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3. O ENSINO DE FÍSICA NO BRASIL

3.1 O ENSINO DE FÍSICA NOS PCNEM: do cotidiano ao conhecimento

A Física é o ramo da ciência,que estuda a natureza em seus diversos campos e seus fenômenos em seus aspectos mais gerais. Analisa cada uma de suas relações e propriedades, além de procurar sempre uma forma de descrever e assim explicar suas possíveis consequências.

Logo, apropriar-se de tais conhecimentos permitirá a seus detentores, elaborar desde modelos da evolução do universo, a investigação dos segredos do mundo subatômico e de suas partículas que formam e estruturam a matéria, concomitantemente permitindo desenvolver novas fontes de aquisição de

energia e então, fabricar novos materiais, novos produtos e consequentemente, adquirir novas tecnologias.

Sendo assim, é necessário que haja novos momentos do cenário da educação brasileira, na qual levante-se a questão metodológica do ensino de Física, e que assim, os conduza a reconsiderar e projetar uma melhor maneira de ser ensinada.

Para que assim, possibilite um melhor entendimento do mundo que rodeia o aluno e que seja pautada numa educação, cuja a formação, o leve para a cidadania.

Para que assim possa promover um conhecimento que seja condizente ao mesmo passo que se conecte inteiramente com vida de cada aluno.

Uma Física que explique os gastos da “conta de luz” ou o consumo diário de combustível e também as questões referentes ao uso das diferentes fontes de energia em escala social, incluída a energia nuclear, com seus riscos e benefícios. Uma Física que discuta a origem do universo e sua evolução. Que trate do refrigerador ou dos motores a combustão, das células fotoelétricas, das radiações presentes no dia-a-dia, mas também dos princípios gerais que permitem generalizar todas essas compreensões. Uma Física cujo significado o aluno possa perceber no momento em que aprende, e não em um momento posterior ao aprendizado. (PCNEM de Ciências da Natureza; 1999 p.23)

Assim, deve-se levar em consideração tudo que rodeia o mundo dos alunos, mesmo que estes sejam advindos de diferentes realidades, de forma que os aproximem de todos os elementos, quer sejam eles problemas ou questionamentos, para que assim sua curiosidade possa ser trabalhada e conduzida pelo professor.

É dessa forma que se pode garantir a construção do conhecimento pelo próprio aluno, desenvolvendo sua curiosidade e o hábito de sempre indagar, evitando a aquisição do conhecimento científico como uma verdade estabelecida e inquestionável. (PCNEM de Ciências da Natureza; 2002, p.84)

Segundo os PCNEM (1999) a Física tem uma maneira própria de lidar com o mundo, que se expressa não só através da forma como representa,

descreve e escreve o real, mas sobretudo na busca de regularidades, na conceituação e quantificação das grandezas, na investigação dos fenômenos, no tipo de síntese que promove.

Aprender essa maneira de lidar com o mundo envolve competências e habilidades específicas relacionadas à compreensão e investigação em Física.

De modo que o enfoque e a temática não se enquadram como aspectos autônomos, mas sim algo que leve a construção de um todo. Logo é imprescindível, que em cada ocasião, verifique-se quais temas proporcionam um melhor aproveitamento das aptidões que se deseja desenvolver.

Em abordagens dessa natureza, o início do aprendizado dos fenômenos elétricos deveria já tratar de sua presença predominante em correntes elétricas, e não a partir de tratamentos abstratos de distribuições de carga, campo e potencial eletrostáticos. Modelos de condução elétrica para condutores e isolantes poderiam ser desenvolvidos e caberia reconhecer a natureza eletromagnética dos fenômenos desde cedo, para não restringir a atenção apenas aos sistemas resistivos, o que tradicionalmente corresponde a deixar de estudar motores e geradores. (PCNEM de Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias; 1999, p.26)

O aprendizado de Física deve proporcionar aos alunos o estímulo para que eles acompanhem notícias do âmbito científico cujo o assunto que está sendo tratado, e posteriormente possam construir meios que auxiliem a interpretação de seus significados.

De forma que, essa noção do saber físico como edificação humana compõe uma condição necessária, mesmo esta não seja suficiente, para que se construa uma consciência onde leva-se em conta responsabilidade social e ética.

