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UMA ILUSTRAÇÃO NUMÉRICA E O EMPREGO DA FORÇA DE TRABALHO

Cenário 3 com orçamento desequilibrado

5.3 O Emprego da Força de Trabalho

D urante todo desenvolvim ento apresentado até o m om ento, consideram os o estoque de capital com o o único lim itante da produção, não fazendo nenhum a referência a restrições no outro insum o do m odelo, a m ão-de-obra. E ssa estratégia justificou-se porque estávam os interessados apenas no crescim ento com desem prego. M as os resultados encontrados são m ais gerais e podem ser estendidos ao cenário de pleno em prego da força de trabalho, desde que algum as hipóteses sejam substituídas. D essa form a, o foco dessa seção será identificar quais os requisitos para que um a econom ia que opera com excesso de o ferta de m ão-de-obra, entre num a trajetória de redução do desem prego, ou m esm o passe a operar em pleno em prego. D o m esm o m odo, buscarem os determ inar quais condições são necessárias para que um a econom ia que esteja operando em pleno em prego m ude para um a trajetória com desem prego. A ssim , ressaltarem os quais as diferenças entre as dinâm icas dos dois cenários.

Os resultados estabelecidos nos capítulos anteriores devem ser verificados num sistem a de acum ulação baseado nas forças de m ercado desde que haja pleno em prego do capital instalado e a econom ia perm aneça na trajetória do equilíbrio. Contudo, a presente abordagem não é capaz de explicar m ovim entos cíclicos da atividade econôm ica. Em nosso entendim ento, nenhum a m odelagem desprovida de u m a teoria sobre os determ inantes do investim ento, com o é nosso caso, tem capacidade de explicar m ovim entos em tom o da tendência de longo-prazo. A valiar a relação entre pleno em prego e desem prego da força de trabalho significa, em nosso contexto, avaliar a relação entre a taxa de

crescim ento endógena, determ inada ao longo do trabalho para diferentes contextos, e a taxa natural de crescim ento. V erem os que atingido o pleno em prego, a taxa endógena se ajustará à taxa natural de crescim ento, sendo que este ajuste se dará pelo parâm etro de m ercado, a tax a de salário. Para preservar a sim plicidade da exposição, m anterem os a hipótese de ausência de progresso técnico, de form a que a taxa natural de crescim ento pode ser entendida com o taxa de crescim ento da força de trabalho.

O que de fato to m a o desenvolvim ento desse m odelo um avanço em relação às abordagens de pleno em prego da força de trabalho, que têm dom inado a literatura desde o surgim ento das m odernas teorias de crescim ento, é sua generalidade. Ela nos perm ite interpretar certas características do crescim ento em econom ias subdesenvolvidas49, bem com o identificar as principais diferenças entre estas e as econom ias desenvolvidas.

C oncluím os, nos capítulos anteriores, que em equilíbrio o ritmo de crescim ento do capital é o fator determ inante da alocação setorial do investim ento e do ritm o de crescim ento da renda, consum o e investim ento. O exercício que farem os a seguir será explicitar em quais condições a taxa natural de crescim ento influencia o cam inho do crescim ento d a econom ia.

B asicam ente tem os dois cenários distintos quando introduzim os determ inados pressupostos referentes a força de trabalho. Um onde o crescim ento ocorre com um a quantidade de trabalhadores em pregados m enor do que a força de trabalho disponível. Outro, onde toda força de trabalho se encontra em pregada. Claro que a suposição de pleno em prego dos trabalhadores é um a licença teórica. N as econom ias reais norm alm ente haverá certo nível de desem prego. A questão relevante é estabelecer a partir de que ponto no nível de em prego do estoque de m ão-de-obra, podem os considerar que um a econom ia esteja operando em pleno em prego. Q uando o crescim ento está ocorrendo com desem prego, a econom ia pode estar se encam inhando para um a situação de redução, aum ento ou m anutenção do

49 A p e s a r d o s u b d e s e n v o l v i m e n t o s e r u m a c o n j u n ç ã o d e c a r a c t e r í s t i c a s , c o n s i d e r a r e m o s a p e n a s a p r i n c i p a l , r e l a c i o n a d a a e x i s t ê n c i a d e d e s e m p r e g o e s t r u t u r a l .

nível de desem prego, dependendo d a relação entre a taxa natural e a ta x a de crescim ento endógena de equilíbrio. Com o m ostrarem os no parágrafo seguinte, caso a taxa natural seja m enor que nossa taxa endógena, a econom ia estará se encam inhando para o pleno em prego. Q uando ocorrer o inverso, a dinâm ica é na direção de um a am pliação no nível de desem prego. Já num cenário que se inicia com pleno em prego, a força de trabalho tem que estar crescendo num ritm o m aior que aquele determ inado pela tax a endógena, para que a econom ia se encam inhe a um a situação de desem prego.

