente para o fato de que o planeta tem de ser salvo das agressões humanas e, em algumas circunstâncias, as naturais, mas sim, atendo-se ao fato de que é necessário alcançar formas de garantir que as próximas gerações terão meios de se manter em todas as suas necessidades, sem que para isso, tenham que devastar os biomas existentes.

E complementa o autor do artigo, que não se tem em mente a intenção de barrar o crescimento agro-econômico das nações, mas sim fazê-lo de forma consciente e sustentável, como é a proposta que aqui se defende para o Cerrado Goiano, quando da produção agropastoril.

Moysés (2012) afirma que é patente a transformação que vem sofrendo a região Centro-Oeste num todo (aí incluso o estado de Goiás), devido à atual agricultura modernizada, em busca de produção dos chamados commodities.

Assevera ainda o autor que ocorreu, consequentemente, sensível

4 Luiz Carlos Cabrera é professor da Eaesp-FGV, diretor da PMC Consultores e membro da Amrop

modificação também nas relações de trabalho rural, pois, não se fala mais somente em produção voltada para subsistência, mas sim uma produção de proporções maiores com visibilidade para a exportação.

Cabe também aqui ressaltar o fato de que o Brasil entre outros países menores economicamente, são submetidos a espécies de imposições de países maiores como EUA e outros países da Europa, sob pena de, em assim não o fazendo, se ver fora do eixo de negociações proposto por aquelas nações.

Abrir de par em par os portões e abandonar qualquer ideia de política econômica autônoma é a condição preliminar, docilmente obedecida, para receber assistência econômica dos bancos mundiais e fundos monetários internacionais. Estados fracos são precisamente o que a Nova Ordem Mundial, com muita frequência encarada com suspeita como a nova

desordem mundial, precisa para sustentar-se e reproduzir-se. Quase-

Estados, Estados fracos podem ser facilmente reduzidos ao (útil) papel de distritos policiais locais que garantem o nível médio de ordem necessário para a realização de negócios, mas não precisam ser temidos como freios efetivos à liberdade das empresas globais. (BAUMAN, 1999. p. 75-76). Voltando-se um pouco mais para a questão do trabalhador rural, por óbvio, o seu direito de exercer suas atividades no bioma Cerrado Goiano, não será extirpado. Porém, é patente o entendimento de que este trabalhador, igualmente, fora premido a se adequar à nova realidade rural, tendo, assim, que aprimorar seus conhecimentos tecnológicos ante a modernização já citada.

Como dito no capítulo primeiro, a educação rural (aí inclusa a tecnológica) é forçosamente indispensável para o homem do campo, tanto no aumento da produção como na sua conscientização para o não desmatamento desregrado.

O rurícola tem se aprimorado na atualidade para que possa dominar toda a implementação de maquinários utilizado no meio rural, na busca de uma produção mais célere e mais economicamente rentável, sendo que no caso do trabalhador empregado, este ainda corre o risco de ver-se sem oportunidade de emprego caso não se aprimore, na busca de uma produção mais sustentável.

No documento Download/Open (páginas 88-91)