A Física está relacionada ao cotidiano, a fenômenos naturais e equipamentos tecnológicos cujos funcionamentos estão intimamente ligados aos princípios físicos fazem parte do dia-a-dia de todos:

Mesmo a tomada de decisões em escala individual pode ser melhor gerenciada quando de posse de conhecimentos científicos. A simples decisão quanto à realização ou não de determinado exame, como

uma tomografia computadorizada, implica um mínimo conhecimento científico. (PIETROCOLA; 2001; p. 15)

Por que, então, o ensino da Física insiste em manter distância dessa abordagem, limitando-se a explorar conceitos abstratos? Segundo os PCNEM:

A Física deve apresentar-se, portanto, como um conjunto de competências específicas que permitam perceber e lidar com os fenômenos naturais e tecnológicos, presente tanto no cotidiano mais imediato quanto na compreensão do universo distante, a partir de princípios, leis e modelos por ela construídos. (PCNEM de Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias; 2002, p.59)

A Física é estruturada por conceitos, princípios e leis que são articulados por meio de fórmulas e regras matemáticas. Sendo assim, observa- se que, principalmente no primeiro ano do ensino médio, a dificuldade que os alunos enfrentam para se adaptarem ao mundo da Física é imensa:

Muitas vezes, contudo, esse processo se efetiva com pouco ou nenhuma compreensão conceitual. O emprego incorreto de conceitos, leis e princípios, que gera ‘resoluções sem sentido’, evidencia isso. (PEDUZZI, 1999, p. 02)

Partindo desse contexto, o Ensino da Física que segue o conhecimento promovido pelas aulas tradicionais, longe de uma abordagem mais contextualizada, mais próxima do cotidiano do aluno, passa a ser visto como desnecessário pelo aluno; que acabam por descartá-lo quando não existe mais a “motivação“ das avaliações.

Afinal, o que se pode esperar de um conhecimento que não tem como plano de fundo o dia-a-dia? Que ele apenas ajude a passar de ano! Segundo PIETROCOLA (2001):

O conhecimento físico passa a ser visto como um lastro que deve ser rapidamente abandonado, pois, já tendo cumprido sua função no contrato didático anterior, passa a ser encarado como cultura inútil. (PIETROCOLA 2001, p. 18)

Um conhecimento que serve de legado para a vida, costumeiramente, é aquele que se consegue relacionar com o cotidiano e gerar prazer em sua concepção:

Em geral, os conhecimentos que nos acompanham por toda a vida são aqueles que de um lado, nos são uteis e de outro, geram algum tipo de prazer. (PIETROCOLA, 2001; p. 19)

Assim, para tornar o estudo da Física, agradável e presente no dia-a- dia do aluno, é necessário que o aluno descubra uma ponte segura para a descoberta de uma realidade mais integrada a ela como sujeito de sua realidade; que se mostre ao aluno que ele faz parte da cadeia de eventos estudados; que os fenômenos estudados na Física influenciam constantemente em sua rotina. Pode-se alcançar este fim através da contextualização e experimentação de situações que a Física aborda:

[...] pois se através dela pudermos ‘enxergar’ um mundo diferente daquele que se nos apresenta à percepção imediata, teremos a sensação de ganhar intimidade com a realidade. E as relações vivenciadas intimamente são as mais susceptíveis de gerar prazer. (PIETROCOLA, 2001; p.19)

No Artigo 35 da Lei no 9.394/96 LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação), verifica-se o estabelecimento, com possível clareza, das finalidades do ensino médio:

Artigo 35 – O ensino médio, etapa final da educação básica, com duração mínima de três anos, terá como finalidades:

III - o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico.

IV - a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina”. (Artigo 35, incisos III e IV da Lei 9.394/96)

Segundo os PCNEM, “o conhecimento de Física na escola média, ganhou um novo sentido a partir de suas diretrizes”:

Trata-se de construir uma visão da Física voltada para a formação de um cidadão contemporâneo, atuante e solidário, com instrumentos para compreender, intervir e participar na realidade. Nesse sentido, mesmo os jovens que, após a conclusão do ensino médio, não venham a ter mais qualquer contato escolar com o conhecimento em Física, em outras instâncias profissionais ou universitárias, ainda terão adquirido a formação necessária para compreender e participar do mundo em que vivem. (PCNEM de Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias; 2002, p.59)

Torna claro que uma das missões fundamentais da educação formal é a de ajudar o aluno a compreender a realidade ao seu redor, de modo que ele se torne apto a participar das discussões e decisões que per meiam a sociedade atual.

Pautado na intenção de sempre proporcionar ao aluno um melhor compreender do mundo que o cerca e por valorizar suas análises imediata ou não, seus conhecimentos sobre determinado assunto, que o tópico a seguir abordará qual a relação entre os PCNEM e como este, se correlaciona com a teoria construtivista, e como o indivíduo aprendente, muda suas concepções a respeito do mundo.

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