C om o consideram os que a relação capital-trabalho é constante ao longo do processo de crescim ento, a tax a de crescim ento da m ão-de-obra em pregada é exatam ente igual à taxa de crescim ento do capital. O bserve que nos referim os a m ão-de-obra que está sendo introduzida ao processo produtivo e não ao crescim ento da m ão-de-obra disponível. C onsiderarem os que a força de trabalho cresce a um a taxa exógena V . Partindo de um a situação inicial de desem prego, ou que a taxa natural, n, seja m enor que a tax a de crescim ento do capital, terem os u m a redução da taxa de desem prego. Isso porque a velocidade de incorporação de m ão-de-obra ao processo produtivo, que está sendo determ inada pela taxa endógena de crescim ento, é m aior que o ritm o de crescim ento da força de trabalho. M antidas essas condições, o trajetória de equilíbrio estará se encam inhando para o pleno em prego dos trabalhadores, já que nenhum parâm etro da taxa endógena tende a m udar. Q uando tem os n>õ, o nível de desem prego estará constantem ente crescendo e com n=ô, este se m antém o m esm o, sendo que em am bos os casos tam bém não é gerada nenhum a tendência a alterações dos parâm etros de ô.

N um cenário de pleno em prego da força de trabalho, o capital deixa de ser o fator lim itante da produção. E sta passa a ser restringida pela quantidade disponível de m ão-de-obra. C om o tem os um a relação de proporções fixas entre esses dois fatores, o capital só pode ser incorporado no m esm o ritm o , em que cresce a oferta de m ão-de-obra. N ele, a taxa de crescim ento m áxim a do capital que é passível de ser incorporado ao processo produtivo é exatam ente a taxa natural. P ara os casos em que n = ô e n > ô, tem os, respectivam ente, m anutenção do nível de pleno em prego e criação de desem prego sem nenhum a alteração de ô. Já no caso em que a taxa natural é m enor que a taxa endógena, as dem andas dos

capitalistas por m ão-de-obra no intuito de expandirem suas capacidades produtivas irão im plicar num a concorrência pelos trabalhadores já em pregados. Essa dem anda ocorre porque os parâm etros da econom ia, resum idos por w, v, /?/, [í2 e s c no caso sem governo, estão determ inando que os capitalistas aum entem sua capacidade produtiva num ritm o m aior que o crescim ento d a força de trabalho, para que assim se m antenha o equilíbrio dinâm ico. A disputa por trabalhadores se traduzirá num a elevação da tax a de salários. O nível de salários irá aum entar até que a dem anda dos capitalistas por trabalhadores, ao longo do processo, esteja crescendo no m esm o ritm o que a disponibilidade de m ão-de-obra. Pela resultados do capítulo anterior vim os que há um a relação inversa entre a taxa de salário e a taxa endógena de crescim ento. Então w irá aum entar até o nível w \ onde este determ ine um a taxa ô ’( w ) , sendo neste ponto n = ò ’. Então, ao longo do processo de crescim ento com pleno em prego e n = ô’, a quantidade de capital que os capitalistas estarão interessados em introduzir na econom ia, dada o ajuste da tax a de salários, será equivalente à quantidade de capital necessário para que toda m ão-de-obra disponível esteja em pregada.

O enfoque dram ático que utilizam os p ara caracterizar o com portam ento do parâm etro de m ercado w, frente às hipóteses da força de trabalho, tem um a razão m eram ente didática e ilustrativa. N a verdade, as pressões salariais aparecem m uito antes da econom ia incorporar toda a m ão-de-obra disponível. Com desem prego os salários se encontram no nível de subsistência, devido à concorrência entre os trabalhadores pelos postos de trabalho. M as à m edida que o hiato entre o núm ero total de trabalhadores e a quantidade daqueles que se encontram em pregados dim inui, a taxa de salário tende a se elevar.

CONCLUSÃO

Com os desenvolvim entos do capítulo 3, obtem os sucesso em dem onstrar que a trajetória do crescim ento em equilíbrio pode ser determ inada em um m odelo de coeficientes fixos, m esm o sem a hipótese de pleno em prego da força de trabalho. M ostram os que a distribuição de renda é determ inada a partir de alguns parâm etros técnicos, com portam entais e de m ercado. Enquanto que a abordagem do Processo K aldor-Pasinetti independia dos pressupostos sobre a função de produção, porque se apoiava na trajetória de pleno em prego da força de trabalho50, os desenvolvim entos realizados n esta dissertação utilizaram um a função de produção do tipo Leontief, coeficientes fixos, para determ inar a TEC fora do cam inho de pleno em prego. V im os que os resultados alcançados são gerais, no sentido de que tão logo a trajetória do crescim ento seja de equilíbrio, estes devem ser observados, independentem ente do grau de em prego da força de trabalho disponível. Ou seja, m esm o com pleno em prego, m undo da Equação de C am bridge, a relações apresentadas devem ser verificadas. Ao longo do trabalho logram os sucesso em introduzir diversas generalizações, com o funções de poupança m ais gerais e governo, o que só corrobora a robustez da abordagem .

A o estabelecerm os a TEC sob o pressuposto de poupança agregada m ais geral abordado, que por ocasião denom inam os de regim e pasinettiano, concluím os que quando a taxa de lucro aferida pelos capitalistas no processo produtivo coincide com a taxa de ju ro s que os trabalhadores recebem pela propriedade do capital, os resultados em relação TEC são os m esm os que os encontrados sob o pressuposto de poupança clássica m oderada. O u seja, que nessas condições os valores assum idos pela propensão a poupar dos trabalhadores são irrelevantes. Para alcançar este resultado utilizam os os desenvolvim entos de Pasinetti em relação à Equação de Cam bridge. A inda no m odelo sem governo, discutim os a generalidade dos resultados, em relação ao relaxam ento da hipótese de igualdade entre

50 N e s s a t e o r i a a t a x a d e e x p a n s ã o d a p r o d u ç ã o é d i t a d a p e l a t a x a n a t u r a l d e c r e s c i m e n t o .

tax a de ju ro s e tax a de lucro. N essa oportunidade contrapom os os resultados alcançados por Pasinetti de validade da Equação de C am bridge nesse contexto. Concluím os que ao contrário do que aquele autor pensava, a Equação de Cam bridge não se m antém frente esta generalização. D em onstram os que quando r > i, a taxa de lucro de equilíbrio depende sim da propensão a poupar dos trabalhadores.

Tam bém dem onstram os com o introduzir governo num a m odelagem do crescim ento com desem prego estrutural. Ao considerarm os agente operando com orçam ento equilibrado, concluím os que apenas a taxação sobre lucro é relevante para determ inação da TEC. D epois de introduzirm os um m ecanism o de preço, concluím os, através de um a ilustração num érica, que quanto m aior a propensão a poupar dos capitalistas, m aior será a alocação do investim ento no setor 1, m aior será a taxa de crescim ento da econom ia e m enor será a taxa de lucro. Já quanto m aior for a taxação do governo sobre lucro, m enor será a alocação do investim ento no setor 1 e a taxa de crescim ento da econom ia e m aior será a tax a de lucro. Finalm ente quanto m aior for a poupança do governo m aior será tanto a taxa de lucro e taxa de crescim ento do produto, quanto a alocação do investim ento na econom ia. Em relação à política fiscal do governo, quando consideram os um cenário em que a relação capital-produto do setor 1 é m aior que em 2, e em que a relação trabalho-capital é m aior no setor 2, concluím os que quanto m aior for o estoque de dívida do governo, m aior será a taxa de lucro e de crescim ento da econom ia quando considerado o cenário 1. Já quanto m aior for à despoupança do governo, m enores serão as taxas de crescim ento e de lucro da econom ia.

N a últim a seção do capítulo 5 m ostram os a relação entre a taxa de crescim ento de equilíbrio e a taxa natural, discorrendo sobre a dinâm ica envolvida. N esse sentido, introduzim os, m esm o que de form a elem entar, um a dinâm ica que esclarece com o podem os entender a passagem de um a econom ia com desem prego a um a situação de pleno em prego. Para um a análise rigorosa nesse sentido seria fundam ental a introdução de um a teoria dos determ inantes do investim ento. A bordagem que dem andaria outra dissertação.

A o enfatizar a relação entre a taxa de crescim ento endógena e a taxa natural, concluím os que a evolução do grau de utilização da força de trabalho irá depender desta relação, o m esm o ocorrendo com a taxa de rem uneração dos trabalhadores. Com esta análise conseguim os apresentar quais são os m ecanism os necessários para que um sistem a de produção que se reproduza sob desem prego estrutural da força de trabalho, em geral sistem as subdesenvolvidos, passe a operar com pleno em prego deste fator. Bem com o o cam inho contrário. A ssim consideram os que foi concluída um a boa parte de nossa proposição inicial e que a presente contribuição, m ais do que um instrum ental para interpretação da realidade econôm ica m oderna, serve com o referência para desenvolvim entos posteriores, que possibilitem m enor grau de abstração.

Sugerim os as seguintes extensões ao presente trabalho: incorporação de progresso técnico e avaliação do seu papel na dinâm ica das variáveis; introdução de m ecanism os endógenos de determ inação da taxa de salários e, finalm ente, sugerim os a tentativa de obter os m esm os resultados com um a função de produção alternativa.

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